Minas Gerais
O meu passo é de dança
no ritmo do Ipê-róseo
da bela Minas Gerais,
Os meus Versos Intimistas
nada têm de transitórios,
Eles já ocupam imensamente
todos os teus territórios.
O meu coração dança
no ritmo do Ipê-roxo ao vento,
Você em Minas Gerais
não saiu nunca mais
dos meus Versos Intimistas,
do meu coração
e do meu pensamento,
És minha unção
e puro encantamento.
Floresce o Ipê-roxo-do-grande
em Minas Gerais da memória
e da minha profunda História,
No abandono do florescimento
desta magnífico Ipê deixo
os meus Versos Intimistas
também poesias florescer
até o dia da gente se conhecer.
Gigante Minas Gerais
da floração do Pau-d'arco-rosa,
Meus Versos Intimistas
são entrega amorosa
neste mundo que no amor
passou a não acreditar mais,
Só sei que continuo
adorando cada rincão teu demais.
Bico-de-pato vermelho
ou alaranjado,
Só sei quando floresce
em Minas Gerais
sempre deixa meu
coração apaixonado
e espalho Versos Intimistas
para todos os lados
para fazer mais
corações apaixonados.
Sou da Unidade Federal de Minas Gerais: estou de passagem por esta terra, cumprindo os deveres e os mandamentos do meu Pai eterno, que logo me chamará de volta para a União da Cidade Celestial.
Minas Gerais não tem saída para o mar; mas o Espírito Santo pode entrar em quem não tem saída para os seus pecados.
Se quero me sentir na Califórnia, vou ao Rio.
Visitar os EUA? Vou a São Paulo.
Me sentir no Caribe? Vou ao Nordeste.
Para aproveitar a Europa? Vou ao sul.
Mas quando quero me sentir no Brasil?
Venho direto para Minas Gerais...
Minas
Se eu pudesse
Congelar o sol por detrás da semente de capim
Num momento de cor laranja
Subindo a montanha
Cheia de orvalho
Se eu pudesse
Guardar o cheiro de terra molhada
Se eu pudesse
Guardar a umidade nos meus dedos que tocam as plantas
Se eu pudesse
Guardar tudo isso num poema
Talvez não caberia
Pois se guardo isso tudo
Tenho que adicionar a saudade
Que é grande demais.§
Este aqui é um desabafo. Mais um entre tantos outros. Um desabafo de uma jovem que luta contra a depressão, que luta pra não perder as esperanças nesse mundo ensandecido.
Faço parte de uma geração cada vez mais doente e perdida (ou que está encontrando o verdadeiro caminho, e, por isso mesmo, sofre), frustrada com o padrão de ensino desumanizador das universidades e a massiva produção científica ilógica, massacrada pelas exigências de enquadramento nos moldes capitalistas de um planeta enfermo. Encontro nas palavras e nas páginas em branco minha válvula de escape. Então, vamos lá.
Infelizmente estou inserida em um sistema que não me contempla e que não deveria contemplar ninguém, pelo simples fato de ser destruidor. Uma organização burocrática, hierárquica, opressora, exploradora, indiferente. Nessa lógica, seres vivos sem cifrão não são seres vivos, são lixo, pobres almas que só dão despesa.
É muito difícil colocar em palavras o tamanho da minha dor. A tragédia anunciada em Minas Gerais acabou de triturar meu coração. 62 bilhões de litros de lama contaminada, eu disse 62 BILHÕES, esmagando o rio, a vegetação, casas, animais, destruindo a principal bacia hidrográfica do Sudeste. E agora o estrago está chegando na mais antiga reserva natural dos mares brasileiros, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul do litoral da Bahia. Tudo pela ganância de uma mineradora que ganhou o prêmio de pior empresa do mundo em 2012 pelo Public Eye People´s”, premiação realizada pelo Greenpeace da Suíça e pela ONG Declaração de Berna, que escolhe as empresas com pior atuação em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente. Em 2013 a barragem já havia sido condenada em um laudo solicitado pelo ministério público, e nada, NADA foi feito a respeito. A terceira barragem que não se rompeu está com um trinco de 3 metros. Dizem que providências já foram tomadas (agora).
A multa dirigida à Samarco (VALE) pelo Ibama foi de 250 milhões (e pode cair praticamente pela metade caso paguem até a data proposta), isso é preço de bala pra eles. Essa assassina deveria ser FECHADA, o mínimo esperado.
Depois de tudo isso veio o terrorismo em Paris e com ele a polêmica nas redes sociais sobre as tragédias. Vidas são vidas, em qualquer lugar do planeta. Porém, tenho que concordar que o direcionamento da mídia foi discrepante, e foi triste ver brasileiros trocando a foto de perfil pela bandeira francesa. Vamos abrir um pouco a mente e enxergar além do que os grandes meios de comunicação nos propõe. A Europa tem um histórico vasto de destruição do Oriente Médio junto aos EUA. Milhares de pessoas inocentes, crianças de colo, morrem todos os dias nas zonas de conflito. Alguém vai troar a foto de perfil pela bandeira da Síria após as bombas lançadas pela França? Claro que não. Não estou falando que isso justifica. Guerra nenhuma se justifica, massacre nenhum se justifica. Só quero dizer que devemos, sim, nos indignar pelas vidas perdidas (independente do número e da nacionalidade), pela origem das tragédias, mas não sejam solidários ao Estado que, historicamente, principiou esse ciclo violento.
Enfim, meu peito está apertado há muito tempo. E ficou ainda mais depois de todos esses acontecimentos. Pelo menos a minha doença significa que não compactuo com tudo isso, que me revolto, que tenho empatia, que reconheço a dor da minha Mãe Terra, que não sou mais uma pessoa preocupadíssima em trocar o modelo do Iphone porque já está fora de moda, obsoleto.
Eu sangro junto com as florestas e tribos dizimadas, com os rios mortos e pálidos, com as vidas perdidas nas mineradoras, com a lama tóxica que invade os pulmões, brânquias e raízes, eu sangro pelos bombardeios, tiroteios, pelas crianças dizimadas em massa, pela miséria africana e suas guerras civis, sangro pelas mulheres violentadas, estupradas, sangro por toda a exploração repugnante da América Latina. Sangro pelo asco de pertencer a uma espécie que é a peste negra do planeta.
Por enquanto eu estou aqui, buscando o mínimo de esperança pra seguir em frente, procurando ressuscitar meu espírito subversivo. Sei que ele está lá, num sono profundo e conformista, exausto, mas resiste. Resiste por amor. E canta, com as forças que sobraram:
“Tudo bem...até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem...seja o que for...
Seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas...”
(Dom Quixote, Engenheiros do Hawaii)
[...] gente que a gente nunca viu, mas se sente bem ao ver pela primeira vez, e é como se as conhecesse desde sempre.
Fragmento do poema
"De Goiás a Brasília –
Memórias de Minas Gerais".
A vida cinza do ambiente de trabalho se contrapõe a luz insanamente forte
E poderosa do lugar
A vida cinza do escritório ganha tons risos e gargalhadas ora azuis ora vermelhas ora amarelas.
O tom cinza da parede em tons pastéis revelam aparente normalidade de estômagos revoltosos.
Maquinalmente nos movemos para resultados maquinais contabilizamos salário, dores e sempre muita fé.
Umas risadas matinais.
Agrada-me mais pequenas conversas sobre o colorido dos peixes,
sobre as luzes da cidade,
Sobre girassóis
E sobre as serras de Minas Gerais.
Conquistar o topo de uma montanha e visualizar a infinidade de vales e picos, matas e riachos, pedras - de tamanhos e formatos tão admiráveis; sentir o vento gelado, a pureza do ar, o céu azul e o pôr do sol dourado, faz compreender que Minas Gerais é uma obra prima tão perfeita, que nem a mais prodigiosa mente humana seria capaz de sequer sonhá-la.
Um dia todos nós teremos que partir. Então que seja deixando, a quem ficar, a sensação que o fardo da vida ficou mais pesado. E não a sensação que o fardo da vida ficou mais leve.
MERCADO CENTRAL
No interior dessa cidade,
corredores em labirinto
escrevem lentamente a história
desse valente povo.
Tradição e modernidade caminham lado a lado
com a cultura de toda essa gente,
convivendo com a vida simples que se leva aqui
nas terras de Minas, na contemporaneidade da Belo Horizonte.
Sorrisos encantados
numa lasca de queijo branco
numa banda de melancia encarnada
ou no doce mel contido num pedaço satisfatório de abacaxi
- na praça nossa de todos os dias -
nas esquinas desse pequeno Brasil.
Beleza e riqueza de detalhes
e variedade (in)igual de opções,
pluralidade que encanta mundos
e atravessa com orgulho muitas e muitas gerações.
Peças de encanto dispostas pelo quadriculado chão,
cheio de antropomorfismos,
perfazem um mosaico histórico
ocupando cantos distintos no coração das pessoas.
A vida simples desse mundo singular
confunde-se a todo tempo
com o requintado gesto de nobreza humana
existente no seio dessa grande família.
O rico convive lado a lado com o pobre
e sente orgulho de ali estar.
Patrão e empregado são grandes amigos
viciados na cachaça que é estar lá,
percorrem juntos a lida no dia a dia
e vencem juntos a dura jornada de trabalho desse lugar.
Por todos os lados
o que se vê é gente viciada na vida,
os visitantes tornam-se logo íntimos.
Pois, sorrisos não são difíceis de encontrar!
E se jogam Cruzeiro e Atlético no domingo!
Na segunda-feira, o mundo pára, se um deles ganhar.
No cafezinho todo mundo se envolve nas prosas
e ao rival perdedor, não é permitido apelar.
Dia e noite se confundem no tempo,
não se percebe o dia passar!
Turistas se apressam nas compras,
religiosamente a sirene toca.
Até amanhã! Alguns dizem...
Não vejo a hora de aqui, um dia voltar!
REVERSO - O lado azul de Minas Gerais
De arrepiar todo o corpo, belicoso Cruzeiro, o mais eficiente e eficaz time do século. É com a guerra pulsando nas veias que seguem os jogadores para o estádio, o seu estádio, a sua casa, o seu campo (de batalhas). Armado até os dentes, focado em ser campeão novamente, nem mesmo o maior rival local será capaz de impedir tal empenho. É guerra! E guerras, são decididas no campo de batalha.
Dizem da fé do rival e de suas façanhas recentes, se esquecem das muitas glórias azuis, em tempos improváveis e em locais inimagináveis. Raça! Claro que temos. Basta lembrar do 6x1 (eterno), e da guerra que foi. Épico! Ganhar do River Plate com sete jogadores em campo tendo um jogador fraturado a perna, faz qualquer criança ter certeza de que fez a escolha certa. Sem falar na fama de carrasco que nos fora atribuído por adversários Sulamericanos, que puderem sentir um pouco deste veneno azul. La bestia negra, assim chamam o maior de Minas desde então!
Cruzeiro não é modinha do "Eu acredito!". É a certeza do trabalho duro, do esforço sem medida, da técnica clássica da academia de sempre e da raça que flui pelos poros e contagia toda a torcida. Ser Cruzeiro é mais que esperar pela sorte, é fazer acontecer com a dedicação de quem realmente quer que aconteça. Nós, Cruzeirenses, não entoamos bordões do tipo "Eu acredito!'. Não porque não acreditemos em sua força, e sim porque temos a certeza de que conseguiremos uma vez mais a reversão, a vitória, a glória de sermos campeões. Temos certeza de que sairemos desta batalha ainda mais fortes. Seremos campeões. E, em coro, gritaremos aos quatro ventos, fazendo reverberar em todo o Brasil tal empenho.
O sangue que escorre no suor dos guerreiros, banha a alma da torcida inteira; toda a raça em campo é erguida em mais uma noite de intensa batalha, da guerra um filho azul não foge, até o fim segue a guerrear. Em firme empreitada segue sendo o vento que incomoda o adversário, soprando sempre ligeiro e arguto. Seguem os guerreiros de sempre, na batalha de sempre, na guerra de sempre, mas nunca com as mesmas armas. Somos o reverso do outro lado, o lado brasileiro de Minas Gerais, azuis feito os campeões.
Gente que conversa com os bichos, com as coisas e com os trem
Sou do mundo de gente doida feita eu
gente que conversa com as coisas e com os trem
gente que dá bom dia pra planta
desvia de formiga no chão
fala com cachorro, por horas a fio.
Sou do tipo que conversa com panela de gordura chiando no fogão
mando abaixar o volume, parar de chiar, provoco jogando água
e se não cala, ponho a tampa e encerro a farra.
Esbarro no móvel imóvel na sala e xingo feito se xingasse alguém
falo até palavrão!
Sou do tipo que ouve rádio bem de pertinho,
só para tentar enxergar melhor o que não me é permitido ver.
Sem falar de minha nova neurose...
ando falando também com a televisão:
Eu pergunto as horas
pergunto se vai chover ou se vai esfriar
e quase de pronto sou informado.
Só não tem diálogo com a geladeira, não sei porque, logo o papo esfria.
No Norte de Minas, virou moda cidades com governos ausentes ou autistas. Governantes e assessores que sofrem de inércia (nada fazem), mudez (nada falam) e surdez (não ouvem ninguém) agudas.