Mensagem para Pessoa de 90 anos
Já não me interesso mais por gentes desinteressadas... Ao contrário, seria como dar remédio ao morto. Me seduz as almas que insistem em ter-me por perto, apesar das minhas faltas e medos...
Tal Como É –
Olha só que céu
lindo! — eu disse-lhe.
Mas não está um pouco
nublado? — questionou-me.
Sim, sim. — eu outra vez.
Mas ainda assim,
tão belo quanto ontem ou
há sete dias.
Na verdade,
o encanto, a beleza, a graça das coisas
se perdem somente nas pessoas.
A coisa ainda tá lá,
tal como é.
E,
no fundo,
quase todo problema
é gente.
Eu sou aquela pessoa que vive com a mente elétrica, pensando em mil coisas, neurônios fervilhando... enquanto o corpo está mole, cansado, devagar e quase parando.
Uma pessoa humilde,
não corre o risco de envergonhar-se
diante de situações na vida;
E, jamais terá dificuldades
em atingir seus objetivos!
O caráter de uma pessoa costumeiramente não pode ser medido, porém, sempre será constantemente pesado.
No fundo, a gente nunca conhece um pessoa de verdade. É impossível. Coloque uma pessoa num contexto diferente do que ela está acostumada e essa pessoa vai revelar certas características que nem ela mesmo imagina que tem.
16/12 -
Ora,
por que haveria de ser
diferente?
Apenas deite
e durma.
Amanhã será só mais um dia
a menos como todos
os outros.
O sol nascerá a leste;
A vista da janela
ainda será a
mesma;
O tempo se desenrolará
na mesma velocidade
de todos os outros
dias.
Então,
arrumarei a cama e
os cabelos como
em todos os
outros;
Escovarei os dentes
e mijarei como em
todos os outros;
Prepararei o café e os
ovos e os pães (se houver
pão), como em todos
os outros dias.
Ao fim da tarde
sentirei fome e sede
e saudade como
em todos os
outros.
Ao fim do dia
estarei aqui sozinho,
assim, como estou:
no escuro do quarto,
deitado na cama,
como há sete dias,
como ontem,
como agora e em
todos os outros.
Vamos,
apenas deite e
durma. — amanhã será só
mais um hoje a
menos.
Nossa Importância —
Que loucura!
Precisamos estar vivos
para que nos queiram
mortos.
E mortos para que nos
façam vivos.
Algumas pessoas merecem
nosso sorriso,
nunca, nunca nossas
alegrias.
Golpe Baixo –
E de repente você pensa
em quantas coisas conseguiu fazer
esta semana:
De quantos oportunistas conseguiu desvencilhar-se;
Quanta gente idiota, mesquinha
e mau-caráter conseguiu
evitar, entre ir ao supermercado pela
manhã e tentar entender o porquê
de tanta coragem antes de
dormir à noite.
E, naturalmente, há algo
a ser comemorado.
De certo modo, você tem
sido forte:
tem conseguido controlar alguns
desejos impulsivos, algumas paranóias,
alguns medos.
E tudo isso, por enquanto, tem segurado-o.
E isso é bom, ainda que passe. — e passa.
Mas quando você acha que,
finalmente, está começando a dominar
o adversário, a luta — o jogo —
de repente, num simples descuido,
acontece o golpe fatal.
E lá está você, outra vez, nocauteado, dominado, vencido.
Golpe baixo, às vezes,
é algo te fazer lembrar
dois belos olhos castanhos
e uma boca carnuda
mordendo você.
Sigo —
Sigo com uma enorme angústia em
formade mágoas e decepções.
Mas sigo.
E sigo,
simplesmente
porque é o que me resta.
Não direi-lhe mais nada, nem cobrarei nada.
Nem a deixarei mais me ver chorar.
Apenas seguirei... como um rio
calmo e esquecido que aparenta estar secando, mas ainda em fluxo.
Ainda.
E espero que um dia melhore;
Espero que um dia aceite;
Espero que um dia passe.
Espero... mas, por ora, não a
espero mais.
Gente Infeliz —
Julgar que alguém é ruim porque
é infeliz, é uma enorme
crueldade.
Pois parte da premissa de que se conhece as causas, os motivos e as circunstâncias do íntimo particular do sofrimento do outro, quando, na verdade,
na grande maioria dos
casos,
vê-se, quase sempre, somente a
superfície do problema.
Contudo,
ainda assim, ignora, desdenha
e condena-o mau.
Acredito que se perguntarem a ela
qual a cor que a representa,
prontamente, responderá
que é a cor vermelha
por ser uma expressão de vitalidade,
de uma paixão calorosa, de um amor de verdade, a vivacidade de cada emoção, tanto que, às vezes,
fica vermelha de vergonha
ou por causa de alguma irritação,
já que nem sempre é uma pessoa calma,
mas geralmente prevalecea doçura
do seu coraçãoe o fulgor da sua alma.
Os Meus Nove Anos —
O que aqueles anos me traziam?
Bem,
eram dias e tardes e, muitas vezes, noites preenchidos por brincadeiras.
Evidentemente
havia horários para outras coisas:
uma coisa ou outra em casa,
escola, igreja.
Mas a maior parte do tempo era gasta mesmo com brincadeiras: jogo de botão, futebol na rua, pega ladrão... e, em especial, uma brincadeira com carrinhos e bonecos, em que revivíamos personagens de uma novela.
Eram os meus nove anos e, quando se
é criança, naturalmente, esquece-se
de se observar sendo.
Fantasiamos outras idades:
a juventude, a vida adulta, e só assim podemos, verdadeiramente ser
e estar criança.
Nós, adultos, emburrecemos: perdemos a capacidade legítima de sonhar, de divertir-se verdadeiramente.
O que aqueles anos me traziam?
Bem,
traziam-me a mim.
"Exponha seus interesses, não tema o julgamento alheio, ou mesmo as críticas que, inevitavelmente virão. A sua vontade de ser, é o que basta para o mundo te aceitar."