Poemas de Amargura
Ai -
Ai esta insatisfação que me habita
ai esta angustia que me come
ai esta amargura que se agita,
no meu peito, sem nome!
Ai esta loucura que eu visto
cheia de escárnio e solidão,
ai este não-sei-se-resisto
à dor que me esventra sem razão!
Ai esta mentira que eu vivo,
ai este pecado que eu sou,
um pobre coitado, vencido ...
Que vive a vida escondido,
perdido e calado, despido,
pois a esperança na vida, voou!
Deixem Passar -
Deixem sofrer quem d'amargura vai vestido,
quem de sonhos vai despido, deixem passar,
deixem falar quem na vida está vencido,
sem mãe nem pai, como um barco a naufragar!
Deixem cantar quem ao Fado deu a voz,
quem tem olhos cor de medo, sem nada,
no silêncio d'um destino, acompanhado e só,
vivendo a vida numa casa abandonada!
Deixem passar quem à mágoa deu o nome,
quem plantou no coração a rosa brava,
que cresce na demência que o consome!
Deixem ouvir o grito das entranhas
que ressoa de uma alma em vão cansada
e deixem-no passar por entre as madrugadas!
O poeta prova do êxtase do amor....
e a amargura das decepções e tristezas...
em ambos as situações ele vomita de si
aquilo que grita em seu coração...
as vezes belo e embriaguante...
as vezes voraz e atordoante...
mas sempre intenso autêntico e sincero...
mesmo que pareça suave e doce seu verso...
enlouquecido de arte e transtornado de paixões...
assim o são e declamo...
meu antídoto tem sido vc...
minha loucura também...
Loucura e antídoto em versos
Jeran Del'Luna - Gypsy Heart
Da minha voz -
Da minha voz cansada e triste
nasce um grito de amargura
que na imensidão persiste
e se transforma em água pura!
Da minha voz cansada e velha
nasce tudo o que não vejo
da melodia mais bela
à ternura de um beijo!
Da minha voz densa e gasta
nascem palavras ocultas ...
Do que fica, do que passa
apenas restam as culpas!
Nada mais me veste o corpo
quando for a minha hora
hoje vivo, amanhã morto
porque a morte não demora!
Amargura
Quem me dera sair dessa solidão,
E esta amargura que sonda o meu coração?
Estou aflito pelo caminho distante,
Pois não consigo dar um passo adiante.
E essa escuridão que me fulmina,
Deveras um raio de luz para mim trazer vida?
Preciso restaurar-me a alegria de viver,
Para que eu possa acordar em um novo amanhecer
O que me resta agora é a esperança,
Para que através desta mudança
Minh'alma consiga novamente viver.
Já não há mais conto!
Só nos restou o ponto,
E a espera da corrida,
E a amargura da despedida
De uma vida não resumida
A um único ponto.
Cegos de Amargura -
Às vezes procuramos o que temos
na iminência de inventar felicidade
e ali está, ao nosso lado, não a vemos,
cegos de amargura e de saudade!
Somos da História um filho do meio
à procura d'um lugar que não é nosso
procuramos o que temos, que já veio,
vida que respiro mas não toco!
É tão estranho estar vivo e parecer morto
estar alegre e sentir uma tristeza
que nos invade de lés-a-lés o corpo
deixando a Alma revestida d'incerteza!
Será loucura acreditar na felicidade?!
Será a felicidade feita de loucura?!
Nada existe sem um pouco de saudade
porque a saudade é feita de ternura ...
Palavra,
Palavra bem-dita é tudo.
É doçura é amargura,
É aventura
Para quem bem a procura.
É obscura
Para quem mal a procura.
a pergunta condoída
sobre o sabor do chorado:
com tanta
amargura na vida,
para quê esse choro salgado?
O soneto da amargura
Do que não tem nada
Vive apenas a agrura
De uma pessoa criada
Assim tenho tanto ódio
Rancor como amarga fruta
Não cheguei no topo do pódio
Que perfaz minha conduta
Singelo com o chinelo
Que sou e uso aos pés
Como um plebeu donzelo
Aflito como todo semita
A vida que tem outro viés
Que a donzela não permita
A morte ela é […]
É a amargura de quem sempre foi um doce
É o tempo frio de quem sempre foi quente
E a tristeza de quem sempre foi feliz
E o silêncio de quem muito cantou
É o poema de quem nunca falou
É a paz de quem sempre procurou
E a escuridão de quem sempre foi luz
É o fim de quem já sonhou.
Certa vez, sonhei com olhos escuros, os meus.
Refletiam imensa amargura guardada.
Eu quis fugir dali, eu quis dizer adeus.
No entanto, não pude, estava parada.
E eu me vi presa em grandes montes de solidão.
Tão gélida que era, e tão densa que fez-me afundar
Em águas encharcadas de desespero, e exaustão.
Adormeci então, anestesiada pela velha nostalgia.
Que vinha, me abraçava, e logo partia.
Corri pela chuva morta que pelo fulcro escorreu.
Lassa, quis arrancar de mim toda agonia mantida.
Rasguei-me assim, em pequenos pedaços do que foi eu.
E procurei, em vão, qualquer saída.
a luz que te foge
dentro do corpo
é uma lâmina doce
na amargura do tempo
indelével, cristalizado
o universo inteiro
contido no fogo
das saudades
da loucura
faltam-me as tuas mãos
e os teus olhos infindáveis
na cegueira pura das galáxias
com que sempre me abraças
esposa, irmã, amiga
tudo o que vem depois de ti
é um chicote ardiloso
sobre o meu corpo escuro
antes abraçado
agora esquecido
na violenta ausência de ti.
Poema dedicado a Sheila Camoesas
Pedro Rodrigues de Menezes, "na violenta ausência de ti"
Exílio da amargura
Há um peso nas pessoas que arrastam o próprio céu para o chão,
um cinza constante que cobre qualquer raio de sol,
não importa o quanto ele brilhe,
não importa a beleza do dia.
São aquelas almas que amarram as mãos da alegria,
que bloqueiam a porta do riso e a trancam por dentro,
sempre com olhos vazios e palavras pesadas,
que destilam o azedo sobre tudo que tocam.
Como é cansativo estar perto de quem nunca vê a flor
e se perde nas pedras, nas sombras, nos galhos secos,
quem respira o mundo com desdém e despeito,
e transforma cada instante em um lamento.
Há uma exaustão em suportar o eterno suspiro de quem se sente vazio,
de quem planta desgraças e colhe ingratidão,
de quem rejeita a leveza como se fosse uma afronta
e abraça a escuridão como velha amiga.
Eu me afasto, pois há um limite para o peso que se pode carregar
quando a alma quer leveza e se recusa a afundar.
Prefiro voar longe dos que se recusam a ver o céu
e me exilar na paz de uma mente aberta,
onde a vida se reflete sem filtros amargos,
e o belo encontra, enfim, espaço para existir.
Não sinto nenhuma amargura pelo que aconteceu. Pelo contrário. Tenho certeza absoluta de que o que nós tivemos foi real, e fico feliz por termos tido a chance de ficar juntos, mesmo que tenha sido por um breve período. E se, em algum lugar distante do futuro, voltarmos a nos encontrar na nossa nova vida, eu vou sorrir para você com alegria...
O prato da amargura e mãe da destruição.
A guerra é um prato frio, e que se come com frieza, irmã da vingança e aliada do desespero, ela faz a sua vida se torna um pesadelo.
Geradora da fome, e promovedora de chacinas a guerra espelha uma vida sofrida,
onde sobreviver é a unica alternativa.
Quem vive em meio a guerra não pensa em ser artista, vive em meio a fome e luta para se manter vivo.
"Os ressentimentos e amarguras
comprometem a visão cristalina e pura vinda do nosso coração e impedem que enxerguemos o lado bom da vida e as belezas que nela existem.
- Flávia Filgueiras
Os lobos que foram excluídos da alcateia são os mais perigosos. Eles não sentem nenhuma responsabilidade, só ódio e amargura.
Todos viam; todos percebiam. Menos nós. Risadas, momentos, um doce dividido, as almas desnudadas e sem máscaras. Não era óbvio?! Era amor. Hoje é arrependimento.