Poema que Descreva uma Pessoa
Golpe Baixo –
E de repente você pensa
em quantas coisas conseguiu fazer
esta semana:
De quantos oportunistas conseguiu desvencilhar-se;
Quanta gente idiota, mesquinha
e mau-caráter conseguiu
evitar, entre ir ao supermercado pela
manhã e tentar entender o porquê
de tanta coragem antes de
dormir à noite.
E, naturalmente, há algo
a ser comemorado.
De certo modo, você tem
sido forte:
tem conseguido controlar alguns
desejos impulsivos, algumas paranóias,
alguns medos.
E tudo isso, por enquanto, tem segurado-o.
E isso é bom, ainda que passe. — e passa.
Mas quando você acha que,
finalmente, está começando a dominar
o adversário, a luta — o jogo —
de repente, num simples descuido,
acontece o golpe fatal.
E lá está você, outra vez, nocauteado, dominado, vencido.
Golpe baixo, às vezes,
é algo te fazer lembrar
dois belos olhos castanhos
e uma boca carnuda
mordendo você.
Por Eles -
Eu sempre vou amar os jovens,
os adolescentes.
Claro,
falo do verdadeiro espírito
dessa fase da vida — a liberdade,
a espontaneidade, os sonhos,
a urgência.
Alguns traços de rebeldia,
a malícia com um certo ar de ingenuidade,
a vivacidade, tudo isso que (por muitas vezes,
em conjunto ou não), extrapolam alguns limites, mas, ainda assim (envolto de algum traço de poesia), é uma necessidade
à alma — à vida.
Naturalmente, hora ou
outra,
também vou odiá-los,
mas,
logo em seguida,
perdoá-los.
Eles estão no lugar onde a vida mais entorta,
mais destoa, mais balança.
Ainda que, sob a benção da distração, não percebam a real de tudo isso.
Eles não sabem bem o que são,
nem mesmo sabem o porquê
de não saber o que são.
Mas eles precisam saber, urgentemente precisam saber e ser o que ainda desconhecem.
A vida cobra decisões de gente grande,
e eles ainda não o são.
Ser criança ou ser adulto é, de certo
modo, mais confortável:
Ou se vive num sonho
fantasioso, relativamente
ainda seguro,
ou numa realidade
palpável. — se não a ideal,
o mais próximo da
mais provável.
Ser jovem, adolescente
é viver tudo ao mesmo
tempo.
Uma mistura — agredoce — uma doce maldição poética,
e sem tempo (ainda que
tenham tanto), para maiores entendimentos.
E isso confunde, sufoca,
dá medo.
(E digo jovem, adolescente,
não somente falando
de idade).
Algumas adolescências
beiram os trinta, os quarenta anos...
Mas penso que todo ser
humano com alguma coisa
especial,
independentemente
da idade,
carrega algo jovem, algo adolescente
no espírito.
Acho que é, também,
por eles e por isso
que eu escrevo.
Sigo —
Sigo com uma enorme angústia em
formade mágoas e decepções.
Mas sigo.
E sigo,
simplesmente
porque é o que me resta.
Não direi-lhe mais nada, nem cobrarei nada.
Nem a deixarei mais me ver chorar.
Apenas seguirei... como um rio
calmo e esquecido que aparenta estar secando, mas ainda em fluxo.
Ainda.
E espero que um dia melhore;
Espero que um dia aceite;
Espero que um dia passe.
Espero... mas, por ora, não a
espero mais.
Por dentro, está aprisionada
pelo o teu excesso de cobrança,
mesmo sabendo que é uma pessoa amada
e que a vida também é feita
de inconstâncias,
todavia, graças a Deus, esta tua sentença pode estar com os dias contados
num processo de superação
que deve ser interminável,
caso contrário,
poderá voltar para a prisão.
À Altura —
Gente fria me assusta, me desestimula,
me põe pra baixo.
Meus dedos querem dedos
e pele quentes.
Meus olhos querem olhos
admirados, devotos, sonhadores.
Meu coração, meu íntimo,
meu sentimento anseia,
implora por algo vivo, intenso,
desmedido — recíproco.
Nada menos.
Vai acabar logo (a gente
sabe),
vai acabar logo — não
há escapatória.
Então,
o que estamos fazendo,
afinal?
O que realmente importa?
Há um fluxo sanguíneo,
e neurônios, e sentimentos
vivos justificando vida.
E enquanto vivo, não suporto
gente fria demais, gente distante
demais, gente rasa (demais).
Toquem um cadáver!
Digo,
toquem um cadáver e entenderão
a necessidade de uma resposta
à altura do seu sentimento.
Feliz Dia Da Pessoa Idosa
A pessoa idosa e sábia é aquela que concebe com alegria que a sua juventude não se completou. Para ela, a juvenilidade continua se perpetuando através dos filhos e dos netos.
De Coração -
Morrendo como todo
mundo,
sentindo como
poucos.
É assim, de coração:
sentir e ignorar os sentimentos
e desejos mais urgentes,
mais intensos, mais
sinceros,
enquanto aprende a suportar
o medo de perder o que
não é seu. — o que nunca
foi seu, nem nunca
será.
E taí um ato inútil de bravura
daqueles que não têm
mais escolha.
Por que Vivo –
Confesso que, às vezes,
é bastante revoltante pensar
que: não importa o que se faça
(de bom ou de ruim),
um dia
— e pode ser hoje mesmo —
sem mais, tudo acabará.
Seremos reduzidos,
fisicamente
a nada.
Sem chance para um novo abraço, uma nova conversa ou
um novo reencontro.
De certo modo,
ainda viveremos enquanto
alguém lembrar–nos.
Mas nada, nada mais será acrescentado de nossa
parte.
Mas sinto que se eu tivesse o amor dela (assim como
sinto que tenho de alguns
outros),
não teria motivos para pensar nisso.
Pois o peso da vida não é lembrar que irei (como todo mundo), morrer.
O peso da vida é esquecer
por que vivo.
Difícil Mesmo –
Estar triste é suportável.
Difícil,
difícil mesmo é estar
desanimado, angustiado,
perdido.
Quando o Olhar se alegra,
as Pupilas se dilatam,
Forma involuntária e honesta
de demonstrar afeto
para a Pessoa Amada.
Apesar –
A vida — incompreensível —
pode ser incrível, apesar
de tantos, apesar de
muitos — apesar
de tudo.
Confusão –
Têm pessoas que
vivem para o
apego.
Outras para o
estrago.
E a vida
— divertidamente trágica —
(por todas elas e aos
pranto de tanto rir),
só se dá o trabalho
de apresentá–las.
Um Alívio –
O Velho Buk tinha razão.
Assim, vos digo:
Algum tipo de paz começa,
quando você começa a
diminuir certas coisas:
Primeiro,
a quantidade de pessoas com
as quis você tem algum tipo
de relação na vida;
Depois,
a importância dessas pessoas;
E por fim,
as expectativas sobre essas
pessoas.
Felicidade? Não, não acredito
em tanto.
Talvez uma espécie de alívio
— algo como um caminho
a algum tipo de paz.
Meu Pai –
Meu pai está sempre
exagerando nas
coisas:
Eu digo-lhe: "Pai,
quando for à rua
traga-me três sardinhas,
daquelas com molho."
Dez minutos depois chega ele
com cinco sardinhas. – e eram
uma e meia da tarde de um
sábado quente de verão.
Já perdi a conta de quantas vezes
eu acordei e percebi que ele já havia descarregado todo o carro,
subido, silenciosamente, as escadas trazendo minhas roupas
e os pães e o que mais havia.
Depois, cuidadosamente, preparado o café (que se não esfriasse, duraria três dias), enquanto, paralelamente, lavava
os pratos e copos e talheres do meu dia anterior ao dia anterior daquele dia.
Meu pai está sempre fazendo coisas a mais para poupar-nos
da coisa maior.
Exagerado, ele sempre diz:
"se não sobrar não deu".
Meu pai sempre foi muito calado
e discreto com as palavras,
mas sempre fez e faz o que pode
e um pouco mais por todos nós,
em gestos simples, nobres e
exagerados de amor.
Digo, MUUUUITO
AMOR!
Cruel –
Não estamos prontos para
a verdade.
Nunca estivemos, nunca
estaremos.
Sapos aparecem quando insetos
aparecem. — é a natureza
das coisas.
Embora o resultado disso (em que insetos são engolidos vivos), possa parecer, um tanto quanto, cruel, é apenas o fluxo natural
das coisas.
O SER HUMANO É CRUEL! — pois tem a consciência dos seus
atos — da dor do outro,
do sofrimento
do outro.
Mente conscientemente; maltrata conscientemente; mata
conscientemente.
Não estamos prontos para
a verdade:
Culpamos a sorte;
Culpamos o destino;
Culpamos a vida — nunca a
nós mesmos.
Culpamos deuses e diabos — nunca, nunca a nós mesmos.
Não estamos prontos para
a verdade.
Nunca estivemos, nunca
estaremos.
Circos Pobres -
As redes sociais são como
circos pobres — de essência.
Com palhaços infelizes, superficiais e sem
muito talento.
Mas quando as cortinas se abrem (ainda que as piadas sejam
repetidas, vãs e, muitas
vezes, levianas),
é preciso divertir a plateia
— também de palhaços —
tão infelizes, medíocres e
superficiais quanto
todos eles.