Poema 18 anos
Eu
Este mundo imenso, imenso mundo
De pessoas que nem sempre se acham
Grandiosas, este mundo de pessoas
Que acreditam em valores e perdem valores.
Mundo de vapores
E construções, pessoas em estilhaços
Amordaçado – coração.
Mundo imenso, imenso mundo de seres viventes,
Mundo movente, comove por dentro
Pega fogo e se consome – exausto.
Tudo vai perdendo o sentido,
Como esse mundo vasto e imenso,
Querendo ser explorado, explorado
Mundo incompreensível.
E assim vai seguindo o mundo,
Este mundo imenso, de máquinas
Movidas a vapor, combustível
Ou sangue – mundo imenso,
De pessoas que fingem amar,
De pessoas que se acham donas da outra,
Que firmam a posse, e se acham
Únicas, e perde a que se mostrar
Inferior.
Este mundo imenso, imenso mundo.
A morte é uma viagem
Saudades eternas sentimos
de todos os nossos entes queridos
que partiram antes de nós,
mas o que é a morte,
senão uma viagem...
Nesta viagem talvez tenha volta,
talvez a reencarnação exista mesmo;
talvez sejamos unicamente espíritos
e este invólucro de alma
precise de outro corpo...
e de outro...
quantas vezes for necessário...
para que mesmo?
Ah...para aprender a viver,
ser unicamente bom.
Ser perfeito;
Ser sábio;
Ser virtuoso...
Saber respeitar uns aos outros;
Saber amar todas as coisas;
Saber ser feliz;
Saber sorrir;
Saber compreender
e talvez ainda falte mais virtudes...
Bem ... então vida de morte necessária,
porque cada um de nós
temos muito que aprender!
Outono no cerrado
Cerrado. Ao horizonte escancarado. Escancaro o olhar
Sob o céu acinzentado, admirado chão de cascalho calçado
O vento rodopiando, a poeira empoeirando a anuviar
O minguado frio sequioso outono dos planos do cerrado
As folhas bailam, rodam, caiem em seu leito ressequido
A chuva se esconde, onde o céu não pode chegar
Os sulcados arranham e ondulam o ar emurchecido
Do desconforto calado entre os cipós e galhos a uivar
Olho o céu purpúreo desenhar o frio chegando ao porto
Os arbustos rodeados de cascalhos num único flanco
Rangendo o outono no amarelado e árido cerrado torto
Num verdadeiro espetáculo de pluralidade saltimbanco
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/04/2016, 14'25" – cerrado goiano
Hoje é o dia mais importante de sua vida
Hoje é o dia mais importante da sua vida
porque talvez não exista o amanhã.
Então viva hoje, ame..insista!
Insista ser feliz hoje.
Garanta o seu momento todo agora
porque o amanhã...
pode não vir a ser outrora.
Contemple o hoje como se fosse o último,
amanhã talvez não exista oportunidade,
nem haja tempo para fazer nada mais.
Hoje é o dia de se viver contente!
Hoje é o dia de sorrir!
Hoje é o dia de abraçar quem você ama!
Hoje é o dia de dizer: - Eu te amo!
porque amanhã pode não existir.
Amanhã pode ser tarde demais para recomeçar,
recomece hoje!
Hoje é o dia mais importante...
Hoje é o agora, neste momento, neste instante,
é a sua vida como um presente!
Viva hoje!
Agradeça hoje!
Abrace hoje!
Ame hoje!
Diga eu te amo hoje!
Perdoe hoje.
Reconcilie - te contigo hoje.
Reconcilie- te com todos hoje.
Reconcilie- te com tudo hoje!
Hoje é o dia mais importante de sua vida!
De uma gargalhada gostosa,
se divirta fazendo o que gosta:
- Vá passear;
- Vá ao cinema;
- Vá à um bom restaurante;
- Vá ao shopping;
- Vá à praia;
- Vá correr pelos campos...
- Vá fazer o que quiser, conquanto que viva!
Aproveite no máximo o seu dia,
porque o amanhã, pode não existir.
Então é hora de dormir hoje
e se por sorte amanhã você acordar...
já é o hoje, então aproveitem o hoje,
porque o amanhã pode não existir!
Os estudantes
Estudantes mendigando carona ao motorista de ônibus,
Que fechou a porta na sua cara, e na face do futuro da nação,
Este sequer recebe direito o salário de quem o subordina,
Diz muitos que dar carona a estudantes não é obrigação…
Nas mãos de alguns estudantes, caderno, livros,
Em seus bolsos (parecia vazio)
Quem sabe faltava lápis, caneta, borracha…
Eles tinham uma grande arma, o estudo
Os livros, a ideia, e quem sabe lá na frente
Façam a revolução.
Desvario
O amor vermelho
Tem muitos segredos
E o pássaro preto a voar
Nuvens brancas e azuis
Casas pintadas de luz
Eis a vida não há quem diga
Que beleza flutua meu bem
Algodão voando
Quero aprender a ler
Os segredos do destino
O cão vadio
E não há regras
Pra quem ama
E coração preso
Quer ser solto
Como um pavio
Não pega fogo
Quando assobia
O tempo marcha
Em outras direções.
No baile
Na regra
Um mundo na régua
Conserva
A lei
Quem manda
É feroz
E perde-se a palavra
Quem dizer a verdade
Será expulso do paraíso
E viverá na terra
Pra toda vida.
Para conquistar uma mulher
Para conquistar uma mulher
Tem que ter lábia,
Mas, será que é verdade?
Será que um olho no olho
Não seria capaz de roubar
Um coração?
E o amor a primeira vista?
Será que o amor a primeira vista
Existe? Dizem que para
Conquistar uma mulher
Tem que ter atitude,
Mas, o que é mesmo ter atitude?
E se tudo acontecer sem
Que ao menos perceba?
Nem tudo é como um romance
Ou quem sabe uma novela...
Isso é meio que gozado,
Para conquistar uma mulher,
Tem de fazer-se galã,
E querer todas,
E quem sabe até mesmo
Quebrar a cara, até
Encontrar uma que seja
Quem sabe a razão do viver,
Ou apenas um estar junto,
Quem sabe muito mais
Que isso.
Para conquistar uma mulher
Não precisa ser romântico,
Os românticos sofrem a solidão.
Para conquistar uma mulher
Não precisa ter diploma,
Para o amor não tem diploma,
Principalmente quando
Estar-se preso
Um ao outro.
CERRADO (soneto 2)
O cerrado é como um soneto
arbustivo, tortuoso, melódico
chora a sua aridez, é talódico
diversos como verso irrequieto
Fala do diferente, do exótico
contrastante e muito concreto
vai além de apenas indiscreto
exuberante e também retórico
É prosa narrada é céu sem teto
o cerrado é um insano imódico
e a sua melancolia vira adjeto
É tão sequioso no teu periódico
ádvenas flores, frutos, de ti objeto
d'amor que te quero, és rapsódico
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de julho, 2016 – Cerrado goiano
Era você que rondava em meus sonhos,
tentando capturar um coração vazio
e ali ficar ouvindo seu ritmo descompassado
na melodia do viver por viver?
Era você, qual sombra silenciosa,
que seguia meus passos solitários nas veredas,
onde desviando de buracos mantive o rumo?
Era você a inspiração que surgia de repente,
levando-me a canção de todo dia,
onde além da existência, timbrei a alma,
fazendo acordes e coros inimagináveis?
Era você, sem dúvida, que com palavras doces,
sussurrava aos meus ouvidos com o vento,
trazendo mensagens sutis a desvendar
Você que do nada apareceu,
tornou - se cada vez mais presente,
cativando e se fazendo amar,
nesse tempo espaço,
onde um coração, o meu,
já se tornara peregrino
num deserto de si mesmo,
consolado, sem nada pedir
Mas, se sempre foi você,
um sonho perdido entre sombras,
revelando-se aos poucos
e apenas isso eu sei,
é por você que agora,
todos os dias renasço !
Neusa Marilda Mucci
Outono de um tempo qualquer
Confesso que estou triste;
Ficar triste me deixa com raiva;
Ficar com raiva me dá ódio;
Sentir ódio me faz mal;
O que me faz mal me deixa triste...
não perca a cabeça
tentando desesperadamente
achar um jeito de se salvar
quando você para de debater
é que começa a flutuar
era como um daqueles quadros que
te fazem querer chorar
minha mão na sua coxa esquerda
a sua mão sobra a minha
o carro subindo a rua
como se o destino fosse a lua
QUADRAGÉSIMO QUINTO HEXÁSTICO
Toda imanência recrudesce
ao sentir a vida em potência
caos sagrado e profano nasce
no Sujeito-poema acontece
faz-se desejo de existência
no eterno retorno da mente
Felicidade -
A felicidade, ainda que superficial, é gritada, alarmada como uma espécie de qualidade superior humana.
Imagino que felicidade é, tambem, uma falta de empatia, de responsabilidade com o outro.
Assim, também é um sinal de desapego, individualismo, arrogância.
Uma mente tranquila, em paz, sim, provavelmente, seja de uma pessoa feliz.
Felicidade, então, pode ser uma falta de tristeza numa mente tranquila - sem remorso, temor ou ansiedade.
Em suma, felicidade (em se pensar como uma qualidade humana), é, portanto, algo relativo:
Um tolo e ingênuo de coração puro, normalmente, é uma pessoa feliz.
Assim como um serial killer (frio e calculista).
O tempo é para sempre,
nós é que não somos,
por isso,
aproveitemos bem
cada segundo
que nos for dado
para permanecermos
neste belo,
e insano mundo
QUADRAGÉSIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
Deixa-te voejar sobre o caos
há nele visível beleza
toda representação há
seja sagrada ou profana
não o olhes com tua indiferença:
caos requer visibilidade
Enquanto a politica nos mata
Enquanto pessoas lutam
Enquanto negros morrem
Enquanto pessoas sofrem
Enquanto a ditadura ressurgir?
Mais pessoas irão morrer
Menos pessoas irão viver
E mais gente irá sofrer
Com a perca de amigos que lutaram
Que se esforçaram e pecaram
Se apaixonando por quem não podia
Pois Deus não queria
Enquanto pessoas perdem suas casa
Enquanto pensamos em mais um poema
Enquanto criticamos um ao outro
Enquanto nos matamos por dentro
Isso é viver ou morrer
Isso é ilusão ou realidade
Isso é amor ou falsidade
Isso é viver ou sofrer
Isso é correr ou matar
Isso é lutar ou apanhar
Isso é nada além de um poema
Que em nada nos anima
Mas sempre te inspira
Palavras & Letras (2009)
Após o repetido encarar do branco das folhas se mostrar contumaz, confesso:
São dolorosas as letras, principalmente quando se juntam, em cambulhada, à soberba das palavras.
E pior ainda se chegam ao papel, seja na exposta frente ou no escondido verso.
Submerjo, naufrago... afogo em pensamentos dispersos...
Existirá mundo sem letras - consoantes, vogais,
Com ou sem aspas ou pontos, infames sinais,
Personagens discretos de palavras patéticas em frases conexas,
Fortuitas, complexas, infindas?
Disfarço, empalideço...
São medonhos os medos que ocorrem em assuntos transversos...
Em vão, tento crer só na existência dos dias em mundos letrados,
De grafadas palavras, garfadas por
Pensamentos famintos de uma mente inquieta,
Regados em instinto animal que vegeta
Embutido em nosso ego ancestral...
Revolvo pergaminhos sangrados,
Recolhidos de despojos em batalhas intermináveis,
Arrestados de indesejadas corjas de ideias alienadas,
Por vezes ensandecidas...
Malogradas, incompletas e
Ludibriadamente expostas,
As Letras nas Palavras remanescem !
E nas horas últimas, são
Expulsas pelo fórceps da vã impaciência...
Nelas, me agarro, sôfrego...desesperado..
Ai de mim !!!
Sinto a gosma da imperfeição minar e fluir...
Esvaio-me.
Suo bicas, me rendo. Delas é (chegada) a vez.
...e é nelas, e com elas que minha mente tenta por si, refazer-se...
Ressurge, convoca, agrega, aloca o que resta em mim...
Inclemente, um pensamento as recolhe, e traz de volta...
...voltando ao início do fim...
Um lindo gesto de amor
Me fez compreender
Quando olhei para o céu
Senti vontade de reviver
Com meus olhos de amor
Meu coração se encantou
Sua pele tocando em mim
Meu coração disparou.