Não pelo Bico do Bípede
Tem ser humano que fica no seu mundinho, igual filhote de passarinho no ninho; de bico aberto reclamando e esperando tudo na boquinha.
Amor não é fogo de bico de gás, amor é fogo de carvão, volta e meia você precisa alimenta-lo, para não apagar.
Como carne picada no bico de uma águia, assim será o homem que tira a vida do próximo em detrimento de sua maldade.
Quem mete o bico limpo dentro de sua própria casa não vai para fora, marcando patas sujas nas casas dos outros.
Num mundo de amor e paz, eu vi uma pomba branca, com um raminho no bico, o seu voo era tão rico, a sua pose era tão franca... Voou como uma alavanca, com dez pombas logo atrás, ela disse-me que é capaz de pôr fim ao mal do mundo, para que o bem seja profundo, num mundo de amor e paz.
Peculiaridade de cegonha e pelicano, com traços românticos da garça
Cisca pelos cantos, balança a cabeça com graça
Rostro opaco, amplo e estirado
Servido por jia, crescido em céus pairado
Palúdico charme do centro africano
Pátria minha morada, meu éden arcano
O dissabor que nós cerca leva pela raridade
A penúria da raça a obliteração da variedade
Do rex, dinossauro imponente singular
Que por tanto cinza e formosura a contemplar
Torna essa ave que mais parece do período cretáceo
Uma lenda exemplar um insólito eráceo
Desfruta afabilidade também o terror de seu desfecho
Reflete em seus olhos o amor inocente da bela fera em seu nicho
Que espera nada mais que o respeito por sua singularidade
Que não só ela como outros que evadem o fim tenha a paz pela eternidade.
Eu gosto dos beijos da alma.
Daqueles que não se limitam aos lábios.
Daqueles que fazem até o coração fazer bico.
Alva, alva com o vermelho a lhe escorre.
Alva, alva com o vermelho a lhe escorre,
Pede socorro,
Á aqueles que amam viver.
E no bico carrega
A fonte verde, o renascer.
E em suas entranhas habitam
O equilíbrio, o saber.
Vem de seu coração
Nobre som
Valsa infinda
Ritmo da vida
Escore-lhes pelos pés
A luz do alvorecer
E de seus olhos emanam
O sonho de cada ser.
Alva, alva com o vermelho a lhe escorrer.
Anseia por ajuda
Para restaurar seu poder.
Alva, alva é assim que tem que ser.
Enide Santos 16/08/14
Nosofobia
Vê se você para e pensa
Ter ciúme é uma doença
E eu sofro de nosofobia
Sua descrença é uma dor intensa
Uma incurável alergia.
Nosso amor caiu em crises
Sem cairmos em deslizes
Ficas de bico, só porque passei da hora
De papo e chope eu não abdico
Passa o tempo, lá eu fico
E isso assim demora.
Como é que eu posso, me diz
Ao lado teu ser feliz
Se teu ciúme, é demais, demais!
De tudo você se queixa
Mas nem lucrando me deixa
E ainda leva minha paz. A minha paz!
Vê se você para e pensa
Ter ciúme é uma doença
E eu sofro de nosofobia
Sua descrença é uma dor intensa
Uma incurável alergia.
Quem ama, em seu bem confia
Qual um cego no seu guia
Não fantasia que o outro pula a cerca
Não dou motivo para ser tratado assim
Se você gosta de mim
Se encontre e não me perca.
Como é que eu posso, me diz
Ao lado teu ser feliz
Se teu ciúme, é demais, demais!
De tudo você se queixa
Mas nem lucrando me deixa
E ainda leva minha paz. A minha paz!
Escrevo só,
Para problematizar,
O problema que não tem solução,
A solução que está perto,
Como o bico da caneta,
Que agora beija e lambe,
O papel imoral,
Que aqui continua,
Concordando com cada mentira,
Cada verdade,
Ouço,
Alguém batendo na porta,
Do tronco oco,
Noutro dia,
Era amarelo,
Agora é outro,
Preto,
De topete vermelho,
E o lenho cede,
Esfarela,
Com a força do machado bicudo,
Contradizendo tudo,