Poema que Descreva uma Pessoa
Dezembro dos Nossos Anos —
Sentia algo, como uma estranha sensação, ainda sem nome,
que me vinha, mas eu não a alcançava para,
de alguma forma, significá-la.
Talvez fosse por se tratar de um fim de tarde
em que, em mim, afloram-se todos
os sentimentos e, neste turbilhão
de sensações,
eu invento e reinvento-me,
mas, enfim (menino do que sou),
só sei ser eu.
Talvez fosse porque era um sábado,
e eu havia esquecido de que era
um sábado, e que aos sábados,
nascem e morrem-se instantes
e eternidades.
E penso também que fosse porque estávamos
em dezembro.
E sabendo que os dezembros querem e têm-me
comovido e devoto,
além de me lembrarem os sábados
e os fins de tardes,
cabe aqui dizer (por entrega e ofício) que,
há alguns instantes, eu houvera lido
um conto de Clarice,
que me pós a observar pela última janela
do meu quarto de minha adolescência
(perdida),
o derradeiro e mais sublime raio de sol poente
do fim de tarde de um sábado,
num dezembro distante
dos Nossos Anos.
Eu ainda sinto, e ainda não sei o que sinto, mas aceito.
Afinal, nunca soube, muito bem, explicar a maioria
das coisas que sinto.
Acho que é por isso que as chamo de...
Poesia.
Uma Xícara de Café —
Uma xícara de café com (exageradas),
cinco colheres de açúcar, esfria (solitária),
na mesa da sala.
Olho-a com algum desconforto
e demasiado respeito. — é café.
Segundos antes, de súbito, ela precisou abandoná-la ali (com o café
ainda quente, ainda por provar...
querendo, desejando-o).
Ela agora atravessa o corredor,
vai até a sala principal, e volta (ritmada), cruzando os meus olhos de menino pagão, em passos debochados.
Que demora! — quantas pessoas
mais (e más) surgirão ainda
para segurá-la por lá?
Quantos papéis (documentos), ela
precisará dar conta até a
parcial liberdade?
Quantas eternidades cabem
neste instante infinito que
nos separa, ó Tempo?
E então volto os meus olhos para a xícara
de café (agora já frio),
que espera, espera... espera-a,
mas não tanto o quanto eu.
Uma Quase Revolta Gritada —
As mentes — otimistas — que servem para viver neste mundo caótico e injusto, adaptando-se a ele, não servem
para mudá-lo.
É preciso que haja uma dose crônica de pessimismo, de insatisfação — uma quase revolta gritada — (sem que
se perca o ânimo).
Estar, de certo modo, em paz neste mundo caótico e injusto, é ser parte significativa deste caos, desta injustiça.
Mulher-Maravilha —
Hoje, em plena luz do dia, diante dos meus olhos (imprecisos, falhos, comovidos),
eu vi o diabo vestido de Mulher-Maravilha. — e era uma garota.
Meu Deus: eu vi o diabo e ele
estava lindo! — olhos de Capitu;
lábios de rosa desabrochada;
cabelos chamejantes (beija-costas).
Deus que me perdoe, mas eu desejei aquilo.
Confesso que estava meio desconcertado, inibido...
por estar diante de tamanha coisa (pequenina, pulsante
e colossal) — e como o pode?
Aquilo não podia ser coisa divina, pois me puxava para baixo, pelas pernas, por caminhos labirínticos, avermelhados em chamas e desejos.
Eu queria deitar-me naquilo (insensato, sem sono
e sem sonho).
Eu queria entender... (embora, algum traço de resposta eu tivesse,
mas, por medo e proteção, fingia-me tal ausência),
eu queria entender aquela sensação de pequenez
diante daquilo.
O que havia naqueles movimentos de dança,
além dos movimentos de uma dança?
Não era somente o corpo (pernas e braços e tal), que dançava.
Eu vi cabelos e olhos e uma alma (divinamente diabólica),
em perfeita sintonia com todo o resto.
O resultado? Bem, precisei sentar-me.
Contudo, minh'alma (comovida), estava de joelhos como numa prece direcionada àquilo. — não, não era uma força
do mal (embora me tirasse a paz).
E, pensando bem, "Deus" (docemente), também estava ali:
eu O vi! — por um instante, em meio-tom (bemol),
ela virou-se, olhou-me e sorriu.
A Terceira Coisa —
O sol cruzava a janela e atingia-me formando
uma sombra na parede atrás.
E, enquanto o liquidificador fazia a mistura,
eu pensava: o segredo da vida está
nos extremos, nas coisas
opostas... no oposto das coisas que, naturalmente,
se fundem, se unem... completam-se
formando uma terceira coisa — implícita —
(o resultado da inter-relação, o meio de tudo,
o âmago). — o Segredo da Vida.
A escuridão só existe porque
existe a luz.
Só sabemos identificar o bem
porque o mal também existe.
Então, naturalmente, só completamo-nos no outro.
Mas talvez, a mensagem (pela mão do homem), — de há séculos —
do primeiro mandamento tenha sido interpretada
equivocadamente.
Talvez,
"Amar a Deus sobre todas as coisas", seja,
na verdade, amar o outro acima de tudo ou, melhor,
"amar o outro como a nós mesmos",
e é esta a grande mensagem,
tornando assim, enfim, o Amor Mútuo
(a união de todos os amores),
a única e necessária religião
à humanidade.
Pois Deus é o outro e, portanto,
nós mesmos. — portanto, nós todos.
Amem-se! Amemo-nos! Amém!
Amanhã é sempre um mistério,
Que o tempo há de revelar,
Mas a esperança é a luz que guia,
E que nos faz caminhar.
Fernando Pessoa nos ensina,
Que a vida é uma constante busca,
Por um sentido mais profundo,
E por uma felicidade que reluzca.
Por mais que o presente seja difícil,
E o futuro incerto demais,
A esperança é a nossa força,
Que nos dá coragem e paz.
Amanhã pode ser melhor,
Com a esperança a nos guiar,
Pois a vida é um eterno movimento,
E tudo pode se transformar.
Não desistamos dos nossos sonhos,
E nem dos nossos ideais,
Pois a esperança é a nossa bússola,
Que nos leva a outros portais.
Fernando Pessoa nos lembra,
Que a esperança é o que nos resta,
E que a vida é uma aventura,
Que deve ser vivida com toda a sua festa.
Então, sigamos sempre em frente,
Com a esperança a nos orientar,
E que o amanhã seja melhor,
Para nós e para o mundo inteiro brilhar.
"Não há nada mais poderoso do que uma pessoa determinada, apaixonada e movida por uma causa maior.
Se você acredita em si mesmo e no que está fazendo, nada pode impedí-lo de alcançar seus sonhos e tornar o mundo um lugar melhor."
Inst@JaneFernandaN
Primeiros Versos —
Nestas simples e assustadas linhas,
em que eu, em memórias contínuas, irrequietas, enraizadas
(por não saber como deixá-las),
quase toco as longínquas tardezinhas
de outrora, ofereço-lhe os
primeiros versos.
O imoral e súbito espanto de
reconhecê-la na beleza de
um grande sonho — perdido —
não despertou-me. — ainda que
apavorado: eu quero
o sonho!
Naquela Manhã —
Sol feito sol de quase meio-dia.
Meus olhos falhos — confusos na luz,
na distância — mal-entendiam.
Então, de repente, desdobrou-se à minha frente e,
surpreendentemente eu vi...
era ela:
Camiseta branca (colegial), saia
justa — um pouco acima
dos joelhos;
Cabelos de mechas em tons
avermelhados, soltos à
sorte, à luz, ao vento,
e um grande sorriso juvenil (um
tanto quanto desalinhado),
no rosto (de menina),
enquanto meu tosco coração
(coitado),
eternamente preso, observava
comovido (de longe), naquela manhã,
o sonho — adolescente — passar.
De quem era aquela manhã?
RESPEITAR
Espreite bem a ocasião.
Considere a importância de cada uma das pessoas.
Prudência.
Mature bem os pensamentos ao falar,
antes que os marque.
Pessoas inteligentes agem respondendo com inteligência.
Elas ensinam
Você aprende
Cautela para dizer ou,
ouvidos para escutar.
Reciprocidade é dar algo sem esperar nada em troca , a outra pessoa retribui por que ela realmente faz naturalmente como respirar.
A minha intensidade mostrei, onde não tive medos, eu fiz a minha energia ,passei a você, arrisquei, fiz minha sintonia para chegar até você!
Eu era um cão vira lata em forma de homem
Mudei por nós, por vc..
Hoje estou pendendo vc, serei de novo um cão??
Pensamento sobre isso vão e vem, tenho medo se vêem e não vão..
Veja Bem —
Veja:
nos shoppings;
nas filas;
nos rachas e autoestradas;
nas redes sociais e casas de jogos;
em igrejas, hospitais e academias;
nas urnas;
nas festas, escolas e universidades;
em casamentos, aniversários e funerais;
em rodeios, fábricas e reuniões
do G20...
Veja bem,
são em locais como esses
que a humanidade falha miseravelmente.
Quase Ninguém Vê –
Há sempre uma tragédia acontecendo
por trás de cada "estou bem",
"é normal", "não ligo", e
quase ninguém vê.
Infelizmente,
normalizamos e banalizamos
algo tão sério:
O coração das pessoas.
Abraço a Tristeza e Descanso -
Eu sinto-me menos mal quando
decido estar triste ao invés
de irritado.
O estado de tristeza incomoda,
machuca,
porém muito menos do que
o de fúria.
A tristeza costuma acolher-me e,
de certo modo, acalmar-me.
A fúria não.
A fúria é destrutiva.
Extremamente destrutiva.
A maioria tem-na como uma forma
de defesa e de ataque, mas,
na verdade,
ela ataca-nos na mesma
intensidade, e isso causa um
enorme mal.
Prefiro ser um tolo triste e, talvez,
sábio — recolhendo-me e ficando
em silêncio —
a ser um tolo furioso e idiota,
cheio de ódio.
(Ainda que a vida cobre‐me o contrário).
Entre estar furioso ou estar triste
(em silêncio), afasto-me:
abraço a tristeza e descanso.
É de Partir o Coração, e Eu Sei. Mas Eu Preciso Dizer -
Quando sentir que tem algo imenso,
nobre e cuidadoso, alimenta-o
de mais vontade.
E se por acaso houver uma enorme
distância contra esse amor,
resista:
continua firme, diminuindo-a.
Se além disso há pessoas lutando
contra essa união,
mostra-se mais forte e corajoso
que essas,
e siga adiante, firme, em nome desse
sentimento.
Se ainda assim o mundo tentar impor "dificuldades", tais como:
Classe social;
Cor da pele;
Ou religião, então, revoluciona:
Inventa uma liberdade qualquer ou qualquer outra coisa sem nome, e continua mais
firme ainda.
Agora, se tem um sentimento imenso,
nobre e cuidadoso, e a única coisa
contra esse amor é o outro,
sinto muito. Sinto muito
mesmo:
É inútil!
Ainda Éramos Nós -
Eram sete e dezessete de uma noite
quente de segunda-feira, de um
fevereiro sem Carnaval.
E lá se vão quase duas décadas
de amizade.
Éramos jovens, cheios de sonhos
e de tempo,
e nem imaginávamos que,
quase vinte anos
depois, (meio às pressas),
ainda estaríamos assim, como antes.
Muita coisa aconteceu
desde então:
algumas nasceram para o bem,
outras se perderam,
mas, enfim,
ainda estávamos alí por algum motivo.
Por tantos motivos, afinal, mas
por uma única razão:
Ainda éramos
nós.
E,
então,
alí, naquele local,
por alguns segundos,
entre uma palavra e outra,
entre um acorde e outro,
entre um riso e outro,
eu reparei em nós quatro ali juntos
como nos velhos tempos,
como nos últimos encontros a cada
três anos e, enquanto nos despedíamos,
eu pensei:
"Poxa, será que teremos a chance
de um novo encontro?
Droga,
ainda somos tão jovens,
eu não deveria estar pensando
nisso."
Mas eu pensei.
A Frieza -
Gosto de gente interessada naquilo
que ouve, fala e faz.
Gosto de pessoas que se empolgam
ao falar de coisas simples.
Simples e nobres: um poema, um livro,
um filme,
o pôr do sol visto através de uma
vidraça quebrada.
A frieza das pessoas me desestimula,
me põe pra baixo, me desanima,
a ponto de me deixar quase
sem ação.
Logo,
eu procuro o caminho mais curto
da conversa e tento encerrá-la,
o quanto antes, por
alí mesmo.
Maldito Sentimento Verdadeiro -
Há guerra pior do que a que precisamos
matar nosso próprio coração
(já mutilado, esgotado),
infectado por um inútil e maldito
sentimento verdadeiro,
fielmente
não correspondido?
Uma pessoa é semelhante
a uma construção,
caso não tenha uma boa base,
cedo ou tarde acaba cedendo!