Lira dos vinte anos
Corrompe-lhe a dúvida,
Rouba-lhe a luta,
Mas salva-lhe a lira,
De um sono profundo,
Mas fraco de ira,
Cheio de conduta,
Onde todo o seu mundo,
É seu,
E dela.
Um pinheiro, e o vermelho.
Seus cabelos, suaves,
Carregam o sereno,
De uma alma tão grave,
De abundância e segurança,
Que guarda na palma,
De destino pleno,
Do alento que é primeiro
É seu,
E dela.
Só sabem os deuses,
Distantes e atentos
Vigentes, não opulentos
Mas de rico, o intento
De nobre lembrança
Será o legado
É o acrescento
É seu,
E dela.
Mas é dele a mente
Que espera o eterno
Terno amor, que guarda
Para ela que só mente
A sua chegada
A tempos subalterno
Do próprio destino
Que de todos os homens
Escolheu o menino
Mas não importa a sina
É seu,
E dela.
Lira das tradições
Em vinte anos de vida,
Olhando minha felicidade aprisionada
Em convicções abstratas,
Que se sustentavam em colunas de medo,
Tentava eu entender as tradições
Que havia herdado.
Desprezei o pragmatismo,
E, o esquecimento do passado,
Me fazia repetir os erros,
Hospedando-se em mim
Lembranças sem aprendizado.
Tenho agora todo o meu prazer buscado.
A consciência, por inteira,
Se remonta à ideia
Da privação de imortalidade.
A felicidade sem sofrimento é frágil edificada
E, se eu deixar a inquietação, perco a poesia.
A biologia que aprendi na escola
Levou-me à previsão
Das mudanças fenotípicas que viriam;
Recuso tê-las e elas vem sem titubear.
Apertei num abraço
O sentimento da Indesejada
E soltei a vida que havia em mim.
Livros, músicas e cidades
Que não apreciarei:
O tempo é uma especialização
Selecionada de escolhas.
Eu sei o que a minha amiga pensa de mim:
O mal da primeira impressão é que,
Quando boa,
Vincula o preocupado a viver
Das expectativas dos impressionados.
Uma tempestade
Ameaça o meu navio.
Sávio Oliveira Lopes
Samira
Linda como a lira,
cujo sorriso é de alegrar
o quotidiano sem ira .
Tão branco são os dentes dela,
como a neve no monte ela,
que ao brilhar no poente,
preciona o deslocar da estrela cadente.
A suavidade da sua voz,
dá prazer de nascer de novo,
para ver o mundo menos feroz,
sem medo de nascer de novo.
Eu acredito em anjos! Acredito em anjos sem aureóla e sem lira. Acredito em anjos que usam internet e comem no Mc. Que riem quando caío, mas não deixam de ajudar-me a levantar.
Pois é... Eu acredito em amigos!
Por uma educação poética
Em seu poema "Belo Belo", publicado na obra Lira dos cinqüent'anos, o poeta Manuel Bandeira dispara: "Não quero amar,/Não quero ser amado./Não quero combater,/Não quero ser soldado/. - Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples/. Por meio do discurso dessa autoridade incontestável da seara das letras, impregnado de uma sabedoria que a maioria de nós busca alcançar, nos sentimos propensos a refletir sobre a grandeza existente nas coisas singelas e a forma como elas conduzem nossos corações e mentes para o caminho do que é realmente importante à existência humana. Possibilitar essa visão apurada da vida é contribuir para o entendimento de que a felicidade é composta pelas ações e sensações presentes nas coisas mais corriqueiras. Esse aprendizado deve ser, ou pelo menos deveria, um dos objetivos primeiros da educação. Nas disciplinas do currículo regular, na abordagem dos temas transversais, nas numerosas atividades que devem configurar o ano letivo das escolas - semanas culturais, gincanas, passeios, comemorações cívicas -, é necessário que os educadores propiciem aos seus aprendizes a consciência do que é o bem, o bom e o belo. Até porque essa tríade, capaz de dotar o espírito e a mente humana do viço e da energia essenciais à edificação de ideais nobres, cria um círculo virtuoso fundamental à convivência social pacífica, ao desenvolvimento do caráter ético e ao fortalecimento de valores como: honestidade, lealdade, respeito, civilidade, fraternidade, solidariedade e senso de justiça. Essas e tantas outras percepções e virtudes provêm do aprendizado adquirido na família e também das influências recebidas pelo meio. É aí que entra o papel da escola e o trabalho sensível dos educadores. Mestres são também maestros. Regentes cuja missão é ensinar aos músicos/aprendizes a ler as partituras da vida equilibrando razão e emoção, competência técnica e amor. Para isso, há que se despertar os educandos para o singelo, para a verdade e para a beleza essencial de todas as coisas. Em seus versos irretocáveis, Manuel Bandeira sintetiza parte dos conceitos filosóficos descritos por Platão a respeito do belo, tanto em seu texto Fedro, quanto em República. No primeiro, o filósofo nos diz: " (...) na beleza e no amor que ela suscita, o homem encontra o ponto de partida para a recordação ou a contemplação das substâncias ideais". Já em sua República, Platão compara o bem ao Sol, que dá aos objetos não apenas a possibilidade de serem vistos, como também a de serem gerados, de crescerem e de nutrir-se. O pensamento filosófico e a poesia não oferecem mapas ou guias para a felicidade. Muito melhor do que isso, apontam caminhos para que possamos ter o prazer de encontrá-la pelos nossos próprios esforços. Assim deve ocorrer também com a educação, cujo compromisso maior precisa ser o de proporcionar escolhas, opções de rota, além de fornecer aos seres em formação os instrumentos básicos para as suas jornadas pessoais. Mestres e aprendizes têm de compartilhar a fascinante aventura da troca e da descoberta, de modo que, juntos, ampliem a capacidade de olhar as paisagens da vida com os olhos de ver... Carlos Drummond de Andrade - outro mestre sagrado da poesia - já falava sobre isso em seu belíssimo poema "A flor e a náusea", do livro A rosa do povo: "Uma flor nasceu na rua!/(...)Uma flor ainda desbotada/ilude a polícia, rompe o asfalto./Façam completo silêncio, paralisem os negócios,/garanto que uma flor nasceu./(...)É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio/." Essa visão privilegiada dos poeta, dos grandes visionários e filósofos tem de estar no cerne das propostas educacionais. Seja nas instituições de ensino superior, seja nas escolas da rede pública ou privada, nos colégios da periferia, quiosques, cabanas e ocas em que a educação transcende as carências de infra-estrutura física e material e se dá por meio do altruísmo de milhares de mestres que habitam os mais variados rincões do País.... É preciso utilizar uma pedagogia que revele o bom, o bem e o belo em sua essência primeva. No ensaio "Inquietudes na poesia de Drummond", do livro Vários Escritos, o professor Antonio Candido discorre sobre o que chama de "função redentora da poesia". É esse o alerta e o norte necessário à educação de excelência. No dia-a-dia da sala de aula, no vaivém do processo ensino-aprendizagem, no ritmo alucinante da busca pelo saber, é necessário encontrar um tempo para ler, reler e resgatar, enfim, os dizeres dos grandes filósofos e poetas, de modo que possamos nos educar e educar aos demais para olhar o asfalto e, ainda assim, poder enxergar a flor.
Publicado na Folha de S. Paulo
Versos de amor...
Que o universo da mente inspira
O compositor,
de mãos dadas com a lira
Num canto de paz
Que a musa trás e liberta
É a inspiração
OBRA DE UM GRANDE POETA!
Houvi um sino tocando
E uma canção divinal
Escutei a voz de um anjo,
Numa lira magistral,
O mundo em acolhimento,
Num clima de nascimento,
Pelo dia do natal.
(Léo Poeta)
VEM
Deita teus olhos em mim
Faz da dor pungente de calar, a lira
respeitosa espada que sangrando
Avista a derradeira morada
Deita teu corpo assim
Faz do teu grito errante
O delirar do amante
Deita tuas mãos espalmadas
Nas curvas quentes da lua
Olha de longe, eu sou tua!!!!
Eu não mais posso sopitar a lira
ante esta mágoa que o meu ser abrasa;
assim, nos versos, tudo o que me inspira
é, gota a gota, a dor que se extravasa.
Lira de minha primavera ( 23 )
aut. romilda sgomes )
Belezas do céu sempre avisto,
Em dias sem sóis, esquisitos...
Raios de amor do Pai, descendo,
Incrustam em minha alma, muito!
Nas noites, percalços aparecendo,
Gestos de bondade Ele vem trazendo,
Em eu pensando em fraquejar, agouros...
Longe do seu redil, de joelhos, oro!
Amor, misericórdia, concedendo-me, sobrevivo!
A nódoa da mágoa,
é uma póstuma lira,
que desafina,
ao escorrer da pálpebra!
emana da retina,
translúcida película,
da mácula!
há uma elipse nos teus olhos,
nos côncavos recônditos há o lapso,
do lacrimal!
o declive dos lábios,
e o corpo transpassado de amarras,
que se entrelaçam na narrativa hemorrágica!
sintaxe incompreensível?
será possível?
o corpo ser subjugado ao exílio...das palavras!
a morfologia do quebradiço,
dos cacos que não se encaixam,
resquício psicografado de um coração fragmentado,
cuidado com as palavras!
elas vestem a alma...de significado!
fomentas o regurgitar de sílabas decrépitas,
mas sorri latente como de costume,
dizes:"Está tudo bem!"
mas aquilo que não é dito lhe corrói profundamente,
fácil agarrar-se ao sentido do tátil!
difícil é compreender o inaudível,
sim a palavra as vezes é gesto,
que perdeu os fonemas,
e de alguma forma se veste do evasivo,
poucos percebem que letras são coadjuvantes,
da leitura do anímico!
poetas convertem o emotivo em símbolos,
mas do ângulo do outro tudo é assimétrico,
por isso nem sempre o que digo se encaixa no meu sorriso,
não me interprete ao pé da letra,
e sim na sutileza de asteriscos...
O canto condoído do adeus...
Óh anjo exímio da lira!
percursionista do anímico,
das minhas emoções ,eis o ventríloquo!
menestrel do meu desajeitado traço esquivo,
revolto na aragem ríspida do empírico,
vislumbrei-me com o auspício telúrico,
do que não cabe no manuscrito,
no dito,
no veredito,
no resquício de um olhar arredio,
os teus fonemas mais uma vez abrem fendas em negrito,
teus olhos cheios de mácula,tingidos de lilás e bordô,
nebulosa Eta Carinal,nebulosa de hélix,nebulosa de Órion,
todas se assemelham a superfície dos teus olhos
além do lúdico e do lógico,
além das garatujas do psicográfico,
você sabe ler além do somático?
o ortográfico é uma ferramenta obsoleta,
nem tudo se escreve de caneta,
pra quê letras,onde há a inata destreza,
de se fazer entender com a sutileza,
de um levantar de sobrancelha?
porque para o sulfite se usa borracha,
para o nanquim ou para a gramática,
se pode apagar a palavra,
mas os estigmas profundos d'alma,
quem pode apagar?
lágrimas não saem com acetato!
como deletar do cerebelo,
as projeções oculares e o receio,
de dores que submergem à úvula ,
angústias!
veladas entre os dentes,
o inconsciente não subtrai,
e o quociente é bruto,
e quantas vezes o orgulho calou travessões
e abriu parênteses entre nós dois?
lacunas vazias choram na lápide fria,
miserável fraseologia!
que não deixou sentido,só sujeito oculto!
Ó címbalo que ressoa no peito,não há no túmulo adjetivos,
nem títulos
ou pronomes de tratamento,
só há o réquiem de um último suspiro,
e antes disso,
quero contemplar o céu azul ferrete,
onde suas estrelas brilham como pérolas e zircônias,
como tules e rendas chantilly,
não existe feixe de luz mais rápido que o sentir,
por isso poucos sabem distinguir,
o fim do que não era,
e o começo do que nunca será...
eu pensei que fosse e nunca foi,
mas doeu como se fosse de verdade,
só a dor é real,
viroses passionais...
"se persistirem os sintomas,
ignore , não seja trouxa!"
Lira
Noutro dia, talvez eu encontre em ti
Àquele pequeno cisco de amor.
Traços e formas do teu rir,
Em dunas ou subúrbios por ai.
Truanaz, pois, encontro-me arrebatado de fulgor.
Todavia, jamais me adiantara o agora.
És tu! Tu, somente!
Extasia-me ao menos essa vez
Com um belo ardor.
Ou àquela simples e
Clichê prova de amor.
Adianto-te logo, não serás lamentação!
Apenas fomenta a tormenta que,
Ao empatizar meu sentir,
Deve-te fazer, no mínimo, querer fugir.
Antes que pergunte, sim!
Há fuga pelos deletérios da solidão.
Nas hipotenusas da lira
Entoando minha canção
Levo de lembrança
O malgrado da tua paixão
Que ao encontrar meu amor
Me atirou à solidão
[Melífica Melodia]
Segundo o Mito de Orfeu,
O som de sua doce lira,
era capaz de apaziguar as feras mais indomáveis do selvagem campo.
Seu cântico,
As faziam adormecer.
Ao som da doce e suave voz de Dr. Nathalie,
O lado agitado e feroz de meu espírito,
Adormeceu!
Também...
Assim...
Como as feras,
Ao canto de Orfeu!
Às 09h13. 03/12/2020
O vento em sua intraduzível lira
por sobre flores segue o caminho
fazendo-as sorrir quase em leseira
acalmando dores de seus espinhos
Segue a manhã neste dia de sol
sobre a paisagem em loiras tranças
e que permaneça belo até o arrebol
nos iluminando em esperança
Lira do herói renegado
"Não se faz educação com ódio, desprezo ou subjugando os sujeitos envolvidos no processo. O ato educativo, todo ele, é constituído de amor, amor puro e cristalino. E a usurpação, apesar de ser prática usual e recorrente das ações reducionistas de governos e governantes, não pode e não deve constituir em si um impeditivo para que os atores alunos, professores e educadores protagonizem na cena o espetáculo da educação. Os professores são heróis, os vilões são outros. E eles são tão bons no que fazem que você se sentirá motivado a pensar-se maior e ou melhor do que eles, após passar por eles. A educação vai te alçar a patamares tão elevados que talvez você se perca pelo caminho e ou se esqueça de suas raízes. A educação vai te dar asas e libertar a sua mente, o arrebatamento será tremendo, depois você estará por conta própria e, talvez, lá na frente, será necessário olhar para trás, olhar para o lado, para o alto ou para baixo, você decidirá em que direção seguir e por qual caminho se aventurar e com a autonomia de quem lê, escreve, conta e interpreta o mundo. A educação vai salvar você, mas você ainda não sabe disso".