Mensagens de Autores Famosos

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⁠De Cinza –

Era, quem sabe,
aquele dia ou aquela
semana ou aquele mês.
Era, talvez, o ano, talvez a década...
a vida.

Ainda que haja — e há — motivos
e motivos para sorrir, cantar,
brindar à vida,
aqueles que me conhecem
sabem:
Ao me encontrar, há de haver
sempre alguma coisa
vestida de cinza.
Seja
o dia,
o corpo
ou a alma.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Uma Fotografia —

Era só uma fotografia,
e eu fiquei ali, irreversivelmente
parado, fitando-a.

Uma simples foto como,
aparentemente tantas outras,
mas que, a mim, trazia o Ônus:

Um cálido meio sorriso,
olhos pontiagudos e anoitecidos,
de um amor utópico, contínuo,
antigo. — jamais começado,
tampouco esquecido.

Inserida por SilvioFagno

⁠Aos Sete –

Quando estou diante do meu filho,
acontece algo que, talvez, o Tempo
e outros deuses, não o concebam
muito bem. — até mesmo eles.

Como uma sensação, como um desejo,
e mais, como uma evolução, diante
do meu filho, eu costumo inverter
a ordem, aparentemente
natural da vida:

Eu quero ser como ele.

Inserida por SilvioFagno

"⁠Um Detalhe" –

Todo mundo anda meio quebrado.
Cada um com sua parte solta — suas angústias, seus medos, suas dores.

E sinto que, quase sempre, é só
"um detalhe".
Um simples e transformador "detalhe",
por todos os outros ignorado.

É um desemprego, um pai ausente,
um sentimento não correspondido.
"Um detalhe" que faria toda a diferença.
Não para resolver todos os problemas,
mas para fortalecer-nos contra
todos eles.

É preciso ânimo, é preciso força,
é preciso luz — uma luz sábia, quente,
acolhedora —, mas os sensores
de luminosidade, às vezes
falham em alguns
dias cinzas.

Inserida por SilvioFagno

⁠Um Novo Eu –

Deixarei de escrever até que encontre
novos nomes,
novos motivos, novos
rumos — um novo sentido, uma
nova vontade, uma nova inspiração.

Até lá,
queimarei cartas,
rasgarei fotos, apagarei
versos.
Até lá,
jogarei fora poemas,
presentes, canções.
Até lá,
esquecerei olhos, vozes,
gestos, gostos, manias, cheiro,
sorrisos.

Matarei lembranças, desejos, sonhos.

E quem sabe assim, um novo
eu apareça.
Ainda que reduzido, um pouco
mais leve de alma.
Ainda que esquecido, um pouco mais consciente da vida.
Ainda que sozinho,
um pouco mais perto de
si próprio. — com novos motivos
para escrever à vida, e sobre
ela novos temas, talvez
novas cores, novos
sonhos.

Inserida por SilvioFagno

⁠Vitórias Diárias —

Há, pelo menos,
uma pequena vitória acontecendo
para cada um de nós todos
os dias.
Embora essa não seja o suficiente,
as outras vitórias, os sonhos — a vida —
só acontece a partir dessas
pequenas vitórias
diárias.

Inserida por SilvioFagno

A Arte Fica Quando o Amor Fracassa —

⁠Um lado ruim, dentre tantos, dos amores não correspondidos, é quantidade de coisas
legais que, na desilusão, eles estragam.

É um gesto que morre;
É um gosto que morre;
Uma mania que morre.
E morre um perfume;
Morre uma data...
Uma canção.

E morre o esforço do próximo e o próximo esforço da gente.

Depois que, mais uma vez, o Grande Amor falhou destruindo-me,
e eu me vi só com tudo que pesa
do que pesa da maldade dos
amores não correspondidos,
eu decidi:
Uma outra história só fará sentido se tiver
a graça, a leveza, a essência... a poesia
do sentimento do primeiro amor.

Na tentativa de justificar a vida,
a arte fica quando o
amor fracassa.

Inserida por SilvioFagno

Velhice —

⁠Depois de um tempo
(quanto tempo?),
a gente,
que fazia parte da coisa,
agora vê a coisa acontecer
sem a gente.

(Por quanto tempo
mais?).

Inserida por SilvioFagno

⁠Estranha Culpa —

Cedo:
é no primeiro abrir de olhos
que eu sinto a maior das angústias.
Tem sido assim: cedo.

O dia amanhece, e eu continuo turvo,
sombrio, acuado, com medo de
sair de baixo do cobertor.
Que agonia, que angústia essa sensação
de vazio, de abandono, de desperdício...
este peso, esta culpa, meu Deus! — esta estranha culpa.

Mas os deuses ou o diabo (não sei),
parecem se divertir com
tudo isso.

Estamos no inverno, mas hoje
é um dia de sol e, enquanto
eu ia até o carro,
deparei-me com um beija-flor
morto, próximo
ao meio-fio.
Já na rua, ao virar à direita, espantei-me
com um cão desfigurado, arrastando
as patas traseiras, tentando (com
todo esforço do mundo,
coitado), alcançar a sombra
debaixo de um carro.

Não sei o que aconteceu,
mas a culpa está
em mim;
O perturbador silêncio do pequeno corpo
do beija-flor, ali no chão — estático —
está em mim;
A dor angustiante daquele cão-quebrado,
arrastando-se miseravelmente,
está em mim. — por quê?

Inserida por SilvioFagno

⁠Desperdiçados —

Eu posso sentir...
sim,
pela janela, aqui do
alto,
de olhos fechados,
com um dos braços para
fora,
tentando achar os tímidos
pingos de chuva,
eu posso sentir os dias frios
sendo desperdiçados.

É como se esses dias
tivessem uma quantidade
limite em minha vida
(e claro, tem),
e esse limite estivesse
por se esgotar.
Eu sinto,
tristemente eu sinto.

Eu sinto como uma perda
irreparável estar triste e
desanimado e
solitário
nestes dias cinza
de chuva e
frio que,
antes,
eu amava estar.

Hoje — tarde — dói-me tanto
assisti-los (inerte),
morrendo.

Eu sempre me dei bem
com a solidão,
até me sentir realmente
só.

Inserida por SilvioFagno

⁠As Estranhezas das Pessoas —

As particularidades, as peculiaridades
— as estranhezas das pessoas —
soam, quase sempre, como
um convite ao confronto,
ao embate — à guerra.

Quando, na verdade dali (por essência
e poesia), deveriam nascer flores,
erguer-se jardins.

A verdade das coisas da Vida,
antes de ser boa ou má
(sendo a essência do ser),
tem grande força e deve
prevalecer.

Inserida por SilvioFagno

⁠Crime Imperdoável -

Em se tratando
de Amor:
Ter o sentimentoem
alma e não cometer
o ato,
é um crime(imperdoável).

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Coisas Que Me Interessam -

Faça o que quiser,
como quiser.
Afinal,
ninguém tem
nada a ver.

Mas saiba que, pelo menos
pra mim,
na hora de analisar
uma pessoa,
entre tantas coisas que
me interessam,
eu costumo olhar atentamente
caráter -pois todo o resto
é sempreconsequência
desse.

Inserida por SilvioFagno

Certamente Pensam -

⁠"Que cara mais chato,pessimista, resmungão..."
certamente pensam.

A verdade é que eu também
gostaria de poder escrever
aqui
algo belo sobre respeito,
sobre reciprocidade,
sobre admiração...
algo feliz sobre o amor.

Mas acontece queeunão
sou um exemplopositivo
de alguém queconheceu
o amorenquanto
era-o.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Já Era Tarde -

Apesar de escrever, naturalmente, desde sempre,
gostaria de ter me descoberto
poeta mais cedo:
talvez,
no início da adolescência.

Quem sabe assim teria
escrito coisas mais
leves,
mais lúdicas, mais
positivas.

Quando me descobri
poeta já era
tarde:
O amor havia perdido
a cor, o gosto,
o cheiro.

Minha escrita já estava revidando pancadas,
golpes violentos, covardemente
praticados.
Já andava meio amarga,
nostálgica e quase
sem esperança.

Hoje, inevitavelmente,
aceiteia condição:
Não há cura para quem
nasceu poeta.

Inserida por SilvioFagno

⁠Fique atento!
Algumas eternidadesse
disfarçam de merosmomentos.
Fique atento!

Inserida por SilvioFagno

⁠A Pedrada e o Silêncio —

Foi um dos golpes mais
duros que eu
já recebi:

Ouvi tudo que sempre
quis ouvir e, feliz,
extremamente
feliz,
virei-me para
continuar a andar,
mas, passos
depois,
a pedrada e o silêncio.

(Alguém tocou a vida
normalmente depois
disso:

E não fui eu).

Inserida por SilvioFagno

⁠Abreviada —

⁠Certo dia,
numa conversa com
uma adolescente de 16 anos,
(através de uma rede
social),
eu fiz-lhe duas perguntas em
que as respostas, de um
ponto natural,
eram as mais simples:
sim ou não.

Mas ela conseguiu "simplificar"
ainda mais:
A primeira respondeu-me
com um "Nn".
E para a segunda ela usou
um "Ss".

Ainda um pouco confuso,
pensativo,
eu deduzi que esses
"sinais",
seriam abreviações do
sim e do não,
e então questionei-me:

O que será desta e das
próximas gerações?

(Ora, a grande maioria das pessoas
já não é lá grande coisa,
imagina só abreviada).

Inserida por SilvioFagno

⁠Um Grande Inferno —

⁠Aquela situação (o sentimento — de anos — não correspondido, a saudade, o ciúme), tudo aquilo me consumia de uma maneira assustadora, e eu não podia controlá-la, não encontrava uma saída.

Eles eram jovens e saudáveis — embora
idiotas — e faziam parte da geração dela.
Eu não poderia nunca vencê-los fazendo o mesmo que eles.
Eu só poderia vencê-los, de alguma maneira, fazendo, naturalmente, diferente. — sendo o diferencial na vida dela.

Assim, quando ela lembrasse de um deles, lembraria de todos eles ao mesmo tempo.
Mas quando, por ventura, lembrasse-se de mim, então lembraria somente de mim.

Naquela noite eu fui dormir sabendo que ela estava com outro, fazendo tudo que se pode fazer com um outro e, aquela noite, como tantas outras, foi uma noite longa, terrivelmente longa e dolorosa,
e meu sentimento — nobre — que, por grandeza, deveria ter morrido ao amanhecer, acordou comigo, levantou-se comigo, (droga!), vive vivo comigo,
e isso é um grande inferno,
meu Deus!

Inserida por SilvioFagno

⁠Objeto Pontiagudo —

Um jogo de futebol na TV
quase sempre me salva.

Uma bebida, uma conversa com um amigo,
a leitura de um poema me salvam.

Um cochilo de quinze minutos à tarde;
uma corrida de meia hora; um dia frio de chuva, todas essas coisas,
momentaneamente
me salvam.

Me salvam durante o tempo em que
estou ali concentrado, distraído.

A realidade crua da vida me cai como
um objeto pontiagudo sobre a pele nua,
por dentro: na alma. — e isso dói tanto.

Inserida por SilvioFagno