O que Espera de Mim
Tinha vontade de fazer um embrulho de mim, com papel de seda, lacinho de fita, e mandá-lo pra você. Aceita?
Não caminhe atrás de mim:
Eis que eu não sou nenhum mestre.
Mas também não caminhe na minha frente
porque nenhum líder eu sigo.
Se quiseres, pois, seguir caminho comigo
caminhe apenas ao meu lado,
seja, apenas, meu amigo.
Dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade, não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba nem assim nem agora nem aqui.
Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer, o problema é que essa coisa talvez dependa de uma outra pessoa.
E eu só tenho a mim, eu só tenho a mim, repetiu, voltando a cair sobre a cama. Não posso sentir medo, não devo sentir medo, não quero sentir medo.
O que é certo para você pode não ser o certo para mim. Então pegue seus conceitos sobre mim e leve-os para longe, porque eu não preciso deles. Sei dos meus atos, conheço meus erros, e saberei agir sozinha com as minhas próprias consequências.
Guarde essas pedras que você insiste em jogar em mim para alguém que não tenha uma muralha inteira para se defender, ok?
Houve neste mundo casamentos mais fabulosos, cerimônias mais memoráveis, mas para mim o nosso é o mais lindo, por que apenas nele celebra-se a união de nós dois.
Tenho contra mim as pessoas dotadas de opiniões – quer dizer, as pessoas que se confundem com as opiniões que lhes ocorrem; as pessoas dotadas de convicções e fés.
Mas eu me distingo das minhas, e isso é quase o que me define. Sou aquele que não é / não sou / o que lhe ocorre.
Embora às vezes grite: não quero mais ser eu!! mas eu me grudo a mim e inextricavelmente forma-se uma tessitura de vida.
Tudo é expressão.
Neste momento, não importa o que eu te diga
Voa de mim como uma incontenção de alma ou como um afago.
Minhas tristezas, minhas alegrias
Meus desejos são teus, toma, leva-os contigo!
És branca, muito branca
E eu sou quase eterno para o teu carinho.
Não quero dizer nem que te adoro
Nem que tanto me esqueço de ti
Quero dizer-te em outras palavras todos os votos de amor jamais sonhados
Alóvena, ebaente
Puríssima, feita para morrer...
É que tudo o que eu tenho não se pode dar. Nem tomar. Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão está misturada à minha essência...
Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você.
Não é me dominando assim
Que você vai me entender.
Eu posso estar sozinho,
Mas eu sei muito bem aonde estou.
Você pode até duvidar.
Acho que isso não é amor.
O vício consistia para mim, no hábito do pecado. Ignorava que é mais difícil ceder só uma vez do que não ceder nunca.
Devo esclarecer que, para mim, piscar é uma espécie de vírgula que os olhos fazem quando querem mudar de assunto.
Não dependo da aprovação de ninguém.
Não ajo para obter reconhecimento, à espera de uma palmada amistosa nas costas.
Não preciso do exterior para me sentir completa.
Sei quem sou e não quero transformar-me no que não sou.
Sou o que sou e não pretendo ser outra além de mim.
Basta.
Amo verdadeiramente os outros, e, não tendo que o provar, andei a deixar fugir de mim esse sentimento. Responsabilidade minha. Consequências por minha conta.
Não posso e não quero viver isolada porque a minha vida e a vida dos outros estão ligadas por uma mão invisível que aumenta o meu carinho pelo mundo e o meu respeito por todos, que une, que fortalece, que tudo alimenta e que vive no coração de cada um de nós: o amor.
Sou amada. Escolhi viver em amor. E nada espero em troca.
Eu escolhi fazer o bem. E, sem deixar de valorizar as qualidades que já tenho e de procurar as que ainda desejo, continuarei a doar-me aos outros - como já o fazia inicialmente - congratulando-me com o seu sucesso, oferecendo o meu tempo a quem dele necessita, familiares, amigos ou colegas, e continuando a criar o hábito de estar e de conviver. É assim que sou consciente e que me identifico, restaurando a minha mente todos os dias e a cada manhã. Acredito em mim. Acredito no amor.
Dentro de mim existe uma criança interna que só conhece a bondade e o amor, e, em cada célula do seu ser, um ponto de luz que aceita as suas fraquezas e as suas limitações, tornando-o completo e amado, NÃO PERFEITO, mas dotado de humildade e de gratidão para a compaixão de si e dos outros.
Medito sobre as críticas tecidas à minha pessoa e respeito os concelhos que me são dados, mas não como se fossem absolutos e imutáveis, pois só a mim cabe a responsabilidade, natural e constante, de abordar a vida nos seus mais variados desafios, com entendimento pelos meus sucessos, pelos meus fracassos, pelas minhas alegrias, mudanças ou prosperidades, pois os meus olhos tudo registam, e é na simplicidade que os meus valores e os meus propósitos se satisfazem.
Agradeço, do fundo do coração, todo o contributo que me deram e dão.