Monstros
Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação?
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Pra que esse nosso egoísmo
Não destrua nossos corações
Não devemos acreditar que existem monstros dos filmes de ficção, devemos acreditar que existem monstros da vida real.
Quem combate monstros precisa tomar cuidado para que isso não o torne um monstro. Se você olha muito tempo para dentro do abismo, o abismo também começa a olhar dentro de você.
Quem luta com monstros deve se cuidar, pois, ao fazê-lo, pode se transformar também em monstro. E você se olhar durante muito tempo para um abismo, o abismo também olhará para dentro de você.
Não enfrentes monstros sob pena de te tornares um deles. Se contemplas o abismo, a ti o abismo também contempla.
Eu guardo em minhas memórias
Todos os meus monstros do passado
Por quê não devo sarar essas feridas?
Por que elas servem
Para mim entender
O que não devo fazer com os outros
O Estado é o mais frio de todos os monstros. Ele mente friamente; de sua boca sai esta mentira: "Eu, o Estado, sou o povo."
Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro.
"Aqui não é conto de fadas
Branca de neve muito menos Cinderela
Monstros não vivem debaixo da cama
Eles dormem em cima dela"
A verdade é que há monstros por toda parte. E, às vezes, os monstros de que menos suspeitamos são os mais perigosos.
Ela é do tipo que doma seus monstros, exorciza seus fantasmas, anestesia sozinha suas dores... Do tipo que sempre está pronta para ir por caminhos longínquos em busca do novo, mesmo que precise atravessar oceanos internos a nado. Ela é quem sabe a hora de pisar fundo ou desacelerar, de regar ou de deixar morrer, de colher ou de esmagar suas flores. E, de tempos em tempos, ela solta ao vento as pipas que não lhe servem mais e recusa os remendos de cacos que não lhe enfeitam a vida. Porque ela sempre tem fome de vida. Dilacera, majestosamente, o que traz gostos novos, enxerga o que é visível somente à alma, sente a magnitude dos aromas insignificantes. Ela é a própria fragrância. Ela colore o dia sem nunca se esquecer da maravilhosa imensidão do preto da noite. Ela quer mais do que uma constelação apenas, com um céu infinito a seu dispor. Ela nunca foi do tipo que se contenta com uma casa comum, quando pode ter um mundo. Pois, no final das contas, ela é um mundo inteiro.