Poema 18 anos
Sei que não podemos,
Sei que não devemos,
- Nos limitar -
Fugir diante do mundo,
Nós temos a nós,
Decerto é o abrigar.
Sei que podemos,
Sei que devemos,
Nos recorrer, amar;
Sem medo do mundo,
Só nós sabemos,
O nosso tempo e lugar.
Para onde?
Eu não sei.
O nosso amor é a lei.
Ele escolhe o destino,
- o calendário
Elabora a rota e o ninho,
O amor sabe de tudo,
Ele sabe sempre onde chegar.
É o ventar irremediável,
Carregando as ondas
As areias e conchas,
O rebojar balançando,
O barco navegando,
Como o leme para lá,
E com o leme para cá.
Lá está você, e cá estou eu,
Somos estrelas-do-mar,
Somos o que quisermos,
Arte e ciência, - paciência
E doce imprudência;
Segundos, minutos e horas,
Somos anos, décadas e séculos,
A expressão de uma existência.
Começou o Carnaval
O samba é coisa boa
Filho do Carnaval
Até debaixo da garoa
O choro que chora
Não chora só a dor
Ele é feito de amor
Que também perdoa
Na ponta da sandália
Da bela mulata
Com o corpo pintado
Com tinta cor-de-prata
Na cadência de cada passo
Ela vai iluminando
O Rio segue sambando
O Brasil inteiro empolgando
Mulata que faz o homem penar
E as mulheres invejar
Faz o coração do povo sambar
É samba-mulher a encantar
Mulata Carnaval
É enredo
Mulata tão linda
Que chega a colocar medo
Mulata me empresta
Um pouco do teu perfume
Só para provocar
E ver se o meu amor sente ciúme
Mulata me ensina o seu rebolado
Só para enfeitiçar
E endoidecer o meu namorado
Para deixar ele apaixonado
O Brasil gosta de samba
Esqueceu o samba perdido
Um tipo de samba esquecido
Chamado samba de partido
Mulata que é pagode
Mulata que é samba
Mulata que é choro
Mulata que é samba de partido
Mulata você é um perigo
Mulata você é o Carnaval inteiro
Mulata que é samba enredo
Mulata me ensina o seu segredo...
Um sopro de amor
Um barulhinho do mar
Gostinho de tardinha
Pairando leve pelo ar
Tardinha de brisa
Cheiro de amor
Carinho a tardinha
Em pleno fragor
Tardinha sertaneja
De ternura e beleza
Colocando na mesa
A doçura de amor
Tardinha tão suave
Tão sua e tão minha
Tardinha, ai que maldade!
Já está deixando saudade...
Escutei a tua voz saudosa
Tão modulada e clamorosa
O coração saltou pela boca
Apurou o meu paladar
Deu saudades das tuas prosas
E eu atenta a te escutar
Essa tua voz saída do fundo
Lá da garganta do coração
Colocou-me em flutuação
Se for pedir demais
Faça mesmo assim
Misture a tua pele morena
Com a minha cor de marfim
Já sabemos naquilo que resultará
No nosso amor gostoso, enfim.
Lírios amarelos enfeitavam
O jardim ao redor da guarda
O Lusitano exibindo o trote
O amor voltando a galope.
Vejo os rochedos
O pico iluminado
Tudo voltando a brilhar
Você voltando de vez para ficar.
A vida tem caminhos de porcelana
É preciso ter confiança
Iluminados pela esperança
A vida tem caminhos de pedras
Às vezes escorregadias
E também tem mil quimeras
A vida tem caminhos de areias
Que recebem marcas
Talvez de nem tantas belezas
Mas inundadas por grandezas
A vida e os seus caminhos
Que estão repletos de tramas
Que tecem mil famas
E outros enredos de mil dramas
Não se engane pelo poder
Não se intimide por ela
A vida é roda viva
Quando um se vai
O outro é que fica
Não te perturbe pelo poder
Não se ocupe por ele
Poder um dia a gente tem
No outro dia a gente perde
A vida existe para quem sabe viver.
Paira a noite em Balneário,
Acendem as luzes da ribalta,
As estrelas saúdam o céu,
Pincelado por Pedro Américo,
Olhos de Rosana
– topázios- cor-de-verde-mar
E das magias estrelares,
-riscando a tela
Com cores orantes,
Trazidas de lugares distantes,
Que percorreram trajetos,
- lugares jamais antes conhecidos
Ousaram desertos e Compostela.
Cores nascidas dos silêncios,
Das mil e uma noites,
Dos mistérios – sentinelas,
Que não se intimidaram
Nem por anos e nem por guerras.
Linhas sinuosas e premeditadas,
Que riscaram as ditaduras,
E sorriram para as repressões,
Linhas que enfrentaram o trem da morte
– e irmãs da sorte.
Cores que enfeitiçaram as realezas,
Tecelãs de mil sutilezas,
E que com toda essa bagagem pairam,
Na leveza de ser da noite,
E levantam com a gala da alvorada.
A liberdade tem asas,
- ela pode voar
Ela tem asas de ouro,
À prova de desdouro.
Liberdade é um canto,
Que não há como calar,
Ela pertence ao ser humano,
Isso ninguém pode negar.
A liberdade ignora amarras,
- ela é constelação solar
Ela segue para todos os cantos
É livre para vivenciar – flutuar.
A liberdade é um mistério,
À prova de bala,
E de bomba a-tô-mica;
É beleza de gente indignada,
Que subverte a moral catatônica.
Existem pessoas que lutam
Pela liberdade,
E que depois passam a se identificar
com os seus algozes;
Assim, desse jeito, segue o triste
curso da História da [Humanidade.
Eu quero chegar perto de você,
Deixa, deixa, deixa...
Deixa eu chegar bem perto de você,
Não duvide o quanto espero,
- Por você! –
O destino bicho arisco,
Deixou- me no exílio,
Sem você, sem você, sem você...
Eu sou uma louca numa ilha,
Esperando uma mensagem,
vinda do teu oceano,
Dentro de uma garrafa,
uma mensagem de vidro,
Que não quebre,
E que fale de você
algo que fale sem dilema:
- um poema sem complicação
Um poema que fale de amor,
e que seja do tamanho
Do teu coração
- pura unção.
Perfume de terra,
aroma de vento,
Fortaleza de Rocha,
pétala de Rosa,
Querência briosa.
Deixa eu chegar perto de você
com o tamanho dos meus sonhos,
E com toda a minha coragem.
não desaparecerei na ventania,
Hei de ignorar a tempestade.
Eu juro! Eu existo, resisto
e não hesito em dizer:
- Eu não sou miragem,
e sim, o milagre nascido
da minha própria imaginação.
A saudade não passou,
O presente ainda machuca,
O futuro é um convite,
O poeta tem razão.
É de exuberância monumental,
- a minha vista é do quintal,
À espera da tua presença espiritual.
Lá em Isla Negra perdura
A saudade que você deixou,
O amor que ainda persiste
No rimário de encanto e sedução.
É uma espera sem igual,
- dizem que isso não é normal
Essa espera valerá a paz sem igual.
A saudade não vai passar
O presente irá te trazer,
O futuro irá nos pertencer
- E o poeta há de nos escrever! -
Hoje fui caminhar na praia,
Saí em busca dos teus olhos,
- lindos olhos cor de (a)mar,
Bastou as ondas para lembrar
Do teu jeito de me desalinhar.
Deste teu jeito de fotografar,
Em letras registrar,
- esse poema
Sobre a mesa de trabalho,
Estou a inundar-te...,
- tal como um estuário
Sou eu a te assanhar...
Eu na praia, e você aí,
Sobre a mesa de trabalho,
Eu sou o teu verso ordinário,
E também o teu verso oratório;
O teu desejo longe de ser transitório.
A madrugadinha
É uma felicidade
- Minha e tua -
Logo chega o logo
Bem de manhãzinha
- Manhosinha -
Depois da madrugadinha
- Carinhosinha -
Completamente tua e minha.
Percebo o amor chegando macio,
Bem devagarzinho, ao jeito,
Ao ponto de me fazer crer nele,
E no universo íntimo e acalorado.
Eu busco no calor das tuas mãos,
No aconchego das tuas letras,
Ser mulher, ser poesia e ser alma;
Ser tua – nua – e com muita calma.
Sinto como nunca tivesse ido,
Bem devagarzinho, ao ponto,
É o jeito de me fazer crer nele,
E no juramento sussurrado.
Eu busco no calor do teu peito,
O alento que só ele pode dar,
No ritmo do teu jeito de amar,
Não canso de te buscar...
Amar é condição que se assume,
- é sopro de vida – é existir;
Um doce viver para alguém,
É dádiva de querer além do Bem.
Amar é santidade,
- liberdade
De viver de eternidade.
Amar é sobriedade,
- liberdade
De viver além da felicidade.
Um poeta morre e nasce,
Sempre que escreve poesia,
E vai seguindo o curso da maré,
Ele reinventa,e sempre ressurge;
O poeta quando menos se espera,
- ele ressuscita
O poeta é feito de sangue, pó e ouro.
Um poeta se mata e ressuscita,
Sempre que declama poesia,
E vai seguindo o curso do rio,
Ele inventa, e surpreende;
O poeta não espera nada de ninguém,
- ele é eterno
O poeta é feito de amor, ódio e mistério.
Vocês não fazem a mínima ideia
do que é feito um poeta,
E muito menos como na vida
um poeta surge;
Portanto, desejo que todos vocês
vão para o Inferno!
Eu me encontro com você
Em todos os lugares,
Como o vento e as areias
Carregando as conchas,
- e as saudades;
Eu me encontro com você
Por todos os lugares,
De preces em preces
Em todos os altares.
Sou o total atrevimento,
E cortesã da sedução;
Nasci para ser a tua paixão.
Por isso eu me encontro com você,
Do jeito que nós dois sabemos,
- sempre confiantes
Em versos íntimos, e celebrantes;
E nos reversos radiosos do bailado,
Somos bons amantes – indecorosos,
É assim que nós somos amorosos:
cuidando um do outro
Como uma mina de diamantes.
O tempo nunca será maior,
Do que o amor,
O tempo é senhor,
Mas tem princípio, meio e fim;
O amor é a eternidade dizendo
Que tu nasceste para mim.
Dizem que o tempo corrói o amor,
Contesto o que dizem sobre o tempo!
O tempo é o tempero do amor,
Ele é aliado – inefável – e o faz superior;
Não vire as costas para o tempo,
Ele é quem ressuscita o amor.
O tempo é senhor de sabedoria,
Ele tem didática própria,
Para nos ensinar a escrever,
- a nossa história;
Nos tira a retórica,
E faz de nós amantes da vitória.
Beijo intensamente a tua boca
Com sede infinita,
De gentilmente tirar-lhe a roupa
E tato infindo,
Só para ver como sente,
Provocando infinitamente,
Para romper contigo as grinaldas,
Em versos e calmas,
-És o meu planetário!-
Inteligível rimário,
No teu coração,
E no canto do meu lábio.
Sinto infinitamente o teu corpo,
O teu sufoco,
De matar a tua fome,
Dessa vontade que não some,
Que de joelhos se dobre,
- e te sirva
Com toda loucura boa,
- e que excita
Montado em mim como numa popa.
Su'a doçura em minh’alma
Traz o mais santo e acalma
U’a luz que brota calma
Gravada está a su'a aura
De êxtase e súplica
Certeza prima
Razão última
Eloquente ternura
Provocada em mim
Somente por ti
Com aroma de sapoti
E saborosos beijos de pequi
Traze os dois hemisférios
E todos os mistérios
Das palavras e séculos
Embaladores dos cordões etéreos
A liberdade guia no escuro
Porque crês no augúrio
Que o nosso amor é puro
E que ele terá um lindo futuro.
O teu semblante moreno,
A tua pele perfumada,
A tua voz grave,
O teu ombro sereno,
Deixam-me extasiada
E não me deixam, sossegada;
Na verdade, não me abandonam.
A tua mão mansa,
Ainda em mim repousa,
Deixou-me feito louça,
Ainda me tempera,
Só de pensar, fico hipnotizada
Igual a serpente pelo encantador
Completamente amainada.
Quando chove é sempre assim,
Lembro a enorme falta que
- só você- faz para mim;
É um penar sem fim,
Mas com cheiro doce,
Cheiro seu, meu jardim,
Um anjo que faz falta, sim!
Amor, escuta o barulhinho:
é o vento anunciando...
Que estou voltando...,
Para ter o teu carinho,
Estou novamente no caminho,
Que eu estava quase deixando,
Pensei que havia esquecido,
Dos nossos planos constituídos,
Dos sonhos e dos corais,
Do nosso profundo oceano,
E dos beijos mais fatais...
Trago este rimário,
Meu relicário,
Abrigado no tempo,
-de volta-
Ao berço do amor,
O nosso templo
Com cheiro de flor
- por nós protegido-
Feito um sacrário.
Amor, escuta o barulhinho:
sou eu que acabei de chegar!
Eu nunca deveria ter ido,
Por isso resolvi voltar...,
Para nunca mais ir embora,
Para amá-lo com gala e glória,
Eternizar a nossa história,
Em linhas intimistas,
De épica em épica,
A batalha poética,
Que a minha ousadia penou,
Só para docemente te conquistar.
Dulcíssimo sonho de amor,
Sigo contigo com louvor,
O meu coração ainda estremece,
- Por ti, só por ti!-
Fui que eu te escolhi,
Entreguei o melhor de mim,
Para você eu só digo sim,
Meu doce serafim,
Quero você inteiro para mim.
Ainda há de pousares como
ave gentil em minha mão,
Quero o teu coração!...
Ainda hei de ser tua
com sutil destreza,
E com toda a grandeza...
Temos todas as potências,
Recebemos todas as clemências,
Deus sempre perdoa um amor,
Trago em mim a tua cor morena,
Divina miragem que não dissipa
- e ninguém apaga
Loucura serena que me excita,
- e me deixa suplicante
Vou fugir contigo para uma terra distante...