Mensagem para Pessoa de 90 anos
De fato,
não existe a pessoa dos sonhos.
Se ainda for a sua busca,
prefira sempre aquela que
apoie os seus sonhos.
Às vezes, grandes livramento vêm e não é questão de nível espiritual, mas de dar ouvidos ao que o Senhor fala mesmo usando uma jumenta.
Acho engraçado isso, e tem servo que se gloria , é um rebelde a ponto de ter que ouvir conselhos de jumenta, pois os princípios bíblicos não são suficientes.
Ano (Novo?) -
Sei que quando o barulho dos fogos começar lá fora, algumas lembranças me levarão às lágrimas.
A gente passa o ano inteiro com restos de choro presos na garganta, no limite, por transbordar.
É, inegavelmente, somos partes deste ciclo que se encerra para um novo (mais repetitivo do que se imagina).
E, sendo partes, estamos sujeitos a, qualquer momento, parar no Tempo a cada jornada.
E para um homem como eu - cheio de traumas e receios e dúvidas, sem crenças religiosas, tentando fugir da superficialidade da massa, sem esperança na humanidade - não saber quem ou o quê me trouxe ou me permitiu chegar até este momento é, um tanto quanto, angustiante e, ao mesmo tempo, há um estranho alívio.
Eu também agradeço, mas eu não sei direito a quem ou a o quê.
Se você não tem essa dúvida, eu tenho dúvida sobre você; sobre mim; sobre ter certezas.
É tudo do Tempo e amanhã será mais um primeiro dia de mais um ano (novo?) a menos.
(Eu acho).
De Pai Pra Filho -
Um dia, quando eu já não estiver mais aqui para ouvi-lo, talvez meu filho dirá: "meu pai sempre dizia: John, cuidado com as quinas!
Eu nunca entendi muito bem o que meu pai queria dizer sobre quinas.
Sei que ele falava das quinas de camas e mesas e cadeiras, mas também era sobre esquinas e ruas desconhecidas; era sobre medo e dor e solidão; sobre a sorte e estrelas cadentes.
Acho que meu pai falava mesmo era sobre o amor: ele sabia que se eu machucasse meu dedo numa 'quina' qualquer do mundo ele também choraria."
Aquela Moça -
Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Como eu poderia ter amado aquela moça, eternamente.
Sim, a amaria eternamente.
Não essa que se fez fútil e vulgar e descartável.
Mas aquela que só existiu no meu mais nobre sentimento, covardemente destruído.
"Existe pessoas que são como maçãs, vermelhas e vistosas por fora, mas por dentro são ocas e podres! Pessoas que são encantadoras ao se olhar, mas na alma são vazias e frias"
É Triste -
Não me deslumbro com a falsa positividade da grande maioria das pessoas.
Se observarmos em volta, com alguma sensibilidade e um olhar um pouco mais cuidadoso, perceberemos, tão logo, que a vida, para a maioria, é triste.
De algum modo é triste.
E aqueles quem têm a sensibilidade à flor da pele, a alma leve, sentem muito mais tudo isso.
As pessoas andam presas a trabalhos maçantes, relacionamentos destrutivos, crenças escravistas.
Numa competição sangrenta e inútil que tem nos levados a exaustão física e mental.
Que tem ceifado amizades, amores, tempo.
(Sim, tempo).
Não temos tanto e eu não vejo com bons olhos alguma luz futura.
(Espero, ao menos, que os bons não percam a esperança.
Porque os maus nunca perdem).
Repetidas e Limitadas -
A quantidade de pessoas repetidas e limitadas que encontramos por aí é absurda.
É tão difícil cruzar uma alma elevada, profunda, especial quanto aceitar essa realidade.
Uma vez ou outra a gente acha que encontrou, mas não, não encontrou.
É só mais uma pessoa legal, com alguma coisa legal. Ainda assim, cópia da cópia da cópia (claro, com suas particularidades).
E não importa se são magras, bem-sucedidas, atléticas, baixas, gordas, amarelas, fortes, diplomadas.
Se julgam-se espertas, inteligentes, superiores, felizes.
Se frequentam igrejas ou não; academias ou não; baladas ou não.
Não importa o quanto são justas e honestas e solidárias... não importa.
Superficialidade e mediocridade juntas, em estado funcional, denunciam: trata-se de uma pessoa "normal" (fora os defeitos e virtudes).
E no fim, são todas iguais.
Assim sendo, nada mais acontece.
"Ser uma pessoa conveniente é fácil, mas quando as conveniências atrapalham sua vida, acredite, você torna-se inconveniente."
A inclusão é uma ideia geralmente testada pelos escrutínios da mente, mas que só se concretiza quando alcança e faz sua morada o coração
Há Um Demônio Sempre a Espreita e Dominando a Cada Um Dos Seres Humanos,De Acordo Com o Pecado De Cada Um,a Única Certeza Que Se Pode Ter Que Verdadeiramente Uma Pessoa Está Livre,é Quando Ela Age Ao Oposto Do Mal,Tendo Amor,Justiça,Bondade,Misericórdia,e Conhecimento Dos Atributos De Deus,Fora Isso Ela Não Tem Domínio Próprio,Possui Liberdade Na Carne,Mas o Espirito Estará Eternamente Encarcerado.
O Peso -
O peso da idade é sentido nas costas, ombros, braços, pernas, ossos e articulações doloridas.
Na falta de força e resistência e vitalidade de outrora.
Os restos acumulados de esforços repetitivos, horas extras, noites maldormidas, estresse, e a fragilidade natural do corpo no passar dos anos denunciam: estamos ficando velhos (ainda que tenhamos um espírito jovem).
Mas o verdadeiro peso da idade sente-se mesmo é na consciência: na realidade de todas as decisões e escolhas feitas.
É possível ter uma boa ideia do ego de uma pessoa que dorme à sua frente e insiste em dizer que esteve acordada.
Já é Tarde? -
Já é tarde? Talvez não.
Apenas o que se vê; o que se tem; o que se é.
Sem atraso, nem pressa. Apenas, isto.
Estamos no passado e, talvez, num futuro, à procura do hoje - verdadeiramente um presente.
Por agora: até...
O Calendário -
Em cima da mesa uma bandeja com ovos, uma cesta com algumas frutas, uma lata de óleo, remédios, pães e biscoitos.
Ainda na mesa à esquerda, uma garrafa de vinho tinto pela metade e uma de café cheia.
No centro facas e garfos e colheres dentro de um prato transparente, ao lado de um copo com água.
À direita um maço de cigarros, uma caixa de fósforos e um calendário na beira, meio que suspenso, quase para fora.
Nos rótulos informações nutricionais, composições químicas e advertências.
De tudo ali, o mais cruel, silencioso e implacável era o Calendário - que tudo conhecia, tudo abraçava, tudo devorava - tão certo e tão simples, no Tempo de ser: passado, presente e futuro.
Princípio, meio e fim.
Sendo apenas uma folha qualquer, numa mesa qualquer, numa tarde qualquer, de um dia qualquer, no cruel e silencioso e implacável Tempo de uma vida cronometrada (regressivamente).
Lucidez -
Eu vejo e sinto e pressinto, detalhadamente, a vida e seus sabores e dissabores.
Em cores e sons e sentidos.
Recordo e revivo, com intensidade e nitidez, tudo, ao extremo.
Sinto o Tempo presente no ranger dos ossos e suor da pele;
No medo do desconhecido;
Na poesia dos gestos simples e nobres do meu filho.
Ouço o som do agora no vento que me assanha os cabelos e, neste instante, ameniza o calor do sol, em um quase fim de tarde, de uma quarta-feira qualquer de novembro.
Tenho anseios presentes que deuses me antecipam em pensamentos complexos, desordenados que disparam sinais e alarmes de alerta constantes.
Por quê?
A vida me chega em realidade e sonhos lúcidos:
E é esse o grande desafio; o grande duelo.
Se não, o grande mal.
Reality Show -
A vida, de fato,
virou um Reality Show
(fútil,
superficial,
egocêntrico
e repetitivo).
Onde ninguém quer ser plateia.
Novos Relacionamentos -
Os novos relacionamentos
estão sendo formados por pessoas
fragmentadas,
mutiladas,
traumatizadas.
Há sempre um
pé-atrás,
uma ansiedade
extrema,
uma desconfiança
mútua
e a pergunta:
A que horas começará a verdade?
E a verdade é trágica, amigo.