Poemas de Horacio
Não busco razão ou motivo para nenhum afastamento que alguém venha a cometer. Motivo implica numa ação da minha parte que justifique a ação da parte de outros.
Somente uma maldade terrível e inominável foi capaz de reunir nações, povos e mentes que tinham total diferença umas das outras em prol do bem comum. É uma infelicidade do homem só segurar a mão dos irmãos quando olhamos o fundo do abismo, e não em momentos melhores.
Minhas convicções me envenenaram. E tudo que era certeza virou dúvida, e dúvidas cortantes, navalhas na mente e na alma. Sucumbindo ao desgaste de sentimentos que deveriam proporcionar mais alegrias que dor.
Você pode ser levado a muitos caminhos através do orgulho. Ser colocado no topo do mundo e descobrir que está só. Nenhum desses caminhos vai até a felicidade.
Você vai andar sob o gume da espada. E enquanto seus pés sangrarem ao corte, todos ao redor se perguntarão os motivos por não estar usando botas, ao invés de se perguntarem o motivo dos gritos. O homem é superfície, e seu coração é uma planície árida.
Mergulhe profundamente dentro de si até que se torne o melhor dos mergulhadores. E então, nunca se afogará nos desenganos de outrem.
Se chegasse meu dia final, se fosse amanhã, partiria orgulhoso. Nunca fui a piscina rasa na qual não se molha nem os pés. Eu fui oceano, profundo em tudo que senti e amei. Intenso na paz e no caos.
Quando as coisas que já foram incômodas, que doíam, acontecem na sua frente e não causam nada, é o alívio mais profundo que sua alma sentirá. É como um espinho que estava preso e um dia simplesmente caiu sozinho.
Eu abriria mão de todas as homenagens que poderia receber depois da morte por um "eu te amo" realmente sincero em vida. As pessoas esperam demais pelas coisas que não são, até que realmente deixam de ser.
Saber viver é abrir mão do que um dia te fez feliz porque essa coisa hoje lhe faz mal. A vida é um frequente desapego. Pessoas entram e saem, mas a sanidade permanece.
Vivo para dar forma as coisas que são. Aos que me amam, eu os amo. Aos que me querem bem, eu os quero bem também. As coisas que não são, as que não controlo, deixo nas mãos do acaso.
O conhecimento nos ensina o que é o erro. Sabedoria nos mostra como não reviver o mesmo. Conhecer uma situação é bem diferente de saber lidar com ela. Busque a sabedoria que só o tempo pode dar.
Dê o seu melhor, se esforce ao máximo, entregue-se verdadeiramente a uma pessoa ou uma causa. E então verá que no final, é preciso permitir que as pessoas acertem ou errem sozinhas.
A insensatez de todo homem consiste na crença de que tudo que foi, pode ser novamente. Um erro comum. Se algo termina por um grande erro, está fadado a sempre terminar pelo mesmo erro, eternizando um looping de agonia para duas almas. O amor é um sentimento inteiro. Nada surge, permanece e se estende por estradas fragmentadas, pelo mesmo motivo que carros se quebram em asfaltos falhos e gastos. E quando as vielas cinzas do amor se tornam rotina, e a presença um do outro se mantém pela mera formalidade do medo de se estar só, então o sentimento em si já perdeu. Não há nada mais deprimente que o desamor, o sentir pela aparência, pela ideia de que os outros pensarão coisas ruins, escarnecendo, e debochando. Se só aquele que vive a situação sente o pulsar do sangue na garganta, como se os arames farpados o esmagasse em cada ''eu te amo'' dito no vazio. E em sua amargura, amarguram uns aos outros, e em suas feridas, ferem uns aos outros. E meditam sobre os próximos vinte ou trinta anos no fundo de uma garrafa, ou no filtro chamuscado dos cigarros amargos. Acreditam no que não há mais, e erroneamente constroem as paredes do seu inferno pessoal, onde a paz de um beijo, de um abraço torna-se o chicote dos carrascos e o lamento dos condenados.
Se as pessoas entendessem o poder das palavras, provavelmente falariam muito mais. E na hora certa, falariam menos.
Amar é viver em extremos. Não dá para amar parcelado, ou dar 1/3 de amor. Não se pode ser o "último dos românticos" numa segunda à tarde, um café com leite morno na quarta, um pão doce na sexta e um tanto faz no domingo à noite. É impossível dizer coisas como: "Talvez eu te ame", "acho que te amo". Não dá para criar percentuais de amor. Se não for inteiro, é o mais auto destrutivo de todos os sentimentos. Se não for recíproco, se deixa margem para dúvidas, vira o algoz de um maremoto de desventuras. Ou você ama por completo, ou tem algum outro sentimento por alguém que não é esse.
A realidade pode ser complicada. A omissão, a não ação pode criar dezenas de possibilidades, centenas de teorias, milhares de pensamentos. Talvez se tivesse feito ''aquilo'' diferente, estaríamos vendo filme e comendo pipoca na manteiga agora. Ou se fizéssemos outras escolhas, poderíamos estar morrendo de rir de uma situação engraçada nesse exato momento. E em outras possíveis realidades, os ''e se...'' sustentam imaginários inteiros, de pilares incompletos da existência. De sua maneira torta ou não, a vida acaba por encontrar seus caminhos.
Escolhas são solitárias. Pode haver dezenas de conselheiros, e no final a decisão é sempre sua. Só você sente o prazer e a dor do que decidir.
Amar é ser ferido de morte diariamente. Morre o ego, o individualismo, o "eu".
Amar é reviver diariamente.