Mensagens de Autores Famosos

Cerca de 5316 mensagens de Autores Famosos

⁠O Vírus –

Que coisa:
Já estamos, outra vez, na defensiva!

De novo, cancelam–se os
encontros — as conversas de perto,
o toque dos dedos e mãos
e pele.

Cancelam–se as ruas, as casas
e calçadas alheias.
Estamos, agora, outra vez, sozinhos:
sem visitas, com dúvidas — com medo.

O quão insignificantes, frágeis
e vulneráveis somos,
quando somos dominados
por algo, fisicamente
mínino, ínfimo,
invisível?

De onde vem tanta arrogância,
meu Deus?

Inserida por SilvioFagno

⁠Como Se Fosse Arte –

E de repente,
dentro de uma eterna espera,
assim,
em um dia calmo e comum
(em que agora não recordo-me
a data), enfim, ela chegou.

E como se fosse arte e pintasse,
em mim, todas as outras
histórias desbotaram.

Inserida por SilvioFagno

⁠Chuvas Tristes –

⁠Eram onze e meia da noite,
eu já estava na cama como que pra dormir,
e em meio ao barulho do ventilador,
as futilidades das redes sociais
e a realidade amarga da
vida, eu notei — através
da janela ao fundo —
que chovia.

Então, de súbito,
levantei-me para olhar com um pouco
mais de atenção, e percebi que já
chovia há, pelo menos, uma
meia hora.

Era uma chuva calma, tímida — triste.

E chuvas tristes são como
pessoas tristes:
Quase ninguém nota.

Inserida por SilvioFagno

⁠Serve Para Quê? –

Num mundo em que uma bala
perdida tira a vida de um
bebê no berço,
Deus serve para que
mesmo?

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Aprisiona Os Dois –

A grande maioria de nós,
de alguma maneira,
deve algo, alguma coisa
a alguém.
E isso, no fim, numa relação,
de certa forma prende,
aprisiona os dois.

Assim,
um rompimento ou uma permanência
nessas circunstâncias, abre uma enorme
cratera de dúvidas, traumas, mágoas...
decepções na alma de,
pelo menos,
um.

Raramente, muito raramente os dois
podem decidir ficar ou
partir em paz.

Inserida por SilvioFagno

⁠Sorriso –

Não é sobre estar feliz. É sobre estar tentando.




P.S.: À minha vozinha.

Inserida por SilvioFagno

⁠Acabam Por Morrer Inúteis -

⁠Uma grande maldade da vida
é que, inexplicavelmente,
os melhores sentimentos:
os mais sinceros, os mais cuidadosos,
os mais nobres — esses todos —
quase sempre são ignorados, rejeitados,
esquecidos — desperdiçados.

E, por fim, esgotados,
acabam por morrer
inúteis.

Inserida por SilvioFagno

⁠Vestido de Mim Mesmo -

Não adianta muito, no calor da decepção,
a gente tentar autoenganar-se com
frases tipo: "essa foi a
última vez."

Eu não quero, como a maioria,
viver numa farsa.
Eu não quero tentar ser aquilo
que mais me machuca.
Eu não quero ignorar minhas
verdades, sabotar meus desejos,
destruir minha essência.

Eu posso me rever, me reorganizar:
tentar melhorar algumas
coisas — cortando alguns excessos,
corrigindo algumas falhas,
fortificando algumas
virtudes.

Mas quando o próximo amor chegar
eu quero estar lá:
intenso, louco, devoto — vestido
de mim mesmo — e com algum
verso por começar.

Inserida por SilvioFagno

⁠Nesse dia especial, minha singela homenagem a todos aqueles que tentam expressar sentimentos, ideias, arte e conhecimento com palavras. Que dão a cara à tapa, sem medo de errar, de ousar, de serem ridicularizados, esnobados ou ignorados. Autores, compositores, editores, produtores, tradutores, todos artistas, todos escritores!

Parafraseio parodiando minha prima avó Clarice Lispector e a famosa frase de Samuel Bekcett, esculpida no braço do meu tenista favorito:

"Escreva, como eu escrevi. Mergulhe na escrita, como eu mergulhei. Preocupe-se em entender. Escrever facilita qualquer entendimento"

"Ever written! Ever failed! No matter. Write again! Fail Again! Write better!

Inserida por eduardo_ludmer

⁠A Nudez da Alma —

Vamos escancarar o ser humano:
abri-lo com uma faca
cega.
Rasgar suas frias e
falsas carnes.
Falhando, e cortando.
Falhando, e cortando.
Falhando e cortando com força,
com mais força, mais força ainda para compensar a cegueira da faca;
A cegueira da consciência;
A cegueira da raça.
Vamos envergonhar a raça:
mostrar a falsidade, a crueldade,
o cinismo. — nas falas, nos
atos, nos gestos.
Vamos gritar os piores silêncios!
Silenciar os piores gritos!
Desconfiar! Desconfiar!
Desconfiar de tanto!
De tudo!
De todos!
Vamos cortar o básico,
o essencial: deixando-o com todo
o resto que é só vaidade.
Só vaidade, meu Deus!
Vaidade que não se come
nem se bebe.
Vaidade que dá fome
e adoece.
Vamos escancarar o ser
(humano?): abri-lo com uma faca
cega e dar-lhe a vergonha
num espelho limpo,
cristalino.
Dar‐lhe a nudez da alma sob a carne,
inocentando o destino, inocentando a sorte,
o acaso. — inocentando
Deus e o diabo.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠11h11 —

Ainda estávamos a sós na sala,
esperando o resto das pessoas chegar, quando dividimos uma cadeira,
um violão e uma canção.
Havia uma estranha falta que a pele ali implorava preencher-se em cada esbarrar de mãos e pernas (sob as roupas).
(Também pudera: passara-se alguns dias que não nos víamos), e era nítido a saudade no fitar de olhos e no entusiasmo com que nos procurávamos entre as pessoas que, enfim, ali estavam para o ensaio daquela manhã.

Dera, então, onze e onze, e de repente,
ela olhou-me, deu-me o sinal
e, juntos, sorrimos.
(Sim, sorrimos e ninguém, além
de nós dois ali, entendeu),
e digo que assim foi bonito.

Talvez, naquele instante, estivéssemos num grau — interno — mais elevado que
todo o resto do mundo.

As pessoas, em sua maioria,
quando se fala em
Universo,
pensam logo em algo
grandioso para
fora.
Eu penso em algo grandioso
para dentro.

Há um perigo aí (um perigo
estranho e bom): ela me liga à arte.
E as mulheres que me ligam à arte,
me ganham para a vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Peso Maior –

São tempos de abandonos:
alguns cruéis, outros
necessários.
Alguns outros cruéis e
necessários.

É um mundo dividido
entre os que ferem e
os que são
feridos.

Entre os que ferem,
há também
feridos.
Entre os feridos,
muitos que
ferem.

Não está fácil para
ninguém, mas os bons
— sobretudo os bons —
carregam o peso maior
da vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠Um Quase Amor (Eterno?) –

Estou tentando me desfazer
do sonho do quase-amor-eterno
que fomos.

Porque fomos linhas de um quase
poema (imortal);
Fomos versos de uma quase canção
(atemporal);
E fomos sonhos de um quase amor
(eterno?).

É estranho:
Às vezes eu sinto, eu sinto, como
num susto, que a gente está
tão perto, tão mais perto.
Tão perto como nunca, ainda que tão
longe como sempre.

Ainda ontem,
a brisa do fim de tarde
me trouxe o teu cheiro, e eu lembrei
o teu rosto, o teu riso, o teu gosto,
o tom da tua voz.

Eu te amo! — e isso dói.

Inserida por SilvioFagno

⁠Divino –

Olhei‐a e pensei:
"Como? — ela consegue ser tão bonita
quanto uma criança bonita."

Eu não sei, mas, quando uma mulher
é tão bonita quanto uma criança,
há, nela, alguma coisa
de Divino.

Inserida por SilvioFagno

⁠Cegos de Coração –

É bem provável que a grande maioria
das pessoas que veem as coisas,
simplesmente não
as sinta.

Por isso todo esse desapego nos
desejos e gestos;
Por isso toda essa superficialidade
nos gastos e gostos;
Por isso todo esse desperdício,
toda essa futilidade, toda
essa cegueira.

Talvez sejam esses, cegos de coração.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Inferno de Um Amor –

E enquanto aquela velha angústia
— intimamente — despedaçava
minh'alma que, por vezes,
já não reagia mais,
eu pensava:

O grande risco eram as grandes paixões confessas — com suas urgências,
suas entregas, suas intensidades —
dolorosa e amargamente
silenciadas, quebradas,
emudecidas.

Assim,
o inferno de um amor é a mistura de
rejeição e esperança, transformada
em ciúmes, ódio e saudades.

E não há poesia pra isso.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Peso do Vazio –

Os dias de dor e solidão em
que eu ainda encontro
a luz da escrita,
são dias ruins,
mas não são
os piores.

Os piores dias são aqueles
em que há a angústia,
o sofrimento,
e falta-me a ideia,
a palavra.

Nesses dias
eu meio que sinto um
gosto precoce da morte
ou, talvez,
do processo de morrer.

Uma espécie de erro:
um espaço não habitável,
habitado por algo — ao mesmo
tempo íntimo e desconhecido.

Um estranho peso:
o peso do


vazio.

Inserida por SilvioFagno

⁠Em Silêncio –

⁠Os instantes do dia em que eu
fico em silêncio (pensando),
são sempre os momentos em
que,
essencialmente,
me ouço.

A fala,
diante de um interlocutor,
é corruptível.

Somos,
verdadeiramente,
honestos,
em pensamento.

Inserida por SilvioFagno

⁠Instante Infinito -

Estou com excesso de palavras
presas ao peito.
Excesso de vontades vorazes
— abraços e beijos não dados —
e uma falta gigantesca de qualquer
coisa nossa.

É uma canção por terminar,
um verso por concluir,
um... quase
isto.

E no meio disso tudo,
no instante infinito que
separa a gente,
eu quase não
existo.

Inserida por SilvioFagno

⁠Mundo do Desconhecido —

Eu devo desconhecer completamente
o caminho. — qualquer caminho.
Até o mais óbvio... ora, não é possível!

Eu não sei como chegar quando
nem sei aonde ir.

Minha mente viaja por milhares de quilômetros,
através de séculos, de sonhos,
mas eu não saio do conforto (incômodo)
do meu quarto — que é só um modo seguro
de se morrer (sem se viver),
em paz.

Os quarenta estão logo ali, e a saúde
não anda lá das melhores.

Amores sem amor;
Sonhos que só sonho;
E amanhã é domingo
(de novo).

Tenho tido insônias e pesadelos;
Tenho tido instante raros de alegria
e monstruosos momentos de decepção;
Tenho tido pesadas ressacas
de gente.

Preciso, urgentemente, começar a escrever
e lançar-me ao mundo do desconhecido
(de céu, abismo e chão),
como um escritor que vai morrer,
para que este, então,
não morra.

Inserida por SilvioFagno