Lira dos vinte anos

Cerca de 849 frases e pensamentos: Lira dos vinte anos

O perfume vindo lá da cruz, emitido por Jesus, sim o seu sangue me redimiu, me libertou.

Inserida por JCLira

Fulgura o teu sorriso em mim, que a tua vida em minha vida seja evidência.

Inserida por JCLira

Quanto mais luz, menos trevas. Plenitude de luz, ausência de trevas.

Inserida por JCLira

Depois do fim existe algo além, depois do além existe muito mais.

Inserida por JCLira

Nodo norte e nodo sul.
Já fui morte, já fui ao azul
nublado e à dourada estrela
enquanto ardia em chamas púrpuras. Treda
sou, a verdade eu prego.

Neste planeta ou em outro,
não importa. Pra sempre eu
serei horrivelmente bela,
magnificamente torta.

Tu bem sabes que não adianta
mentir pra ti mesmo.
Nesta vida e em outras,
tal mania te trará autodesemprego:
vazio de ti, teu não-ser comandante do caos orquestral.

“Corre, e vê se acelera!
Te apressa que essa chance única
é escorregadia. Tu não merece nada além disso, vadia!”

E, assim, a lúdica ilusão te encarcera.

Inserida por sinestesiam

Pela Lei

Eu não tenho que falar contigo.
Não me chama de amor.
Compreendi mas não me importo com tua dor.
Tu nunca mais serás possível abrigo.

Te odeio. Tu mentiu!
Não escutarei nada que disser
pois me causará febril
estado de ser.

Te anule e nem assim me importarei.
Só quero que cale a boca e suma!
Sou a inquebrável lei
e, tu, frágil pluma.


Enferma

Não vou voltar!
E, se voltar, não vou ficar.
Não, não, não. Tu pinicas
minha pele, como enfermidades finitas.

Se caso me curar,
longe de ti quero estar.

Tortura

Não sei porque te aguento,
nem como. Pra que serve
minha diminuição-lamento?
Tu diz me amar mas quando teu sange ferve
me torno tudo aquilo que não presta.

É falta de consideração o jeito
que me tratas. Agora a fresta
fresca aberta nas vísceras minhas dói feito
as ardentes palavras por ti proclamadas.

Inserida por sinestesiam

Coleira

José é dono de Kiwi
e o nutre com rações de qualidade.
Embora custe caro, a felicidade
recompensa enquanto amor tiver.

Tudo certo, tudo indo
até que Kiwi não consiga mais
respirar. O carinho mútuo permanece infindo,
assim como a dor de José,
que investe saúde mental de dez
vidas, e o cachorro nem consegue ficar de pé!

Kiwi morre, José desidrata
de tanto se lamentar: “pobrezinho do bichinho!”
Agora tu vira-lata é, senhor.
Fareja teu ex-lar
afim de te encontrar.

Os dois eram um.
Eram, no passado,
porque agora José é nenhum
e Kiwi tornou-se alado.

Inserida por sinestesiam

Pseudomoda

Fácil seria se tu me odiasses,
mas não tenho a coragem necessária
para adotar outras faces.
Te quero bem perto e bem longe, emoção hilária
esta! Tu já estás imersa em meu ser
e canta numa distância saudosista. O que adianta
te querer como quero, se essa mista
vontade-amor-dor já é finalista
nesse concurso de identidades não-santas?
Berrantes, eufóricas, barrocas, eu-fora
do eu-dentro. Adentro o pseudo-eu
que sou eu mesma. Perco-me nesse desfile
cruel, frio, pegajoso, estridente.
Pois não sou nada,
mas sou todas concorrentes.

Inserida por sinestesiam

Absoluto Tu

Pela ponte, pelo rio,
pelo trem, pela rua.
Pela casa, pelo quarto,
pelo país, pela lua.
Por tudo e em tudo
está a inquietude do mudo
querer-te. Teu sufocante som
vocal a embalar
minha alma fragmentada. Com
graciosidade, meu descanso ponha-te a cantar.

Não bebo água,
não como cenoura.
Não respiro nem guardo mágoa
porque tu é tudo que guardo. Agoura
alma, tu te tornou minha fonte vital.

Venha, vá. Volte para cá.
Fuja! Fique! Faça-me chique:
cubra-me com carinho, caso
queira descansar. Dormir, despertar.
Morrer e voltar.

De ti, nunca me verei livre
visto que tu estás em tudo
e meu coração é teu lar-veludo.

Inserida por sinestesiam

Capa de chuva num dia ensolarado
porque, no altar, forte é a tempestade.
De acordo com o combinado,
os membros todos vestidos de ambiguidade.

Na igreja eles rezam, rudimentam-se e roem
suas próprias vísceras. Comida não há
e a sanidade os destrói.
As portas de madeira, lacradas. Lá
no céu, os portões enferrujaram.

“O altar está em chamas!
Socorro! Não quero morrer
tido como louco!”

“A água benta evaporou!
Deus, me perdõe
mas para o inferno sei que vou!”

E berram até perderem a voz
aqueles que não desmaiaram de pavor.
Morrerão, sim, todos. Nós
assistiremos tal sacro-divertimento sem respingo de dor.

Inserida por sinestesiam

Queria escrever algo sobre meus sentimentos, mas é difícil escrever algo sobre nossos sentimentos, quando não sentimos mais nada.

Inserida por rodrigo_lira

Fumaça


Tudo sei, tudo conto;
nada sinto, nada vivo.
Sou apenas corpo a dançar pelo trilho.

E o trem vem chegando,
apitando apressado.
Meu rodopio é longo
e desengonçado.

E me assusta quando apita
E me angustia quando apita
E me corrói ao apitar
porque não tenho como escapar.

Inserida por sinestesiam

Caminhante

Do negro céu e prateada lua,
do leve ar soprante de árvores nuas
cujos reflexos enfeitam a cidade crua;
de azul fala embalada pela mente tua,
faz-se tu, Caminhante destas ruas.

Mais vermelho que sangue,
rojador de desespero;
mais celeste que veia,
pulsante em cheia, é teu paradeiro.

Oh Caminhante de mim,
ao passo que o dia chega ao fim
e no silêncio me encontro enfim,
teu melódico caminhar acalma meu confim.

Sinto teu andar pelas artérias
e, antes que possa duvidar,
tu já decompõe a matéria,
outrora solitária miséria.

Numa casinha amarela tu se instala,
neste lírico vilarejo cardíaco
que descrevo enquanto tu desfaz a mala,
Caminhante do meu corpo físico e onírico.

Inserida por sinestesiam

Pesadelo

Acordo suada
com coração acelerado.
A porta está lacrada
e, o medo, ao meu lado.

Tudo que vejo é nada;
nada é tudo que vejo.
Vejo apenas nada,
sinto apenas medo.

Cavo com dedos já sangrentos
o teto onde piso.
Estou presa num cubo e lento
é meu movimento não-liso.

A escuridão me consome,
luto, agonio, rejeito, atrofio;
mas o vazio preto me come,
na podridão me crio.

Inserida por sinestesiam

Areia

Quero adormecer numa rosa,
abraçada numa abelha.
Quero escrever poesia, cansei de prosa.
Já desfiz a viscosa teia.

Meu corpo é minúsculo.
Tenho mãos preenchidas por grãos
de pólen e vazias de pulso,
por isso o busco nessa composição.

Meu corpo é grão de areia,
sou aquele farelo numa praia cheia
que compõe a vista feia
onde as ondas do mar se baseiam.

Adentro a onda sonora,
este é o Agora dum Outrora
que se faz eterno na caminhada
amarela ácida e docemente azulada.

Inserida por sinestesiam

Tons de Marrom

Caminho por aí, ainda que permaneça aqui.
Gelado vento, congeladas palavras.
Parado momento, como aflição em garrafa.

Encho-me até que transbordo.
Corro e pulo, saltito correndo.
Tons de marrom, amarelo e vermelho.

Sou tão preenchida que vivo vazia.
Sou tão grandiosa que me torno pequena.
Eu sou eu mesma, coisa óbvia a se dizer.
Eu sou eu mesma, complicada de ser.

Borboletas pairam no ar
como se estivessem a anunciar
algo tão belo e incompreendido,
a morte de algo querido.

Deseja-se tanto que se perde no tempo,
este de fato mal interpretado.
Tons de marrom e rosa.
Sou como o tempo: imortal prosa.

Inserida por sinestesiam

Boneca de Pano

Que tal ficarmos na nossa?
Que tal fingirmos tudo?
Será que fazer vista grossa
vai silenciar o sofrimento não-mudo?

Sou marionete num jogo adulto,
vejo cordas a sufocar corações em luto.
Enceno a peça teatral perfeita
onde não sei pra que fui feita.

Todas vezes que o vigário traiu
fui atriz secundária;
a principal foi ilusão em navalha
e, a mensagem, mera falha.

Mas me libertarei.
Despedaço, destruo, desintegro
o frágil pano do qual me criei.

Inserida por sinestesiam

Tenho observado o quanto o significado da palavra amor-próprio, tem sido associada, quase limitando o sentido da palavra para algo relacionado somente ao autocuidado do corpo, como estética, vaidade. Como se uma tarde de compras ou no salão de beleza fossem a solução dos teus problemas.

Cuidar de si mesmo vai muito além da estética e da aparência exterior, apenas “mascarando” seus desconfortos físicos. A magia do amor próprio não irá funcionar se tu cuidar da tua beleza e continuar maltratando o teu mental. A essência do amor-próprio é mental. Consiste em se auto cuidar, sendo seguro, justo e gentil consigo mesmo e neste processo ir adquirindo controle emocional. Assume a tua responsabilidade pelos teus próprios atos, sem culpar outras pessoas e se dando a autonomia necessária para consertar coisas que tu mesmo causou. Tu se ama quando aceita teus erros, mas os reconhece, não se castiga e não carrega fardos, tu se perdoa por isso e se permite mudar, assumindo o controle dos atos futuros. Teus defeitos não te tornam inferior a ninguém.

Autoconhecimento é fundamental para adquirir uma autoestima saudável. Aprenda a lidar com tuas próprias emoções e momentos difíceis. Seja seguro de quem tu é no mais profundo do teu ser e não te coloca no alvo de críticas destrutivas. Descarta da tua vida coisas que não te fazem bem, te desapega com facilidade de coisas que já não fazem mais parte da tua evolução.

Desconstrua-se da crença de que o amor-próprio significa satisfazer todos os teus desejos e estar sempre mantendo uma postura inabalável de ter razão em tudo, não levar em conta a opinião de mais ninguém, isso é soberania, excesso. Quem se ama, se aceita de forma verdadeira. Quem tem falta deste amor, ama uma imagem distorcida de si próprio, que o cega para o que é real.

Amor-próprio não se resume a uma ação, trata-se de uma maneira de ser e agir.

Inserida por liragabrielle_

O pensamento e a nossa mente funcionam como o céu e as nuvens. Tendo em vista que o céu trata-se da mente e o que recebe nossa atenção, e as nuvens são os pensamentos e emoções passageiras.
O céu é fixo, estável, permanente, assim como a nossa mente. O pensamento é mutável, impermanente e instável, como os nossos pensamentos e emoções. As nuvens no céu desempenham o papel dos nossos pensamentos negativos, ansiosos e tempestades e adversidades da vida. Ora as nuvens estão no céu deixando o céu carregado de nuvens em excesso e devido as mesmas pode-se fazer até chover, ora são só algumas nuvens de baixa densidade que não prejudicam na visualização do céu.
O que importa é entender que independente do quão forte for a tempestade o céu vai ficar azul, limpo e brilhante novamente, mas deve-se entender que as tempestades fazem parte do processo do céu/mente. Ou seja, aceite suas emoções, todas elas são necessárias. Saiba fazer chover, mas saiba também quando ser céu azul.
Escrevi como um canal para todos que já passaram por um momento de chuva intensa, a tempestade não vai durar pra sempre e o céu vai voltar a ser azul. Não deixa os pensamentos e situações temporárias acabarem com o que há de melhor em cada um.

Inserida por liragabrielle_

Entrelinhas

Rainha, princesa, anjo, donzela!
(Escrava patética, louca égua sem cela).
Meu bem, tratarei-te como flor
(ao desestruturar-te, perderás vida-cor)
e te amarei para sempre, não importa como for!
(De mim tu não escapas, sou teu senhor).

Adoro-te e apenas quero teu bem
(obedeça-me se não quiser sofrer além);
por isso, sou capaz de tudo para te proteger
(daqueles que conspiram contra tua submissão-dever).

Escuta-me, deixa-me penetrar no teu cérebro
e mostrar-te o que meus olhos veem
(a implorar por piedade, tua figura célebre)
afim de que percebas a beleza que tens
(os berros teus pelos vida-vermes).

Inserida por sinestesiam