Poemas da Pátria
Piraíba vai escrevendo
os seus versos na beira
do rio em busca da poesia
certa que ainda não veio,
Quem sabe um dia você
aparece assim sou eu no rio
desta vida de prece em prece.
Pirara se lançando altiva
contra as correntezas
que andam escrevendo
poemas nem tão bons assim,
Quem sabe um dia este
pesadelo um dia terá fim.
Nas sublimes asas
da Borboleta oitenta-e-oito
leio o infinito deste amor
que na poesia do destino
está escrito e me aguarda
com todo o candor divino.
Um Jacundá cintilante
se aproxima da canoa,
Sim, meu amor,
a vida dá problema,
a vida dá até poema,
...mas a vida é sempre boa!
A Jurupoca
contente escreve
nas águas a poesia
em companhia
dos raios de Sol,
Nas entrelinhas
da correnteza há
assemia da perfeita
escrita feita a nado,
No rio do coração
também existe quando
se está apaixonado.
Um Jundiá ligeiro
passou por nós,
A vida é um poema
de muitos versos,
Embora tenha alguns nós,
Só penso naquilo
que mantém acesos
os mais potentes desejos.
Um Capapari
iluminado pela Lua
no canal do rio
próximo a praia,
Um doce desafio
sob o testemunho
das estrelas:
(Lançar poemas
para quem sabe se
o teu amor capturo),
E nas tuas mãos
talvez vire Iara
e nas minhas quem sabe
tu se entregará em disparada.
Um poema de vez
em quando é mole
e também é duro,
(Um poema
também sabe nadar),
Tenho certeza
de que um dia
do Cascudo você ouviu falar.
A Corvina tem
uma linda pedra
preciosa na cabeça,
E a própria hora
para ser pescada,
Pescar fora de hora
ela não vai te servir
para muita coisa,
Espera a hora certa
não apenas com ela,
Mas em tudo nesta
vida que você deseja
fazer uma boa pescaria,
Ser pescador também
é uma boa maneira
na vida de escrever poesia.
Pude ver o "Rei do rio"
com as suas escamas
cintilantes despontando
na correnteza,
Um Dourado beijando
as águas cristalinas
é capaz de inspirar poesias.
Para você entender
o quê é poesia visual,
Observe o cardume
de Pirinampus no rio,
Contei o número
de dezesseis e peguei
a caneta antes de escrever
este poema para vocês,
(Porque número será
sempre quantidade),
e poesia terá vida
a ver com qualidade.
Depois de contar
quantos Pirinampus
haviam no cardume,
Escrevi o numeral
porque depois da quantidade
contada sempre será
(representada por
palavra ou símbolo),
Tudo aquilo que vem
do espírito permite se
criar um novo símbolo
ou até mesmo brincar
com o quê está estabelecido.
Como foram contado
dezesseis Pirinampus,
e sempre
(o número
ou numeral à partir
de dez sempre será
chamado de algorismo).
Poesia visual é
e não é Matemática,
Nela pode ser usada
além de números, letras,
ausências, formas
e até mesmo "convergências":
É lógica, ilógica, conceito
leitura iliterata e tática,
(Cada um chama
do que quiser
e se deixa ser
chamada como convier).
A minha poética é tipo
Bicuda amazônica
nadando rumo ao destino
das águas rápidas
(do consciente para o inconsciente)
individual e coletivo,
Porque todos sem exceção
nascemos como cardumes
deste Planeta d'água,
e sequer tomamos conhecimento,
O tempo não perdoa
e depois não adianta
mais fazer nenhum lamento.
O Guaru encontrou
o seu cardume,
Passou o barquinho
do pescador artesanal,
O quê não passa
é o impulso de te querer
no meu destino,
Falar de amor é e sempre
será sobre tudo isso.
Toda a poesia é
como uma Saicanga
nas linhas da correnteza
de um rio bravio
escrevendo com a sua
poligrafia silenciosa
sobre a vida e sendo
resistência pacífica
em nome daquilo
que a impele e acredita.
Um Saguiru se juntou
ao cardume prateado,
E seguiram cintilando
as águas nesta noite,
Não consigo parar
de mergulhar no rio
profundo dos teus olhos,
E a cada novo poema
te proclamo o dono
dos meus amorosos sonhos.
Cardume se deixando
levar pelas águas
para ver até onde vai dar,
Há sempre um Mato-Grosso
dele querendo se afastar,
O cardume não abandona
nenhum pelo caminho,
Ele só segue viagem com
todo o cardume reunido.
Mandubé vai seguindo
na Bacia Amazônica,
procurando ouvir
a sinfonia da passarada
para ver se dela escapa.
Há Mandubé vivendo
no Araguaia-Tocantins
bem no profundo
coração do nosso país.
Na Bacia do Prata
há Mandubé cumprindo
também o desígnio do destino
que dele absolutamente
ninguém escapa seja na bênção
ou até mesmo na desgraça:
(A fé é a única que o nó desata).