Poemas de Horacio
Lamento morena, desculpa dizer. Não fomos longe como achávamos possível. Planejamos a longo prazo sem resolver as pendências do agora. Lamentamos os lamentos de dois jovens que acreditavam serem vividos ou sábios o bastante para reconhecer e perseverar na verdadeira natureza do amor. Agora somos assim. Indiferentes, frios, distantes como uma estrela que viaja só no espaço gelado. Faltou diálogo, meu bem. Mais do que isso, faltou conexão. Daquelas que a gente olha no olho e sabe que não tá bem, e que reconhece no tom das brincadeiras que o riso é agora frouxo e sem viço. Nessa dor sem fim, o fim veio a galope. Devorou os planos como a personificação da fome, bebeu da nossa pureza como a encarnação da sede, deixando no nosso oásis particular esse Saara de agonia, árido, seco, vazio...
Aquela figura de bastante idade, virou para mim e disse:
-A dor é inevitável na vida, assim como todos os sentimentos mais complexos e até os mais simples. O ser humano nasceu com o dom de viver e superar. Somos horríveis em evitar, mas bons em superar. E mesmo que a dor venha ao seu encontro, e não saiba como superar, aprenda com ela. Torne-a uma companheira, mas nunca uma amiga. Deixe ela ali, tornando-o mais forte, mas sem permitir que ela tome o controle. Que ela seja o espinho no dedo quando o excesso de coragem tirar sua inteligência, mas que ela nunca seja a rédea que limita seu progresso. Entenda a dor, aceite que ela é sua, e viva em paz consigo.
"Na juventude eu vivenciei todas as coisas que eram possíveis. Tive uma uma vida plenamente incomum. Não me apeguei a pessoas, e conheci muitas delas. Meu envolvimento era superficial, como o de muitos homens. O desejo era carne, de satisfazer o momento. Evitando o compromisso, vi minhas paixões conhecerem outros homens e até casarem com eles, terem filhos, netos e serem felizes. Aqueles eram os filhos que nunca faria, e as famílias que não construiria, e os netos que não buscaria nunca na escola. E hoje é tarde demais para lamentar. Uma pena, uma pena."
Os que melhor se enquadram em posições de poder normalmente são os que não a desejam mas vêem nela as alternativas de mudança. Aplicam suas idéias com a simplicidade de um comum.
Existe um espinho ali, em algum lugar. Ele tá lá, inerte, intocável. Não há pinça que o tire, nem alicate. A tempos que muitos se fingem de vivos.
Quando se é criança, encaramos a imortalidade como um incrível super poder. Uma loucura! 50 ou 60 anos de vil insanidade, sofrimento e dúvidas já são difíceis de se levar. O homem nasceu pra ser feliz em certo período da vida, triste em outro, e inevitavelmente perecer como todas as coisas.
Nunca é numa praia às 23:00 da noite sob a luz do luar, ou numa praça antes do nascer do sol. É no bar, é numa taverna, num botequim qualquer, numa esquina sem iluminação, num portão velho. São nesses lugares que os maiores acertos e decepções do amor realmente acontecem.
Todo ser humano já quis viver numa foto. Sinal de que a lembrança importou, e que poderia ser revivida mil vezes e sempre seria como a primeira vez.
"Meu maior erro foi oferecer uma vida que julgava perfeita, quando o perfeito na vida está nos erros, nas imperfeições. Ofereci algo sem o peso, sem consequências, e esqueci que são essas consequências que nos dão o medo e a coragem pra arriscar todas as boas cartas que temos na mão."
Ela pausou seu pensamento dito, olhou menos para o chão, como de costume, mais para os olhos. Decidiu que aquela mochila de arrependimentos não poderia ser o seu fardo e escolheu largar. Ele que nunca gostou de carregar peso, só se aproximou com mais um passo. "Perder tempo pra que né?". O beijo trouxe todas as palavras não ditas, antes mesmo da cerveja esquentar. Ganhariam e perderiam tempo juntos, nas filas, nas praças, no ônibus.
Ela era uma verdadeira injeção de adrenalina em sua rotina. Ele, tão tranquilo, tentava se enquadrar em tamanha energia. Os opostos realmente se atraíam, uma de mão de tinta colorida em seu mundo acinzentado. Talvez um pouco cansado de esperar a pessoa certa, ela resolveu aparecer quando não se esperava muitas surpresas da vida, adicionando uma pitada de vida nas surpresas, nos beijos, nos olhares. Mais que o amor dos mais velhos que se amavam, havia promessa de compreensão, de carinho no penar dos dias ingratos. Preciosidade na vida do rapaz de fala macia, suave e tranquila, envolvida na ferocidade enérgica dos olhares que o deixavam inquieto. Aquela era certeza de que ela era sua tempestade enrolada na paz, e ele sua paz no meio de um tufão. Equilíbrios dos opostos.
No lar dos poetas da música, caía a chuva da angústia. Saudosa Lapa, de histórias incontáveis, a espreita, pronta pra escrever mais uma. Entre os pesares de Cartola e humor negro de Bezerra, uma à uma, tocavam os sambas que serviam como trilha sonora de sua vida. A cada gole de cerveja, ele pensava profundamente na inexpressiva forma da vida de agir para com ele. Até que entre "Não deixe o samba morrer" e outro gole profundo, ouviu uma chamada, quase que uma convocação: "tem samba que se dança juntinho. Tá afim?" Chegou a moça, certeira, sabia o que dizer e o que queria dele. A tão inexpressiva vida mudou seu tom, prometendo que o samba não morreria, assim como na música. Era samba pra gente sambar, juntos, por que não?
Um homem que conversa com um cachorro pode até ser uma cena engraçada, mas ali está alguém que tem muito a dizer e ninguém para ouvir. O álcool só deu a coragem.
Se, antes, dependíamos da grande mídia para aumentar o alcance da marca, agora, dependemos de boas ideias.
Podem chamar de egoísmo, mas nunca fui de transbordar meu sentimento de tristeza quando ele chegava. Porque as vezes eu via alguém numa situação ainda pior que a minha, então sempre achei mais valoroso esquecer meus problemas pra fazer aquela pessoa sorrir, mesmo que um pouco. As vezes, é necessário deixar o "eu" de lado, porque ao lado tem alguém que grita em silêncio, mas ninguém percebe.
Uma mulher nos encanta pelo o que mostra de menos. Quando somos instigados a desvendar sua natureza olhando em seu olhos, buscando traços da assinatura carimbada em seu ser.
O mais belo texto do mundo é aquele que começa com "era uma vez", e ainda não terminou. Porque a cada dia um novo parágrafo é adicionado, lentamente, pacífico, até que o "felizes para sempre" não se faça tão necessário assim.
Paramos de insistir quando percebemos as noites mal dormidas, enquanto a outra pessoa dorme muito bem.
Um sapato 36 nunca vai ser suficiente pra um pé 41. Você tem amor demais pra dar e tem gente que é pequena demais pra receber.