Poemas de Horacio
Podem chamar de egoísmo, mas nunca fui de transbordar meu sentimento de tristeza quando ele chegava. Porque as vezes eu via alguém numa situação ainda pior que a minha, então sempre achei mais valoroso esquecer meus problemas pra fazer aquela pessoa sorrir, mesmo que um pouco. As vezes, é necessário deixar o "eu" de lado, porque ao lado tem alguém que grita em silêncio, mas ninguém percebe.
Uma mulher nos encanta pelo o que mostra de menos. Quando somos instigados a desvendar sua natureza olhando em seu olhos, buscando traços da assinatura carimbada em seu ser.
O mais belo texto do mundo é aquele que começa com "era uma vez", e ainda não terminou. Porque a cada dia um novo parágrafo é adicionado, lentamente, pacífico, até que o "felizes para sempre" não se faça tão necessário assim.
Paramos de insistir quando percebemos as noites mal dormidas, enquanto a outra pessoa dorme muito bem.
Um sapato 36 nunca vai ser suficiente pra um pé 41. Você tem amor demais pra dar e tem gente que é pequena demais pra receber.
Enquanto o paraíso for a promessa dos bons e o inferno a perpétua condenação dos impuros, ninguém estará cumprindo plenamente o "amai ao próximo como a ti mesmo". Bondade feita na busca de recompensa e no medo da punição não é nunca será uma plenitude de espírito. Ser pleno de coração é fazer o bem por se sentir bem com isso. Essa é a síntese de estar com Deus.
Todo os sentimentos são intangíveis, pela verdadeira emoção do sentir. Como vê, como ouve, com tudo que não é sensível ao toque, por fim, curva - se ao indescritível ardor do tangível. Antes do toque na pele, ver ainda além, ler as poesias que formam aquela pessoa.
Minha única meta é manter o corpo sóbrio e a mente limpa para ver o que acontece ao meu redor. E meu Deus, eu posso ser muito bom nisso quando quero...
Se precisas mendigar um sentimento, independente de qual seja, aquilo não é real. Não aceite a piedade de uma porcentagem, quando mereces um todo, quando se entregas por total. Não se pode viver aceitando a condição de metade.
É inevitável que em algum momento você não olhe pra trás e perceba tudo que conquistou, da mesma forma que numa vida finita, você não conseguirá realizar tudo que já quis. Esse equilíbrio cruel, é uma balança irônica. É como se te dissessem: "você pode ir pra qualquer lugar, contanto que não passe dali."
E um dia você será a pessoa mais importante do mundo pra alguém, dando propósito e sentido a todas as coisas que não compreendia.
O amor é um construtor. Ele não é capaz de destruir ou desfazer nada. A não manutenção do amor, do carinho, a falta de zelo, indiferença, são destruidores. E é no achismo de que o amor cria problemas, que surgem mais pessoas que se culpam pelos mesmos.
O que comemos e bebemos, falamos e fazemos pode ser controlado. Mas o que sentimos não compartilha dessa linha, e isso se torna veneno. Pra você ou pra outra pessoa.
A felicidade que trazemos para as pessoas não pode ser medida pela nossa própria régua. Mas muitas serão as réguas à medir. Pois felicidade quando transborda, chama atenção para sua origem. Isso é impagável!
"Meu maior erro foi oferecer uma vida que julgava perfeita, quando o perfeito na vida está nos erros, nas imperfeições. Ofereci algo sem o peso, sem consequências, e esqueci que são essas consequências que nos dão o medo e a coragem pra arriscar todas as boas cartas que temos na mão."
Ela pausou seu pensamento dito, olhou menos para o chão, como de costume, mais para os olhos. Decidiu que aquela mochila de arrependimentos não poderia ser o seu fardo e escolheu largar. Ele que nunca gostou de carregar peso, só se aproximou com mais um passo. "Perder tempo pra que né?". O beijo trouxe todas as palavras não ditas, antes mesmo da cerveja esquentar. Ganhariam e perderiam tempo juntos, nas filas, nas praças, no ônibus.
Ela era uma verdadeira injeção de adrenalina em sua rotina. Ele, tão tranquilo, tentava se enquadrar em tamanha energia. Os opostos realmente se atraíam, uma de mão de tinta colorida em seu mundo acinzentado. Talvez um pouco cansado de esperar a pessoa certa, ela resolveu aparecer quando não se esperava muitas surpresas da vida, adicionando uma pitada de vida nas surpresas, nos beijos, nos olhares. Mais que o amor dos mais velhos que se amavam, havia promessa de compreensão, de carinho no penar dos dias ingratos. Preciosidade na vida do rapaz de fala macia, suave e tranquila, envolvida na ferocidade enérgica dos olhares que o deixavam inquieto. Aquela era certeza de que ela era sua tempestade enrolada na paz, e ele sua paz no meio de um tufão. Equilíbrios dos opostos.
No lar dos poetas da música, caía a chuva da angústia. Saudosa Lapa, de histórias incontáveis, a espreita, pronta pra escrever mais uma. Entre os pesares de Cartola e humor negro de Bezerra, uma à uma, tocavam os sambas que serviam como trilha sonora de sua vida. A cada gole de cerveja, ele pensava profundamente na inexpressiva forma da vida de agir para com ele. Até que entre "Não deixe o samba morrer" e outro gole profundo, ouviu uma chamada, quase que uma convocação: "tem samba que se dança juntinho. Tá afim?" Chegou a moça, certeira, sabia o que dizer e o que queria dele. A tão inexpressiva vida mudou seu tom, prometendo que o samba não morreria, assim como na música. Era samba pra gente sambar, juntos, por que não?