Poema que Descreva uma Pessoa
Não há nada pior
do que a fofoca
pessoas falando sem saber
o que na mente se entoca
Falam porque ouviram falar
algo que nem conferem
e começam a esparramar
boatos que a outros ferem
Cada um aumenta um ponto
e a história se propaga
de um jeito até maroto
cresce como se fosse praga
Fujam dessas pessoas
que parecem maritacas
nada tem de boas
só línguas afiadas como facas
O Colecionador de Quases —
Há,
pelo menos, uma década,
sou movido por súbitas
e aterrorizantes
emoções. — pontudas velhas conhecidas.
Olho tudo e todos, e todos me parecem tudo, e eu: um quase. — um quase o quê?
Nem isso nem aquilo nem nada. — quase alguma coisa qualquer, apenas com começo, ainda sem registro: acontecendo por acontecer.
O que todos eles veem que eu não vejo?
É tudo um jogo?
Eu não quero jogar!
Eu não sou um nem outro nem nada.
Sou sempre um quase.
Estou, quase sempre, por um
quase... o quê? isto! — qualquer coisa —
mas nem nada sou.
E só. — sozinho comigo (embora
tenha um tanto, um bocado).
Fui até o balcão dos sonhos e pedi um.
Deram-me um sonho, mas era dia,
e eu não tinha sono.
E quando era noite, e eu só
tinha sono e sonhava, matava-o ao acordar: era, de novo, o quase.
E como era sempre mais confortável
(ainda quando pesadelo),
o sonho da noite da hora
que se dorme no sono
da infância, eu sonhava
infantilmente infinito.
O sonho do dia (acordado),
é adulto, é real, desestimulante:
come, bebe, fica doente, sangra, presencia violência, catástrofes, covardia. — é a realidade!
E ela é cruel, é na carne, machuca.
Eu não sei sonha-lá sem que me precipite no vazio, no desânimo.
O realizar-se, o realizar-se me
consome, esgota-me.
Deixe-me com o sonho do sono da noite da minha infância (ainda que perdida).
Deixe-me dormir nela e continuar a sonha-lá e (quase), sê-la, para continuar
quase sendo ou sendo quase...
sei lá o quê — alguma coisa.
É esse medo. Sim, é esse medo.
É esse maldito medo do que o Tempo faz com a gente quando não nos distraímos o suficiente.
Despertos, Ele nos dá a realidade.
Sim, a realidade. Somente a realidade.
Meu Deus!
"Ontem, aqui em casa, pousou uma esperança", mas o gato — faminto — a comeu.
Entre o tudo e o nada,
eu sou só um colecionador
de quases.
Toda pessoa que não gosta de ser incômodo para ninguém, já inicia o jogo da convivência perdendo.
140323
Pessoa Especial
A paz que eu sempre procurei
Foi em você que eu encontrei
Alguém que jamais esquecerei
Pois foi a pessoa que eu mais me importei
As vezes você distante
Não muito falante
Sempre me lembrarei
De tudo aquilo que eu conversei
Pois sempre me fez me sentir especial
Aonde sua ausência dói fora do normal
As vezes uma dor aperta no peito
E lágrimas ecoam direto
Pois eu sinto saudade
De forma sincera e de verdade
Mas sei que você sempre se esforça
E logo retorna
Fico aqui sempre a esperar
A hora que minha amiga possa voltar
E se um dia de vez se afastar
E não mais voltar
Ainda peço a Deus a te guiar
E quem sabe um dia você volte a me procurar
Pois eu sempre irei te amar
Não importa o que o tempo revelar
O teu riso irradia amor,
transmite uma sensação
de abrigo
e os teus olhos brilham
como raios de sol,
independente da dor
que possas estar sentindo.
Estas são peculiaridades
que possuem um inestimável valor
e fazem de ti, uma pessoa incrível.
Tem uma grande diferença entre a pessoa que você conhece quando está no seu melhor momento, e aquela que está ao seu lado quando você não tem nada e nem esperança.
A diferença é que quando chega a tempestade, apenas quem viu o pior de você e mesmo assim permaneceu estará ao seu lado, enquanto as outras abandonam o barco na primeira chuvinha de verão.
Mas ele não estava pronto para essa conversa...
Eu nunca teria te deixado sozinha
Aqui por conta própria
Colada ao celular
Nunca teria te deixado sozinha
Para outra pessoa te levar para casa
A Pedrada e o Silêncio —
Foi um dos golpes mais
duros que eu
já recebi:
Ouvi tudo que sempre
quis ouvir e, feliz,
extremamente
feliz,
virei-me para
continuar a andar,
mas, passos
depois,
a pedrada e o silêncio.
(Alguém tocou a vida
normalmente depois
disso:
E não fui eu).
Abreviada —
Certo dia,
numa conversa com
uma adolescente de 16 anos,
(através de uma rede
social),
eu fiz-lhe duas perguntas em
que as respostas, de um
ponto natural,
eram as mais simples:
sim ou não.
Mas ela conseguiu "simplificar"
ainda mais:
A primeira respondeu-me
com um "Nn".
E para a segunda ela usou
um "Ss".
Ainda um pouco confuso,
pensativo,
eu deduzi que esses
"sinais",
seriam abreviações do
sim e do não,
e então questionei-me:
O que será desta e das
próximas gerações?
(Ora, a grande maioria das pessoas
já não é lá grande coisa,
imagina só abreviada).
Um Grande Inferno —
Aquela situação (o sentimento — de anos — não correspondido, a saudade, o ciúme), tudo aquilo me consumia de uma maneira assustadora, e eu não podia controlá-la, não encontrava uma saída.
Eles eram jovens e saudáveis — embora
idiotas — e faziam parte da geração dela.
Eu não poderia nunca vencê-los fazendo o mesmo que eles.
Eu só poderia vencê-los, de alguma maneira, fazendo, naturalmente, diferente. — sendo o diferencial na vida dela.
Assim, quando ela lembrasse de um deles, lembraria de todos eles ao mesmo tempo.
Mas quando, por ventura, lembrasse-se de mim, então lembraria somente de mim.
Naquela noite eu fui dormir sabendo que ela estava com outro, fazendo tudo que se pode fazer com um outro e, aquela noite, como tantas outras, foi uma noite longa, terrivelmente longa e dolorosa,
e meu sentimento — nobre — que, por grandeza, deveria ter morrido ao amanhecer, acordou comigo, levantou-se comigo, (droga!), vive vivo comigo,
e isso é um grande inferno,
meu Deus!
Objeto Pontiagudo —
Um jogo de futebol na TV
quase sempre me salva.
Uma bebida, uma conversa com um amigo,
a leitura de um poema me salvam.
Um cochilo de quinze minutos à tarde;
uma corrida de meia hora; um dia frio de chuva, todas essas coisas,
momentaneamente
me salvam.
Me salvam durante o tempo em que
estou ali concentrado, distraído.
A realidade crua da vida me cai como
um objeto pontiagudo sobre a pele nua,
por dentro: na alma. — e isso dói tanto.
A Receita —
Eu poderia dar a receita àqueles
que querem destruir-me.
É tudo muito simples,
fácil.
Há, porém, um detalhe:
A grande crueldade é que,
ironicamente, não
funciona para
o inimigo.
Somente os que têm meus
mais sinceros sentimentos
conseguem destruir-me
facilmente.
Os inimigos ainda correm
algum risco.
Já é Morrer —
Meu desespero, minha agonia
não é a solidão de uma
vida triste.
Meu desespero, minha
angústia, minha
agonia,
é a insignificância de uma
vida medíocre. — medíocre,
solitária e triste.
Final de Ano —
Fiquemos atentos, tomemos
cuidados.
Não sei o quanto há de superstição;
O quanto há de medo, de verdade,
de maldição.
Mas sei que há a caminho um fim
que se aproxima. — o fim de um
ciclo — onde um Deus vai precisar
prestar contas.
Fiquemos atentos, tomemos
cuidados.
Sorte!
De Coração Menino —
Ouvi dizer que,
lá pras bandas do sertão
da Bahia,
um Poeta (de coração
menino),
explodiu o peito de tanto
sentimento reprimido.
Olhos de Tempestade —
Direi sempre que é por algum
outro motivo qualquer:
Mal-estar crônico;
falta de grana;
tédio;
a alta do dólar;
o horóscopo do dia;
o cabelo num dia ruim;
muito quente, muito frio...
Mas nunca, nunca que é por
conta de um coração
partido.
Paralisia
Tudo está calmo
Nada se move
Só a brisa desliza
Sobre a água espelhada
Tudo está calmo
E o sentimento
É de que num instante
A bela rima virá
E sobrevoará o caos
Que desanima a existência
Tudo está calmo
Sim, senhor
Nem mesmo o amor ao próximo
Se movimenta.
Avanildo Moreira
"Há uns tempos na vida da gente
Que é bem salutar relembrar
Tempos bons e urgentes
Tão rápidos em se passar."
O Chão da Estação —
Olha só:
parece-me que as pessoas estão
indo muito bem sem você,
garoto.
(Que já não é mais tão
garoto assim).
Ela parecia importar-se com você
há algum tempo. — com o que
você pensava e falava
e sentia —
mas agora... agora não!
Ela parecia querer estar com você,
dividir coisas com você: risos,
gostos e sons.
Talvez anos, talvez sonhos — talvez a vida.
Mas olha só agora:
Ela veio e não disse que vinha;
Foi sem dizer que ia.
E você foi só o chão da estação
pela qual ela passou (acompanhada,
sorridente, distraída),
sem a mínima vontade
de ficar.