Ipê
Ipê-roxo-do-grande em floração
se abre na mesma proporção
do que o meu coração quando
penso na equação que pode
nos unir definitivamente numa
relação que coloque a escrever
Versos Intimistas a cada estação
a espera de uma nova floração
neste romântico Distrito Federal.
Doce lembrança boa
do Ipê-roxo-do-grande
da minha querida Bahia
que inspira com tanta
alegria a continuar sempre
escrevendo com muito
amor e alegria os meus
apaixonantes Versos Intimistas
para quem sabe conquistar
o seu coração com poesias.
Floresce o Ipê-roxo-do-grande
em Minas Gerais da memória
e da minha profunda História,
No abandono do florescimento
desta magnífico Ipê deixo
os meus Versos Intimistas
também poesias florescer
até o dia da gente se conhecer.
Meu adorado Ipê-roxo-do-grande
que eu hei de ver florescer
magnífico em Pernambuco,
Por enquanto os meus
Versos Intimistas são
o meu único luxo que ao menos
na minha imaginação busco
tê-lo no meu mistério mais profundo.
É beleza pura ver florescer
o lindo Ipê-roxo-do-grande,
Versos Intimistas escrever
com espírito de romance
que ainda levo e tenho
assumido pelo fascinante
Rio Grande do Norte
e seus olhos atlânticos
quem sabe voltar a ver
mesmo que por um
momento ainda distantes...
A MOCIDADE
A mocidade é tal qual a flor do ipê
Vigorosa, e na secura resplandece
Tudo pode, é formosa, sonha e crê
E suas inquietudes não lhe apetece
É a idade da beleza a sua mercê:
O presente não lhe traz estresse
E o futuro pouco ou de nada vê
O que lhe importa é a tua messe
Ousada, domina e brilha ao vento
Na desventura tem nenhum receio
Pois, é facilmente o esquecimento
Porém, o senhor tempo, tão voraz
Qual a flor do ipê, de frágil esteio
Cai ao chão, de um destino fugaz
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
IPÊ ROSA (soneto)
Cálice róseo de fugaz formosura
Donde vem teu matizado, o tom
Que o árido cerrado te escultura
No agreste, num veludo crepom
Sois volúpia em flor, tal bravura
Doidas da "sequia", audaz dom
Onde catou a tua cor, ó candura
Belo buquê em poema tão bom
Teus segredos ao olhar rouxinol
Em um canto dum verso e prosa
O teu frescor abrigo no avido sol
Ó almas feitas, casta, tal estriga
Copiosas a esvoaçar ipês, rosa
Na savana goiana toada cantiga
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
panorama...
meio a secura
o ipê com flor na rama
maravilha, perfumada ternura
pelo cinza, pontos amarelos
num matiz em mistura
grifadas em prelos...
queimada
nuveada de fumaça
e a estrada dourada
traçado cheio de chalaça
o cerrado. Vida enleada!
Visto pela vidraça!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
21 de setembro de 2019
São Paulo, SP (Guaianases)
NO TRONCO DO IPÊ (soneto)
O ipê resplandece, na sede do inverno
Árido e frio chão, resistir o seu nome
Durar, no estio, que assim o consome
A belicosa árvore, floresce no inferno
Com o tal vigor generoso e fraterno
Pária com honra, se a chuva lhe some
Mingua a água, e, que a vida lhe tome:
A ventura. Ainda é um aparato eterno
Do próprio fel, do cerrado, é proveito
Faz do atravanco, triunfo na desgraça
E ao planalto central marca e respeito
Possui, na rispidez da terra crassa
A própria glória, o seu maior feito:
Florindo em beleza, de pura graça.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
ALTERAÇÃO (soneto)
Como se a sorte, tirar-me, assim quer
Como a névoa no cerrado embaça o ipê
Você, assim na sina tornou-se por quê?
E o destino passou outra trova escrever
Como se as promessas não mais a mercê
Não mais se lê na vã inspiração a sofrer
Você, agora figura numa dor para valer
E os sonhos se fazem de simples clichê
Um céu tão cinza matizou-se lá fora
Sem arco íris e um ar tão tenebroso
Na alma, é sofrência que sinto agora
Como se pudesse não ser malditoso
Nesta poesia, em que o verso chora
O que um dia no cantar foi mavioso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de março de 2020 – Cerrado goiano
FLOR DO IPÊ (soneto)
Pra o Ipê florar tal uma poesia, não basta
A poética e encantos dos seus segundos
Sua beleza acesa, são cânticos profundos
Que invadem o olhar na amplidão vasta
Do cerrado. Flor igual em todo mundo
Não há; tua delicadeza tão bela e casta
Declama graça que pelo pasmo arrasta
Ornando o sertão, no seu chão sitibundo
Mais terna, e pura, frágil, fina e à mercê
Do matiz: rosa, amarelo e branco, airoso
São essências vibrantes das pétalas do ipê
Hei de exaltar está flor além da sedução
Porque o meu fascínio, ao vê-la, é ditoso
Onde o poeta inspira a emotiva emoção.
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 18’48” - Triângulo Mineiro
AFORA
Passaste como a flor do ipê fugaz
que se desprende na sua aurora
do desvelo só tiveste àquela hora
em que do afeto o emotivo traz
Ter-te e perder-te! sensação voraz
que inunda o peito, e a dor piora
sem ver-te, o poetar por ti chora
em tristes versos, saudade tenaz
Demorou essa presença em mim
minha alma ainda adora, e flora
emoção num sentimento marfim
Neste querer, o querer é outrora
se sonhei contigo, calou o clarim
dessa estória, o amor vai afora!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Setembro de 2020, 02 – Triângulo Mineiro
O ipê florado no cerrado
Orvalhado, é um aparato
Um alvorecer encantado...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril - Cerrado goiano
Presente
Os ipês apagam as tristezas do inverno.
Renovam suas cores ao vento.
Desmancham o cinza sem graça e lento
em tons que afagam a tardinha.
Os ipês esbanjam ternura.
Roubam os olhares de quem está triste à toa.
Porque tristeza não foi feita pra gente boa.
Tristeza não foi feita pra ninguém.
Ciclo
Uma após a outra
num balé de veste e despe
lá se foram as flores dos ipês
que venham as águas
as folhas verdes
e as flores da primavera
em outras árvores
os ipês já cumpriram o seu papel...
Balanço sem criança
Rede sem preguiça
Bandeirolas de roupas
Ferrugem na decomposição
Tapete verde em desuso
Camada de girassóis ao chão
São ipês amarelos da remissão
Um click que pára o tempo
Pára o espaço
Esboça a forma
A pintura que não borra
A doce magia da criação
Moldura nítida da memória
Em traços finos da emoção
Floresça Brasília!
Alegra-nos Ipês, mesmo que antecipadamente alegra-nos,
floresça Brasília mesmo em meio ao caos atual.
Floresça e mostre que ainda há chances de cura...
SER ERRADO
restou
de um rebuliço cálido
um vão / inane / cavo
espaço amorfo y vago
espaço vasto / "ecooso"
espaço sideral de novo
nem certo nem errado
légua portátil (de carregar no bolso)
a margem perdeu função
antes deixasse o chão
a água se engoliu
se era verde : partiu!
praxes do meu Cerrado
há seca y
ipês
desabrochados
Na Praça do Centro
da minha Cidade de Rodeio
tem Ipês-amarelos
que testemunham a dança
do Sol e da Lua aqui
no Médio Vale do Itajaí,
enquanto eu te venero
em amoroso silêncio.
O Ipê-amarelo-flor-de-algodão
esbanja o seu festival floral
nesta manhã feita para nós,
Não há ninguém que impeça
o destino e a pertença
de quem tem a crença
de que na hora certa será
encontrado pelo inevitável amor.