Poemas de Morte
Se a ideia da morte vir ao nosso encontro nos enche de terror, então, tratemos nós, calmamente de ir ao encontro dela!
Questionamos sobre a razão pela qual perdemos entes queridos para a morte esquecendo-nos de considerar que a morte é parte da vida, mas pouco, ou quase nunca, nos questionamos sobre perder pessoas, que nos foram ou ainda nos queridas, para a vida, e que ainda, com vida, estão ao nosso redor. Este talvez seja o questionamento chave da existência dos encontros.
Impossível definir a vida sem levarmos em conta a morte, que é a primeira informação que o mundo tem sobre cada um de nós, sobre a nossa passagem por esta esfera, que independe do nosso registro de nascimento, do nosso DNA, tipo sanguíneo, da família a qual faremos parte, de sermos alfabetizados, ou não, do nosso caráter, da nossa conduta na sociedade, do amor que sentimos, ou não, pelo próximo e das condições financeiras que permearão a nossa qualidade de vida durante esta hospedagem.
Tudo nesta vida é passível de ser incerto, exceto o fim dela. Já as condições que efetivam o encerramento do ciclo, é outra reflexão.
Para a brava gente brasileira, não temer a própria morte fica cada vez mais claro, com a pandemia do coronavírus e com o aval do governo federal
Depois que aprendi que, nesta vida, não se morre apenas uma vez, perdi o medo da morte. Entendi que, da mesma forma que o corpo físico, quando morre e se deteriora, transforma-se em parte da terra e dá vida a outros organismos, a morte de ciclos, escolhas, verdades, personalidades ou de posturas perante a própria vida, inevitavelmente faz nascer um novo capítulo e novas possibilidades. E também que, com a superação dos apegos emocionais, o fim de algo em nós que não mais nos serve amplia a gama de realidades possíveis dentro da breve passagem pela existência.
Independente do que pensam, hei de lutar até a morte pelas coisas que acho que vale a pena, pelas coisas que acredito. 21/05/2015
Quando escrevo uma poesia fúnebre não tenho intenção de chocar, tampouco demonizar a morte. A intenção é mostrar que somente a morte é capaz de dar sentido à vida.
Ironicamente nosso primeiro choro nada mais é que um grito de morte. O susto é inevitável ao dar de cara com a morte assim tão "cedo".
Nesse intervalo imantado entre vida e morte acontece uma coisa bonita que a gente chama de sonho. Uns o vivem só dormindo, outros somente acordados. Mas, há alguns privilegiados que vivem esse sonho lúdico dentro do seu próprio sonho.
Somos apenas passageiros de um trem que nos conduz para a morte. Para que a viagem não seja tão enfadonha o percurso é ladrilhado com uma dádiva chamada vida, com todos os seus paradoxos. No entanto, o que faz toda a diferença é a paisagem que avistamos da janela. Essa é um bônus que só ganha os que foram feitos pra voar.
Amor não morre de morte súbita. Ele morre lentamente assassinado com doses homeopáticas de desprezo, de silêncio e tanto faz.
Vivemos tempos sombrios, difíceis e a linha que divide a vida e a morte está nos limites da nossa própria casa, por isso não saia de casa, mas se for necessário sair ore antes e depois que chegar, agradeça.
A gente entende que a vida é mais forte que a morte quando vê que a planta que não resistiu aos açoites do tempo deixou uma semente no chão ao ser tombada por ele.