Lira dos vinte anos
Talvez se tudo fosse como um filme seria mais fácil, mas estamos vivendo a realidade e é isso que torna tudo mais difícil.
Ela é chata, não é? Ela faz tempestade num copo d'água, é, eu sei. Sabe por que ela faz isso? Porque ela precisa da sua atenção! Ela mudou o cabelo e as unhas, comprou roupa nova, trocou o batom e você não notou.
Ela precisou mudar a forma de atrair, de te atrair. Na cabeça dela você não se importa, quando não nota. Você tem noção de quantas vezes ela se olhou no espelho para ficar bonita para você? Mesmo ela estando completamente linda,ela tinha medo de que você não gostasse. Ela não precisa que você a elogie 24 horas por dia, o que ela gosta mesmo é quando você sorri bobo e diz: Você está linda! Ela abre aquele sorriso bobo e sem graça, mas no fundo ela se sente a mulher mais linda desse mundo.
Tudo que ela mais quer é um pouco de reciprocidade. Ela se doa. Se ela acredita, envolve todo o amor no que faz. Quando você não nota, ela tem medo. Sabe por que? Porque algum babaca fez a mesma coisa antes de você, por isso ela surta. Ela não quer viver o mesmo filme. Ela continua sendo a protagonista, mas o elenco mudou. O toque é necessário, mas a admiração é essencial.
A beleza do amor não está na posse e sim na apreciação!!!
É tão estranho quando a gente ler as conversas antigas, é tão estranho como as coisas entre nós encaixavam tão bem e do nada tudo escurece. Realmente, do nada as coisas mudam, as coisas passam e nós passamos a viver como dois completos estranhos. Mas como podemos ser estranhos se eu conheço suas manias, seus medos, seus sonhos, seus objetivos e suas metas? Tudo o que você almeja eu sei. Nós não podemos ser desconhecidos!
Eu falei: eu vou estar em todos os momentos da sua vida, mas será que você vai permitir? É complicado essa coisa chamada "coração", eu não entendo ele e ele também não me entende. Mas uma coisa eu sei, ele quer você!
Brincadeiras... apelidos... coisas que só nós entendemos e mais ninguém. Apenas eu e você,você e eu. Realmente é muito estranho eu acordar sem o seu "bom dia" e retribuir logo em seguida, meu amor. É realmente estranho passar o dia no escuro. É, no escuro,porque é assim que eu fico sem poder ao menos trocar um único "Oi" com você durante o dia.
No vazio ainda me deito sem te dar o rotineiro "Boa noite, durma bem eu te amo!" Mas a vida é assim, a vida é uma montanha russa: um dia estamos no TOPO,no outro dia estamos em declínio. A nossa vida tem que seguir, um dia após o outro... Porém, eu espero te encontrar um dia. Mas, sabe aquela música que diz: não precisa dia e nem hora para voltar, na portaria do meu coração já tem o seu nome, PODE ENTRAR.
E sim, na portaria do meu coração tem um nome. Só um nome. O SEU NOME. Você tem livre acesso pode entrar!!
Você tem noção de quantas voltas o mundo já deu até hoje ?
Nem o Google conseguiu me responder.
Então , o mundo não para e nessas voltas estamos sujeitos a tudo, inclusive ao "tudo" .
Nodo norte e nodo sul.
Já fui morte, já fui ao azul
nublado e à dourada estrela
enquanto ardia em chamas púrpuras. Treda
sou, a verdade eu prego.
Neste planeta ou em outro,
não importa. Pra sempre eu
serei horrivelmente bela,
magnificamente torta.
Tu bem sabes que não adianta
mentir pra ti mesmo.
Nesta vida e em outras,
tal mania te trará autodesemprego:
vazio de ti, teu não-ser comandante do caos orquestral.
“Corre, e vê se acelera!
Te apressa que essa chance única
é escorregadia. Tu não merece nada além disso, vadia!”
E, assim, a lúdica ilusão te encarcera.
Pela Lei
Eu não tenho que falar contigo.
Não me chama de amor.
Compreendi mas não me importo com tua dor.
Tu nunca mais serás possível abrigo.
Te odeio. Tu mentiu!
Não escutarei nada que disser
pois me causará febril
estado de ser.
Te anule e nem assim me importarei.
Só quero que cale a boca e suma!
Sou a inquebrável lei
e, tu, frágil pluma.
Enferma
Não vou voltar!
E, se voltar, não vou ficar.
Não, não, não. Tu pinicas
minha pele, como enfermidades finitas.
Se caso me curar,
longe de ti quero estar.
Tortura
Não sei porque te aguento,
nem como. Pra que serve
minha diminuição-lamento?
Tu diz me amar mas quando teu sange ferve
me torno tudo aquilo que não presta.
É falta de consideração o jeito
que me tratas. Agora a fresta
fresca aberta nas vísceras minhas dói feito
as ardentes palavras por ti proclamadas.
Coleira
José é dono de Kiwi
e o nutre com rações de qualidade.
Embora custe caro, a felicidade
recompensa enquanto amor tiver.
Tudo certo, tudo indo
até que Kiwi não consiga mais
respirar. O carinho mútuo permanece infindo,
assim como a dor de José,
que investe saúde mental de dez
vidas, e o cachorro nem consegue ficar de pé!
Kiwi morre, José desidrata
de tanto se lamentar: “pobrezinho do bichinho!”
Agora tu vira-lata é, senhor.
Fareja teu ex-lar
afim de te encontrar.
Os dois eram um.
Eram, no passado,
porque agora José é nenhum
e Kiwi tornou-se alado.
Pseudomoda
Fácil seria se tu me odiasses,
mas não tenho a coragem necessária
para adotar outras faces.
Te quero bem perto e bem longe, emoção hilária
esta! Tu já estás imersa em meu ser
e canta numa distância saudosista. O que adianta
te querer como quero, se essa mista
vontade-amor-dor já é finalista
nesse concurso de identidades não-santas?
Berrantes, eufóricas, barrocas, eu-fora
do eu-dentro. Adentro o pseudo-eu
que sou eu mesma. Perco-me nesse desfile
cruel, frio, pegajoso, estridente.
Pois não sou nada,
mas sou todas concorrentes.
Absoluto Tu
Pela ponte, pelo rio,
pelo trem, pela rua.
Pela casa, pelo quarto,
pelo país, pela lua.
Por tudo e em tudo
está a inquietude do mudo
querer-te. Teu sufocante som
vocal a embalar
minha alma fragmentada. Com
graciosidade, meu descanso ponha-te a cantar.
Não bebo água,
não como cenoura.
Não respiro nem guardo mágoa
porque tu é tudo que guardo. Agoura
alma, tu te tornou minha fonte vital.
Venha, vá. Volte para cá.
Fuja! Fique! Faça-me chique:
cubra-me com carinho, caso
queira descansar. Dormir, despertar.
Morrer e voltar.
De ti, nunca me verei livre
visto que tu estás em tudo
e meu coração é teu lar-veludo.
Capa de chuva num dia ensolarado
porque, no altar, forte é a tempestade.
De acordo com o combinado,
os membros todos vestidos de ambiguidade.
Na igreja eles rezam, rudimentam-se e roem
suas próprias vísceras. Comida não há
e a sanidade os destrói.
As portas de madeira, lacradas. Lá
no céu, os portões enferrujaram.
“O altar está em chamas!
Socorro! Não quero morrer
tido como louco!”
“A água benta evaporou!
Deus, me perdõe
mas para o inferno sei que vou!”
E berram até perderem a voz
aqueles que não desmaiaram de pavor.
Morrerão, sim, todos. Nós
assistiremos tal sacro-divertimento sem respingo de dor.