Pedaços de Mim
EU ASSIM
Fiz pedaços de mim e me distribuí inteira.
Já não sou mais sozinha.
Em cada canto da cidade eu existo,
Eu resido,
Eu vivo.
Sou assim:
Metade inteira e metade completa.
Não sou por acaso.
Sou o meu próprio suado.
Sou o meu intenso,
O meu avesso e o meu relento.
Em cada parte que me dou,
Eu penso
Em ser um pouco do que sou
E do quem já não estou.
A quem me entrego inteira
Sou a história primeira.
Sim!
Sou essa mesmo, assim:
Assim meio eu,
Assim meio outra,
Mas verdadeira,
Faceira
E louca!
Nara Minervino
Pedaços de Mim
Minhas curvas convocatórias de inveja e desejos insaciáveis
Meu rosto que com um sorriso respondia a quem bem me abordava
Minha saia cumprida de pouco pano que minha auto-estima aumentava
Minha cinta fina que ao ritmo da marrabenta dançava
E meu lindo corpo que ao som da guitarra tocava
Malditos!
Malditos os dedos que nas minhas curvas a mão passaram
Malditos os seres que no meu rosto a felecidade afugentaram
Malditas mãos que minha saia de pouco pano arrancaram
Malditos braços que minha cinta fina agrediram
Malditos corpos que na minha guitarra sons sem arte tocaram
Malditos!
Quando quebro, viro vários pedaços de mim e me espalho ainda mais (só) pelo que é chão. Quando quebro, viro mais de mim. Se inteira já sou tanto, imagina sendo tantas com mais opção.
Pedaços.
Tenho pedaços em mim
Que não se conformam em juntar-se
Sigo em pedaços sem mim
Quanto aos que deixo perdidos
O velho e incansável tempo
Cuida de reciclar
.
Sinto-me levado pelos amanheceres desta vida
Onde o anoitecer não me traz o confortável sono
Minhas pálpebras se recusam a abrir as janelas de min'alma
Um náufrago de meu atlântico leito,
Sem a certeza de que haverá um chão para pisar
Pedaços de mim vão ficando pelos caminhos
Ainda falsamente consigo sorrir
Meu caminhar é leve
Árduo de um completo vazio
De um coração amante.
Mas ainda lembro, lembro sim
Do sorriso que á muito perdi
Está na distância de meu olhar
No impossível de minhas mãos
Nas águas de meus olhos
No silêncio de minha dor.
Não serei pedra sem mover,
Água de um lago
Mas um rio de fortes águas
Renovando meus dias
E de novo encontrar
Pedaços...
Que faltam em mim.
José Henrique
Derramei pedaços de mim a noite e outras horas, estrebuchei sentimentos o dia e outras horas, por pequenos minutos lá num fundo qualquer do horizonte via-se a aurora. Naqueles instantes esquecia por eternidades findas as dores, sorria por não sentir o meu corpo morrer por milhares de segundos
Mas tarde lamuriei com quantas forças fui ter, quando elas voltaram sem se importar, com canções de pranto, afinal não as esqueci, o dia me enganou e o horizonte também, elas andaram guardadas algures nas esperanças e agora as vejo na dor exposta, vejo os seres desejosos de dor, vejo-a na multidão gulosa por dor, e eu me sinto nu, num mundo sem vergonha
Ninguém se importa com as minhas ou outras lágrimas, a dor transparece e ninguém finge acalma-la, ainda ansiamos por ela a todo vapor, ninguém finge ao menos fingir, ninguém nota ou vai notar. A minha mãe disse que nasci a sorrir ao invés de chorar, sempre sorri o para o mundo mudar, hoje guardarei como se alguém quisesse roubar
Que mundo, o meu mundo morre todos os dias com a noite, naquela noite morri mais de cem vezes, todos os dias mato cada pedaço de mim e o mundo vai morrendo por vários lugares e eu com ele, nas noites eu e ele morremos mais ainda sem olhares para se compadecer, nem a lua finge se importar. E não sei porque volto a sorrir!
Sorri, tens dentes lindos. Sorri o teu rosto fica lindo... e as baboseiras vão enchendo os ouvidos, cada minuto nutrido por frases feitas para sorrir e para vidas desfeitas, a vida morta a desfalecer por dentro, por dentro só eu a vejo então morro, e quando a noite chega, os minutos correm de pressa para nós ver morrer
Não é a solidão da noite, não existe tal coisa estranha, não é a covardia da noite, não é a compaixão da noite, é a cumplicidade da noite para puder morrer em paz, nos gritos de dores prontos para desligar a eternidade causada por um espaço longo sem se ver, sem se importar e poder ler tudo que o mundo chora para dizer
Sorri... Sorri... porque mesmo nos banhos de lágrimas, ninguém se vai importar. Se chorar vai te acalmar, chora sem olhar ao redor, o mundo fechou os olhos para não amar, porque contigo ninguém quer chorar, ninguém quer se angústiar, vá para longe o mais longe que poder que a noite te ouça e convide para funeral do mundo e mergulhe para o seu interior
PEDAÇOS DE MIM
Ao longo da vida eu morri muitas vezes,
matavam-me mesmo talvez sem querer.
Como uma fênix, o meu ser ressurgia das cinzas,
mesmo assim, faltavam pedaços de mim.
Eram insinuações endrôminas que me atingiam,
como gládios, palavras me feriam e fazia sofrer,
alanceado, rios de lágrimas de minha face desciam,
formando lagos de angustias ao escorrer.
Se de um lado, a regurgitação queimava o corpo.
do outro, o fogo da paixão me alimentava o ser.
Benditas as mãos do amor que me retiraram do poço,
acolhendo-me, dando carinho e eu voltei a viver.
Hoje restabelecido por uma grande fonte de amor,
incondicional, esse sentimento me toca.
Assim, insinuações não mais me causam dor,
nem palavras tiram mais pedaços de mim.
Airson Oliveira
Poucos conhecem-me
por inteiro,
deixo pedaços de mim
nos lugares que passo
nas pessoas que conheço,
momentos marcados
por falas e gestos,
acertos e falhas,
ganho apreços,
alguns de mim,
não se agradam,
mas é deste jeito
que minha essência
tem sido preservada.
Pedaços de Mim,
Pétalas de um Flor,
Sofri e com fé e amor, resisti
faz parte de quem eu sou,
graças a Deus, sou feliz
e tenho muito a agradecer
já floresci e ainda hei de florescer.
São tantos os pedaços de mim que foram arrancados pelo tempo que quando olho-me no espelho não me reconheço mais.
Há cacos e pedaços de mim espalhados por toda a casa
Fragmentos do que fui
Restos do que sonhei espalhados pelo vazio dos cômodos
Sombras de memórias escurecendo os cantos
Silêncios que fazem ecos ensurdecedores
Paredes impregnadas de medos
Mágoas e desilusões
Portas e janelas trancadas deixam as possibilidades do lado de fora
E aqui dentro
Entre o pranto e o desencanto
Escondo o que sobrou da minha vida
Vida sem vida
Existência perdida pelo tempo
Esquecido e abandonado pelo amor
Sobrevivendo à solidão e rimando felicidade com dor...
Nessas minhas andanças pela vida, deixo pedaços de mim por onde passo, mas em contrapartida, trago comigo pedaços, de quem encontro no caminho.
Deixei muitos pedaços de mim para trás... Não sobrou o suficiente para compartilhar. O tempo e a dor corroem e fragmentam tudo. Embora o meu amor seja eterno, não é mais intenso o bastante para querer ficar contigo. Você não vale a pena. Aliás, nunca valeu!
PEDAÇOS DE MIM
Que os pedaços de mim, que trago no medo do tempo, não escureçam o meu viver e nem ceguem o que sei. Peço à vida que não me negue à condição de aprender e tampouco deixe morrer a vontade de errar. Que os pedaços de mim possam se unir no mistério da noite, abrigando os gestos, refletidos à luz de cada dia. Que vivam os momentos! Se não aquele, contido em cada palavra trocada no peito abraçado. Que os pedaços de mim busquem cada parte de você, seja entregue no querer ou descobertas em cada desejar. Que todo passo construído oriente, em si, o caminho desse horizonte sem fim e no fim de tudo, possa recomeçar. Que os pedaços de mim, espalhados na terra, floresçam com simplicidade na sabedoria de crescer. Que eu, mesmo desencontrado no alvorecer de minhas causas, deixe por legado, os frutos colhidos, no contexto das palavras forjadas na emoção. Que os pedaços de mim, reunidos no que acredito encontrem na paz de teu abraço, a luz dos meus sonhos. E assim não mais dividido, viver a vida, sem que pedaço algum seja mais de mim ou de você, mas um em cada pedaço de nós...