Maçã
Estou aqui, mas poderia estar lá, poderia ter sido eu. Eu a morder aquela maçã pela primeira vez, e pensar que tudo a minha volta mudaria, quando na verdade era apenas meus olhos, tudo estava no seu devido lugar, do jeito de sempre. Afinal, o que eu queria, quais respostas me bastaria. Não satisfeita com Adão sonhei com um príncipe, e na desilusão lá vou eu novamente da aquela mordida, só que dessa vez eu adormeceria, sem saber até quando. Embora surpreendida, despertada por um beijo de um sonhado cavalheiro não me vi isenta de perguntas, só me enchi de mais dúvidas. Talvez eu quisesse ser o que fui, ou só queria não ter sido aquela. Percebi que não importa quantas maçãs apareçam vai ser necessário provar do gosto. Mas que raio de destino é esse? Que me convida ao acaso e me desfaz pro meu descaso. Não quero ter meus olhos desnudos. Não quero uma pedra como um leito. Eu pago pelo meu atrevimento, mas não busco mais respostas, não quero mais clareza que o necessário. Depois de aprender que não preciso mudar tudo a minha volta, que basta mudar meu jeito de olhar, que apesar de não pertencer mais ao jardim do Éden eu posso trazer um pouco desse paraíso pra mim. Ao invés de viver a vida triste de uma princesa que se consagra no final, feliz pra sempre, eu posso encarar o mal e dizer não me toque, não me provoque. Não quero perder horas, dias, quem sabe meses ou ano esperando por um príncipe, vou vivendo plantando e fazendo gentilezas, e no dia que meu tão sonhado príncipe aparecer, que eu sei que um dia vai chegar, seja ele Adão, encantado ou só aquele namorado, eu estarei mais madura, mais pronta, e colhendo a colheita da sabedoria que plantei vendo muitas Cinderelas definhar. Eu não ouço nenhuma serpente, não me enveneno por madrastas, não me diminuo pelas minhas origens. Porque eu nasci divã, de qualquer época, de qualquer conto, de toda fantasia. Tenho medos que me limitam a destruição, mas não existe medo que me impeça de viver o que acredito. Foi graças a Eva e a Branca de Neve que não me fiz mulher de mordida, não quero pedaços, sou inteira como tudo que desejo pra mim, ainda mais se tratando de corpo e alma. E se preciso for, a gente planta maçã e colhe o fruto do amor.
Você pode abrir uma maçã e saber quantas sementes há dentro dela e jamais saberá quantas maçãs virão delas
A maçã envenenada
A maçã que se envenena, não vale mais a pena.
Por fora pode parecer boa, mas por dentro um grande problema.
Aquele que envenena a maçã, espera que alguém a devore.
Às vezes não existe antídoto e de fato o sujeito morre.
Vence quem envenenou a maçã, pois fez o sujeito acreditar que comer aquela fruta iria fazê-lo se alimentar.
E muitas vezes não sabemos quem a envenenou, pois pode não ter sido aquele que te entregou.
De certo temos tragédia, fruto de uma imprudência e o arrependimento por não ter sido avaliado, a futura consequência.
O melhor é não comer essa fruta e entregá-lá de volta para o seu dono e no caso dele insistir que a devore, ofereça primeiro um gomo.
Sempre devemos ter cuidado com a verdadeira intenção, pois podemos estar sendo manipulados a provocar a nossa própria destruição.
A maçã continua reluzente e atrativa no pé da macieira; mas está bichada por dentro. O(a) incauto(a) ainda se detém na beira da estrada, chegando bem perto do perigo, se deixando seduzir pela bela aparência da maçã...
A um passo de saciar o seu desejo pecaminoso e abocanhá-la com sofreguidão; mordida fatal, um gosto de fel espirra contaminando todo o seu ser; morto mas saciado(a), enganado(a)...Caminho bem acelerado para o inferno
Malícia
...E ele dizia...
_ Teu beijo tem sabor de maçã.
_ Tua pele aquece como sol da manhã.
_ Rolando na cama tens perfume de flor.
_ Acariciada, exalas bálsamo de amor.
Confiei!...
Tinha-me o corpo ainda em broto...
Cravo cravado, me fazendo gemer...
No auge do amor a estremecer.
P’ra mim...
Versos de Zeus.
Quanto engano!
Quando se fora,
Amor cigano.
Nem adeus...
Cleir
Deus expulsou Adão e Eva do paraíso
por ter descumprido suas ordens mesmo
Sabendo que comer a maçã seria
um dos maiores pecados, Eva foi e comeu
E por ciúmes Caim matou Abel
entao daí pra cá, poucos aprenderam a lição.
E continuam a pecar com falsidade, inveja
sempre tentando destruir a vida do próximo
E esquecendo de viver a sua própria vida
Existe o paraíso, mas vocês preferem ficar dando
murros em ponta de faca do que viver nesse paraíso.
A MAÇÃ
Se esse amor ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor, vai se gastar...
Se eu te amo e tu me amas, um amor a dois profana
O amor de todos os mortais...
Porque quem gosta de maçã irá gostar de todas
Porque todas são iguais...
Se eu te amo e tu me amas e outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar?
Infinita tua beleza, como podes ficar presa
Que nem santa num altar...
Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais...
Amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar...
O que é que eu quero se eu te privo do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...
Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais...
Amor só dura em liberdade, o ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar...
O que é que eu quero se eu te privo do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar...
(Raul Seixas)
Meu humor é igual meu Risqué,do París ao Branco uma fracesinha do Terra com o Gabriela;Maçã do amor,mas se juntar o Volúpia,Licor e Malícia aí...dá Rebu.
Preferências
Para Nelson Gonçalves Maca*
Acho o Machado porreta
Tanto quanto o Barreto
Assis está para Lima
Quanto o enredo e a vida
Usam os dois como estetas
São também compatíveis
De modo natural
D2 , Cartola, BuleBule
Bezerra, Djavan e Mano Brown
Nunca recuse o conhecimento
Não adiantaria o som do clássico
Se omitida a voz do gueto
A alma humana, alegre ou trágica
Ergue-se, acima dos preconceitos
Quero ligar, ouvir e ver
Quilombo Vivo,
Blackitude
Maestros e ÊMeCis
Afrogueto, Quilombola
Testemunhas, Chopin
Buarque e Elemento X
Ogãs, makotas e pierrots
Hera Negra
Os meninos do CRIA
Pois em tudo mora a arte
Em todos vive a poesia
Viajo na batida
Libertária, confidente
Na denúncia da violência
Do policial demente
Gosto da espera vertida em versos
Ou o olho vivo que espreita
Quilombo armado de rima
Lanças, línguas e canetas
Espetando de todos os jeitos
As goelas dos racistas, elitistas
Pretensamente perfeitos
A perfeição pode ser métrica
Mas o poema da vida
Nunca se deu só por ela
Feliz ou satisfeito
A perfeição é um A U com rolê
Ou o passo da passista
Um Stradivarius, Monet
Transformando agonia e fome
Em arte pura e sem nome
Que brota da pedra e da pista
Dos fatos, do incidente
Da criação, do artista
Rima, peleja, repente
Cantador ou DJ, nesta fita
Daí certas preferências
Que alimento, como revide
Desaforo posto no verso
Como nos versos do Thaíde
Ou de outros repentistas
Profetas de toda coragem
Carregando pelo mundo
Caminho novo e viagem
Fazendo de modo correto
Ensinamento e mensagem
E outros atrevidos, sagrados
Estrelas brilhando no dia
Como meu mestre Maca
Língua qual gume de faca
Entendendo toda poesia
De Homero ao quilombola Juno
Vencendo os estereótipos
Reeducando a academia
Me deixe em paz.
Não conheci a Eva,
nem estive no tal paraíso.
Eu não mordi a maçã.
Aliás, eu odeio maçãs, gosto mesmo é de goiabas.
O homem é mais ponderado que a mulher. Exemplo simples? Não comemos a maçã. Aguardámos, pacientemente, pela nossa vez na cadeia alimentar.
Quando o sol se por e não banhar mais os seus lindos lábios cor de maçã, o orvalho pousará sobre as flores, o silêncio nosso cúmplice sentado dentre os canteiros escora-se no jardim como sentinela. O vento que não foi capaz de vivificar meu rosto, lampejo no céu marca a chuva prestes a chegar, nuvens cinza-escuro entristeciam meu olhar vagando pelo céu. Do ancoradouro amargo que vivi tantos anos, a felicidade foi aportar em outro lugar, eis que descobri, ela ancorou aqui!
Uma trovoada rompeu o silêncio e a sua concentração, trancou a janela olhando vagamente pelo vidro embaçado uma mulher correndo pela rua, fechou a cortina e no intimo do seu quarto, como se atravessasse um deserto buscando encontrar um oásis no recôndito das palavras pôs-se novamente a escrever:
Partindo do marco dominante eterno, o amor que encara a tempestade com bravura como uma estrela cintilante lá do alto norteia-se errante na eternidade. Reguei com lágrimas minha sabedoria e com derrotas o meu sorriso, aprendi que no céu sempre haverá uma tempestade e no caminho um tropeço para alertar que minha missão ainda não terminou. Por mais que a vida vede o meu falar ou estanque o meu ver, por você eu sussurro “Eu amo você”. Por mais que a sua ausência trescale em meu coração a sensação da dor mais intensão, que o machucado mais profundo impeça o meu deslocar, sentirei meu último frêmito quando o vento levemente tocar os teus cabelos.
Finalizando o seu âmago poético dobrou o pequeno rascunho, na incerteza de renúncias e na possível loucura, colocou no bolso de trás de sua calça jeans-clara buscando coragem e a certeza para que ela soubesse que dentro dele habita o amor.
Hoje eu sonhei com frutas. Não, eu não mordia a maça, nem subia no pé de laranja. Eu fazia uma salada das melhores histórias. E sentir o sabor do felizes para sempre.
Dizem que educação vem de berço. Infelizmente, alguns foram criados em caixotes de maça pegos na feira.
Contrariando de Cazuza
Eu fiz um blues em tua homenagem
O inverno é amanhã,
Baby Maçã...
Eu vou rimar em você minhas ultimas bobagens
É que talvez não tenha se tornado um fruto proibido...
Teria entrado em meu quarto
Assim como aquele disco entrou no meu ouvido.
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