Pano
Será que o céu não é só o pano do universo escondendo uma luz enorme atras e que de tão velho está cheio de furinhos que a gente chama de estrelas?
E nesta fila um velho de suíças, com um boné de pano e um nariz adunco, esperava, num lugar chamado Concha Acústica Chão de Estrelas, para partilhar a sua parte do segredo do céu: que cada vida afeta a outra, e a outra afeta a seguinte, e que o mundo está cheio de histórias, mas todas as histórias são uma só.
Pano de fundo
Saltei da tristeza à alegria
Qual foi a magia?
Foi o meu blefe à cilada.
Resgatei a variável
Do modelo, já descartada.
Foi no aguçar do pensamento
Que reformulei todo o problema
Com interações complexas do esquema
Simulei a resposta mais convicta
De não mais dar o próximo passo.
Deixei o estratagema intacto
Devolvi sutilmente o drama ao íntimo
Do infeliz criador do artifício,
Ficando por inteiro enredado.
Se a sua mão estiver suja de sangue, por favor, nao as limpe num pano branco, por que branco é o sibolo da paz..... nao mate ....
BOM DIA MEUS QUERIDOs AMIGOS!!!!
Aqui a gente toma café de coador de pano
A água é de filtro de barro
Carneirinho criado na mamadeira é bichano
E tem leite quente tirado no curral ao lado...
mel- ((*_*))
Quarto quente
Cortina velha ao vento.
Quarto de tábuas corridas.
Pedaço de um longo pano.
Resiste a paixão na madrugada.
Revelando-me os contornos do teu rosto.
Da nossa noite de amor.
Perde-se nas horas, nos dias.
Terno abraço de carinhos e beijos.
Perpétuo entrelaçar de corpos.
Sonhos fiéis dos nossos dias.
Quarto de tábuas corridas.
Janelas com as cortinas soltas ao vento.!
Subo o pano do palco.
Sem público, sem palmas.
Sarcástica da minha própria derrota.
Acordo sozinha com os olhos e as pálpebras cerzidas.
Nas madrugadas e nas manhãs de trovoadas.
Tempestades em que se ocultam os morcegos.
Os escorpiões cheios de veneno, sem luz da vida.
Ânsias, mágoas embrulhadas em pele de cobra falsificada.
Subo o pano do palco, sem público, sem palmas, sem nada!!
E as minhas panelinhas de brinquedo e minha boneca de pano? E onde foi parar a minha rede de corda onde eu via as estrelas e o vento varrendo a cabeleira dos verdes matos? e o cheiro de terra molhada e quando chovia o homem que vivia sozinho na casa de barro, dizia para nós crianças que eram lágrimas de Deus? Infância deveria ser eterna...
Boneca de Pano.
Num dia de frio de inverno a pequena Maria deitada em um fofinho acolchoado de penas de ganso, olhava sua irmã, alguns anos mais velha, costurando e dando vida ao sonho da pequena Maria de ter sua boneca de pano. Os retalhos da saia da mãe transformava-se em corpo e vestido, fios de lã feitos no tear pela avó, formavam os cabelinhos e a boneca tomando forma, tornando-se viva.
Depois do almoço feito no fogão a lenha e, de uma deliciosa compota de figo da tia, a irmã de Maria terminou a boneca de pano costurado dois pequenos e espertos botões pretos no rosto feito de pano branco, que passaram a ser os olhos da boneca e, com linha preta, desenhou um lindo sorriso de alegria, esperança e vida.
Um sorriso de boneca que iluminou a sala e se multiplicou na face de todos. Nasceu a boneca de pano.
Começaram chás imaginários com bolos de fubá de verdade e amigas de faz de conta.
Com sua nova irmã de pano, Maria brincava de inventar histórias até o sol se esconder e a luz da lua assumir a função de iluminar os sonhos.
A boneca nunca teve nome, porque era a única boneca que Maria conhecia, então não precisava de nome.
Passaram-se dias, passaram-se noites, passaram-se meses, passara-se anos e a boneca não cresceu, mas Maria sim.
Virou uma moça e foi estudar na Cidade, levou livros, levou sonhos mas deixou junto com a saudade, a boneca de pano.
Lá na cidade, cresceu mais um pouco, estudou bastante e quase esqueceu o campo.
Um dia a saudade apareceu e Maria voltou. No caminho foi recebida pela natureza com flores que a primavera colocou a beira da estrada.
E a cada quilometro, foi reencontrando lembranças como o cheiro da chuva na mata e o canto dos passarinhos.
Quando chegou na casinha ao lado da figueira, o tempo voltou em meio a abraços de mãe e irmã e a saudade da avó.
Depois do almoço enquanto apreciava a compota de figo da tia, olhando para o quarto, Maria enxergou num cantinho em cima do acolchoado de penas de ganso que tanto lhe aqueceu, a boneca de pano com os olhos de botão pretinho e o mesmo sorriso esperando para relembrar os chás de faz de conta e as brincadeiras de verdade. Foi então que a saudade ajudou Maria a dar um nome para sua amiga de pano: Chamou de felicidade.
Faça de sua vida. II
Faça de sua vida uma cereja.
Com um bolo de pano de fundo,
Em que a felicidade não seja
Contada em segundos.
Faça de sua vida um balão,
Suba, voe pelos ares.
E quando a terra retornares
Não prenda seus pés ao chão.
Faça de sua vida uma floricultura encantada.
Com vários perfumes e cores,
Rosas vermelhas para amada
E outras pra servir aos beija flores.
Faça de sua vida uma floresta,
Com notas de sabiá,
Com colibris a brincar,
Com ipês, borboletas e maracujás.
Com gotas de sereno denso,
E sol adentrando a mata
Com barulho de cachoeiras,
E murmúrios de cascatas.
Faça de sua vida uma estação.
Que tem retornos e partidas,
Que tem abraços e emoções.
Que tem chegadas e saídas.
Faça de sua vida um mar azul.
De ondas vibrantes,
De águas límpidas de norte a sul,
De navegadas emocionantes.
Faça de sua vida uma edificação.
De arquitetura ultra leve,
Lembre-se que tempo é em fração,
E que a passagem é bastante breve.
Branco é bom no pano de prato, no lençol de seda, na toalha de algodão... Agora, se ele não combina com seu corpo, não força!!
Antigamente, eu tinha um teatro de marionetes. Bonequinhos de pano, presos por cordões, dançavam e pulavam na minha cama, controlados por meus dedos. Eram bonecos de pano, mas riam, choravam e até sofriam porque eu lhes dava movimento e alma. E, aos olhos de todos, passava por ser um grande artista. Aplaudiam-me. Um dia, não sei como explicar, dei alma demais a uma boneca miudinha e ela passou a cantar, chorar e rir por si mesma. E fez mais, puxou os cordões de baixo para cima, guiando primeiro, meus dedos, depois, meus olhos, e, finalmente, meu cérebro. Com o tempo, empolgou também, a minha alma. Hoje, no teatro da vida, sou um boneco de carne e osso, controlado por uma boneca miúda que dirige minha vontade e a própria vida
Quando minha mãe colocava minhas camisetas para pano de chão, eu pegava de volta: limpava e vestia de novo. Porque a gente não usava roupa suja era toda rasgada, mas limpinha.
Cai o Pano
Todo dia ensaiamos o primeiro passo. Porém meu caríssimo leitor, nada parece ser fácil, não é?... Quem ensaia entende bem o que comento e bem sabe seus limites e suas marcações. O professor devido tantos ensaios fica careca enquanto aplica seus exames. Prova esta provocada pelo fogo que se alastra a frente.
E para fazer esta temos que nos desdobrar. É mesmo que estudar a matéria a fundo. Senão a gente dança todo ritmo. E olha mesmo que seja um passinho atrás outro na frente, dois de lado o bom deste fica azedo, vemos este conforme seja configurado.
Não tem sequer alternativa numa prova de múltipla escolha. Para tudo enfim temos que realmente fazer com que agrademos nosso público e é pra isto que existe a possibilidade de fazermos nosso ensaio todos os dias ao despertarmos. Ensaio este que decerto nos prepara para estarmos mediante todo o palco, toda essa gente que quer nos ver.
A gente certamente erra, acerta , faz novamente, porque para tudo existem ensaios, isto enquanto não caí o pano. Pois depois sem nada premeditado ela chega sem sobreaviso e manda suspender tudo que fora feito antes.
E assim espero que você tenha visto nestas entrelinhas, cada detalhe que exponho e, através deste eu pude trazer até você. E o que fora apresentado eu creio que fara você refletir e fazer o seu próprio. Enfim, concluo dizendo que estou grato por ter contado contigo amigo leitor.
PENÚRIA
Menina pobre
boneca de pano
cinco marias... Pode,
ter fé em seus planos.
Pobre menina
sem rima sem cheia
misera clareia
toda a sua teia.
Viaduto calçada
morada na ponte
não tem horizonte
não pensa em nada.
A fome se expande
no dia apos dia
menina seu bonde
não tem alegria.
Seus vôos são passos
pêndulos na calçadas
seus sonhos, embaraços
seu prato é fada.
Menina pobre
Pobre menina
mesa sem café
sofrer é sua sina.
Antonio Montes
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