Mato
Jardim. Para muitos, um grande ou pequeno espaço de mato, insignificante. Para mim, grande ou pequeno esse tal espaço de mato remete-me maravilhas à cabeça, poder observar um jardim é uma paz de tamanha nobreza, nobre é aquele que se dá ao prazer de desfrutar o simples. Foi no jardim que eu pude dar meus primeiros passos, ele era meu amigo, diferente do chão que quando eu tropeçava me fazia chorar. Aprendi que o céu azul é um convite para os pássaros orquestrarem. No jardim, que eu pude ter a primeira impressão do que é a liberdade, e até hoje é no jardim que eu sou livre. Convivemos sem nos dar conta que somos prisioneiros, não somos livres, não julgo prisioneiro como réu, mas sim prisioneiros do sistema à qual vivemos, das regras à qual seguimos. Tenha o prazer de ter um jardim, ele é como um livro de colorir, sem cores ele é sem graça, sem vida. A melhor forma de colorir um jardim é com momentos e sentimentos compartilhados com ele. O jardim.
" Vá se jogar na cachoeira, andar descalço no mato... Vá tomar o sol na pele, mas cuidado eu não vou esta ai pra te salvar."
Respeito a natureza!
Contemplação é firmeza,
Mas ainda é pouco,
Pra sair da cena depressa!
Velas acesas!
Só pra lembrar que Mariana ainda tá lá!
Chorando num canto, esperando chegar,
A tal da justiça, que é muito arisca
E nunca arrisca de passar por lá!
A amazônia vazando,
Dando espaço pra gado de corte.
Sem perceber que é morte
Que vai cavando seu campo!
Todos em prantos
Quando o planeta gritar:
- Socorro!
- O som não propaga no
- Vácuo!
- Preciso de ajuda!
Mas ninguém escuta!
Essa raça maldita que me ocupa,
Que eu ofereço fruta.
Que ofereço a paz!
Eles querem mais.
Querem elevar seus status sociais,
Seus rendimentos mensais,
Seus iates no cais
Doa a quem a dor, e em mim sempre dói mais!
Sou dessas
Sento no mato
Olho pro alto
Admiro o abstrato
Piso no chão
Sinto os grãos
Enriqueço com a percepção
Sou dessas
Sonho um mundo melhor
Choro quando estou na pior
Devaneio com tudo ao redor
Sou dessas
Também subo no salto
Me perco no asfalto
Com brilho estrelado
Saio do anonimato
Momento Breve
E eu permaneço aqui olhando as estrelas e assistindo o céu
Sem nenhuma certeza
Eu vou tingindo o papel
Com cores claras e opacas
Com noções raras e breves
Cores tristes e alegres
Sujas de fumaça
Num papel a perigo
Em um ninho de traças
E o meu único pedido
É só mais uma taça
De vinho tinto
Pra me desoriêntar
Pra eu me achar
E me perder no caminho
E entender o que sinto
Ou não...
E ela me chamou
De bandido, de vilão
Pois levei comigo
Teu coração
Mas me chamou
De herói, de mocinho
Me deu um beijo
E pediu carinho
Meu bem fique Mais um Pouquinho, por favor
Querida é que eu
Preciso do teu calor
No Recanto Abandonado
O sol ardido no meio da tarde pulsando sobre a cabeça despreocupada de quem anda pela secura do chão como se fosse um carneiro. Um caminho aleatório tomado em meio à grande planície vasta carente de vegetação, perdida entre serras e serrado, sob o céu azul sem nuvens estalando o capim marrom, que se mistura ao vermelho do chão qual o vento sopra poeira no horizonte camuflado pela distancia.
A boca seca, sedenta por um gole d'água, seca cada vez que o cigarro de palha é tragado insaciavelmente para dentro dos velhos pulmões batidos dependurados entre as costelas salientes da esguia figura andante. Muito ao longe ouve-se o ar calmamente balançando a fantasmagórica dimensão de terras infindáveis que estendem-se preguiçosas por quilômetros trazendo o som de alguns insetos perdidos e pássaros solitários á caçá-los.
Embriaga-se de espaço, de tempo e altas temperaturas. Cambalea-se pisando sobre as pedras soltas, esqueletos de outras terras, outros tempos. Vê turvamente uma sombra dançando à frente, uma pequena árvore avulsa tomando o eterno banho de sol do verão sem fim no mundo esquecido onde ninguém vai. Sentindo-se convidado a sentar-se à sombra, automaticamente tira mais um pouco de fumo e vai enrolando mais um longo palheiro, que é apetitosamente devorado em seguida.
Junto ao estreito tronco, sentado, magro, fumegando um rastro de fumaça aos céus, pensa que é capim, enraizado no solo árido onde nem rastos vingam. Como toda rara vegetação do lugar, deseja água, olha para o céu e não consegue ver nem uma nuvem, fecha os olhos e tenta apalpar as profundezas do chão, estica suas raízes até onde consegue alcançar, mas nada encontra. Torna a olhar para o céu, e fita a vastidão azul tão infinita e inacessível quanto a terra estendida ao longo das distancias incontáveis deste lugar nenhum.
O entardecer vai esfriando e entristecendo o coração de mato do pobre sujeito que adormece em meio a ventania que sopra areia sobre suas pernas como se fosse o coveiro dos sertões misturando-o, transformando-o em rocha, levando o pó de sua existência a se espalhar para além de onde se possa juntar. Adormecido, não vê a noite seca chegando aos poucos, matizando o céu profundo que se escurece atrás das cortinas de poeira.
Sonhando tão profundamente quanto suas raízes de capoeira, entra em contato com o pequeno grupo de plantas ao seu redor, aos poucos sintonizam-se e passam a relembrar das chuvas passadas, do alvorecer umedecido, do frescor da noite, das flores e dos pássaros. Logo protestam contra o clima, pois engolem seco o passar dos dias ouvindo chover nas serras ao horizonte na espera de que o vento traga algumas gotas, e morrem aos poucos pelo castigo da insensibilidade da natureza com aquele vasto recanto abandonado.
Passado algumas horas da madrugada tal manifestação foi surtindo efeito, os ventos cada vez mais fortes vieram varrendo ilusões das esquecidas planícies enquanto as nuvens relampiosas jorravam feches de luz escondendo toda escuridão embaixo dos pedregulhos. Em poucos minutos a água desabava ferozmente contra o chão fazendo levantar a poeira que era lançada pelos ventos em redemoinhos dançantes num espetáculo que aos poucos tornava-se medonho. Apavorado o homem desperta com os olhos esbugalhados, cheios de areia, e num pulo deixa de ser capim e passa a ser folha, flutuando pela tempestade, esperando pousar sobre um lago, se o acaso lhe desse esse prazer. Era a última coisa que desejava, para descansar em paz no fundo da água, tornando-se barro, alga, limo esquecimento.
Nada mudou: o capitão do Mato, o quilombo e a senzala continua tudo igual, só que maquiados.
O capitão do mato de hj fala inglês e estudou no exterior, o quilombo ganhou pintura na fachada e a senzala tem até bloqueador de celular.
TALVEZ
E se o equilíbrio fosse desfeito
e as coisas movidas do lugar?
E se amores brotassem feito mato da terra
e florescessem feito flores no campo
sem dia, sem hora ou lugar?
E se o [tum tum...] do coração não fosse tão alto
ou tão forte
ou tão rítmico?
Talvez não houvesse tanta dor acumulada no peito
ou, tanta lágrima transbordando dos olhos
ou, tantos órfãos pensamentos abandonados no dia,
abandonados nas noites.
O desequilíbrio talvez seja bom!
Talvez, o seu papel, seja o de movimentar um pouco as coisas...
Desacomodar os pés sempre plantados no chão.
Talvez, ao menos equilíbrio haja,
ou verdades ou mentiras!
Amores não há. Não podem haver!
Talvez seja preciso
mover o equilíbrio de lugar a lugar
de vida em vida
de pessoa a pessoa.
Talvez seja necessário buscar equilíbrio
até mesmo em desequilibrados passos
dados ao longo do caminhar,
em busca de sentido que oriente o caminho
e de brilho de vida que preencha o olhar.
Talvez o medo,
ao menos medo seja.
E o amor,
não tenha que durar.
Desequilíbrio/equilíbrio/
EQUILIBRAR-[se].
Talvez o desequilíbrio,
ao menos desequilíbrio seja.
Talvez!
Talvez você encontre uma solução,
talvez não!
Eu não queria que houvessem construções...
Casas ou ruas pavimentadas
eu não queria!
Eu queria que fosse tudo árvore
E que morássemos na árvore...
Queria que o mundo fosse mato!
Que só ficassem de pé
os museus
os teatros
as bibliotecas públicas
os templos religiosos que pregassem o amor e a caridade...
E as casas de chocolate!
Desmataram o verde e cobriram de luto
com as cinzas das próprias folhas
a mesma folha que assina o contrato
é a mãe das que jazerão nos matos
consequência de nossos atos
em transformar que vive
em algo tão barato.
São flores
Do mato,
Possuí um misto
Das boas amizades,
Trás um perfume agreste
Mas é neste
Que a simplicidade investe‼️
***
🌸🤩🌸
Sou FLOR de MAIO
Apareci no CENÁRIO
Neste MÊS...
*
Cresci entre flores
Do algodão,
Observando meus pais na lida
Cultivando a plantação.
*
Cresci sentindo
O cheiro agreste do mato,
E trago no íntimo do coração 💖
As paisagens do interior...
***
Floresce toda cândida
a Bromélia cravo-do-mato
plena na Mata Atlântica
desta terra romântica
neste finalzinho de fevereiro
enfeitando com as suas flores
lilases e rosas inusitadas
num galho de uma Jaqueira
antiga que ainda com os seus
frutos saborosos nos brinda
e o balanço da ventania
me faz agradecida a maravilha
por tantas belezas ao nosso redor
em esbanjamento com direito
doçura e um imenso amor no peito.
Borboleta de encontro raro
é a Capitão-do-mato,
Que põe o coração de quem
a encontra em disparo,
É assim que quero ser
para você quando te ver
e te retribuir colocando
no pedestal mais fino e caro.