Partir
Se amanhã você acordar
E eu não estar mais ao seu lado
Sorria...
Pois neste momento estarei de longe te namorando, te cuidando
Sem você me ver
Sem saber se volto
Ou se apenas fui comprar orquídeas para enfeitar o seu café
Volte, deite e sonhe
Não quero perder a cena de te ver dormir
Ou cena de me ver partir.
Não sei quando irei partir. Certamente, partirei a qualquer momento. Mas de uma coisa eu sei: partirei lutando pelo que não tive e feliz pelo que tive.
Eu não sei quem vai te beijar quando eu partir
Por isso eu vou te amar agora, como se fosse tudo que me resta
Eu sei que vai me matar quando terminar
Não quero pensar nisso
Eu quero que você me ame agora
“A partir do momento que você programa algo sem a conscientização do próximo a responsabilidade é sua. Não é aconselhável e muito menos legal querer que as coisas sejam do seu jeito sem saber a opinião alheia.”
Mais uma vez você se foi.
Como água escorre pelos dedos;
Por falta de cuidado da minha parte
Você se foi…
Eu sei, caramba, nem estrelas são iguais
Tem mais, vitória agora é uma fresta de sol
No fim das conta, Tetsuo é quem tinha razão
Então todas areias da ampulheta, vão
Eu vinha, pé ante pé, em busca da pequena porta
que dava acesso aos mistérios da noite,
daquela noite em particular, por ser a mais terna
de todas as noites que a minha memória
era capaz de guardar, com letras e sons,
no seu bojo de coisas imateriais e imperecíveis.
Tinha comigo os cães e os retratos dos mortos,
a lembrança de outras noites e de outros dias,
os brinquedos cansados da solidão dos quartos,
os cadernos invadidos pêlos saberes inúteis.
E todos me diziam que era ainda muito cedo,
porque a meia-noite morava já dentro do sono,
no território dos anjos e dos outros seres alados,
hora inatingível a clamar pela nossa paciência,
meninos hirtos de olhos fixos na claridade
enganadora de uma árvore sem nome.
Depois, o meu pai morreu e as minhas ilusões também.
Tudo se tornou gélido, esquivo e distante
como a tristeza de um fantasma confrontado
com a beleza da vida para sempre perdida.
Deixaram de me dar presentes e de dizer
que era o Menino Jesus que os trazia
para premiar a minha grandeza de alma,
o meu desejo de ser bom para os outros.
Passei a escrever sobre tudo isso, sofregamente,
só para não ter de escrever sobre a saudade
que esse tempo fugidio deixou em mim.
A árvore mirrou de frio num canto da sala,
os presentes apodreceram no sótão da casa,
juntamente com os doces da Consoada
que ninguém teve vontade de comer,
nem mesmo os mais gulosos como eu.
Um homem de muita idade bateu-me à porta
e depositou-me nas mãos um pequeno embrulho:
«Eis o teu presente de Natal» — disse-me.
Abri-o e vi um livro onde se contava
toda a minha vida desde o primeiro Natal
de que conseguia lembrar-me, tudo o mais esquecendo.
Ali estava eu de pé, muito quieto, junto da árvore,
à espera que alguém me viesse dizer
que o céu era pródigo em revelações e dádivas.
Era para lá que eu sonhava ir quando morresse.
Quando Dezembro se aproximar do fim,
lançarei pétalas ao vento como se tentasse
semear o perfume do que fui enquanto acreditei.
Talvez o homem volte com outro embrulho secreto,
só para me dizer que esse é o livro que ainda me falta escrever.
Então, juntarei os amigos, os filhos e os netos
numa roda de luz à minha volta e direi do Natal
o que os antigos diziam dos heróis e dos deuses:
foi à sombra deles que nos fizemos homens.
Quando eu partir de vez, lembrem ao menos
a ternura do meu sorriso de menino
quando a meia-noite soava no relógio da sala
e eu acreditava ainda que a felicidade era possível.
A vida é uma festa que chegamos de mãos vazias, nos consumimos daquilo que não é nosso, até sairmos dela sem levar nada.
Aprendizado de partir.
Aprendizado de poder seguir.
Aprendizado de Despertar.
Você foi um aprendizado na minha vida.
Só isso, ou tudo isso, apenas um aprendizado.
Deveria ficar feliz em Ser amiga, e isso seria uma conquista.
Porém, em vez de seguir em frente, você insiste em querer existir se fazendo presente de alguma maneira na minha vida.
Minha vida é preciosa demais para mim.
E você não faz mais parte dela.
Você deixou de Ser.
Não existe mais.
E se ainda resta alguma dúvida, sinto muito, pois eu não tenho dúvidas.
Não irei estar presente no seu enterro, pois isso somente é possível com quem nos importamos, e eu não me importo com você, na verdade para isso você teria que existir.
Como deixou de existir, o resultado mais provável é o desprezo.
Sim, desprezo eterno.
No entanto meu desprezo não impede de que eu deseje multiplicado tudo que desejar para mim, essa é a vontade pura de meu Ser.
Gosto de viver a verdade, e essa é a realidade hoje que eu vivo.
Gratidão por tudo.
Gratidão pelos aprendizados todos.
Adeus.
Partir dá um alívio
Aprenda a saborear isto
A pessoa que me lê sempre na minha frente
E eu perdir tempo com alguém que só queria ser lido
Então me vi partindo
Para um novo começo
Deixando acenos
Como o vento
Sinto saudades do que vivi, do que ainda não vivi e do que jamais irei viver.
Sinto saudades das despedidas, de quando parti, de quando deixei ir e de quando me permitiram partir.
Já voei quando no fundo queria estar aninhada, e já deixei de voar ficando onde não gostaria de estar.
Não me arrependo de nada!
Guardo apenas minha caixinha transbordante com todos meus pedaços que hoje, são partes de mim.
Uma alma verdadeiramente livre não é aquela que vai para onde o vento sopra, e sim aquela decide ficar mesmo que não tenha motivos.
Qualquer dia desse eu desapareço para que novas histórias aconteçam, para que os sonhos continuem; por isso, eu me divirto por onde passo e faço também saudade por onde, por algum tempo, eu fui felicidade!
Em meu lar
Seu retrato na parede toda noite eu choro
Vou tirar
Sei que ela foi embora, mas ainda lhe adoro
Eu preciso reviver minha alegria
Só vou deixar seu retrato mais um dia
Eu peguei minhas coisas e fui embora, simples assim. Porque há esses momentos, depois das violências mais terríveis, quando olhamos em volta e percebemos, cheios de horror, que o mundo continua existindo.