Névoa
Do nada, a névoa cinza e densa,
Cavalga nas asas leves do vento sutil,
O vapor da alegria condensa,
Cai aos pingos no vale sombrio.
Há entre mim e o mundo uma névoa que impede que eu veja as coisas como verdadeiramente são — como são para os outros.
Sinto isto.
INVEJA
Essa névoa densa e negra chamada inveja que paira em sua aura não ofuscará o meu brilho, por que eu sou una com Deus. O meu dom vem Dele. Deus deu um Dom a cada um de seus filhos, se você não sabe usar o seu ou não valoriza o que Deus lhe deu, não venha ofuscar o meu.
"Sumir-me-ei entra a névoa, como um estrangeiro a tudo, ilha humana desprendida do sonho do mar e navio com ser supérfluo à tona de tudo”.
(Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa (PDF))
PEREGRINOS
"Peregrinamos quebradiços por fornalhas eletrocutadas,
Desvencilhamos o momento da névoa alargada
Tocando o mastro que a perturbou,
Reprimimos o solstício da primícia-irmã do ouro
No retro porto aleijado por nossas empalações,
Contorcemos uivos por tábuas de aliteração,
Invadimos nossos próprios atolamentos
Desaviando embates órfãos de propagação."
CAROLINE PINHEIRO DE MORAES GUTERRES
Caminhas pela névoa espessa
Minha doce e pequena infante
Delirando de sonhos na véspera noite
Coletando orvalhos sem pressa
Uma singela viagem se fez
Partindo para sonho desconhecido
Para voltar somente um de cada vez
Os passageiros sinistros do barco temido!
Eis o convite da donzela misteriosa
Traz consigo o canto lúgubre da sereia má
Confunde os navegantes do lago
Com sua aparência inebriante e formosa
Quero apenas sonhar com um lindo momento
O pesadelo dissipar quando a manhã chegar
Poder voar na asa sagrada do vento
E lá de cima ter o desejo de te amar!
Na Ilha do Poderá, as piores constatações são encobertas pela névoa de suas próprias calamitosidades.
ELA VOLTOU... A GAROA VOLTOU NOVAMENTE...
Hoje o sol surgiu na Capital paulista, meio tímido, mas ao menos apareceu, porém, não ficou muito tempo e se escafedeu, encoberto pelas nuvens ameaçadoras. A senhora que aguardava o ônibus desdenhou: " - Quem tem medo de nuvens? Eu temo trombadinhas motorizados." Ergueu o queixo, cruzou os braços e me deu as costas. Respirei fundo, resisti alguns segundos, contando até 10. E respondi: "Quem não tem guarda-chuva tem medo de chuva. Quem tem celular tem medo de trombadinha. Assim caminha a humanidade, nesta cidade. Sem dó nem piedade, pro marginal tua vida vale a metade." Ela se voltou, soltando chispas pelo olhar. Felizmente o ônibus chegou e ela se foi. E eu fiquei a relembrar os anos 50, 60, quando no outono e inverno a névoa úmida dominava as madrugadas. O sol só aparecia depois das 9 horas. E pontualmente às 15 horas a garoa se apresentava, por vezes seguida de densa neblina. Bons tempos. Mas este ano São Pedro nos pregou uma peça: o verão veio fantasiado de outono-inverno. Será a nova moda?
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Às vezes, aparece a nossa volta,
uma névoa formada
de nossos problemas
e inseguranças
que embaça a nossa visão
ocultando as atuais bênçãos
e as preciosas lembranças,
na mente, vira um caos,
amargos instantes de confusão,
mas o que nos conforta
é que é temporária,
a nossa Fé em Deus,
como os ventos do outono,
pode soprar com força
e mandar toda a neblina embora.