Poemas Curtos de Cecília Meireles
Não deve sonhar o pobre
que o pobre não vale nada...
Se o sonho do pobre é crime,
quanto mais qualquer palavra
" (E tudo é tão diferente
do que em saudade imaginas!
Onde estão os teus amigos?
Quem te ampara, quem te salva?...)"
...embora venha sorrindo,
traz sinal de desgraçado. (...)
Vejo que vai ser ferido
e vai ser glorificado:
ao mesmo tempo, sozinho,
e de multidões cercado,
correndo grande perigo,
e de repente elevado:
ou sobre um astro divino
ou num poste enforcado
E o meu caminho começa
nessa franja solitária
no limite sem vestígio,
na translúcida muralha
que opõe o sonho vivido
e a vida apenas sonhada.
Um dia, estando entre nós dois o Atlântico,
senti a tua mão na minha;
Agora, tendo a tua mão na minha,
sinto entre nós dois o Atlântico.
Brumoso navio o que me carrega por um mar abstrato. Que insigne alvedrio prende à ideia cega teu vago retrato?
"Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol."
Eu ando sozinha por cima de pedras. Mas a flor é minha. Os meus passos no caminho são como os passos da lua; vou chegando, vai fugindo, minha alma é a sombra da tua.
É mais fácil pousar os ouvidos nas nuvens e sentir passar as estrelas do que prendê-lo à terra e alcançar o rumo dos teus passos .
A educação é a única das coisas deste mundo em que acredito de maneira inabalável.
Meus pensamentos não significam nada, seus sentimentos são tudo quero que fique ou que vá, ninguém sabe.