Mudar de Cidade
Todos nesta cidade fingem ser tão perfeitos, sempre doces, sorridentes, serenos, e quando a vida explode, temos que fingir que tudo continua bem?
Espalhamos amor sobre os cantos de uma cidade desamparada pela paixão, sem querer nos deixamos atingir pela chama da ternura e acabamos presos num coração cheio de candura.
Caminhar
A caminhar pela cidade vou
Pelo caminho, pessoas venho a encontrar
Em cada rosto existe um olhar.
Em alguns rostos eu via a tristeza no olhar
Em outros, eu via a saudade
Que doía tanto quase a matar.
Em poucos vi a felicidade
Que eu vagamente procurava encontrar,
Felicidade, esta que a tristeza escondia.
Alguns logo que eu passava de dor
Começava a chorar, mais ali eu pude ver como eu era infeliz sem saber.
A Felicidade que eu tinha,
Era uma máscara que a tristeza escondia,
Para que não pudesse perceber.
Eu não sou daqui
Ainda me perco nesta cidade.
Um caminhar descalço que ferem
os pés da alma.
Não me acostumo com esses monstros,
Cheios de gente, iluminados, imponentes!
Sou das montanhas de Minas. Lá ficou
Morando minha infância,depois que vim
Para cá,correndo nos terreiros, subindo
Os manguerais, driblando as carreiras
De café.
Lá ficaram minhas despreocupações,
No colo de minha avó, no banco da cozinha.
Aqui tem gente demais; têm pedras demais...
Corremos demais, buscamos demais, e
Nos perdemos.
Eu vejo uma cidade bonita, e um povo radiante, que logo ressurgirá do abismo. Eu vejo vidas, pelas quais dei minha vida, tranquilas, úteis, prósperas e felizes. Eu sinto que sou bem-vindo em seus corações. É uma atitude melhor a que tomo agora, a melhor que já tomei, é um descanso muito melhor para o qual me vou. O melhor que já conheci... Trancas podem ser trocadas, mas talvez não devam. Só desta vez...
O poeta
O poeta viajava pela vida e fez pousada em uma linda cidade.
O mesmo se encontrava triste, pois a solidão, era companheira de muitas jornadas.
Parou em frente à um jardim, onde havia belas flores e dentre estas,uma que lhe chamou a atenção.
Era a flor em forma de menina,uma menina flor, linda menina.
Tal menina, possuía o mais lindo sorriso,daqueles que faz qualquer um perder o juízo.
O seu perfume era alucinador e sua beleza, era tão bem representada em suas frágeis pétalas,que arrebatava o poeta a uma outra dimensão.
O poeta então se apaixonou pela flor menina e resolveu mudar-se para o jardim onde esta habitava.
Desde então,a flor o inspira nessa difícil caminhada e adaptação.
O poeta e a flor, no palco dessa vida, vivendo e aprendendo o significado de um grande amor.
Lourival Alves
...e era tanto movimento naquela cidadezinha.! Para mim, ela era a maior cidade de todas as cidades pequenas que eu conhecia, .
Nas lojas, nas ruas, na praça, por todos os lugares, havia gente. Pessoas passeando, outras trabalhando, Era muita gente.
Havia lojas de roupas, calçados, bares, praça de táxi, postos de gasolina, vendedor de abacaxi, melancia, mexerica, e crianças; uma dezena de engraxates. , Carros, carroças e Caminhões,q viam da zona rural, abarrotados de gente, .Tanta gente" parecia uma revoada de pássaros. Viam fazer suas compras, passear. Elas usavam sua melhor roupa, seu melhor calçado. ,Andavam pela cidadezinha, com aquele sorriso de felicidade. Naquele tempo as pessoas se conheciam, sabiam escutar...sorriam. Verdade, as pessoas sorriam!. Até se abraçavam.
.
E as noites? Ah, as noites eram maravilhosas! Depois de um banho com sabonete de cheiro. Uma brilhantina no cabelo, um lenço no bolso, um pente flamengo, e dá-lhe cinema, depois pracinha , brincadeira dançante, namorar de mãos dadas. .
e se não bastasse tudo aquilo, vez ou outra, vinham aqueles circos e armavam aquelas estruturas mágicas de onde saiam todo tipo de fantasia.,os palhaços, globo da morte, trapezistas,tinha show de teatrinho. Vinham, também os parques de diversões com seus brinquedos: roda gigante, balanço, tiro ao alvo, barraca das argolas, martelo, e mais uma infinidade de coisas maravilhosas, isto, sem falar nas músicas que saiam dos seus alto falantes, meio fanhosas, e que alcançavam todas as casas da pequena cidade, levando suas alegrias. Por onde andam aqueles dias ? Eles, quando ia
SIMPLES ASSIM.
Muita gente da cidade
que nunca foi no sertão
acha que a felicidade
é pra quem tem aquisição
pra se feliz de verdade
basta ter simplicidade
e muito amor no coração.
Vocês pareciam tão pilhados quanto eu
Ríamos de chorar
O carro parado, rodava a cidade
A mais de 140 km por hora
O vento da madrugada repuxava o rosto desconfigurado
No vidro da janela, o reflexo de mim mesmo
Me acompanhava feito sombra
Agarrado pelos pés de um solo infinito que ruia
Íamos, íamos, íamos e nunca chegavamos
Duas e dezenove, 2:19, três, duas e dezenove
Eita, que p**** é essa?
Diga-se de passagem, mas estavam todos lá
Um a um iam se apresentando
Música, olhares, toques e sorrisos
Complexos, incertos, oportunistas, poderosos eu diria
De fato aquilo tudo era ridículo
Mas foi tudo que ficou, desde o princípio
No primeiro golpe
Fugimos no estalo do recado
Leves, tão leves, que voavam, flutuavam
Não parecia certo, mas era bom
Muito bom pra ser verdade
E não era
Ninguém Alcança méritos sem um constante esforço, como não se pode chegar á uma cidade se você volta do meio do caminho, Persista!
Você na minha cidade
O Rio fica mais bonito
Porque sempre onde você estiver
O lugar se torna o paraíso
Os que moravam longe da cidade
levavam meses para registrar os filhos recém-nascidos
e, igualmente, demoravam para terem seus nomes definidos.
Eu não fugi à regra: Nascida em parto gemelar com Ciro,
o menino ansiosamente esperado, não cogitavam nomes de menina
e muito menos que viessem gêmeos,
visto que já tinham Marli, uma menina de cinco anos.
Como era de praxe queriam nomes que combinassem.
Cogitaram Maria e Mário, João e Joana, Karl e Katia...
mas o nome sonhado para o menino era "Ciro"!
Formou-se o impasse! Que nome dar à menina?
Dessa forma fiquei mais de meio ano sendo mencionada como "a nenê".
Não mais que de repente, Dona Amélia, uma moradora de uma chácara próxima, apareceu, providencialmente à hora do almoço,
para visitar, segundo ela, "os geminhos"!
Entre um pedaço de frango assado e outro, ela faz a pergunta fatal:
"Dona Maria( Marichen), como é o nome dos geminhos"?
Ao que mamãe responde: "O nome do guri é Ciro,
a menina ainda não tem nome".
Como que tendo uma ideia fenomenal dona Amélia grita:
"CIRLEI", Ciro e Cirlei, combina"!
E assim foi, algum tempo depois registraram-nos
e em seguida, o Batismo, realizado num domingo chuvoso,
no Templo Luterano, pelo pastor Fughmann,
recém vindo da Alemanha que num português péssimo disse:
"Kiro e Kirlei eu vos batizo em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, amém.
Quanto ao Cika? Fica para uma outra longa história.
Cika Parolin
A noite que não amanheceu
O Ano é 1945 a cidade Hiroshima-Japão, crianças brincam nas ruas, casais se amam em suas residências, na sala um homem sentado no sofá assiste o último noticiário do dia enquanto sua esposa termina de lavar o resto de louça suja que sobrará do jantar, no relógio já se marca 22h00min PM horas, as ruas em silêncio, um frio percorre todas as ruas iluminadas pelos postes de luz amarela sendo possível ver apenas andarilhos e moradores de rua vagam pela noite, faz-se frio na cidade, tão frio que começa a nevar, uma menina mostra a sua mãe algo voando no céu e lhe pergunta, mãe, aquilo é um avião? Uma estrela? O que é aquilo? A mãe sem ter ciência diz à sua filha que se trata de uma estrela, a criança então fica admirada com tal brilho até que de forma repentina o grande brilho vem em direção à criança e num piscar de olhos a mãe vê à sua filha tendo seu crânio dilacerado, um grande cogumelo de fumaça tomará conta da cidade e seus arredores, o relógio já marca 02:00 AM, todos os postes perderá sua energia, as televisões se apagaram e todos saíram nas portas de suas casas para verem o que estava acontecendo, mas o impacto foi tão grande que todas as famílias foram destruídas em questão de tempo e até hoje alguém pergunta e quando amanheceu? Bem, a partir desta data, nunca mais brilhará o sol naquela cidade, ficando conhecida então como a noite que não amanheceu, o relógio nunca saiu das 02h00min AM pois o céu se tornará cinza para sempre.
Relato de um sonho
Retratado na bomba de Hiroshima
Nestes dias em que a chuva umedece a rua e o céu escurece, observo a vida na minha cidade.
As luzes até ascendem brincando de anoitecer.
Com a chuva intensa sinto medo de temporais, enchentes, tragédias naturais...
Na juventude em dias de chuva a gente se divertia pisando descalços nos atoladores das ruas.
Era lindo acompanhar a emoção das crianças pisando no barro pela primeira vez.
Anoitece.
Agora há o espetáculo das luzes dos veículos refletindo nos pingos d’água.
É agradável adormecer ouvindo o ruído das goteiras, ou acalentando algum sonho no conforto da cama.
É gostosa a sensação de acordar durante a madrugada com frio e reforçamos as cobertas.
A noite passada eu sonhei.
No meu sonho todos compreendiam que os homens sobrevivem a tudo exceto a solidão das noites chuvosas.
A humanidade se abraçava num gesto de ternura jamais visto. A felicidade invadia cada coração e todos riam alegremente.
Ao amanhecer a realidade era outra, mas sonhar, ainda que seja utópico, é um exercício que acalma a alma das suas angústias.
Mário Loff começou a delinear, na cidade da Praia, o seu percurso académico através da História e do Património. Naturalmente, estes componentes encontram-se unidos e formam um todo praticamente indissociável quando se associam à Cultura. Este poeta Tarrafalense de raiz, alma e coração, é um verdadeiro crente na criação artística enquanto motor do desenvolvimento do património cultural.
Ativo na cena cultural do seu Concelho, sempre procurou contribuir para um ambiente dinâmico, criativo e inovador em todos os domínios das artes. Escreveu dezenas de peças de teatro, dos quais cinco foram encenadas no grupo teatral Komikus de Tarrafal no qual Mário Loff é o seu diretor. Certamente, a prática artística ao mais alto nível passa pelo interesse precoce pelo universo das artes do espetáculo e pela integração em organismos culturais. Por isso, concebeu o projeto “Despertar”, com o intuito de envolver os jovens Tarrafalenses e sensibilizá-los para a cultura. Esta iniciativa também tem o condão de se aproximar de públicos socialmente desfavorecidos, procurando a sua integração, também na componente artística da sociedade.
Professor e formador, de 2004 a 2006 e entre 2014 e 2015, Mário Loff assume como um ato de responsabilidade a divulgação da cultura. Assim, tem levado a cabo a produção da “Rádio Praça” na cidade de Tarrafal de Santiago que, para além do puro entretenimento, procura reforçar a cidadania enquanto promove livros e autores. É notório o incentivo à leitura, numa meritória campanha de informação e sensibilização, que ao promover o acesso às obras do património cultural, Loff procura incutir a qualidade na educação artística.
Entre o pensamento e a expressão, mostra a sua força criativa e perseverança na escrita. Contribuiu, em 2018, no livro de contos infantil “A viagem mais fantástica do mundo” da escritora Natacha Magalhães e para a comemoração do Centenário da sua cidade natal escreveu e ofereceu à sua cidade sete poemas. Participou em várias antologias como, por exemplo, a antologia dos poetas de Tarrafal de Santiago (que em parceria com jovens poetas foi o precursor), a antologia de poesia da língua portuguesa ”Mil Poetas”, a antologia “Palavras da Alma”, foi colaborador do boletim da Altas, onde é membro-fundador da Associação Literária de Tarrafal de Santiago e da qual é o atual presidente.
Em 2017 foi convidado pelo CITCEM e pelo DCTP da Universidade do Porto, no âmbito do Colóquio Internacional “A Glimmer of Freedom. Tarrafal - Silêncios, Resistências e Existências”, para contextualizar o Antigo Campo de Trabalho de Chão Bom e os seus presos políticos através de um poema da sua autoria.
Inquestionavelmente, Mário Loff é um poeta prismático e um ativista cultural que com o seu olhar crítico, centrado na comunidade, envolve e contextualiza os diversificados aspectos da sociedade e da cultura Cabo-verdiana.
Eu costumava me sentir tão sozinho na cidade. Todos aqueles zilhões de pessoas e eu do lado de fora. Como se conhece uma pessoa nova? Fiquei confuso com isso, por muitos anos. E depois eu entendi, você só precisa dizer "Oi".
Estarei ausente por alguns dias, e assim, desde já quero
parabenizar a cidade de Santos que tão bem me recebeu,
e sempre acolhe bem quem vem com alma limpa...
PARABÉNS SANTOS PELO 473º ANIVERSÁRIO EM 26/01/2019.
Ósculos e amplexos
Marcial
UM PAULISTANO SANTISTA
Marcial Salaverry
Paulistano de nascimento,
santista de coração...
Essa a situação...
Em São Paulo nasci,
vivi, cresci,
e até me casei...
Mas para Santos mudei,
e esta cidade adotei...
Aqui meus filhos criei...
Por aventura, ou por necessidade,
tentei mudar de cidade,
mas acabei voltando,
e por aqui ficando...
Cidade gostosa de viver,
e mais ainda, de reviver,
basta saber entender
e realmente querer
se adaptar, para aqui permanecer...
Santista verdadeiro,
é aquele que ama a cidade por inteiro,
seja aqui nascido,
ou de outras plagas chegado,
sempre bem recebido,
bem tratado e respeitado...
Assim é esta Santos,
com seus jardins maravilhosos,
e outros passeios gostosos...
Os bosques do Orquidário,
as atrações do Aquário,
sempre a todos encantando,
e aqui se apaixonando...
As praias então, é covardia,
passeio obrigatório de todo dia...
Cidade plana, ideal para caminhadas,
acalmando pessoas estressadas...
Vendo todos estes dados,
concluímos ser Santos,
o Paraíso dos Aposentados...
Marcial Salaverry