Poemas de Luto

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⁠estranhos

meu maior medo é continuar nessa relação por não
saber como ir embora.
e a gente se perder de uma maneira tão brutal
que nossas novas versões já não façam sentido
um pro outro.

Sei que a andorinha está no coqueiro,
e que o sabiá está na beira-mar.
Observo que a andorinha vai e volta,
mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

Ao reclamar olhe ao redor,
perceba o ar,
perceba as flores,
perceba os pássaros,
perceba os animais,
perceba a vida,
Você está vivo.
você faz parte desse universo.

...

Minha Bahia

Minha terra é a Bahia
Um lugar cheio de encantos
Somos cheios de alegria
Apesar de tantos prantos
Um povo sofredor
Que passa tanto perrengue
Lutando com ardor
Discriminados por tanta gente
Temos uma vasta diversidade
De gênero, classe e crença
De gastronomia, etnias e musicalidade
Nossa herança cultural é de referencia
Então porque quando vamos à outra região?
Somos tratados como estrangeiros
Constituímos a mesma nação
Pois também nascemos brasileiros
É não tem jeito não!
Nesse mundo posso ganhar a vida
Por onde andar meu coração
Levarei com ele minha Bahia
Terra amada de Castro Alves
Jorge Amado, Caetano Veloso
De Raimundo Amado Gonçalves
Fernando Sales e Afrânio Peixoto
Terra de tanta fartura
De tantos que tem pouco, mas oferece muito
Apesar de haver bastante secura
Nossa herança se espalhou o mundo

Vou vivendo na vontade
que tenho de me atirar
no incêndio dos teus braços
a procurar no final
voltar de novo ao início
entre a poesia e o voar
pois escrever e amar
é arder
no mesmo vício

Sou voraz
não me apego
ao abrigo da alma
Sou o corpo
o incêndio
só o fogo
me acalma

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

O poeta e o povo

E os poetas, os poetas
Necessitam falar,
Tirar tudo o que esta preso por dentro,
Sem medo, tem de falar
Para o povo, muito mais
Do que sente.
O poeta não pode calar,
Diante ao sistema,
Diante a tudo o que se passa,
Diante a opressão,
Diante ao massacre social.
O poeta tem de falar
O poeta tem de escrever,
Nada pode calar a boca do poeta,
O poeta tem de ser livre,
Tem de romper barreiras.
O poeta tem de respirar
E se o ar esta poluído
Buscar uma forma de falar
Se a água está poluída
Buscar uma forma de falar,
Se estão matando a natureza
Buscar uma forma de falar,
A sociedade precisa saber,
Que estão destruíndo
O que há de mais precioso,
A natureza.
Se querem cortar os direitos
Trabalhistas, o poeta tem de falar
Se o povo não tem como
Se sustentar, o preço
Dos alimentos estão auto
O poeta tem de falar,
Levantar o povo
E juntos protestar,
O poeta não pode morrer,
O poeta tem de sobreviver
O poeta tem de buscar,
O poeta, o poeta tem que
Ir além da poesia,
O poeta tem que ter ousadia
O poeta pertence ao povo.

Amor sofrido, amor dolorido
Mágoas passadas, ou enterradas
Sofrimento ardente que move a gente
Que nunca vai e nunca chega

Amor tentado, amor despido
Amor amado, que nunca passa
Felicidade triste e tristeza alegre
Assim é o amor, um mar de rosas e de espinhos
Quanto mais se nada, mais se fere

O amor encanta, e arranca
Despedaça o coração
Quando se sente já é tarde e não tem mais solução
Assim é amor, as vezes triste, as vezes alegre
O importante é ser feliz

Orgulho gaúcho

No sul quando nasce o dia
Nasce também à magia,
Esta estranha alegria,
Que se tem ao respirar.

Cevo um mate amargo
Do lado do meu amado,
Em silêncio uma oração
Agradece meu coração.

Agradeço minha terra
Meu pampa sul-rio-grandense,
O Patrão velho lá no céu
Por certo está contente.

Por ver tanto orgulho
Pela sua criação,
Que traz cada gaúcho
Dentro do seu coração.

Sou gaúcha, e isso é certo!
Trago a chama da emoção,
O amor por esta terra
Honrando sua tradição.

Reconheço a beleza
Da nossa amada querência,
Ressaltando na consciência
A minha essência gaúcha.

Fiel as suas tradições
E disso, não abro mão!
Churrasco campeiro...
Fogo de chão...

E um gostoso chimarrão
Nos braços do meu peão.

Tenho fome da sua boca, da sua voz, do seu cabelo,
e ando pelas ruas sem comer, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desconcerta,
busco no dia o som líquido dos seus pés.

Estou faminto do seu riso saltitante,
das suas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra das suas unhas,
quero comer a sua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado na sua formosura,
o nariz soberano do rosto altivo,
quero comer a sombra fugaz das suas pestanas

e faminto venho e vou farejando o crepúsculo
te procurando, procurando o seu coração ardente
como um puma na solidão de Quitratue.

O poeta não é um ditador,
O poeta é um libertador,
Que liberta e sente,
Que escreve, morre e renasce,
E sempre revive em seus poemas.

Irei licitar o seu amor
eis a minha solicitação
o recurso é um carinho sedutor
Você é um edital sem contestação.

Não sei se ganharei o seu amor
o único item da licitação,
e na sessão credenciei o meu temor,
de você abandonar essa paixão.

E sem poder dá meu lance,
prevaleceu o seu valor e minha homologação
dessa vez é a minha chance
de aditivar para sempre seu coração.

Licitei o seu amor,
e na ata reza a minha contemplação,
iremos viver em todo esplendor,
um louco amor , sem explicação.

O processo está homologado
pela deusa do amor e da ilusão
e agora é assinar o contrato
e viver uma inesquecível paixão.


Geraldo Neto

Não custa nada tentar
Tentar não vai doer
Por que será que é tão difícil
Tentar ao outro compreender

Odeio esta vida
Odeio o fato de nascido ter
Odeio porque o inferno existe
Odeio,odeio viver

Odeio o fato de não poder
À vida por um fim
Odeio o fato de ter que aguentar
Um mundo feio assim

O mundo é as pessoas
Pessoas idiotas,malvadas
São poucas as que prestam
Essas são abençoadas

Não que eu vá fazer isso
Mas entendo quem desiste de viver
É muito difícil viver neste mundo
Neste mundo de sofrer

⁠quem chegar depois de você
vai me lembrar que o amor
precisa ser suave

ele vai ter
o gosto da poesia
que eu queria saber escrever

O amor soube então que se chamava amor.
E quando levantei meus olhos a teu nome
teu coração logo dispôs de meu caminho.

Água de palavras

Às vezes desanimo
e me sinto inútil
portadora de estranha
doença
de que servem esses
poemas
água de palavras
frutos nascidos
de loucas sementes

de que me servem
se são menos
que estrelas cadentes
se são volúveis
se são voláteis
se fogem das mãos
como pássaros de renda
melhor seria esvaziar
as gaiolas com que tento
apreender o tempo
melhor seria derramar
no mar
as minhas gavetas
tão cheias de fios
de noites cerzidas
melhor seria arrancar
de mim como erva daninha
essa linha que me descostura
e que me faz prisioneira
de miragens

Roseana Murray
Poesia essencial (2002).

Ela indagou: — Quem és tu?
Respondeu: — Sou o demônio,
Nem me espanto com milagre,
Nem com reza a Santo Antônio!
Pretendo entrar no teu couro!
E nisto ouviu-se um estouro!
Gritou a velha: — Jesus!
Ligeira se ajoelhou
E, depois, se persignou
E rezou o Credo em cruz!

Nisto, o diabo fugiu.
E, quando a velha se ergueu,
Ele chegou de mansinho,
Dizendo logo: — Sou eu!
Agora sou teu amigo
Quero andar junto contigo,
Mostrar-te que sou fiel.
Minha carta, queres ver?
A velha pediu pra ler
E apossou-se do papel.

— Dê-me isto! grita o diabo,
Em tom de quem sofre agravo.
Diz a velha: — Não dou mais!
Tu, agora, és o meu escravo!

"Oi crápula do anti-amor! Será que dá pra me ver? Pois eu preciso apenas de uma tentativa de ajuste comigo mesmo.
Oi carrasca da não compreensão! Será que dá pra me ouvir? Pois eu preciso apenas de algumas palavras de certeza e conforto.
Não percebe que estou aqui inflamado com sua indiferença?
Não vê que te desejei com tanto fogo que queimei até a mim mesmo?
Será que não consegue acender o pavio que colocou em mim?
Não vê que estou tão cheio de urgência que você apenas mude ritmo do meu coração e infle o meu sorriso de novo?
Eu preciso de você todo os dias, mesmo sabendo que tenho só o seu "vez em quando." Eu preciso de você com um coração..." (...)

Água
Derrame
Extravase
Leve

Água
Escorra
Deslize
Limpe

Água
Deságua
Leva
Limpa

Águas
Límpidas
Renovam
Vidas