Neblina
Amar-te é como caminhar na neblina,
Onde cada passo se perde na dúvida,
Teu coração, uma bússola sem linha,
Que gira e gira, sem saber a medida.
Te vejo e não sei se sou tua, se sou minha,
O teu olhar, entre certezas e ausências,
Flutua como as ondas de uma maré vã,
Que vai e volta, sem fazer promessas, sem crenças.
Dizes que me amas, mas há uma sombra no gesto,
Uma hesitação que me dilacera e me cega,
E a cada toque, a cada abraço, me pergunto:
Será amor ou apenas o medo de se entregar que se apega?
Te busco nas palavras que não dizes,
Nos silêncios que se arrastam entre nós,
E me encontro em uma dança de indecisões,
Onde somos dois, mas às vezes, somos só vozes.
Amar-te é esperar na beira do abismo,
Com a esperança de um salto que nunca acontece,
É sentir a dor do que poderia ser,
Mas nunca foi, porque teu medo não esquece.
E eu, que te amo sem saber o que esperar,
Me pergunto se o amor é algo a ser vivido ou apenas sonhado,
Pois amar uma indecisão é quase morrer sem respirar,
É ser solitário, mesmo ao lado, e ao mesmo tempo, apaixonado.
Não sei o que sinto, é um peso sem forma,
Uma neblina que abraça, mas não se conforma.
É um vazio estranho, sem rosto, sem cor,
Uma dúvida mansa, que pede mais amor.
Às vezes, é frio, um silêncio profundo,
Outras, é calor, como se fosse o mundo.
Sinto algo, mas não sei o que é,
É como um eco perdido, que se esquece de ser.
Não sei se é raiva, se é tristeza, se é medo,
Ou se é apenas um misto de tudo, sem enredo.
Sinto sem saber, no corpo e na alma,
Uma confusão que me toma, sem dar a calma.
O que é esse sentimento que me escapa das mãos?
É uma ausência presente, cheia de questões.
Não sei o que sinto, e talvez nem precise saber,
Talvez seja apenas viver e deixar acontecer.
pesadelos me buscam antes mesmo de eu dormir
oque eu ando fazendo por aqui?
a neblina é espessa, densa
num dia onde a noite é fria e tensa
fico com essa emoção tão intensa
e escrevo, transcrevo, esse sentimento sem relevo
RECIFE NUBLADO
Fortes chuvas, mês de junho.
Na neblina, amanheceu.
Onde é que está o Sol?
Ele desapareceu.
O céu todo acinzentado
de um Recife nublado
que o tempo esqueceu.
Se você ficar muito tempo distante da sua essência, os problemas te abduzirão como neblina em uma floresta encantada.
Quando Você Se Partiu
Quando você se partiu sem mim,
O silêncio se espalhou como uma neblina fria.
Fiquei preso no vazio do adeus não dito,
Enquanto você, talvez, descansava perto de um jardim.
Com as flores, seu descanso encontrou morada,
Como se a beleza suave da natureza
Carregasse o peso da sua ausência
E fizesse da sua partida algo eterno e sereno.
Morreu, não só você, mas algo em mim também.
Um pedaço do que fomos, do que sonhei ser,
Se apagou nesse instante, deixando apenas saudade
E um campo de memórias que florescem sem cor.
Quando penso em você, sinto amor crescendo no peito,
Como um arrepio que percorre a alma sem aviso,
Trazendo lágrimas aos meus olhos
E a vontade urgente de te abraçar de novo,
Só para ouvir o som da sua voz mais uma vez,
Como se nela habitasse o consolo que procuro.
Mas você não está, e eu fico aqui,
Tentando encontrar no silêncio o eco do seu abraço.
Névoa encantada que cobre a campina
Doce neblina que mergulha no mundo
Bruma ancestral que chega de longe...
Tragam de volta a sabedoria antiga
Que move montanhas
Acolhe e ensina
Que abre caminhos
Que a vontade domina!"
Sino de bronze e neblina em prata, Ouro Preto.
O Trabalhador vende sua própria mercadoria, seu corpo, e se aliena na produção daquilo que não lhe pertence. Não pode vender sua alma e ser humilhado, se a escravatura não é má, nada é mau.
Estamos livres ? Não, as feridas não cicatrizaram e escravatura não foi abolida, na verdade ela foi generalizada, só que sem chicote.
A liberdade é a possibilidade do isolamento, se te é impossível viver só, nasceste escravo.
Hoje, 8 de Julho, o povo brasileiro celebra o dia do aniversário da cidade de Ouro Preto, talvez não a Abolição da Escravatura no Brasil. Eu sinto na pele o que é ser um negro... Eu me sinto muito bem, obrigado". Melhor um latifúndio de falas do que um deserto de ideias
Parabéns, Ouro Preto -Minas Gerais, pelos seus 310 anos.
“Fog” no cerrado
A neblina guarda
a fria madrugada
e o cerrado se enfarda
em candura delicada
Ela vem de tão distante
sobre os galhos tortos
vibrante,
pensamentos absortos
e vai adiante...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 maio de 2024, 04’50” – Araguari, MG
TRAGÉDIA
É a tragédia, bardo, desta vida
neblina que na manhã embaça
solidão com desleixo sem graça
que na agonia sem dó é erguida
É gemido que na dor favorecida
por tristuras n’alma em carcaça
um choro, um sonho de fumaça
sulca ufana, e devora destemida
É reza, enfim, que na pobreza
da fé, numa carência generosa
olha aos céus com certa frieza
Mas ter desilusão, tão gulosa
na alegria, é prosa sem defesa
ao fado traz frustação furiosa
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12/ outubro, 2020 – Triângulo Mineiro
Inverno e tempo ruim;
Nuvens, Neblina, chuva.
Não importa, sempre sairei pra caçar.
Ursos da caverna , elefantes brancos, diabretes da montanha;
Mas logo no início de minha aventura me deparo, nas margens do rio Del Wine, com a maior e perplexa visão das ultimas caças.
Camponesa, mediana e com cara de perversa.
Lábios tendenciosos, vestido de linho, mas parecia vestir suas próprias veias;
Pele branca e macia como neve.
Corpo divino em curvas, mas perplexo e curioso que pista de rally dakar.
Aproximavam-se com olhos assassinos e aconchegantes, passos de sereia como se tivesse acabado de ganhar pernas, como se implorassem para eu cair de joelho de tanta força que me desprendia.
Malditos cabelos de fogo, arrancavam as nuvens do céu e a neblina do ar.
Ardia minha pele em reflexos pontiagudos como lamina;
Derrotaram-me em cada passo que se aproximava.
Afinal, contra o que estou lutando?
_Acorda desgraçado! Quem é esta tal de camponesa?
_ Eu acho que estava sonhando. Por que?
Adoro as nossas terças feiras, nestas manhãs pela neblina com o nascer do sol à beira rio/mar e pelas planícies das lezírias, suspirar ao teu ouvido poeticamente com carinho e passarmos as nossas línguas pelos nossos corpos húmidos e excitados de tanto prazer e beijar-nos como se fossemos poemas recheados de paixão e aventura. E durante as madrugadas como entrelaçavamos os nossos corpos pelas estrelas e pela natureza e adoçar-mos as línguas gostosamente nas taças de vinho e sorrindo com poesia e amor para o mundo e para o universo
Nasce um novo dia e nos reparamos com uma rosa rara que nos faz sentir o cheiro da neblina e da natureza e que nos leva até ao seu encanto interior do seu coração. Os seus lábios carnudos e dóceis como o mel a florescer.
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos.
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras e sonhos e desejos.
És bela como um poema cheio de letras a cair pelo teu corpo até à tua essência rosa rara.
O peso do medo
Dizem que há sombras na esquina,
sussurros frios na neblina,
olhos que espreitam na escuridão,
mãos que apertam sem compaixão.
Tranque as portas, feche o peito,
dobrem-se ao fardo do preceito.
Há sempre um monstro à espreita,
um castigo para a alma imperfeita.
No deserto, a voz bradou:
“O mar se abre a quem rezou!”
E os que duvidam, sem piedade,
são tragados pela tempestade.
Na fogueira, a chama dança,
queima o corpo, apaga a esperança.
A fé impõe o seu decreto:
“Negue-me e prove do inferno certo.”
Coroas brilham, aço brande,
o medo cresce e nunca expande.
Pois só se vê o que convém,
quem dita a lei nos faz refém.
Um novo rosto, um novo nome,
sempre há um lobo em meio ao homem.
Ora justiça, ora nação,
ora inimigo, ora oração.
E assim seguimos, sem acerto,
livres no corpo, presos por dentro.
Grades que o tempo não desmancha,
o medo pesa... e nos amansa.
Minhas mãos entre as suas
sob a tênue neblina
incensando o cálice da noite
sua voz insistia
antes de ouvir os meus passos
ouvirás primeiro a acústica de silêncios
dos meus rastros
das palavras que deixarei
cair pelos caminhos...
Abraça a tranquilidade do amor,
Que te faça sentir bem vivo,
Removendo toda a neblina,
Navega em águas mansas,
Entregando-se de vez ao desejo,
Que cresce dia após dia;
Não desiste, e no peito cadencia
No ritmo das ondas do mar...,
Esse amor existe, e ele não vai passar.
Ninguém me contou,
Você virá ao meu encontro,
Eu te sinto, e nos pressinto,
Brindando como reis a tua vitória;
Não duvide, faremos história.
Você não precisa me contar
Confias em mim
Ao ponto da tua vida me dar
De tanto me adorar
Em raios de luar e me ver
Sempre e em todo o lugar.
Esconde o teu olhar cor de mel
Tímido no meio da neblina,
Sabe, meu amor, a vida ensina.
Esconde o teu olhar cor de mel
Lindo no auto da compadecida,
Sabe, Ariano sempre é poesia...
Esconde, mas não me falte
Este olhar infinito;
Carregue-me para o jardim protegido.
Onde eu possa olhar para nós
No espelho do riacho,
Bem mais do que íntimos...
Ah se eu fosse a neblina, na escuridão da madrugada, no por do sol em dia de eclipse...
Ou o vento que soa nas asas da águia trazendo você para mim ...
Já que não posso ser a águia para ir ao teu encontro; eu te fiz poesia que no meu coração se aninha; ... Vou fazendo rimas do avesso ao direito
Só para eu ter o direito de chama lo de vida minha !
Rodeio no Inverno
A neblina acaricia
com máxima poesia
o Médio Vale do Itajaí,
Rodeio no Inverno
ao som das músicas
das minhas origens,
com café fresco e pão quente
oferece tranquilidade
que acaricia o coração da gente.