Outono
Na imensidão desse mar ouço da areia as ondas a suas melodias cantar. Sinto a brisa fria , o vento soprar que o outono ao ir e o inverno a chegar.
Enquanto lá fora, águas prenunciam a chegada de um novo ciclo
Cá dentro, verão perdido sem brilho e sem viço!
Por vezes a cambalear, mas sempre esperançoso de, mentes pacíficas, no caminho encontrar.
Agora que uma nova temporada à porta se anuncia
Espero que, estejamos, pois, capazes de uma maior união entre gentes
Pessoas que sejam apenas sinceras com elas mesmas...
Assim não teremos uma farsa, vestida de gente, e a frequentar nossas vidas.
Quero de verso em verso
- falar de amor, ser entendida
não provocar nada que sejaincerto,
ser apenas letra e talvez guarida
Queroser pingo de chuva de verão,
podeser de outono também,
molhando a terra, germinando emoção,
sem saber onde e nem a quem
Quero ser apenas uma prece
silenciosa dentro de uma catedral,
onde a fé de joelhos sempre pede
por si e a todos de modo especial
A Queda ( de uma Folha )
Ó Vento que embala este meu corpo
Que liberta os sentidos de uma doce melancolia
Ó Luz que invade e purifica os sentidos
Que abraça enquanto o tempo pára
Outrora Verde, corpo vestido de uma Primavera passada
Hoje Castanho, corpo despido de um Outono presente
“E doravante?”
Doravante cá estarei de novo para mais uma dança dos sentidos
Em um belo dia de sol, na correria do dia a dia, peguei um trem, os pensamentos voaram em trilhos, percorreram as estações. Um turbilhão de pensamentos começou a se passar em minha cabeça, sentimentos a mil, coração pulsando acelerado.
Passavam-se as estações, a locomotiva estava a todo vapor. Todo mundo com pressa de chegar ao destino. Pessoas entreolhavam-se vagamente, friamente. Haviam também as belas e singelas emoções e demonstrações de afetos... olhares que se viam, sobrancelhas que se arqueavam, sorrisos marotos e, por vezes, piscadelas como se fosse um convite a olhar a dimensão do outro.
O trem parava a cada estação
Pessoas desciam
Pessoas subiam
O baile dos trilhos continuava sem sessar.
A cada estação, uma história
A cada estação, novas pessoas
A cada estação, um novo destino
A cada estação, uma inspiração.
Me permiti a olhar para os rostos, os semblantes que ali estavam, eles falavam impetuosamente sem dizer uma palavra se quer. Percebi que muitos queriam um amor de verão a cada estação, onde amores se vem e vão a cada vagão. Aprendi que um amor de verão não seria o suficiente para uma estadia mais longa nesta estação. A locomotiva continuou a trilhar...
Percebi, ainda, que alguns queriam um amor que pudessem estacionar, um amor de estação, a qual a estadia fosse leve e sólida. Aprendi que um amor de estação iria permanecer ali, mesmo com o passar dos verões a cada estação, embora muitos trens passassem com os seus transeuntes frios e distantes.
Presenciei tudo isso e cheguei a uma conclusão: para aquém dos amores de verão a cada estação, quero continuar pensando que o amor onde eu possa estacionar, seja trilhado pelo afeto, tão livre e leve quanto a fumaça da locomotiva que baila no ar.
E sim, eu estava lá, a todo vapor!
Uma brisa outonal, que por aqui passeia, traz um perfume de saudade do que foi, do que não foi e do que poderia ter sido. Ela deixa também o coração com um gostinho de quero mais, mas nem ele sabe do quê. Apenas a percebemos quando nos envolve em carícias, perpassa os ramos, dança entre as flores e rompe qualquer espaço, fazendo um brinde à poesia dela mesma, pois é a própria.
É a vida acontecendo no crepuscular outono de todos nós. O tempo promete a virada, o calor forte arrefece aos poucos e pela paisagem já sente-se o ar de boas vindas à alguma chuva e frio.
Final de tarde, outonal hora sagrada,
cantam pássaros em despedida ao dia,
pela paisagem chega uma brisa perfumada
trazendo de algum lugar a prece Ave Maria
Final de tarde, tudo vai seguindo o tempo,
olhando apenas o que lá atrás ficou,
mas há sonhos novos e bons, sem lamentos,
neste devaneio nem percebo que tão só estou
Chego a ouvir o toque do meu coração,
um ritmo quente, quase de felicidade,
ele seria bem melhor em diapasão
se junto ao teu tocasse em realidade
Ambiguidade
Dias com o azul limpo e quente do verão. Crepúsculos e manhãs que permitem um cappuccino ou cachecol.
Frio e calor, chuva e sol, luz e sombra, folhas verdes e galhos secos...
Outono é estação. Estação é lugar de passagem, de chegada e partida.
Uma mulher do seu tempo, uma mulher à frente do seu tempo e com ampla estabilidade no seu agora e absolutamente resolvida com o passado. Uma suavidade de ventos que carrega folhas de outono, uma força avassaladora de furacão que não destrói , mas só constrói pontes e amizades. Uma mulher elegante no andar, no falar, no trato com os seus semelhantes.
Uma mulher que cuida do corpo sem jamais esquecer que a sua verdadeira beleza vem da sua essência interior e que desabrocha como flores no primeiro dia da Primavera.
Para Vani Martins
As Estações.
Que a vitalidade da primavera, encontre a energia do verão e caminhando com a nobreza do outono, se deslumbre com amor do inverno.
O impossível
O impossível
O meu coração
Não vai derreter
Como gelo,
Você não vai
Embora no outono
Espere ao menos
As minhas flores
Que tenho para
Lhe dar.
Se estivermos
Juntos não
Morreremos
No inverno.
Nos dois juntos
Se refrescando
No gelo
Em um verão
sem fim.
Estações de Amor
Nossas estações entrelaçadas, em um ciclo eterno de encanto,
Na primavera, floresce o amor, no verão, és meu jardim, meu encanto.
Tua luz e carinho, como raios de sol, fazem meu ser crescer,
No outono, em teu colo repousarei, e no inverno, contigo, hei de aquecer.
Como pode no inverno, sentir tanto calor? Ouvi falar de sua boca como um rugido de louvor!
O inverno é passageiro, por isso está calor. Embora que a passagem sem você, me trouxesse frio sem pudor.
A sua estadia aqui perto da beira do rio me trás um calor imenso, mesmo na temperatura abaixo de zero ao relento.
Meu irmão, coitado, morreu de hipotermia. A mulher dele descobriu, em pleno outono ensolarado, que outra, perto dele se aquecia.
Antes de falecer, colocou a mão sobre o coração e disse em uma só voz e em uma mesma entonação, nunca se desfaça de uma só canção, verso ou oração, pois, um dia baterá o cansasso e restará somente a solidão.
Quatro estações .
E eu que te vi pé de manga
sem nunca te apedrejar
eu desejei tua sombra
Pra nela me sombrear
Mas eras mangueira orgulhosa
Tua sombra me negava
Tu metida a manga espada
E eu te quis manga rosa
Te aprimaverastes de flores
Pra eu não te manguezá
E eu me veraniei
Pra meu calor te esquentar
Depois me outonizei
Tuas fores desnudei
E serei chuva de beijos
Te molharei de desejos
E serei teu invernar.
Jardel Cavalcante.
Às vezes é necessário deixar as folhas caírem, pois são elas que servirão de adubo para as árvores ao redor. Seja como uma árvore frondosa que não se apega a folhas, galhos, flores e frutos... deixe ir aquilo que não te serve mais, assim você poderá receber as novas folhas, novas flores e novos frutos.
Não há como, num dia como este, em que a manhã já vem pejada de sensações indescritíveis das coisas mais intensas já vividas desde as mais antigas lembranças, decerto tangidas pelos mistérios deste clima de outono em pleno começo de janeiro, não há como, repito, não sentar e escrever a respeito.
(Ar polar, 2013)
Hoje a rua amanheceu sem folhas,
não rolavam mais
no turbilhão de Agosto...
Hoje a rua despediu os sonhos
de coisas caídas
que vagam à esmo...
Pra onde vão as folhas
pra onde vai a poeira
pra onde foi o vento
& o alento do Outono?
Hoje... é o dono das lembranças
marcadas agora desde sempre
no nunca-mais-será
junto a tudo que se foi...
Hoje... tudo sempre vai
para o eterno 'hoje'... só por hoje...
Amanhã & ontem
pertencem aos sonhos
que aconteceram & acontecerão...
OUTRO OURO
nem
cambaxirra sabe a altura
da sua liberdade
y bem vê
transição
em câmara anecoica
sem saber o tom, próximo
dum sussurro-gemido em
pé de orelha - que nunca vai sentir
cheiro de adubo que perfumou cedo
nem sentir moral que castra;
a tendinite que ataca
nem hei de reclamar do tempo
que foi dado aos poucos
sem saber qual dos dois amores
tem + ouro
mas
pra barrar tanto aguadouro
nem só hedonismo há
(Urano em Touro)
cambiar pieles
gozar com cãimbras
arrepiar pescoço
até que
no Cerrado o outono
resfrie
banzo de
cambaxirra
rouca
uivar