Muros
Derrubei os muros da mentira...
Apaguei os gestos sem luz...
Retrocedi aos limites do grito...
Ainda persisto e estou aqui...
Tantas coisas desapareceram...
Outras tantas por vir...
Ardem em meu coração as estações...
Ainda persisto...
Estou por aqui...
A minha esperança jorra...
Diante os dias impotentes...
Onde a massa de gente...
Finge estar contente...
Arrebato à morte essa triste visão da vida...
E esse fogo que me arde...
Clama em meu peito, sem alarde...
Persista...
Ainda está por aí...
Sandro Paschoal Nogueira
malmequer negro
percorro pulsante o corredor
de pés mudos como muros
ergo o intransponível crânio
nascendo e dormindo prescrito
adio a translúcida sibilância
malmequer fulgente e negro
que levo ao peito como um sabre
recito pelo adejar rítmico dos lábios
salmos rituais ossos barro pó
fulgurante translação das veias
arde-me o míope sangue vertical
escorrendo pelo lantânio e lutécio
hei-de criar pedra sobre pedra
farei da luz dois vítreos ciclopes
pousarei nos pilares de hércules
a incorpórea maldição dos deuses
e levitando andarão as testas
dos homens e deuses
dos deuses homens
sit tibi terra levis[1]
requievit in pace.[2]
[1] que a terra te seja leve
[2] descansa em paz
(Pedro Rodrigues de Menezes, "malmequer negro")
Sozinha no escuro sem ninguém para te proteger. Nada do lado de lá dos gigantescos muros... O que você pode fazer?! Os teus olhares fixos para as sombras do além! As tuas trêmulas mãos segurando um crucifixo... Não há anjos. Não há ninguém. É somente você por você mesmo. Então diga amém! O vento uiva incessantemente, as folhas balançam em árvores tortas... E tudo fica estranho e sombrio de repente. Algo pertuba ainda mais a tua mente. O vento faz estremecer as janelas, bate a porta, sacode as cortinas... Lá fora em meio a neblina você vê uma aparição - É uma imagem tua no corpo de uma virgem morta. Um grito no escuro... sem ninguém para te proteger! Nada além dos muros! O que você pode fazer?! Passos na sala. A noite se cala. Na parede uma suja e torta cruz. Na mesa descansa um castiçal e um antigo rosário... Através de um espelho enigmático que ao além te conduz por um caminho longo estreito e solitário você tem um deslumbre e vê um raio de luz - um momento imaginário! Noite macabra de lua cheia! Rasgaram com garras afiadas a tua fetida mortalha. Um sangue negro agora emana das tuas gélidas veias. A praga da noite rapidamente se espalha por entre almas assustadas e cheias de falhas. Vagueia um ser obscuro atrás de você! Sozinha no escuro sem ninguém para te proteger!? O que você pode fazer?!... Cansada de correr, o teu corpo cai ao chão. Quem vai te proteger?! Quem vai lhe dar as mãos?! Chuva, raio, trovão... O que pode acontecer?... A tua face parece que envelhece a cada segundo... A tua alma emudece como se você estivesse em um sono profundo... Recolha as tuas flores...Recolha as tuas dores E vá para o teu leito vazio! - Onde tudo é ainda mais estranho e sombrio! Não há para onde correr!... Você não pode se esconder!... Quem vai te proteger!? O que você pode fazer!?...
Não construa muros em seu coração. Tudo o que fizer, sempre faça com amor. Ponha as asas contra o vento, não há nada a perder.
Os muros invisíveis construídos por questões socioculturais, afastam o intelecto, ainda que os corpos se fazem presentes.
O amor ego não se sustentam
por muito tempo...
Ao invés de eu construir muros do orgulho
Prefiro erguer pontes e estreitar laços
Minha vida
Paredes brancas.
Muros desbotados.
Céu nublado.
Sol apagado.
Há um aconchego pairando no ar.
Está tão fácil respirar...
Ando pelas ruas vazias.
A chuva que passou tudo lavou...
Tudo levou.
Entrelinhas da vida.
Em poucas palavras resumida.
Há risos
Melhor sinfonia da vida.
A tristeza que vigorou ontem foi apagada... esquecida.
Ressignificada hoje a minha vida.
(A triste distância do amor)
Mais que os Quilômetros,
Mais que os rios,
Mais que os muros também,
Mais que as limitações físicas,
Mais que o contraponto de ideias,
Mais ainda que a covardia,
Mais que tudo isso,
O que nos separa,
O que nos impede,
O que nos embarga,
É simplesmente a dura e pesada mão do destino.
Ainda que moras ao Sul,
E eu vá ao seu encontro,
Pareces ir ao Norte.
Ainda que estejas ao lado,
O lado ganha distâncias inalcançáveis.
Ainda que pareças estar debaixo do mesmo teto,
Esse teto se tornar o céu,
Tão gigantesco e vasto,
Quanto o amor que sinto por você.
Há flores pelo caminho.. e espinho nas calçadas... Há pedras por todos os lados e existem muros, existem pontes e existem asas .
Você não escolhe o caminho... Mas pode escolher como superá-los...
"Não precisamos construir muros para reafirmar nossa intolerância e nossa incompetência de conviver em sociedade. Precisamos erguer pontes para chegarmos até o outro, sem medo de compartilhar nossa humanidade"
O importante não é que eu veja beleza nos muros ou nas estradas do oásis; o mais importante é que eu encontre beleza nas pessoas e na vida das pessoas!
Muros
Os muros podem dividir nossas dores mais íntimas?
Colocar um muro para separar nossas dores mais íntimas, não resolverá os desapontamentos que a vida nos oferece. Seria o mesmo que desprezarmos nossos sentimentos indesejados. Lembrando que são estes que nos fazem crescer e despertar para a vida, e nossa existência.
Deixar isso tudo, atrás do muro com a intenção de evitar que outras pessoas possam ver, e queiram nos ajudar com suas conversas de consolos, seria o mesmo que expor as nossas atitudes de resistências a aceitar e escutar as verdades ditas em determinadas situações de nossas vidas.
Quando estas verdades a nós são ditas e nos pegam desprevenidos, fragilizados e desprotegidos não permitimos a entrada de mais ninguém junto a nossa dor. Preferimos ficar do outro lado do muro, mas, sempre vigiando, e se possível colocando um tijolinho a mais para não enxergarmos a nossa tristeza.
Enquanto os muros criados entre as diferentes religiões não forem derrubados, esse mundo jamais alcançará a paz.
Não é fácil demolir os muros construídos por milhares de anos entre as religiões. Entretanto, para chegar a um mundo pacífico, é inevitável que esses muros sejam demolidos.