Poema sobre a Seca
A seca de sempre.
Diz ser contra o sofrimento
dos seres irracionais
mas não faz um movimento
no centro das capitais
e a seca do nordeste
continua feito a peste
maltratando os animais.
Lágrimas da seca!
Quando a chuva não vem
a terra seca só piora
sem ajuda de ninguém
a despedida não demora
e a única água que tem
são as lágrimas de alguém
no momento de ir embora.
Somos.
Venho aqui só pra saber
porque tanto me ofendeu
já tenho a seca pra sofrer
e o destino que a vida deu
mesmo assim vou te dizer
não vejo nada em você
que seja melhor que eu.
FOLHA SECA
Folha Seca desprendida do galho,
Caída no chão, tocada pelo vento,
Molhada pelo orvalho;
Ao relento.
Pisada, desprezível...
Foco de nenhum olhar.
Sem a seiva,
Sem a vida,
Sem direção...
É sem graça o seu mover.
Pobre folha!...
Sem forças de locomoção,
Sem atração,
Sem qualidade nutritiva...
Segue, enriquecida com os minerais que possui; Essenciais à vida de seres, macros e micros.
Pela terra, viaja no seu curso natural, acompanhada de outros materiais, no ciclo dos nutrientes...
E em cada estágio da sua trajetória metamorfósica,carrega consigo, particularidades única; de importância múltiplas.
Sim!...
E, quanto aos sentimentos e a beleza; pode haver, em uma folha seca e morta?
Pode!...
Depende da sensibilidade de quem a ver.
Vi recentemente numa folha seca, caída, o encanto de uma formatação que me lembrou a exuberância de carnudos lábios de uma aparência sedutora.
Tremia emocionada sobre o piso do asfalto...
Ofegante e com arritimia cardíaca, suava frio;
Respirava a delícia de um perfume, exalado de algum ser alado...
Até sentir na sua textura o toque das patas acetinadas; o afago, e o beijo caliente de uma linda e solitária borboleta.
09.10.2014
COISAS INGÊNUAS
O que fizemos ontem
O céu azul, o vinho, o blue e a caatinga
A arder a seca, a derramar carências
Santa demência,
Poeira branca do que foi o Jaguaribe
Deus me livre daquele olhar
A inquirir os meus desejos
Chama ardente a queimar na alma
Que quanto mais olhava mais incendiava o meu olhar
Sempre acreditei no amor das coisas ingenuas
Sempre declamei a grandeza das coisas pequenas
Mas se desvirtuei foi por paixão,
Foi por paixão que derramei o meu querer
Foi por querer que perfurei seu coração
O que fizemos ontem nunca mais se fez
A caatinga ainda rasteja, arde esparsa
Parca, incendeia, mas se chove, floresce e viceja
Porque vicejar é da flor...
Retirantes.
A esperança é o suporte
do sertanejo peregrino
onde à seca, não há sorte
que sustente o nordestino
sem temer o vão da morte
leva a vida a própria sorte
pelas vias do destino.
Retirantes da seca.
Não deve ser nada fácil
O homem chegar pra mulher
E falar arrume as coisas
Tudo que a gente tiver
Pois precisamos partir
Não dá pra ficar aqui
Seja lá o que Deus quiser.
E a pobre mulher chorando
sem saber pra onde vai
Ela não quer ir embora
Mas a chuva que não cai
E o sol tão causticante
Obriga-os a ser retirantes
Com dor no coração sai
É triste pra uma família
Ter que deixar o lugar
Onde está suas raízes
Onde formou o seu lar
Sem ter uma solução
Rasgando seu coração
Sem saber se vai voltar.
Chão rachado.
Não tenho armas pra guerra
a seca domina o sertão
a semente que se enterra
não germina neste chão
foi-se o verde lá da serra
e mais rachado que a terra
só mesmo meu coração
Oração da chuva!
Quando a seca se aproxima
devastando a plantação
o sertanejo se lastima
pede a Deus em oração
uma mudança nesse clima
e que derrame lá de cima
um pouco d'água no sertão!
As vezes.
É assim a nossa vida
como viver numa balança
um dia a seca é contida
no outro a danada avança
as vezes temos comida
por outras só esperança.
Pega teu lenço, guarda teu choro, seca seu rosto
Os tempos são outros
Nem de lágrimas, nem desaforos
Dentro de ti, flamejante, há ouro.
Um cofre, um tesouro
Guarda a chave pra quem a mereça
Deixa pra trás, a derrota, a ofensa
Que venha o amor, o respeito, felicidade imensa
A paixão, chama acesa, intensa
Pra que desgosto? Pensa!
Se o que te espera e a maior recompensa!
Recomece!
TERRA SECA
A chuva passou...
Não quis assim,
O tempo desviou...
Escondeu de mim.
Eras tormento;
Ódio e paixão;
Perdeu o alento;
Desfez a emoção.
A terra secou...
O vazio ostenta sua raiz,
Ninguém notou...
Sangrar de novo a cicatriz.
O desprezo natural;
A terra absorveu;
Nada será igual;
Tudo se perdeu.
Baile de máscaras...
Faces veladas,
Muitas caras...
Todas ocultadas.
Poeira no semblante;
Noite esgotada;
Uma lágrima extravagante;
Na parede pintada.
As flores
As flores que não colhi
o tempo tratou de secá-las
o vento levou suas pétalas
as sementes no solo ficaram
e novas flores germinaram...
mel
Por necessidade.
Foi por necessidade
jamais por opção
a seca por crueldade
mudou a minha direção
me tangendo pra cidade
me expulsando do sertão.
SOU O VENTO
Sou o vento que seca as roupas do varal
Sou o vento que joga as folhas no seu quintal
também sou o vento que enxuga as lágrimas
que rolam de teu rosto angelical...
mel - ((*_*))
A dor da seca.
Sinto a seca do sertão
em cada palmo deste leito
que não brota nesse chão
a semente do respeito
sinto a fome e a solidão
sinto a dor de cada irmão
queimar dentro do meu peito.
Minha fé!
Na terra seca e aflita
que o sertanejo conduz
pelo sertão que habita
carrega um feixe de luz
no coração que palpita
do olhar de quem acredita
na fé que tem em Jesus.
Fé e força.
A seca é mesmo ingrata
é muito difícil plantar
o pouco que a gente cata
mal dá pra se alimentar
a vida segue pacata
e a dor que hoje maltrata
amanhã Deus proverá.
O coração do mandacaru não e só espinhento
junto com ele carregar um coração sofrido da seca , da fome ,
mas ele foi feito nordestino cabra da peste feito pra superar toda dor que o sertão disponha ...
Saudade.
A seca é quem mais devora
a planta que tu me deste
sem a água que se evapora
o nordestino não investe
deixa a terra onde mora
fica triste, sofre e chora
com saudade do nordeste.