Poema sobre a Seca
Seca
...Hoje sou madeira seca
cortada pelo lenhador
Sou árvore velha
que morreu para virar tambor
Sou a pele do tigre que embelezou
a sala do matador...
O vento é sempre o mesmo, mas sua resposta é diferente em cada folha. Somente a árvore seca fica imóvel entre borboletas e pássaros.
Talvez eu nunca entenda o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis. Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e eu sei do poder que as palavras exercem sobre mim.
Já fui inverno rigoroso, calor intenso de verão e folha seca de outono. Hoje sou primavera, uma nova estação.
Quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão.
Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Você sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente.
Não é a pobreza, nem a seca do nordeste que expulsam o sertanejo de suas terras e sim os próprios coronéis, intitulados políticos que eles próprios colocam no poder...
A verdade é que somos retirantes em pleno século XXI. Fugindo dos mesmos problemas, convivendo com as mesmas situações, alimentando os mesmos ideais de sempre, sem nunca resolver o que realmente precisa no sertão: a fome educacional.
Os problemas do Sertão todos nós já estamos acostumados a enfrentar, já não nos assustam mais. O que mais dói é perceber que esses problemas ainda persistem, se renovam e se fortalecem, mesmo com a modernidade de nossos tempos atuais.
A natureza é a riqueza da vida, a ambição é a árvore que seca, o descuido é o rio poluído e o orgulho é o ar que sufoca.
SECA.
O nordeste pra mim é sagrado
foi Deus que me deu de presente
o sol faz da seca um pecado
e a água não tem na nascente
na cocheira não tem um só gado
mas a fé é o segredo da gente.
Seca grande.
A seca grande que vejo
não arreda o pé do chão
o vaqueiro em seu pelejo
para salvar a plantação
como é triste o sertanejo
ver morrendo o seu desejo
de viver no seu sertão.
Brota.
O nordestino e o seu valor
na enxada não se cansa
na seca, na fome, na dor
na lágrima de uma criança
mas quando brota uma flor
também brota a esperança.
Raízes
O sertanejo antes de tudo
É um forte que batalha
Pelo pão e cada dia
Que é tão pouco quase nada
Enfrentar o cruel mundo
É sua sina calejada
Ainda sonha que no fundo
Do velho poço tenha água
Pra molhar a plantação
Aliviar o coração
Que a chuva caia neste chão
Sobre o mar de conselheiro
Nas cantigas de Gonzaga
Dos incríveis brasileiros
Com o sertão dentro da alma
Ficaria tudo verde
Onde a seca castigava
Nesta terra onde os guerreiros
Foram pássaros sem asas
E o meu canto derradeiro
É que um dia aja água
Pra matar a nossa sede
E lavar as nossas almas
Geivison dos Anjos
A raiz, extrai a vida, para o tronco alimentar.
Da terra, mãe-alimento, vendo a árvore vicejar.
Sorri em fruto, num aceno, num meneio
Mostrando ao mundo a que veio.
Seca!
Diz o inverno: deixe de resistir!
Resisto!
Diz a arvore: é meu destino EXISTIR!
A seca.
A seca trás sofrimento
a chuva nem piedade
o verde se foi no vento
e o gado deixou saudade
aqui se falta alimento
mas sobra dignidade
O algoz nordestino.
O nordeste tem seu algoz
que faz esse povo sofrer
quem cala a nossa voz
não deixa a planta nascer
e se falta água na foz
a seca cresce feroz
se a chuva não aparecer.
Chuva! Chuva... Alagou tudo,
fez esquecer sua falta, causou tristeza,
Alagou as ruas, mas segundo a televisão,
nem chegou na represa...
Sem água não há vida!
Cada vez mais ressecada
minha terra tão sofrida
quando a seca vem malvada
mata a planta mais florida
deixando a pele marcada
se de chuva não vem nada
brota a dor da despedida.