Poema Casa
O Homem e o Abismo
Um homem tinha sua casa à beira de um abismo. E, por temer o abismo, um dia pensou em se atirar nele. O homem saiu de sua casa e caminhou serenamente até a beira do abismo, e olhou para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo, o que ele julgava ser a solução para os seus problemas. E os seus problemas eram, em sua totalidade, o medo do abismo. Após um longo tempo à beira do abismo, olhando para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo, o homem decidiu não se atirar no abismo, e voltou para sua casa.
A casa, bem construída em terreno firme, tinha uma horta e um cercado para as galinhas, tinha água para a plantação e pasto para o gado; o tipo de lugar onde nada de ruim tinha como acontecer. Mas tinha o abismo. E tinha o medo do abismo. E, desde então, inúmeras vezes, o homem caminhou até a beira do abismo, e olhou para dentro do abismo, pretendendo se atirar no abismo. Todas as vezes, porém, o homem decidiu não se atirar no abismo, e voltou para sua casa. Todas as vezes, ele decidiu, sabiamente, viver. Todas as vezes, menos uma. Uma única vez, o homem se atirou no abismo.
Entre minha casa é a sua há,
Uma ponte de estrelas que eu fico a imaginar,
Se é a via láctea ou se é o mar.
Se é uma flor ou se é a dor de amar.
Entre gritos e suspiros,
O ceifeiro não se cala.
Casa-grande traz o vírus,
Mas quem mais morre é senzala.
POUSA O OLHAR SERENO
Em casa canto
Pousa o olhar sereno
Ergue-o com doçura.
Olha a Vida...
E olha a tua vida!
Teu coração te levará aos teus tesouros.
Vou torcer, pessoa querida,
Para que encontre neles
A razão de seguir serena
Firme e sorridente
Em cada canto
Por toda a vida.
ENTRE SEM FAZER BARULHO
( Poeticamente vidas )
Entre paredes frias de uma casa isolada,
ficar calado no silêncio da angústia é deliciosamente amargo no processo do progresso que acontece dentro do propósito
da existência que se faz necessário.
O mundo é indiferente, não me chama em
nada a atenção, me isolo em meu imenso universo, me divirto na solidão do vazio.
Com as paredes frias faço minhas confidências, canto, danço, e nessas andanças dos pensamentos, meu mundo está fechado para visitação, sou só eu e meu universo.
Coisas que eu sei, são apenas coisas...
Entre paredes frias ouço um grito, um eco forte, nada além daquilo que eu sei, são gemidos...
Dentro dessas paredes não há desabafos, apenas um silêncio ensurdecedor de um universo numa inquietação que se mantém em controle mesmo dentro do furacão das emoções, ainda que exista dualidade entre a fraqueza e a força, entre paredes frias, enfim, sabe como é, o universo há de mover-se em direção do próprio propósito destinado à essa e aquela existência.
Nilo Deyson Monteiro Pessanha
Preste Atenção:
Minha casa tem quatro janelas
Sopram ares de toda natureza
Primavera,
Verão,
Outono,
Inverno.
Minha casa tem três portas
Por onde ventam
Saúde,
Paz,
Prosperidade.
A casa tem quintal
Onde circundam muros centenários
Dentro deles,
Histórias ancestrais.
Nela tudo tem vida
Em cada canto e recanto.
ENTRE:
A cada tábua que range
Ao seu pisar
Preste atenção: a casa FALA.
Em cada prato dependurado na parede
Que se curva a sua passagem
Preste atenção: a casa te OBSERVA.
Em cada cortina que balança
Preste atenção: a casa RESPIRA.
E se o café perfumar e cheirar seus ares:
Preste atenção: ela é VAIDOSA.
Minha casa
"Encantada"
Espelho da minha intenção
É muito bom te receber.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Ei, Você:
Fique em casa, por você, por quem ama e por todos.
Chegará um dia que não vai ser mas necessário o isolamento social,
mas em agradecer a Deus por ter sobrevivido onde milhares não tiveram a mesma oportunidade.
Não sou daquelas que amam de perto,
Que vai visitar a casa.
Sou daquelas que ama de longe verdadeiramente e que visita em oração a Deus.
Exílio
Dez e vinte e nove da noite, um homem assenta-se a varanda de casa
Diz para si mesmo que virá um novo dia, um amanhã tranquilo e sereno...
bonançoso e inalterado, plácido e manso como caminhar envolto de cerejeiras
Céu azul e um canto único, pássaros e uma melodia benévola de se atentar... “Bem-te-vi”
As dez e vinte e nove da noite, um único pensar, momentos delicados de sonhar...
meu próprio exílio retrai o meu imaginar, árduo e custoso de se focar
Meu peito anuncia, os sinais, a melodia, de que amanhã virá um belo e novo dia
Assombroso, será?
Quem sabe esplêndido, fascinante... radiante perante meu caminhar
Mágoas e incertezas dentro de meu olhar, direcionado ao amoroso e doce luar
Naquela noite, as dez e vinte e nove... na varanda de meu lar
Incontáveis e cintilantes estrelas consigo contemplar, sem mesmo sair de meu lugar
Lágrimas demandam permissão para demonstrar, manifestar e transbordar, um sentimento intenso...
no qual em vivência e comoção de vida eu pude enxergar, em meu peito, coração infirme e sujeito
De que naquele findado dia, subitânea noite e incertezas de vida
Um homem como eu, as dez e vinte e nove da noite, poderia sim
Sujeitar-me, reter-me, sustentar em si próprio a perfeição de sentir e suportar
inúmeros desejos, intuição e agravados pensamentos
E no mesmo recinto, período, pulsação e deleito
Poder vivenciar tal envolvimento, afinidade em sentimentos...
dentro de um único espaço de tempo
Sem ao menos fazer um ínfimo movimento.
Die Aufgabe
Chegar em casa um pouco mais
do que cansada e puxar ainda assim
e aos poucos o fio longo da mortalha
até fazer da noite sair enfim um dia
dentre todos os dias a morrer na praia
Paródia
All Star Vírus
Deixa EU sai de casa.
Ver oooo sol lá fora
Andar de bike é muito booommm
Sinto falta dos amigos
Brincar e jogar bola
Deixei o hover board na mãooo
Hei!
Essa pandemia está me deixando muito louco
Mas vamos obedecer porque está faltando pouco
Se o coronavírus continuar me assustando
Eu sei que vou acabar surtando…
De volta pra casa sem você
Tô de saída em meia madrugada
Escrevo um samba na avenida
Pra ver se eu posso te encontrar
Fazer desse tempo eu e você
Somos o reflexo do mar
Só que tá difícil de entender
"Sólidos significados"
Uma constante na minha vida,
Estou construindo a minha casa em solo fértil,
Como base, já tenho por dentro o mel,
No jardim que a cerca, reside um nobre pavão, a tonalidade da sua calda ilumina o clima do lugar,
O Sol é atrevido, pois sempre entra sem pedir licença pelas janelas, ele não deixa de ser uma visita agradável,
Da sacada, consigo ver além dos muros uma vasta plantação de girassóis dançando para o servente dos navios, um belo farol.
Não importa onde construirás sua casa,
e nem os móveis sofisticados que lá existirão.
O que importa são os sentimentos contidos nela.
Suas paredes com a solidez do amor envolvido.
Suas janelas com a leveza da atmosfera em comunhão
com a natureza e o interior de sua alma.
Seu telhado resistente às contrariedades da vida.
E uma porta sempre aberta, para Nosso Criador.
(teorilang)
Chave, perigosa
Tô na minha melhor fase
Manda alguém me buscar aqui em casa
É hoje que vou pra sua base
O amaciante de coco lembra a casa da minha vó no Cassino.
A música dancing queens lembra minha tia avó.
O leite com toddy lembra o jeito que minha mãe preparava o meu na infância. Os passáros lembram meu avô explicando cada um deles enquanto olhávamos o entardecer.
Fazer avião de papel, lembra meu pai que conseguia fazer uma super aeronave que até hoje eu não aprendi,
As flores amarelas que vejo pela janela e o peitoral do bem-te-vi lembra minha bisa que já se foi.
O céu multicolorido lembra meus amigos e as muitas tardes que passávamos no luxo do gaúcho.
A quarentena tem sido nostalgia ao extremo.
COMPREENSÃO
A rua onde nasci era larga e extensa de vozes.
Nela havia uma velha casa de espera e de descobertas.
Minha mãe me ensinava a brincar de ver.
Ficava ao meu lado e com suas mãos me entregava seus olhos.
Dizia-me: O que vens?
Eu menino, com zeloso brio elaborava narrativas não aparentes.
As vezes via um pássaro falando com o vento.
Ora, era um arco-íris despontando no anoitecer.
E até eu voava, buscando palavras com asas.
Lembro-me quando lhe disse:
- Estou vendo uma dança no céu.
E ela pediu-me para tomar cuidado com os instrumentos, marcar os passos, ouvir a sinfonia.
E asseverou: Veras na vida aparências e essências.
Mas não tenha receio de vislumbrar.
No fim o que fica é o que se olha para dentro.
Antes de saber ler e escrever compreendi a ver poesia.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
Ela era a boa garota, daquelas que sempre anotava o dever de casa pra quem faltou na aula. Tinha um olhar gentil e não dizia não pra nada. Ela se virava pra atender os outros e mesmo quando não sabia corria atrás pra descobrir como ajudar. Ela não achava que que tinha direito de pedir algo. Ela não queria ser adorada, queria apenas ser útil. Então ela foi crescendo e foi sendo a boa amiga, ela segurava a porta do banheiro e te acompanhava nos encontros escondidos. Ela não usava roupas curtas nem falava palavrão, era péssima na dança e usava sempre pouca maquiagem. Os outros a comparavam com as outras garotas e diziam que ela era boa demais, sem saber que isso acabava com ela.
Então ela foi crescendo e foi sendo útil, principalmente em casa, ela não se sentia no direito de se sentir cansada, pois os pais que trabalhavam e lutavam tanto precisavam dela. E ela continuou lutando pra ser melhor, pra ser a boa garota. Ela escondeu suas inseguranças dispensando os poucos pretendes e, fugindo desse medo, já não acreditavam mais que ela queria sim um amor.
Então ela deu tudo que tinha até não restar mais nada de nova. E quando chegou bem ao fundo de si exigiram mais dela. E então viram que ela sabia dizer não... e assim ele não era mais a boa garota.
Ela era egoísta e irresponsável e abandonou sua família. Ela chorou por dias até não ter mais lágrimas e passou a não anotar nem os próprios trabalhos.
Ela já não é mais a boa garota e nem sabe se quer voltar a ser. Pois ela é melhor sendo ela mesma...
Em Casa -
Largo mão da rua e
ponho o pé na
escada.
Subo-a, não penso,
chego ao portão, fico ao portão.
Giro o trinco, abro o portão,
entro e fecho-o.
Dou cinco passos à esquerda
e chego à porta.
À direita, há entretenimento:
não paro — sigo em frente.
Mais nove passos e paro.
Olho rapidamente à direita,
há descanso:
não deito — continuo
adiante.
Mais dez passos e fico
diante de mais uma
porta — onde tenho passado
a maior parte do tempo.
(Dormir, pensar, escrever...).
À direita há água, há remédios,
há alimentos: não bebo,
não tomo, não como.
À frente,
depois da última porta,
a última janela
e o fim.
Atravesso a porta e fico
próximo à janela.
Dou mais dois passos e
chego à janela. Fico à janela.
Fecho os olhos e me sinto,
de fato, em casa.
Há conforto, há segurança — abrigo.
Agora
abro os olhos,
abro a janela e vejo à minha
frente (decorando a janela),
a lua.
E assim, de repente,
como se amasse,
eu me lembro que existe um
mundo inteiro distante,
bem distante, muito
distante lá fora.
E choro.