Carola Saavedra

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Flores Azuis

Digo tudo isso porque sempre me assusta esse vão, essa impossibilidade. Principalmente entre nós. Havia entre nós, sempre houve, um desencadeamento de conclusões falsas, de mal-entendidos. Eu dizia sempre, mas para você ou era ontem, ou era noite ou era tarde. Então, ao dizer sempre, na verdade eu dizia: a mais profunda noite, o ápice da madrugada, sem saber, sem nunca saber o que eu dizia. Porque a verdade é que a gente nunca sabe, como era possível dizer tudo aquilo sem nunca saber? E era uma sensação constante, isso de poder criar a qualquer momento, algo inimaginável. Como alguém que tem dupla personalidade, ou alguém que, à medida que vai se pronunciando, imediatamente vai esquecendo as palavras e vive sempre na iminência de uma tela em branco. E eu andava apreensiva achando que, a qualquer momento, alguma coisa aconteceria. Alguma coisa sempre acontecia".

“Havia também outras nuances, outros momentos, às vezes, havia uma suavidade, e eu ficava pensando, de onde viria aquele teu jeito dócil, indefeso, de onde viria, assim de repente. Havia algo em você que de tão suave me emocionava, como se você também estivesse sofrendo, o tempo todo.”

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