Linha Reta
Adultos e crianças vão guiados
por um andor branco e comovente.
Formam
duas fileiras de mãos atenciosas.
A céu aberto arremessam as vozes
contra a linha dos montes.
A lentidão dos passos
imita o arco dos antepassados.
Até que o vente apaga
o dedo em luz.
Soluço. Desamparo.
Como um segredo
a avó me repassa o fogo.
Rever, lembrar e reprisar a linha do tempo da sua existência na plenitude da maturidade e ter convicção, no geral, que foi positiva, eis um felizardo. Se o presente é difícil pela fadiga física da idade e, por consequência, também social, a positividade do ‘valeu a pena’ é o amortecedor, suavizando o crepúsculo. Assim, o sorriso não deixará de frequentar seu rosto.
Andar na linha
Já caminhei sorrindo, pulando de felicidades;
Já vibrei e gritei com cada passo dado;
Já andei confuso e sem nenhuma direção;
Já escolhi estradas cheias de espinhos;
Já me perdi nos meus próprios caminhos nas minhas próprias escolhas;
Já rastejei pelo mundo, ouvindo vários não;
Já aprendi com o medo e com os meus erros nas minhas andanças;
Já vi muito ou talvez tenha visto pouco, mas hoje ando com os pés firmes no chão, calejados é verdade! Mas com experiência, Fé em dia e direção.
Complexo
A uma linha sem começo e sem fim no qual os planos não são traçados, apenas executados.
O animal só conhece o desejo a curto prazo, será que nós somos tão irracionais ao ponto de viver apenas em busca de realizar o próximo desejo momentâneo sem pensar no apocalipse que isso pode causar em nossos neurônios, em nosso universo?
Quando a linha da esperança se torna insuficiente para remendar tantos rasgos que a vida faz alma da gente, colocar um pouco mais de fé na agulha ajuda bastante.
O tempo é uma borracha que não apaga o passado. Não dá para voltar atrás e escrever uma nova história sobre as linhas já preenchidas da vida, mas dá para escrever nas folhas em brancas do presente a história que a gente quer para a nossa vida.
Um coração feliz não é mera obra do acaso. É um bordado delicado feito com pequenos encantamentos do dia a dia, com a linha do cuidado e as cores da gratidão.
O amor é sólido, é a perfeição, mas a saudade, um mecanismo sensível do afeto, está na linha tênue da insatisfação.
Um dos maiores desafios ao remendar os rasgos da vida é manusear a linha de forma que não se transforme em nós.
São exatamente os nós que vão se formando na linha da vida, que faz com que tenhamos cautela ao andar descalço sobre ela.