Poema 18 anos

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No Mapa

Pelo litoral
ficou
de norte a sul
nagô.
Ficou no Recife:
xangô.
Na Bahia ficou:
candomblé.
No Rio grande é o que?
– Batuque, tchê.

Filho de santo
de bombacha,
Ogum
comendo churrasco:
jeito
gaúcho
do negro
batuque.

Inserida por pensador

Sou

Sou a palavra cacimba
pra sede de todo mundo
e tenho assim minha alma:
água limpa e céu no fundo.

Já fui remo, fui enxada
e pedra de construção;
trilho de estrada-de-ferro,
lavoura, semente, grão.

Já fui a palavra canga,
sou hoje a palavra basta.
E vou refugando a manga
num atropelo de aspa.

Meu canto é faca de charque
voltada contra o feitor,
dizendo que minha carne
não é de nenhum senhor.

Sou o samba das escolas
em todos os carnavais.
Sou o samba da cidade
e lá dos confins rurais.

Sou quicumbi e Moçambique
no compasso do tambor.
Sou um toque de batuque
em casa gege-nagô.

Sou a bombacha de santo,
sou o churrasco de Ogum.
Entre os filhos desta terra
naturalmente sou um.

Sou o trabalho e a luta,
suor e sangue de quem
nas entranhas desta terra
nutre raízes também.

Inserida por pensador

Cabelos que Negros

Cabelo carapinha,
engruvinhado, de molinha,
que sem monotonia de lisura
mostra-esconde a surpresa de mil
espertas espirais,
cabelo puro que dizem que é duro,
cabelo belo que eu não corto à zero,
não nego, não anulo, assumo,
assino pixaim,
cabelo bom que dizem que é ruim
e que normal ao natural
fica bem em mim,
fica até o fim
porque eu quero,
porque eu gosto,
porque sim,
porque eu sou
pessoa negra e vou
ser mais eu, mais neguim
e ser mais ser
assim.

Inserida por pensador

Ser e Não Ser

O racismo que existe,
o racismo que não existe.
O sim que é não,
o não que é sim.
É assim o Brasil
ou não?

Inserida por pensador

O tempo passou
O amor diminuiu
Oque um dia foi lindo
O nevoeiro encobriu

E um sentimento forte e persistente
Quando me deito na cama
Você vem na minha mente

Mas eu não vou começar a chorar
Como tudo na vida
Isso tende a acaba

Então no final
Deixarei de estar mal é ficarei bem
Mesmo amando você como nunca amei ninguém

Inserida por kleysonrivem

O que o médico disse

Ele disse não parece bom
ele disse parece mau aliás muito mau
ele disse eu contei trinta e dois deles em um pulmão antes
de parar de contar
eu disse fico feliz não ia querer saber
que tem mais do que isso lá
ele disse por acaso você é religioso você se ajoelha
em bosques na floresta e se permite pedir ajuda
quando encontra uma cachoeira
a névoa soprando contra seu rosto seus braços
você para e pede clareza nesses momentos
eu disse não mas pretendo começar hoje mesmo
ele disse sinto muito ele disse
gostaria de ter outro tipo de notícia para dar
eu disse Amém e ele disse algo mais
que eu não entendi e sem saber mais o que fazer
e sem querer que ele precisasse repetir aquilo
e que eu realmente precisasse digeri-lo
apenas olhei para ele
por um minuto e ele olhou de volta foi então
que me ergui num salto e apertei a mão daquele homem que
acabara de me dar
algo que ninguém no mundo jamais tinha me dado
talvez eu tenha até agradecido por força do hábito

Inserida por pensador

pelos grandes bulevares

[do lado de dentro]

o que ela vê quando fecha
os olhos? linhas sinuosas, um mapa
feito à mão, parece uma pista vista de cima –
os campos cortados ou poderia ser
uma sombra riscando o verde quando passa
lá no alto.
o que ela vê quando
olha em linha reta tentando
descrever
a garota que conheceu no café?
a transformada de
wavelets ou um peixe-lua-
-circular em uma região abissal.
não é nada abissal
estar nesta superfície,
você quis dizer de vidro? esférico?
ou um animal marinho em miniatura:
um polvo de 1 mm?
o cinema é 24 vezes
a verdade por segundo. este segundo
poderia ser 24 vezes a cara dela
quando fecha os olhos e vê.

[de fora]

não é por falta de repetição, mas não
encontrava a palavra exata.
o que ela vê não sabe e tudo fica tremido
se fast forward.
agora fecha os olhos para
entender, para ir mais
devagar.
não se perde alguém por duas
vezes, era o que achava
mas a essa altura chego no mesmo terminal
duas semanas depois e a cena se
repete.
– você está tendo um problema
de realidade, ele cochichou.
– qual é o desastre desta vez?
o que ela vê ao abrir a
claraboia? ao bater aquela foto da
ponte ou quando lê
a legenda:
“nos abismos a vida é submetida
ao frio, escuridão, pressão.
oito mil metros de profundidade”
uma montanha
ao contrário.

Inserida por pensador

Reality Show -

A vida, de fato,
virou um Reality Show
(fútil,
superficial,
egocêntrico
e repetitivo).
Onde ninguém quer ser plateia.

Inserida por SilvioFagno

Quando eu estiver mais triste
mas triste de não ter jeito,
quando atormentados morcegos
— um no cérebro outro no peito —
me apunhalarem de asas
e me cobrirem de cinza,
vem ensaiando de leve
leve linguagem de flores.
Traze-me a cor arroxeada
daquela montanha — lembra?
que cantaste num poema.
Traze-me um pouco de mar
ensaiando-se em acalanto
na líquida ternura
que tanto já me embalou.

Meu velho poeta, canta
um canto que me adormeça
nem que seja de mentira.

Inserida por pensador

Desalento

De tristeza minh’alma está completa;
A sentir furadas de espinhos;
Na noite em que me sinto sozinho;
Revendo conversas trocadas com você.
Na impossibilidade de ter, caminhei na contra mão do destino, E agora, eu dissipo meus sentimentos sozinho, escrevendo em folhas;
Pensando em você.

-Wesley Giovanny

Inserida por wesleygiovanny

gosto da segurança de criar
raízes em solo firme
mas não significa
que não possa me podar
para florescer em outro lugar

Inserida por acpp

É no barulho do silêncio
E no silêncio da multidão
Que posso ouvir você
Cantando uma canção

É recitando uma poesia
É conversando com a solidão
Que descubro que uma heresia
Pode ter perdão

É vivendo sem vida
É chorando sem lágrimas
É voltando sendo ida
É perdoando com mágoas

Vou vivendo sem sentido
E sem sentimento
Com tristezas
Mas também com alento

Ah, se por um momento
Ela me notasse de verdade
O meu pensamento
Se encheria de vaidade

29/08/2019

Inserida por Paiva

Bora descobrir
Bora viajar
Bora sorrir
Bora se amar

Juro que não queria
Mas na hora que te vi
Eu já sabia
Que te amaria

Te vi de relance
Por apenas um instante
Mas já me apaixonei
Com certeza é amor, eu sei

A melhor arte é a de escrever
Pois apenas em um verso
Posso descrever
O amor que sinto por você

Esse sorriso encantador
Só você tem minha flor
Não sei como vou te falar
Bora se amar?

10/08/2019

Inserida por Paiva

Por que?

Porque...
Uma simples palavra
Que todos buscam
e poucos acham

Por que...
Tenho que sofrer?
Por que...
Tenho que não te ter?

Por que...
Não sei o porquê?
Por que...
Tenho que amar você?

É uma dúvida permanente
Que não sai da minha mente
É um amor inconsequente
Que não posso vê-lo indo em frente

Mas a vida é assim
Nem todos os amores
Vão até o fim
Nem todos passam de dores

Amar não é apenas querer
É também sofrer,
É querer deixar de viver sua vida
E sair em uma viagem só de ida

Apenas os dois
No fim do mundo
Onde tudo vai acabar
Menos o sentido de amar

Amar,um verbo difícil de conjugar
Amar,um verbo fácil de conjugar
Difícil mesmo é equilibrar
Por quê? É o que vou perguntar

Porque...
Simplesmente queria saber
Como te esquecer
Fácil é dizer

Amor antigo com amor novo se esquece
Apenas quando o antigo não lhe merece.
Quando o amor antigo foi de verdade
O novo não acaba nem com a metade

Não sei o porquê
Simplesmente não vou ligar
O tempo vou esperar
Para essa dúvida tirar

Inserida por Paiva

sabe
meus versos são tristes
não importa onde eu
esteja
ou sobre o que esteja
escrevendo
são tristes, banhados na
mais pura melancolia

carregam em sí a dor de
um poeta medíocre
mal resolvido
que desconta sua raiva
naqueles versos

pobres versos..
mas afinal, o que posso fazer?
não posso os soltar
não posso deixar com que
essa tragédia se espalhe
por aí

essa tristeza, essa raiva, esse medo
pertencem a mim, apenas a mim
são os meus versos, a minha tragédia
e ficaram presos aqui, nesse poema
para sempre

Inserida por BrenoHenrique

LUZIR D’ALVA (soneto)

Ao luzir d’Alva, no cerrado, a saudação
Ipês, buritis, lobos guarás, doce melodia
Ó que feitiços traduzidos em tal sinfonia
Enchendo o olhar de espantosa sedução

Ah! que rico sertão! ai! que rico sertão
Viste meu pranto e também a alegria
Ó árido chão, de horizonte em ousadia
Cheios d’água, meus olhos, pura emoção

Vendo-me em prantaria, ao vir a aurora
Rubra... A voz da natureza já acordando
Abarrota de contos a algibeira da poesia

Ah! que linda hora! ... ai! que linda hora
E o alvorecer, na fugacidade vai passando
Bordando encanto, no raiar de mais um dia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/01/2020, 05’25” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Novos Relacionamentos -

Os novos relacionamentos
estão sendo formados por pessoas
fragmentadas,
mutiladas,
traumatizadas.

Há sempre um
pé-atrás,
uma ansiedade
extrema,
uma desconfiança
mútua
e a pergunta:
A que horas começará a verdade?

E a verdade é trágica, amigo.

Inserida por SilvioFagno

CALABOUÇO (soneto)

Ah! quem há de amar, amor inconstante e criado
O que o coração sofre, e a poesia cria impotente
Sangra, chora, pena e arde o sentimento da gente
Nas lágrimas poetadas num recanto aprisionado

O pensamento escreve, e o desagrado fica ao lado
Catucando a alma com seu olhar tão descontente
Quando nos versos teria que ser o trovar diferente
E, insistente, se faz a melancolia hospedada no fado

Ó palavra pesada, rude, fria e espessa, que penaliza
Abafa a ideia leve, e do sonho põe-se num paralelo
Onde refugia a solidão, numa escuridão governanta

Quem pode achar a expressão tenra, tal afável brisa?
Que sopre rimas que nunca foram ditas, de teor belo
E venha ao amor confessar agrado preso na garganta!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07/01/2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

O abraço

Lindo o abraço,
O abraço que acolhe,
O abraço que desaba
O ser em lágrimas,
O abraço que conforta.
Lindo o abraço que marca,
O abraço que surge,
O abraço de quem
Ama,
O abraço é lindo.
Nem todos resistem
Ao abraço.
O abraço, o abraço
É poderoso,
O abraço tem poder,
O abraço cura o ser.
O abraço que nem sempre
Recebemos.
O abraço, que nem sempre
Se é dado.
Ah, o abraço, o abraço
De mãe, o abraço de pai,
Da avó, do avô, tio,
Tia, amigo, amiga, colega, irmão
Irmã...
O abraço
É benéfico.
O abraço é raro,
O abraço passa energia,
O abraço torna o ser
Mais humano.

A Coxia




Palco vazio.
Atores na coxia.
Começa a peça,
Donde antes não havia.
Primeira cena. Na ribalta se exibiam.
Atores interpretando. Plateia, aplaudia.
Sonhos. Queremos sonhos. E por peça isso acontecia.
Fecham-se as cortinas. Todos juntos na coxia.
Uma apertava o vestido. Outro, o script relia.
abrisse e as cortinas. E no palco subiam.
A plateia fascinada. Nenhum barulho faziam.
E a peça prosseguia. Quando o cair da lona.
Toda berlinda aparecia.
Se o que era caixa. Ribalta. Não se sabia.
Misturava-se tudo coxia, araras, atores roupas e bijuterias.
E o povo nada entendia.
Sonhos , precisamos de sonhos. Era o que queriam.
E o canastra. Que sempre queria aparecer.
Improvisou um texto. Para a peça socorrer.
E chamava também a plateia, para o teatro vir fazer.
Se subia no palco, tanta gente. Como nunca se viu.
Em certo momento? Não sabia. O que era coxia,
Caixa, plateia ou rouparia.
Todo mundo falando, todo mundo reclamando , todo mundo improvisando.
E ninguém mais se ouvia.
E da plateia se ouvia. Os sonhos, cadê os sonhos?
E pouca coisa de bom se fazia.
Fecham-se as cortinas.
E os atores saiam. A plateia não via.
E teatro esvaziou.
Era muita realidade encenar. E repetidos fatos para sonhar.
E a peça, divida. Só duas partes encenou.
A parte por detrás da coxia. E a parte, onde toda a plateia via.
Não entendendo nada. Foram o teatro esvaziando.
E o sonhos. Queremos sonhar.
O teatro estava fechado, para nova coxia arrumar.



Marcos fereS

Inserida por marcosviniciusfereS