Poemas da Pátria
O cascateante Ingá-Feijão
balança no ritmo do vento,
Viver pede calma e urgência
e cada um tem o seu tempo,
Eu quero mesmo é que estar
sempre pronta para aprender
a todo momento e além do tempo
com amor e paz vibrantes
ocupado cada novo sentimento.
A altura e o sabor
dos cocos dos Jerivás
contam a histórias
de quem experimentou
a infância com os pés
na terra e andou
de braços dados com
a verdadeira poesia,
Ficar contente só de rever
os Jerivás dançando no raiar
do dia remete que ainda
mantenho a original alegria.
Garopaba
No lugar abençoado
onde vivia o Índio Carijó,
o amor da tua gente não me deixa só.
Na terra de praias tão belas
onde guarani era a tribo,
nas areias escrevi o meu destino
e resolvi permanecer contigo.
Em pleno Descobrimento do Brasil
viraste abrigo para fugir do temporal
e enseada de barcos
em pleno paraíso austral
da gloriosa Pindorama Nacional.
Com a vinda da maioria
dos açorianos oriundos da terceira
ilha tu encantaste com toda
a maravilha e se tornou
Armação de São Joaquim de Garopaba
e depois a freguesia que virou vila.
Garopaba, minha cidade linda,
que antes era uma armação baleeira
e virou santuário da baleia franca,
um sopro magnífico de esperança
no coração de quem crê
na força da vida com o mesmo
olhar puro de uma criança.
Garopaba, minha enseada poética,
a tua gente a minh'alma abraça
e com gentileza o meu coração leva;
a tua História, os teus sabores
e tua Natureza preenchem
com toda a beleza e dão sentido
para a minha própria existência
sem pesares e todos os amores.
Aguardando o ideal
tempo romântico
para te aconchegar
no divino refúgio
do meu amor divino,
Colhi uma Gila madura
para fazer doce poético
para mimar o paladar
porque temos um
ao outro para se aninhar,
Embora o amor
viva de emergência,
também faz escola ao esperar.
Eu te olho como o Sol
e a Lua cortejam
a copa da Embaúba,
E na poesia dou a pista
que nasci para ser tua.
Com você enlaçado
na minha cintura,
Muitas Azulzinhas
na jardineira da janela,
As estrelas e a Lua
em serenata romântica
celebrando o amor,
É algo que venho
querendo, escrevendo
É prevendo o teu desejo,
é o famoso eu quero,
e sei que você por
mim continua querendo.
Morrendo de amores
pelo teu amor,
Sem nos preocupar
com nada,
Uma cesta com
sabores da terra
sob uma toalha
quadriculada debaixo
de um Pau-Ferro,
É neste mundo
o quê mais eu quero.
Te procurar entre as Imbuias
dos fundos do quintal,
Te chamar para o café
quentinho posto na mesa,
Te falar que apesar de tudo
a vida é uma beleza,
Te entregar amor e todo
o dia um novo poema
que possa ser sentido
mais do que apenas lido.
Passear pelos pampas
das nossas vidas,
Resgatar a inocência
de quando éramos crianças,
Sentar e encostar
a cabeça no seu ombro
sobre a proteção
de uma Canela-Imbuia,
Pensar somente
em tudo que me faça tua.
Quando paro para
apreciar o seu olhar
é como se eu pudesse
entrar e desfrutar
do seu pomar particular,
Na minha imaginação
não paro de te beijar.
Da Canela Sassafrás
se faz óleo para perfumes,
A base das atitudes
está nos amorosos afetos,
O amor pede sempre
de nós gestos concretos.
Debaixo de um Jacatirão-Açu
sentei-me com um raro
Dicionário do Câmara Cascudo,
com as personagens do Folclore
e com todas as miragens
que tenho a seu respeito,
você é meu e não tem mais jeito.
Tê-lo por perto é questão de tempo,
e a cada poema que escrevo
a certeza passo a passo se aproxima;
porque como poeta
o tempo sempre comigo se alia.
No caminho que me leva
até você resolvi parar
para colher Bacuparis
maduras para te agradar,
Com certeza você quando
provar você vai se recordar
deste gesto de carinho
que faz do amor o nosso ninho,
e você nunca mais por
outro na vida irá se interessar.
Encontrei o teu olhar
debaixo do pé de Araçá,
A partir deste dia
nunca mais soube melhor
lugar do que o seu abraço
para morar e ter coragem
para na vida continuar.
Acordar cedinho para colher
com você Macelas do Campo,
Fazer um travesseiro
para você adormecer tranquilo,
Te cobrir de beijos
e sempre te dar muito carinho,
Poesia é exatamente falar sobre
isso e a celebração dos detalhes:
Você comigo e dentro do coração
com liberdade e por todos os lugares.
As Aroeiras cantam doces
para mim junto com o vento,
Meu bonito envolvimento,
te espero sem contar o tempo,
O teu amor fundou em mim
Pátria, poesia e enredamento.
Vou te encontrar
entre os Ingás-Vermelhos
e os doces Ingás-Brancos,
Nos teus sedutores beijos
me perder de uma vez
na Primavera dos desejos
e me encontrar na convicção
de ser o teu amor e a sua paixão.
Adoçar os lábios
com Ingá-Branco,
Fazer votos lindos,
Beijar-te tanto,
Quero sem censura
contigo tocar até a Lua
e pela Via Láctea viajar
sem deixar o amor faltar.
Acho que eu te vi
me olhando de longe
em meio ao bosque
de Ingás-Vermelhos
floridos nesta época
onde os românticos
não têm mais vez,
Só com poesias vou
nadando contra tudo
e até contra o talvez,
O importante é crer
que uma hora para
o amor chegará a nossa vez.
Esta noite sonhei
com você fechando
em mim um lindo
colar de Ingarana,
Não tenha dúvida
que é o meu desejo,
Se é premonição,
espero mesmo que
se torne realidade,
Pensar em nós é
um poema de verdade.