Mensagens Noturnas
É preciso trazer o sonho para o dia e, a luz do dia envolta na claridade dos mistérios trazer para a madrugada.
As vezes acho que tenho um dom
Esse dom que me faz mentir
Eu minto que é um dom
Fingindo não ser maldição
Ah, mas aceito como verdade
E não como negação
Faço tudo que me ama me odiar
E tudo o que eu amo se acabar...
Ao que tudo indica,tenho uma mente de hábitos noturnos, pois à noite
é quando ela mais se exercita
durante um tempo inadequado
tanto que muitas vezes a madrugada chega sem ser percebida
graças a uma série de pensamentos inspirados,inoportunos,
emocionados,enfim, sobre um tudo,
assim, enquanto isso, mesmo cansado, eu não durmo.
Quanto menos luz houver
e mais os sons estiverem ausentes,
ela estará mais à vontade,
logo, terei a sensação de ser mentalmente transportado
sozinho em silêncio pra um ambiente nublado, onde ficarei observando
o pouco movimento, refletindo
sobre um fato, um sonho ou um lamento, então, ficarei por alguns instantes acordado sob um encantamento criado por mim mesmo.
Portanto, considero como uma vitória
cada vez que consigo não ficar sob
o efeito deste encanto mental
que afugenta o meu sono
em horas noturnas inadequadas,
atraindo a insônia que sempre chega sem serconvidada e ainda demora.
Tão linda e misteriosa é a lua,
rainha da noite e majestosa
ilumina em arabescos toda a rua
e no jardim beija a rosa
Linda lua que em meio ao sereno
segue em direção à madrugada
manda boa noite em acenos
mesmo que nem seja notada
Alguns pensamentos são como seres de hábitos noturnos, apreciam o silêncio cativante, trazido pela extensão da noite, o início apaixonante da madrugada, um ímpeto profundo os move, ficam agitados, falantes, parece até que estão fora da mente, falando em voz alta, algo típico de um romance intenso, um suspense interessante, doses de audácia, proporcionando um sentimento entusiasmante, acolhedor, onde a imaginação se propaga, ganhando formas e cores, emoções que logo são revestidas de palavras, um céu preenchido por lindas constelações, o sabor deleitante de conversas acaloradas, inspirações para uma inquietação poética, fonte para poesias que conversam com a alma de uma maneira intensa, simples e dedicada.
deita do meu lado e não sai daqui por nada
pois daqui alguns minutos só teu cheiro não me basta
só de ter você comigo não preciso de mais nada
apenas ter você noite, dia e de madrugada(...)
Eu trago comigo os estragos da noite
pela infinita estrada que tracei
Eu ando sozinho pela madrugada
apagando os erros em doses viradas ..
Me lembra a verdade de quem um dia mentiu
e corre pra longe pra nunca encontrar ... ´´
Sempre é muito tarde
"Eu sei, amor,
Já é muito tarde,
Não é hora de ligar.
Não posso na madrugada,
Depois do trabalho,
Te amar.
Talvez depois...
Já é muito tarde.
Talvez amanhã.
Nunca há tempo
Pra nós dois.
Na porta de um bar,
Meu carro parei.
Pedi uma cerveja.
Eu sei, já é tarde,
e junto a mesa
Me sentei.
Passam as horas
E já é muito tarde,
Bebo mais uma dose,
E não posso te querer.
E como é tarde...
Entre um copo e outro,
Embriagada pela noite,
Apenas espero amanhecer.
Meu corpo de desejo arde...
E queria nesta noite
Fazer amor...
Não podemos!
Eu sei!
Sempre é muito tarde..."
<Estes dias>
Eu sou os lugares que fui
as pessoas que vi
sou as canções que escutei
as dores que senti.
Eu sou os passos que dei
nos caminhos rudes que percorri
eu sou de longe o melhor dos outros
um pouco de cada um
eu sou o brilho nos olhos da noite
e a cegueira que hora menos hora nos orienta
eu sou o que de bom há nos outros
e o que deles pelas estradas da vida recolhi.
Mas não tenha grandes pretensões a meu respeito!
Tenho em mim o pior das ruas:
- o grito mais ensurdecedor
- a tristeza mais aguda
- o vazio mais estridente...
Tenho em mim todas as dores da alma
e as vezes fico tão insuportável,
que me torno instável, perigoso!
As vezes saio sem rumo, saio do prumo,
desqualifico-me como pessoa, beiro a irracionalidade.
As vezes me sinto perdido, perco o sentido,
decolo em pista curta e pouso no raso do céu.
As vezes... Na maioria das vezes, eu sigo sozinho,
tentando encontrar o caminho de casa.
Mas sem asas, voo pra qualquer direção.
Tem dias que eu encontro o caminho,
e há aqueles dias em que perco totalmente a noção.
Em um raro espetáculo, as flores damas-da-noite, majestosamente engendradas pela natureza, de admirável floração noturna, dão show efêmero, mas inolvidável.
Noite de chuva fina que cai, fazendo ressurgir as plantas semimortas. Diante das lutas travadas no íntimo, sempre ressurge algo que pensávamos estar morto. Assim a madrugada vai passando, levando com ela o que se tornou vivo e não passou de uma grande ilusão.
"Pela manhã deves dizer o sério que é mais sensível ao ouvido; pela tarde o que dizes deves fingir pois o comido não deixa ouvir; pela noite deves soprar um sonho que deve ser vivido; e pela madrugada deves sussurrar todas as fantasias da amada."
SAUDADE
Desviei o que pude das esquinas da noite,
Porém, na encruzilhada da saudade,
Me deparei com a madrugada triste, solitária, fria e embriagada.
(Arnaldo Toni)
Na madruga, sozinho, pensando enquanto a cidade dorme eu vejo que as vezes é até bom perder algumas coisas: as chaves, as meias, o vôo. A cabeça, a fome, o norte, o ar... Ah, não! Perder não! Bom mesmo é quando te roubam isso.
As circunstâncias me fortalecem de algo divino dos Deuses.
Vicia meu corpo e as consequências são meras distrações momentâneas.
Nessa oscilação de prazer e dor que diverge minha vida
aos concelhos de minha mãe.
E me concebe um lugar mais perto do abismo,
onde o fracasso anda abraçado com a oportunidade que hoje tenho
e não sou digno de possuí-la.
Diante de uma razão que só ao meu ver é pura racionalidade.
Só ao meu ver...
Mas penso que não sou fruto dessa vida singular.
E hoje sei o sentido de viver bem, é viver ausente da miséria
de um futuro que ainda não é seu e te prende.
Porque dedicar-se a esperar o tempo que estar por vir são para aqueles
que não habitam no presente.
Por isso minha boemia desvairada.
Interpreta o presente estado de possuir-me feliz.
Devias recear-me, como um gato ao derradeiro oito que se espavori da noite. Devias desconsiderar meus convites pela madrugada, como quem se ensurdeceu há muito.
*Barulhos silenciosos*
Noite calada
Dia chuvoso
Um barulho branco de chuva que percorre a madrugada silenciosa
O silêncio é o apaziguar do ser e o gritar da alma
A melodia dançante da chuva é o lamento dos que amam
O pulsar dos relâmpagos que iluminam as nuvens negras são como lâmpadas ineptas
O vento frio rasgando a madrugada como sonância de flauta, cantante, trazendo memórias esquálidas que me torturam
Noite calada
Estardalhaço mental
Noite fria
Trouxe a chuva num zumbido
agourento
Vozes a sussurrar recônditos
segredos
Incansavelmente, repetida vezes
Predizendo a longa e ruidosa
tormenta
Vindo do leste em movimentos
ensaiados
Arrastando a madrugada à procura
do amanhecer
Bailando por corredores de
álgido concreto,
Obras de meros mortais
subalternos
Deslizando pela fresta da gasta
janela
Rastejando por entre o estreito
vão da porta,
Como uma astuta e vil serpente
Impregnando o quarto com a
aspereza da noite lá fora
Afagando o espesso cobertor
de lã
Revelando a solidão que o
preenche.
- me disserao que ter fé é correr sem Direçao.¬¬'
a direçao nao importa se eu sei que vou chegar...(yn)
Sempre que viro a noite tenho consciência do bombardeio de broncas sobre o meu horário desregulado que virão mais tarde. Mas, tem alguma coisa entre a madrugada e eu. É nela que eu funciono e é submersa nela que não sinto medo. Eu não aprendi a não ter medo do escuro; eu simplesmente não o temo, é nato.
Sem contar o Sol, que eu vejo brotar toda vez, gosto dessa transição. Estou propícia a funcionar, a pensar, a escrever e desenhar. Acho que é na madrugada que eu realmente me encontro, me conheço e,quando os outros da casa acordam, me despeço.