Oculto
ALGO ALÉM DA VISÃO
Este bloco de gelo acoberta uma chama;
meu olhar de Saara tem um lago oculto;
algo bom me reside, apesar da má fama,
sou alguém nas entranhas da faixa e do vulto...
Levo muitos pecados, mas mereço indulto;
tenho vida real escondida na trama
do boato e do vero; da ira e do culto;
acharás a minh´alma, revirando a lama...
Quem me quer venha fundo, mergulhe sem cisma;
queira mesmo a verdade, menospreze o prisma,
pra julgar meu melado considere a cana...
Tudo tem fundamento, sentido e razão;
cada cena e cenário algo além da visão;
minha capa de andróide uma máquina humana...
DISLEXIA SOCIAL
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Muitas vezes o amigo oculto em fim de ano, revelado como alguém especial cujas virtudes sublimam os eventuais defeitos, é exatamente o desafeto suportado no decorrer do ano. Aquele sujeito indesejado, cujos defeitos inaceitáveis enterram as eventuais, escassas e questionáveis virtudes.
Não é uma crítica. É um elogio sincero à insondável capacidade humana de assumir a cor do ambiente, o ritmo da música e a filosofia da ocasião. Saber exatamente onde ganha, perde ou empata o que tem para investir no campo das relações humanas, muitas vezes com vistas a um futuro bem próximo.
Mais do que um elogio, é uma inveja de quem nasceu aleijado neste aspecto. Sem esse dom natural e obrigatório à sobrevivência de seres sociais. Alguém que tentou, fez o curso, mas nunca teve sucesso nas provas de única escolha que o mundo aplica nessas horas cruciais.
AFETO OCULTO
Demétrio Sena, Magé – RJ.
Gosto mais de você do que é certo,
mas guardei o gostar só para mim,
no deserto insondável do meu eu
lá no fim do sentido que não faz...
Fecho a dor, é preciso me trancar
pra manter o placebo da presença;
ter o ar que você também respira
e jamais lhe perder pra seus temores...
Não me deixo legível pra você,
quando alguma oração me denuncia
numa linha facial descuidada...
Gosto mais de saber que não lhe tenho,
mas manter meu engenho de quimera,
do que nem lhe sentir ao meu redor...
CÉU OCULTO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Nunca de pecar por não pecar;
sempre fui de colher a flor da pele,
para dar de presente aos meus sentidos;
não ceder aos meus nãos que não são meus...
A minh' alma está fora do meu corpo,
minha mente se doa, se permite,
sem atritos, cuidados e rodeios
que me façam temer ferir o céu...
É o céu que se forma e vem pra nós,
o inferno se ajusta em nossos medos
pra dar voz aos conflitos que nos castram...
Não existo em razão de me guardar,
ser um anjo espremido pelas asas,
ter o ar como esmola pros pulmões...
DESEJO OCULTO
Enche-me de amor, de sorrisos no rosto,
Dos enganos que a vida desfaz...
Deixa-me acreditar em mim, me faz
Sentir o teu cheiro de flor, de gosto.
Beije-me a pele fria a esquentar, sem dor,
O meu coração, a mágoa triste,
Deixa-me acreditar que em mim existe
A paixão eloquente ao seu mesmo amor
Que dizes sentir ao teu peito, oh! Querida,
Ao mesmo tempo, a saudade imensa,
O despertar da minh'alma em tua vida.
Enche-me de esperança ao te encantar
O corpo, a boca, o que sente e o que pensa,
Deixa-me ser teus desejos, o som, o ar.
Rebanhos
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum
No dia brancamente nublado
Entristeço quase a medo
E ponho-me a meditar nos problemas que finjo.
Todos dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma
Acordava.
O rebanho são os meus pensamentos
E os meus pensamentos
São todos sensações
Uma vez amei,
julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Porque sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho de minha altura
Não fui amado
Pela únicagrande razão
Porque não tinha que ser.
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Lado Oculto Comum
Cotidiano
Em
Desordem
Momentos
De
Solidão
Sustos
Tempo
Bestano
Papo
Furado
Destaque
Nenhum
Nenhuma
Atenção
Saudade
Juntano...
Nada
Como ser
Comum
Determinado assunto que é reprimido por parte do repressor é quase sempre oculto por parte do reprimido.
SONETO INFORTUNADO
Nas linhas da poesia cheia de gana
Há sempre um nome oculto a saber
Há, no agitado coração, carraspana
Sensação, que se quis e ainda quer
E, numa poética de emoção insana
Sonha, poetiza, deseja tudo a valer
Os versos rimando de forma profana
Pois, o sentimento fica sem entender
E, se vai sonetando o verso diverso
Título a título, num sentido qualquer
E indigente, se estabelece disperso
Triste versar infeliz, e nunca amado
Menciona quantidade no furtivo viver
Privado, carecido, e tão infortunado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 junho, 2023, 19'00" – Araguari, MG
CHORO OCULTO
Se me escorre bochornal pesar
Da alma inquietada e tão sofrida
Parece-me afliges querendo voar
Dos lamentos desta copiosa vida
E a minha triste cisma dolorida
Em lágrimas opacas põe a rolar
Nas tristuras e do silêncio saída
Não esquecida, insiste em pisar
E fico, cabisbaixo, olhando o vago
No peito o gosto pálido e amargo
E minha emoção duma cor marfim
Assim, eu choro, um choro velado
Ninguém os vê brotar de tão calado
Ninguém os vê arando dentro de mim!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
29, agosto de 2019
Cerrado goiano
SONETO OCULTO
Tua poesia veio a mim. Donde viera?
Que canto? Que harmonia? Encanto
Rima doce: - tão sossegada quimera
De leve compasso verso sacrossanto
Inspiração de furiosa paixão sincera
Magnetizando os meus olhos, tanto
Em cada estrofe, que o ledor espera
A todo a leitura, e a todo o recanto
Ai! eu nunca mais consegui esquecer
A fleuma das trovas que ali exalava
E em cada linha o sentimento eleito
E a emoção subiu ao peito sem conter
Os suspiros, que cada verso provocava
Ah! versar: terno, amoroso e perfeito!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03/04/2020, 22’32” – Cerrado mineiro
SÚBITO REVÉS
Súbito revés de algum sentimento oculto
entre as dobras da frustração em entono
sacode-me, eu tristonho, e no abandono
da solidão, e que na emoção faz tumulto
Mas este terror sombrio e sem indulto
que levo no peito, e a tirar meu sono
apodera-se e se declara agente e dono
do sossego, tirano e vomitando insulto
E eu sinto o árduo suspirar da saudade
preso no encolhimento da imensidade
que me joga na sofrência que me guia
Sinto nada de mim, salvo a sensação
que bate desesperada e com tensão
e que amofina a poética vazia e fria
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/11/2020, 15’04” – Araguari, MG
Sou teu sonho oculto, tua verdade proibida, teu desejo reprimido, tuas lembranças revividas, tua saudade mas sentida, tua tristeza sem sentido, tua mania, poesia, sentimentos e ressentimentos.
Sou teu sorriso ao olhar em meus olhos, tua viajem preferida, a música que mas toca, o verso que mas rima e a prosa que mas gosta. Eu sou o que quiser e o que quiser eu sou pra você !
Não me peça para não senti teus olhos, teu riso oculto, tuas palavras.
Não me peça para esquecer flores, fantasias...músicas tocadas.
Como esquecer olhares, sorrisos, barulho do vento, pingos de chuvas.
Entregas disfarçadas...não quero, nem posso.
Apagar lembranças, deletar momentos, exclui passados.
Momentos são dias que se vão, que se ficam.
São segundos infinitos...são fatos vividos, fotos guardadas !
Minha alma não esconde minha verdadeira face, meus olhos jorram faíscas de verdades...não oculto segredos !
Título: O Lado Oculto do Espelho.
Olho no espelho, mas não me reconheço,
há algo além do que vejo?
A sombra dos dias, o peso dos anos,
um rosto moldado por desenganos.
Se há verdade no reflexo,
porque não me sinto inteiro?
Partes de mim ficaram dispersas,
em olhares, promessas e erros passageiros.
Talvez o espelho não minta,
mas também não diga a verdade.
Apenas reflete o que já foi,
nunca o que sou na realidade.
Lembre-se: Nada está oculto da Onisciência de Deus. Tudo que você trama nas regiões mais abissais do coração está diante dEle. Não existe pensamento ou lugar no universo que seja secreto para Deus.
A vida é preciosa ❣️
Existe uma diferença fundamental entre o que é oculto, relevante e o que não se compartilha, daquilo que esconde, sem valor algum e ainda coloca você em risco.
Elil.RA✨8/24