Moldura
Dos cabelos que se escorrem
Daqueles negros e dourados fios
Que moldura os teus traços
Fazendo dos detalhes
A essência de uma atenção.
Na mistura da raça.
A idade mudou
A moldura do meu rosto
Em tom prata da lua se fez
O preto do meu cabelo
Só em minha pele ficou
Na mistura da raça
Graças ao meu pai
Africano eu sou da cor do
Glace marrom.
27/08/2014
conspirações
alguma coisa se desprende do meu corpo
e voa
não cabe na moldura do meu céu.
sou náufrago no firmamento.
o vento da poesia me conduz além de mimo sol me acende
estrelas me suportam
Odisseu nos subúrbios da galáxia.
amor é o que me sabe e o que me sobra
outro castelo que naufraga
como tantos que a força do meu sonho
quis transformar em catedrais.
ilusões? ainda me restam duas dúzias.
conspirações de amor, talvez não mais.
Janela vazia,agonia, predio, tedio,nicho, santa, zelando pelo que já é seu, aparece ela na moldura da janela, decimo quinto, juro não minto, sinto. saio para praia, meditar, e ela fica na casa a cuidar, bem que eu queria que ela estivesse aqui
Moça
De pele morena e olhos arredondados, seus cabelos negros se tornam uma moldura em seu pequeno rosto que é tão amável, sinto que meus lábios empalidece quando toco suas mãos, sei que essa boca nunca foi beijada, quanto mais ter perdido a pura inocência entre lençóis do pecado.
O sorriso é uma moldura feito espelho que reflete – não o que o coração sente – mas o que os homens querem ver.
A moldura imperfeita não se revela um obstáculo para que a sensibilidade do apaixonado pela arte identifique a obra prima trazida a destaque por suas dimensões físicas. Assim, o corpo atrelado à alma que descobrimos amar pode realçar-lhe a beleza, mas é a magia do artista colocada na tela a essência que irá atrair, como um ímã, os olhos de Eros. E então, em dado momento, a atenção antes voltada unicamente para a obra descobre a harmonia da moldura à sua volta – até desprezada a princípio – e desperta para o conjunto absolutamente perfeito que forma com a arte pela qual nos apaixonamos. É quando descobrimos que ela se mistura às cores da tela e lhe dá a ênfase que faltava para que pudéssemos absorver – sem limites – a plenitude da obra.
Simples moldura
Por de traz da imagem tua,a Lua,
Simples adereço,simples moldura,
Tentando ofuscar tua beleza que me encanta,
E o sorriso de criança,
Ainda esta em ti.
Por de traz da imagem tua, chora a Lua,
Por saber que não adianta mais lutar,
Você ofuscou o brilho das estrelas,
Fez da vida um poema,
Prontinho pra se declamar.
Por de traz da imagem tua,
Pobre Lua.
FORMATAÇÃO
Minha doce criatura formata
em ti a minha figura.
Serás a moldura, eu o fundo.
Serei um pequeno ponto,
perdido em tua imagem.
Coloca meus olhos bem perto
do teu coração, a boca põe-na
sobre a tua, as mãos as colocas
soltas em teu corpo, que lindo
fica, eu em ti estar, formatado.
É uma maneira diferente, de se
ter junto da gente, o amor maior.
Guardado estaremos para sempre,
um ao outro colado, não haverá
nenhuma forma de a nós separar,
se nos rasgarem, alguém colará,
até depois de queimado na cinzas
do papel, a imagem se verá.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista. RJ
Membro Honorári da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E.
EM NOITE DE LUA CHEIA - João Nunes
Ventura-08/2024
Tenho a lembrança do retrato na moldura
Para matar as saudades da minha solidão,
Eu tenho o brilho da sua meiga formosura
Que bem guardado mora no meu coração.
Quando é noitinha desdobro a minha rede
Para ela cheirosa se sonolenta descansar,
E tenho água doce para saciar a sua sede
É lá na fonte onde os pássaros irão cantar.
E que tenho a viola e meus versos de amor
Em noite de lua cheia para com ela sonhar.
Através da janela d'alma,
muito se pode
transparecer —
ao permitir-se assim,
torna-se moldura.
Que sejam molduras
a atravessar o tempo,
exprimindo força,
persistência,
e, em sua singularidade,
toda a beleza.
Moldura
E sem perceber, lá estava eu, presa a você por elos de prazer
Presa, indefesa sobre seus domínios
Minha rebeldia se foi
Não queria ser liberta, era agora a sua submissa, esperando por sua ordem
Tu me criaste,
Agora pertenço a ti. És meu senhor
Me dá seu colo, seu calor, deixa-me deslizar no seu corpo nu.
Sou sua menina, moldada por você, para o seu prazer.
Me prendeste com suas algemas, para que nunca esqueça que te pertenço.
A moldura da obra de arte era sempre a parede do quarto. Sempre não. Às vezes dividia espaço com o teto.
O quarto pequeno, com duas caminhas de solteiro e um guarda-roupas, dava espaço para o sol, todos os dias de manhã, quando ele entrava pelas frestas da janela sem cortinas e refletia na parede (e não muito raro, também no teto) o mundo lá fora.
Algumas vezes o colorido se fazia presente. Outras, só a sombra desenhava a pintura.
A planta encostada na parede de fora, a cachorra deitada no sol, e a mãe passando com o cesto de roupas sujas para pôr na máquina de lavar.
Raios de sol que entravam despretensiosamente pelos buraquinhos pequeninos da janela, faziam o dia daquela criança começar com mais imaginação.
O quarto pequeno ficava grande.
O sol era o pintor. A parede era a tela. A vida lá fora era a inspiração.
A criança que enrolava a sair do quarto para apreciar mais um pouquinho daquela pintura singular, feita sob medida na sua parede, se descobria, ainda pequena, amante da arte, mesmo sem imaginar que a arte poderia simplesmente, entrar pela sua janela enquanto ela dormia.
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(Eu sempre amei observar os desenhos que o sol faz dentro de casa. Hoje, deitada na cama e mais uma vez, apreciando a luz natural entrar pela minha janela, resolvi resgatar - e registrar aqui - a memória de quando eu comecei a admirar essas pinturas)
Por trás de uma Moldura -
É longa a hora onde
começa a noite escura
e toda a gente se esquece
que o tempo nos adormece
num retrato que se esconde
por trás de uma moldura.
Passa o vento devagar
hora breve de ninguém
hora turva onde somos
lembrados, que já fomos,
quem o tempo nos quis dar
esperando por alguém.
Dança a Lua em dia claro
brilha o Sol em noite escura
num sopro que a Vida esconde,
nessa longa hora onde
fica o tempo que é tão raro
por trás de uma moldura.
Sua liberdade só depende de você mesmo. É preciso sair da moldura que cerca a sua arte. Seja feliz, independentemente do que és. O céu virá como consequência.