Mensagem sobre Velhice
Os três maiores medos das pessoas são: falar em público, medo de morte e de entrar na velhice sem conforto.
Para ter uma velhice tranquila temos que estar em constante atividade se ficar ocioso e a porta de entrada para a depressão.
velhice
a hora que o tempo tem
com tanta pressa se vai
disparou, e nela contém
um suspiro que desvai
o prazo que ainda resta
nada sei, e pouco abstrai
então, nesta tal aresta
não adianta ser samurai
antes que finde a festa
uai! E vire o que seria
orquestre a tua seresta
e viva cada verso da poesia
antes que se torne indigesta
pois não terás está cortesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
SEXAGENÁRIO
Velhice. Um novo horizonte num outro amanhecer
Lúrida, o vigor sem luz, roto e frágil; o pensamento
No ontem, a tremer, e o olhar revoando pelo vento
Cambaleando na encosta do tempo, e ali a descer...
Passa. Passando. Sucessivo, um novo sentimento
Que sombreia a fronte, o eu e o querer nesse ter
Sentir, ser, afinal, ainda no roteiro do poder viver
Amparando os passos, desamparados, sofrimento
E neste encanecido silêncio, a cada passo a ilusão
Volta, evocando o sentido do velho terno coração
Deixando a saudade solta pela lenta madrugada
E cochila o olhar: e o olhar alucinado, tão calado
Cabeceia nos segundos empoeirados do cerrado
Incomodado, tal um leão em uma furna apertada
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/06/2020, 09’33” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiano
como ventania desajeitada
rama brotada
ilusão encantada…
vivo eu a velhice
no silêncio, meninice
sem crendice...
apenas vivendo
pouco querendo
ou tendo...
afinal, a vida
de uma orquídea, adiante
bela e breve,
a cada instante...
é diverso...
assim vou, vibrante
[…]disperso
eterno poeta errante...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro
CERTIFICADO
A velhice é um treco, dor e cansaço
O dia é um balanço, no vai e vem
o que resta, o mínimo que se tem
Se faço, com a dificuldade abraço
Devagar e no compasso, tudo bem
Se vou além? ... pergunte ao passo
Pois, da vagarosidade sou refém
No próprio eu não tenho espaço
Tudo me cansa, comove, maça
Se rio, o choro faz igualmente
E o tempo parece uma ameaça
Já, a própria inércia é ausente
Quase sempre sou sem graça
O reflexo não reconhece a gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
VELHO ....
O tempo, e com ele a trôpega velhice
Vai se indo como a vida vai mandando
Gritando, calando, caindo, levantando
Hora austera, e também de sandice
É lenta, silenciosa e cheia de chatice
Ou não, cada qual com o seu mando
Se ainda for viável estar no comando
É o ápice do homem na sua meninice
E no espelho, o cabelo branco, a ruga
Pesando na idade, amadurado fruto
É a juventude numa derradeira fuga
A rua mesma, o sonho outro, apatia
Tudo é frágil em um cuidado bruto
Na chance de velho, madura poesia! ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25/01/2021, 14’11” – Triângulo Mineiro
Canção Musicada Pra Velhice
Dizes-te tempo, entretanto
Em ti andejando, cada dia
Mais e tais, mais um canto
Mais algo, e mais ousadia
E a cada novo ano, passa
Indo a carcaça abarrotada
Aparência baça, com graça
Peleja, e generosa morada
Cada passo, renovo, brilho
A vida num prélio deveras
A juventude um trocadilho
E o desejo das primaveras
Sigo da vida a doce poesia
Se ventura eu fosse poeta
Dele apanharia mais magia
Velho, mas de alma repleta
Cada fio do cabelo já prata
E a saudade no peito forte
No olhar luz, a sina pacata
E, que o coração se importe
Porém, antes, porém, sorte
Caro tempo, aqui me esforço
É bem que se vai pra morte
Mas, que seja sem remorso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/09/2021, 15’40” – Araguari, MG
Ao invés do medo da velhice, usufruamos das vantagens que ela nos traz, quais sejam: a tranquilidade da missão cumprida, o alívio das responsabilidades de criar e educar, a prazerosa sensação de ter testemunhado a vida acontecer e a sabedoria adquirida com os anos vividos.
O que separa a juventude da velhice é o entusiasmo pelo aprendizado. Quem não para de aprender não envelhece, amadurece.
A TOLICE DA VELHICE:
Dizem os mais bobos meu filho, que a velhice
É uma riqueza real. Ora (direi), se assim o fosse!
Pois que não querem os tais, envelhecer é fato.
E buscam com afinco regar dia dia a "plebeia jovialidade"
A velhice, meu filho, é uma grandíssima tolice!
Está sim, nos serve de impercilhos... Se eu assim pudesse
Não ouviria dos mais moços a fantasia de querer crescer...
Não vês?
Eu não queria tê-la ao me olhar ao espelho!
Não percebes, filho meu, que deveria eu castra-la
Quando embaça-me os olhos a não ver tua cútis?
Diminuindo-me o som de tua voz
E deixando o som das canções parecer fraco
Não entendes dileto filho, Depois de velhos
Tornamo-nos invisíveis ante o olha da juventude?
Em sua hipocrisia de amar a terceira idade.
Destarte, veja, porém meu filho!
Tudo isso me faz lembrar-te. Aproveita em tempo tua mocidade.
Após, são tempos nebulosos e sombrios.
Aonde os mais fortes dos homens se curvam
Diante da velhice a segregar suas forças.
Para quê tanta vaidade diante do espelho se não é capaz de frear a velhice, o corpo não tem regras nem limites até o orgulho envelheceu.
Sim:
Cabelos caem,
A pele se desprende,
aos poucos todos cansam...
Devagar, muitos se rendem...
— E Maria?
Lá... dobrando as vírgulas
de algum lugar.
Um rostinho bonito, logo terá rugas, marcas, expressão. O corpinho perfeito, vai mudar, vai ter estrias, celulite, flacidez. os cabelos, tão bem cuidados vão ralear, ficar brancos. Tudo é passageiro, exceto o que aprendermos e fizermos de melhor, de bom..... não levaremos nada conosco. Importante nos aceitarmos como somos e sermos gratos, e cuidar em ter um bom coração, bons pensamentos, boas atitudes, boas ações. E que quando formos dessa vida, nossos queridos tenham coisas boas, engraçadas e leves pra lembrar de nós. Que olhem para nós e digam: seu coração é bom, sua alma é bonita, você age bem, você é correto, é feliz, agradavel. Isso sim vale a pena. O resto é só o resto, e o resto muda. Que cuidemos das pessoas que estão nas nossas vidas, e sejamos bons.
Em meio a tantos rostos e fisionomias um semblante me chamou a atenção;
um idoso cheio de rugas, com pouca vida aparente e muita vida na memória.
Fitava-me com o olhar de criança sábia, a idade pesava no corpo mas aqueles olhos transpareciam juventude, olhar de quem é capaz de apreciar com muita calma a dimensão de um tempo ilusório.
A certeza da morte iminente só aumentava o tamanho de seus dias que eram lúcidos e intensos, ele vivia o presente de tal maneira que sua existência era plena e infinita a cada instante. Sua alma emanava energia branda, reflexo da leveza de uma consciência tranquila.
Os anos enalteceram sua sabedoria a tal ponto, que aquele senhor não precisou sussurrar nenhuma palavra, para me narrar toda a beleza de uma vida!