Poema que Descreva uma Pessoa
Por que Amar? -
Por que os pássaros
voam?
Precisamos explicar por que
um pássaro
voa?
Não!
É preciso saber o porquê
dele não estar
voando.
Isso explica?
Poema de Chuva -
Sempre haverá um tanto de
tristeza
e um bocado de
saudade
nestes dias de
chuva.
Dias em que os corações
mais puros e meninos
necessitarão de mais
aconchego,
mais pele, mais calor
humano,
do olhar, da presença.
O Tempo condiciona as coisas
e o amor as eternizam.
Para o Depois, Porque o Agora Me Interessa Mais -
E se amanhã
eu não estiver mais
aqui:
continue me tratando
como me trata
hoje.
Desabafo Inútil –
Sem cerimônia,
fui expulso do “Paraíso”
de escolhas e consequências.
Então,
me vi na necessidade
de uma releitura da vida,
para novos rumos,
novos sentidos, novos caminhos,
mas agora,
através de uma outra perspectiva,
um novo momento,
um novo olhar:
dúbio.
Com novos personagens à volta,
cama e cômodos diferentes,
vozes diferentes,
cheiros e sons diferentes.
Um outro endereço,
na mesma rua, em direção ao
nada
eu fui e voltei
e não mais voltei para casa
ou nunca fui.
Acúmulos de expectativas
e decepções
tão inerentes a
mim.
Um novo dia nasceu (turvo),
poeticamente cinzento e
dolorosamente ensolarado,
com cicatrizes e possibilidades,
velhas novidades, novos ciclos
de amizade,
encontro e reencontros e
desencontros e
perdas.
Alguns raros sorrisos – quase
uma volta à adolescência – um
filme em dias frios,
cobertas e pele e um moleque
inquieto – dono de tudo ali – sonho
e realidade para novas,
velhas lágrimas.
O real e o desejável;
o medo e a experiência;
a sorte e o hiato;
a saudade e a necessidade
do seguir em frente... a poesia e o
vazio.
Entendo: não volta mais!
Não pude fazer escolhas,
simplesmente, fiquei de fora
delas.
Não aceitei, nunca aceitarei
(hei de me adaptar), mas o
que ainda restou de mim
– inútil poeta –
são restos essenciais de
batalhas que,
enfim,
venci, derrotado.
Não é Sobre o 1º de Abril: É Sobre Essência -
A você
que conseguiu passar os
outros 364 dias do ano
fingindo ser o que
não é:
Parabéns!
Hoje
poderá ser você
mesmo.
É Preciso Que Se Diga -
O ser humano é merecedor
de todas as desgraças
da vida,
porque não faz por merecer
todo o amor.
A Lua -
Hoje cedo
lembrei aquele teu riso fácil
e olhar adolescente de quase
meio-dia.
Lembrei de coisas
que nem pensei que faziam falta
como: a tua falta de jeito ao derrubar
coisas.
Lembrei teu espaço rebelde,
teus traços e passos
e trejeitos - jeito moleque.
Manias - tão tuas - que nem sei
se existem em outras.
Agora,
neste exato momento,
estou em total silêncio
buscando algo da tua fala.
(...)
Em vão.
Por favor, pequena:
não me chames como tu chamas
a todos os outros.
Tu sabes, né?!
Ah!
Mas quando foi que tudo escureceu,
afinal?
Sim,
eu amo a noite,
mas não esta - sem teu canto,
sem teu colo, teu encanto,
tua luz.
Se,
ao menos, como antes,
me restasse a lua.
Ah, a lua...
no céu da tua boca.
Amanheças aqui!
3h17 da Madrugada -
A gente só se dá conta mesmo
do quanto está
perdido,
quando o quarto está
escuro,
o relógio marca 3h17 da
madrugada e há silêncio demais
(fazendo barulho),
e vazio demais (transbordando),
e passado demais
(presente).
Neste instante,
o tempo corre (lentamente)
e
não há sono
nem sonho
nem desculpa: essa é a
realidade.
Não há, se quer, alguém
para quem ligar.
Nessa altura, nem
esperança mais
há.
E eu já não sei mais
se quero que o dia
amanheça.
(Mas ele sempre
amanhece).
Sobre Duas Coisas -
Meu ânimo são as
possibilidades.
O que me assusta e
atormenta
é o vazio (oco) - a não poesia
da vida.
As vezes deixamos as pessoas certas
escapar por priorizar
estudo,trabalho etc .
Não que isso não seja prioridade porém encontrar alguém que goste ,cuide e se preocupe com a gente é tão raro que.
Também devia ser prioridade .
À Sorte -
Com promessas e sorrisos e
cheiros e descobertas
(por meu querer), de mãos dadas
fui conduzido até bem perto
de algum paraíso,
aparentemente, natural de sonhos
e beleza e
poesia.
Tão logo,
depois do sonho,
despertei-me abandonado
no meio de um oceano
qualquer (e não sei onde estou,
para onde ir).
Estou à deriva, em um pequeno
bote a remo.
Exausto. Desanimado.
Com medo.
A vista só alcança horizontes: magnificamente tão belos
e iguais e distantes.
Meu olhar contempla a
inutilidade do querer, encoberto
pelo desespero da realidade
de não pertencê-lo.
Sempre tive uma relação de
curiosidade e admiração
para com o Tempo, o Universo e
a Sorte.
Neste momento,
sobretudo,
com a Sorte.
Mas nunca a entendi
muito bem.
Ainda assim, intimamente,
a tenho buscado
sem muita pressa ou
exigência.
Porém, agora onde estou
não há tempo para uma
má sorte.
É fim de tarde; é quase noite;
é quase tarde; é quase
o fim.
Espero,
ao menos, que ela,
por ventura,
esteja no vento que (na urgência
do agora),
dou-lhe a mão e deixo-me
levar...
(Avisarei se chegar).
Por Acaso -
Provavelmente, está
aqui - no íntimo do meu
ser - como uma pequena parte
do que habita a força do
Universo.
Mas sinto que escrevo
por acaso.
Não sei se sou eu
quem acha a poesia ou ela
quem me acha primeiro.
Depois da última palavra,
não sei quando será o
meu próximo momento de
inspiração.
Até lá
vou ficar me sentindo
o maior idiota do
mundo.
No café, charme de Lisboa,
o cartão postal retrata,
o meu encontro com a estátua do Fernando, feito em pessoa!
Quando começou essa fase?
Quantas horas de TV você assistiu sobre o assunto do momento?
Quantas páginas de livros você leu?
Quantos cursos online você fez?
Quantas anotações importantes?
Quantos minutos de meditação você fez?
Para quantos parentes e amigos ligou perguntando se estão bem?
Essa "fase" irá passar e virão outras milhares de fases em sua vida. Independente da fase, use seu tempo para de tornar, a cada dia, uma pessoa melhor.
Aquilo que você pensa você se torna.
Viva Mais e Entenderá -
Já me fizeram chegar
ao ápice (e não é que tenha
sido ruim), mas segundos
depois,
eu queria, imediatamente
fugir dali,
pois me sentia totalmente
vazio e descartável.
E já encostaram (meio
que sem querer),
alguns dedos em minha
pele,
acompanhados de um,
desconcertante meio
sorriso sem
graça,
e eu me senti um Rei de
coroa e trono.
Eu sei,
isso acontecerá
para poucos.
Mas um dia, feito
um dia qualquer,
então você
saberá:
Não é com quantos. É com quem.
Na Mesma Moeda -
Às vezes,
diante de algumas situações
ruins,
precisamos nos colocar
à altura: cerrar os punhos,
fechar a cara,
endurecer o coração e estar
preparado para o que tiver
que ser.
O melhor caminho sempre será
o da paz e do amor.
Mas um coração — vivo —
ainda é alimentado
por sangue.
Da Pior Forma -
Estou aprendendo,
da pior forma,
que até o mais belo dos
sentimentos,
pode tornar-se, facilmente
descartável.
O Senhor -
Certo dia,
enquanto eu estava no sofá
de casa,
com aquela velha angústia
das minhas manhãs,
vi pelo portão um senhor parado
na rua em frente.
Percebi que estava perdido,
pelos movimentos repetitivos
da cabeça — que ficava de um lado
para o outro, à procura de algo.
Logo
notei que era um senhor
conhecido,
inclusive por
mim,
que já o vira outras
tantas vezes
por aí,
e, assim como a maioria,
eu sabia que se tratava de
um pobre dependente
de álcool (ignorado como
tantos ignorados),
precisando de ajuda desde
sempre na vida.
Então
eu desci e fui até ele.
— O que deseja? — perguntei-lhe.
— Ir para minha casa. — respondeu-me.
— Onde o senhor mora? — questionei-lhe, mais uma vez.
E após ele dizer o nome do bairro,
eu o instrui para que,
dessa vez,
pudesse pegar o caminho
correto até sua casa.
Chamei-lhe e disse:
Olha,
o senhor vai direto,
e na primeira esquina
vira à esquerda até
chegar à avenida
principal — apontando-lhe
o sentido com um dos braços.
Ele,
que havia perdido um dos
pés das sandálias,
assim o fez.
E enquanto ele seguia,
meio cambaleando,
lentamente seu
destino,
eu voltei para minha
casa, para minha vida,
minhas angústias
diárias.
Minutos depois,
outra vez sentado no
sofá da sala,
agora com uma xícara
de café na mão,
para minha surpresa
(como num déjà vu),
me aparece o mesmo senhor,
no mesmo local, fazendo os
mesmos gestos.
Por um instante,
pensei em descer e, outra vez
ajudá-lo.
Mas percebi que,
independentemente do
quanto demorara,
ele já havia entendido a vida
e seus labirintos íngremes e esburacados — mais cedo
ou mais tarde, no seu tempo,
tomaria o caminho de volta
até sua casa — como o
fizera tanta e tantas
vezes.
Eu é que nada sabia
da vida,
além da porta
de casa,
e era, de fato, quem
mais estava
perdido.