Paris
Vi, em Moscou - e veria, depois, em Paris -, documentários que mostravam a situação do país, entre 1917 e 1927; a miséria era dantesca, tudo estava em ruínas, o povo fora reduzido à fome, milhares de crianças vagavam pelas estradas e transformavam-se em assaltantes, como milhões de adultos. Ter partido daí para chegar a ser uma superpotência, com a devastadora interrupção da segunda Guerra Mundial, que sacrificou vinte milhões de cidadãos soviéticos, foi a tarefa realizada. Não é, pois, demais qualificá-la como a maior da história
A FÚRIA DE CALIBÃ, pág. 210-211
Quero viver....
Quero viver minha vida com você, ficaremos todos os dias de mãos dadas em Paris (lembra?), do amanhecer à amanhecer se repetindo para sempre. Não importa quanto tempo temos que esperar para nos vermos, isso não importa, porque nos amamos, eu só penso em nós dois. Preciso ficar na sua frente, para poder dizer todos os dias, que tu és o amor da minha vida e que eu te amarei para sempre...Eu estou sou muito feliz por estar vivendo isso tudo,.
Eu me encantei por vc no céu dentro daquele avião no meio das nuvens, onde o mesmo nos uniu e nos separou.... Eu quero cuidar de vc, eu quero ser feliz...
Não importa onde você estiver, eu sempre vou querer saber se está tudo bem contigo, sinto sua falta quando demora um pouco para nos falarmos... Queria um abraço teu, daqueles que a gente não fala nada, só sente...
Você é hoje minha poesia mais bonita... A canção perfeita!
Esses quilômetros que nos separam (e que não são poucos), não são nada comparados ao tamanho do que eu sinto. Saiba que a distância não mata o amor. A distância só aumenta a saudade e mantém viva a vontade de estar ao seu lado. O que mais quero na vida neste momento é poder voltar a ter você perto de mim, e enquanto isto não acontece, imagine que a minha saudade percorre, na velocidade da luz, e como um estalar de dedos estou aí em espirito para te dar um beijo.
Só lamento não poder está aí para dormir e acordar junto do teu travesseiro.
Todas as noites, eu te encontro nos meus sonhos, andamos de mãos e abraçados, e antes de acordar deixo contigo um sorriso para enfeitar o seu rosto quando você despertar.
A distância nos separa, mas o amor nos aproxima, e o mesmo me ajudar driblar a saudade, acordado ou dormindo.
Quero que você saiba que nada neste momento pode ser maior do que o que sinto agora.. Sei que essa fase vai passar como num passe de mágica, e logo vai chegar o dia em que juntos vamos poder viver tudo isso que estamos sentindo agora.... Mas tudo é questão de apenas tempo e espaço!
Eu te amo!
Vou ver gente normal
Hoje embarco para Paris.
A minha Paris não tem nada a ver com a Paris dos ladrões que vão torrar o nosso dinheiro por lá. Eu vou a Paris para ver gente normal.
Gente normal conversa sobre assuntos que não sejam apenas dinheiro e compras.
Gente normal lê livro.
Gente normal não vai a restaurante de boné, nem se veste como prostituta (a não ser que seja prostituta).
Gente normal mantém distância regulamentar de quem não conhece. Não cutuca você ou o chama de “tio” ou “amigão”.
Gente normal diz “por favor”, “com licença” e “obrigado”.
Gente normal respeita fila.
Gente normal, ao volante, dá seta quando vira à direita ou à esquerda (e a seta está sempre no sentido certo).
Gente normal freia o carro para deixar o pedestre atravessar na faixa.
Gente normal não padece com atrasos de ônibus e trens (e é informadados horários e itinerários nos pontos e estações).
Gente normal nem sequer imagina o que é ter esgoto a céu aberto.
Gente normal não nada em cocô.
Gente normal está acostumada a ver ruas limpas.
Gente normal não tem falta de luz toda semana.
Gente normal estranha fiação aérea.
Gente normal não sabe o que é buraco no asfalto.
Gente normal não tropeça em buraco na calçada.
Gente normal não gosta de pagar imposto, mas tem filho em escola pública e não tem medo de morrer de infecção em hospital público.
Gente normal se habitua à beleza.
Gente normal dificilmente morre assassinada.
Gente normal se escandaliza com assaltos.
Gente normal despreza corruptos e os coloca na cadeia e no ostracismo.
Gente normal não diz que terrorismo é justificável.
Gente normal admira o que lhe é superior e tenta fazer igual, sem achar que sofre de complexo de vira-lata.
Gente normal é uma conquista da civilização.
Paris é especial porque é normal.
Quando a morte vem ceifar em vossas famílias, levando sem consideração os jovens em lugar dos velhos, dizeis freqüentemente: “Deus não é justo, pois sacrifica o que está forte e com o futuro pela frente, para conservar os que já viveram longos anos, carregados de decepções: leva os que são úteis e deixa os que não servem para nada mais; fere um coração de mãe, privando-o da inocente criatura que era toda a sua alegria”.
Criaturas humanas, são nisto que tendes necessidades de vos elevar, para compreender que o bem está muitas vezes onde pensais ver a cega fatalidade. Por que medir a justiça divina pela medida da vossa? Podeis pensar que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-vos penas cruéis? Nada se faz sem uma finalidade inteligente, e tudo o que acontece tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos atingem, sempre encontraria nela a razão divina, razão regeneradora, e vossos miseráveis interesses representariam umas considerações secundárias, que relegaríeis ao último plano.
Acreditai no que vos digo: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais. A morte prematura é quase sempre um grande benefício, que Deus concede ao que se vai, sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é uma vítima da fatalidade, pois Deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na Terra.
É uma terrível desgraça, dizeis, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! Mas de que esperanças querem falar? Das esperanças da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita, que não consegue elevar-se acima da matéria! Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida tão cheia de esperanças, segundo entendeis? Quem vos diz que ela não poderia estar carregada de amarguras? Considerais como nada as esperanças da vida futura, preferindo as da vida efêmera que arrastais pela Terra? Pensais, então, que mais vale um lugar entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados?
Regozijai-vos em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique, para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não tem fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós, espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães, vós sabeis que vossos filhos bem-aventurados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto: seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento; mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revela uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.
Vós que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração, chamando esses entes queridos. E se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós mesmas a consolação poderosa que faz secarem as lágrimas, e essas aspirações sedutoras, que vos mostram o futuro prometido pelo soberano Senhor.
Ninguém esperava, mas já estava escrito: "[... ] Guerras e rumores de guerras, mas não será o fim."
Ela está entre as cidades mais belas do mundo onde milhões vão até lá todos anos só para conhecê-la; mas infelizmente foi atacada por extremistas do Estado Islâmico nessa sexta-feira.
Sua paisagem bela de repente se transformar em dor e aflição, mas ainda sim é lindo de ver a solidariedade do cidadão. Os táxistas não combram nesse dia de força, aflição, tristeza e solidariedade para que de alguma forma todos cheguem em suas casas em segurança, longe de toda destruição.
Ah Paris, entre as mais belas cidades do mundo você está lá, dessa vez cabisbaixa sem pouca movimentação em suas ruas e praças.
Ah Paris, o mundo inteiro está em luto por causa das vidas que ai foram perdidas sem motivo, por loucos, fanáticos que dizem praticar atos de guerra em nome de um deus.
"Reflexões". Resende, 16 de Novembro de 2015.
Lá do alto da treliça,
Fechei os olhos,
Ao som de Debussy,
Senti cócegas na alma,
Deixei a mente voar cegamente,
Fiquei com um coração repleto de afinadas vozes,
A MESMA SORTE
Eu quero a mesma sorte dos casais que celebram
O amor em um jantar-cruzeiro com "Marina de Paris",
Descobrindo a cidade Luz enquanto saboreiam um refinado menu
Para aqueles que pelejam no Zimbábue em condições subumanas
E se espremem em minúsculas cabanas
Feitas de barro
Com seus filhos desnutridos e sedentos.
Ir até o continente africano nem precisa.
Quero essa mesma sorte rica para os brasileiros
Ensacados numa bolsa de codinome família.
Esmola que lhe estendem para lhes comprar o dedo
Qualquer um deles que vá apertar a tecla
Que garanta para os do poder o sustento, que sustento!
Tenham tento...
Uma preciosa caixa com milhares de aumento
Dois?
É apenas um nome simples, mas que guarda uma inimaginável
Montanha de dinheiro.
Que dá até pra comprar aviões.
E outros, vão extorquir esfoliar o povão e se refestelarem
Com a barriga cheia em Planaltos e planícies
Com suas esquisitices
De se autoproclamarem salvadores da Pátria Amada.
Então eu quero a sorte dos mandachuvas estendida
Para cá, para os que ficam do lado de fora do muro das mansões
Para os que vagam nas ruas
Moram em casebres
E sobrevivem de lixões
E se enjaulam em prisões.
Não vou aceitar menos, nem para tal
Proponham-me nada menor do que isto.
E tenho dito.
Ser mãe é desapegar-se de tudo só para te esquentar, para te proteger, para te cuidar. É sofrer 9 meses e, num segundo , abrir o maior sorriso do Mundo só de ouvir teu primeiro choro. É sempre estar pronta para você , mesmo que se atrase para o marido. É dizer não que vira sim, é trabalhar de sol a sol, é sempre dar um jeito de te defender. Ser mãe é entender que a saudade não tem fim. É parecer artista de TV no café da manhã passando margarina no teu pão. Ser mãe é se engordurar toda para você comer teu bifinho quente. E passar frio por não achar teu cobertor que você emprestou para uma amiga. É ficar contente com uma mensagem que você escreveu para ela com letras engarranchadas que ela sempre achou o máximo. Você dizia para ela quase todo dia: Eu te amo mamãe. E hoje ela ainda espera que , pelo menos , você não se esqueça do seu dia. Ser mãe é sofrer em Paris , é conseguir se alegrar no deserto só porque você corre o Paris-Dakar!É meu amigo, minha amiga , lembrem-se sempre de dizer a ela quanto a amam, mesmo que para alguns , ela esteja longe! Nunca é tarde para dizer Eu te Amo!
Nos meus cadernos de escola
Nesta carteira nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome
Em toda página lida
Em toda página branca
Pedra sangue papel cinza
Escrevo teu nome
Nas imagens redouradas
Na armadura dos guerreiros
E na coroa dos reis
Escrevo teu nome
Nas jungles e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No céu da minha infância
Escrevo teu nome
Nas maravilhas das noites
No pão branco da alvorada
Nas estações enlaçadas
Escrevo teu nome
Nos meus farrapos de azul
No tanque sol que mofou
No lago lua vivendo
Escrevo teu nome
Nas campinas do horizonte
Nas asas dos passarinhos
E no moinho das sombras
Escrevo teu nome
Em cada sopro de aurora
Na água do mar nos navios
Na serrania demente
Escrevo teu nome
Até na espuma das nuvens
No suor das tempestades
Na chuva insípida e espessa
Escrevo teu nome
Nas formas resplandecentes
Nos sinos das sete cores
E na física verdade
Escrevo teu nome
Nas veredas acordadas
E nos caminhos abertos
Nas praças que regurgitam
Escrevo teu nome
Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome
No fruto partido em dois
de meu espelho e meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo teu nome
Em meu cão guloso e meigo
Em suas orelhas fitas
Em sua pata canhestra
Escrevo teu nome
No trampolim desta porta
Nos objetos familiares
Na língua do fogo puro
Escrevo teu nome
Em toda carne possuída
Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome
Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome
Em meus refúgios destruídos
Em meus faróis desabados
Nas paredes do meu tédio
Escrevo teu nome
Na ausência sem mais desejos
Na solidão despojada
E nas escadas da morte
Escrevo teu nome
Na saúde recobrada
No perigo dissipado
Na esperança sem memórias
Escrevo teu nome
E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci pra te conhecer
E te chamar
Liberdade
Há cinza dentro de mim...
Um espaço, um vazio não suprido, um tempo ainda não concebido!
Há um encontro não marcado, uma espera latente...
A tarde passou, mais um dia se foi, uma página a mais dos dias...
Renovo a saudade do não vivido...
A melancolia da alma.
O meu olhar lança-se para novos voos, enquanto meus pés permanecem no chão.
(Ou sob os telhados de Paris).
Ao ver os jornais dos últimos dias e acompanhando o Facebook agora, percebo como somos egoístas. Dor é dor, morte é morte, não existe a melhor ou pior, nem a mais importante e a irrelevante. A população sofre de uma patologia antagônica em relação aos sentimento humanos. Tudo é muito triste: a dor, a agonia, o desespero, o desamparo, a fome, a corrupção, a destruição, a desumanidade e a morte. Existem muitas coisas que são horríveis e a mídia não mostra, por isso meu coração não está em um único lugar, estou orando por todos
(Quem nasce com vontade de ajudar o próximo, se sente incapaz por não estar em todos os lugares ao mesmo tempo)
Por que tudo tem de ser dividido?
Por que agora é só oito ou oitenta?
Por que ninguém se reinventa?
Agora só existe direita e esquerda.
Nesse país, é anjo ou demônio
Pesadelo ou sonho.
Só existe um partido bom
Só existe uma tragédia boa
Só existe um candidato bom
Só existe um motivo pra orar
Só existe um motivo pra ajudar.
Vai lá!
Divide esse país
Ele é grande demais...
"Ah!se eu pudesse
Me separava de nordeste!"
Quem sustenta esse país covarde?
A média da classe média?
A metade que gasta o bolsa família?
Quem tem mais direitos?
A metade homem ou a metade mulher?
O pai do filho ou o pai da filha?
Ele grita vitimismo. Ela sussurra machismo.
Ah! Senhor dito cujo.
Tu que é metade branco,
Não xinga a Taís Araújo.
Tu que é metade preto
não expõe teu pranto.
Fica quieto, metade preto.
Pra meia metade,
neste país não tem preconceito.
Por que tem cores pra uns
E para outros temos cores rivais?
Não somos todos iguais?
Por que quando estamos
Sem eira nem beira
Inventam logo umas bandeiras?
Qual fé te conduz?
A da cidade luz?
Qual você mais ama?
A cidade da lama?
Sabe por quê tudo nos divide?
Porque a gente divide tudo.
Estive recentemente caminhando por um caminho mágico construído a partir dos meus pensamentos, quando cheguei até o Frio de um lindo cenário histórico abraçado ao Calor do romantismo, desfrutando de ocasião apaixonante na França, andei por alguns ruas de Paris, admirei a grandeza da sua bela arquitetura, vi um pequeno bando de pássaros voando num vasto céu acinzentado, a loucura neste caso era aconchegante, presente sincero do meu imaginário que estava apenas começando, conduzido por um ímpeto entusiasmante e sinceramente incansável.
Repentinamente, lindos versos apareceram diante dos meus olhos, expondo palavras inspiradoras e vívidos sentimentos, em seguida, vi belos quadros por todos os cantos, lúdicos, um pouco de realismo e alguns românticos, um melhor do que o outro numa primazia incrível, logo, graciosas esculturas começaram a dançar ao som de uma música vivazmente sedutora, entrei profundamente em um deslumbramento muito singular, experiência bem diferente de outras neste maravilhoso lugar.
Após presenciar aquele marcante espetáculo, cheguei às proximidades da ilustre Torre Eiffel, grande estrutura que não foi o bastante para se destacar mais do que a grandiosa beldade que estava na sua frente, cujo charme era abundante, suavidade na pele, cabelos sedosos, serenidade no seu semblante, coração intenso, curvas de uma arte interessante que fez parar o tempo, nada mais importava por alguns instantes, o que trouxe um silêncio demasiadamente deleitante como se eu estivesse sob um forte encantamento, por isso que fiz estes versos, para sempre que eu quiser voltar para este imaginado momento.
SEM TÍTULO
Ora, pronto.
Justo a mim, coube ser eu: um poema sem título!
"SEM TÍTULO!" - já está me retirando algum prêmio sem eu nunca ter ganhado um.
Ora, sem título. Sem título não dá direção! Sem título pode ser... qualquer coisa!
Qualquer coisa que não tenha título, domínio, vida, cor.
Sou sem.
Queria ter um título bonito como os outros poemas têm.
"Carrossel", e a tratativa seria sobre, o giro da morte. O lento e colorido toque
suave da vida em Paris que te mata em praça pública.
Quem sabe, "Pégaso", e recitaria sobre um romance onde seus cabelos escuros me
lembravam a constelação que meu avô me mostrava enquanto um cheiro doce de bolo
quente de cenoura com cobertura açucarada de um chocolate pretíssimo (como era
possível aquilo? tal como a constelação, e seus cabelos...) invadia nossos
narizes, meu e de meu avô, apontados pra Pégaso.
"Sol". E escreveria qualquer besteira quente, laranja, tropical, caribenha com
alguma decepção terrífica em alguma parte. "As águas eram tão claras que deu pra
ver que tudo era dor."
Em "Acetona", eu diria como meus pais removeram todos os meus sonhos de esmaltes
coloridos, e é por isso que você nunca vai me ver fora de uma paleta terracota.
Em "Plot Twist", declamaríamos que, no início, eu era quase uma crônica e fui morto por meus pais, armados de acetona, que me dissolveu em um poema lírico
tenebroso.
Mas quando você me coloca SEM TÍTULO, os olhos que me percorrerem jamais vão
ter lido sobre a ilusão de Paris, sabido qual constelação meu avô me ensinou,
qual era o bolo de minha avó, a cor dos seus cabelos, o que a clareza das águas
caribenhas revelavam, qual arma meus pais usaram pra me matar, e qualquer
reviravolta minimamente interessante sobre ser crônico-lírico.
Vinha de uma criança
A oração não vinha de uma torre de ferro por ter sabor a sangue,
Não vinha de um idioma refinado por ser estranha a nossa língua,
Não era proveniente de perfumes nem de gente elegante
Não eram caminhos estreitos
Restaurantes de cinco estrelas ou casas com piscina
Não eram artistas
Não era arte
Não era o museu do Louvre
Não era Paris nem Nice
Era a Síria
Era uma criança
Tisnada de cinzento
Coberta de farrapos num panorama lúgubre
Com a morte acariciando-lhe a fome e a sede.
Era uma criança que clamou a um Deus bom por um mundo de paz
Pequena alma que rogou ao senhor
Por uma pomba branca com a folha de oliveira no bico
Mas levou-a o vento da guerra
Produto do soprar desprezível da morte
Quando eles acreditavam no leve murmurar da brisa da justiça
Se Paris merece um minuto de silencio,
Síria merece que o mundo inteiro se cale para sempre
Muitas(os) dizem serem sapiosexuais, mas quando lembram que talvez isso não irão lhes proporcionar um apartamento em Copacabana, ou alguns dias em Paris, férias em Fernando de Noronha, daí logo desistem. Do mesmo modo aquele rostinho bonito, corpinho perfeito, pra saírem de mãos dadas e apresentar aos amigos.
Todos nós, brasileiros, sentimos uma grande fascinação pela Europa, e eu achei que passar um mês em Paris seria a coisa mais maravilhosa da minha vida. Só que, depois que estava uns quatro ou cinco dias em Paris, tudo o que eu pensava era “O que é que eu estou fazendo aqui? Por que é que não fui para a Bahia?”
(Um homem chamado Jorge Amado, 2012).
Na escalada poética
Até o alto da Torre Eiffel,
Trago uma bagagem [leve].
Trago o amor que passeia pelo tempo,
Porque os meus flancos,
Tu bem os [conhece],
Sou um poema que sorri,
e te [aquece]...
Estrelada ou não,
A noite é sempre [licenciosa],
É isso que a faz rainha,
E a torna [majestosa].
Melhor ainda se vier
Acompanhada do teu prazer,
Tornando-a ainda mais [saborosa],
Porque dela retiro a doce carícia amorosa.
Entre versos entreabertos
Escritos com [mel],
Agarro-me à ti para tocarmos o céu,
Coreografando com as estrelas
Para enfeitar a noite pequenina,
[para desmistificar] tudo o quê vier,
E incendiar o nosso [bordel]...
Chame de bordel, chame do que quiser...
Chame até de cabaret!...
Desde que me chame só para você,
E do jeito que eu vier... degusta-me!...
Porque em letras tudo pode, nada é pecado.
Somos livres, criativos e sabemos,
Que o corpo humano não nasceu
Para ser vendido, e nem comprado.
O corpo humano nasceu para ser dado,
E amado... ele é sagrado!...
Amada serei um dia talvez,
E do jeito que me [apetece],
- emanarei o aroma que te enlouquece
Conheço a cantiga que te [adormece],
- e o balanço que te [enternece]
Sou o amor que jamais se [esquece].
Mergulho no auge da noite,
Voo em altitude,
Vou plainando feito uma pluma
No teu corpo,
Amar você é salto,
E também é altura,
Porque requer manha,
E nenhum esforço.
Sei de tudo, e mais um pouco,
Lembro de cada minuto precioso,
Ainda tenho na minha boca:
O teu divino e saboroso gosto.
Desejo nada menos que a cultura dos Parisienses, o charme dos Italianos, a competência dos Japoneses, a pressa dos Nova Yorkinos, e por fim, a bohemia dos Paulistanos.