Ipê
Ventania
Era dia de vento lento
Até que soprou
Soprou até
Sobrou até pro pé de ipê
Levou até não sei o quê
Que não se vê
Ventou até
Levou a paz e o pensamento
O tanto faz e eu tô atento
E eu tô à toa e eu vou até
Até que eu não fosse mais
Não dá mais pé
Assim, de momento
Levou-me a fé num pé de vento
Deixou-me aqui, por enquanto
De tanto que trouxe o vento
Pelo tanto que ele levou
Hoje é doce o desencanto
Surge um pranto que doeu
Doeu-me um tanto
e eu sozinho
Sentado ao pé do caminho
Parado
Procurando espinho. ou mais
e foi-se...foi-se até
Foi-se até não ser esquecida
Depois de ensinar a vida
Doer, sem mostrar onde é.
Edson Ricardo Paiva,
Parei beirando a calçada
a observar fiquei
ipê rosado
de galhos alados
a mostrar sua beleza
sob um céu anil
e sol primaveril
calor intenso
nada de folhas a bailar
tudo era um convite
a natureza contemplar
lá no alto, bem no alto
Um casal de pássaros
perdidos também
na contemplação
Da natureza maravilhosa
naquele momento
tão silenciosa
Bela e surpreendente .
Não há fala ,
não há palavras
nenhuma voz ,
nenhum canto
sómente dos céus
o testemunho silencioso
a nos dizer
de seu teor poderoso
Momento ímpar
momento único
desde o céu azulado
Plantas sob o brilho do sol
animais terrestres ou marítimos
Todos juntos em uníssono
Cada um a seu modo
dando glórias ao criador
e nós humanos ,
como participamos
com a Natureza
em cantar louvores ao Criador ?
edite lima / Outubro/2019
IPÊ ROSA (soneto)
Cálice róseo de fugaz formosura
Donde vem teu matizado, o tom
Que o árido cerrado te escultura
No agreste, num veludo crepom
Sois volúpia em flor, tal bravura
Doidas da "sequia", audaz dom
Onde catou a tua cor, ó candura
Belo buquê em poema tão bom
Teus segredos ao olhar rouxinol
Em um canto dum verso e prosa
O teu frescor abrigo no avido sol
Ó almas feitas, casta, tal estriga
Copiosas a esvoaçar ipês, rosa
Na savana goiana toada cantiga
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
panorama...
meio a secura
o ipê com flor na rama
maravilha, perfumada ternura
pelo cinza, pontos amarelos
num matiz em mistura
grifadas em prelos...
queimada
nuveada de fumaça
e a estrada dourada
traçado cheio de chalaça
o cerrado. Vida enleada!
Visto pela vidraça!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
21 de setembro de 2019
São Paulo, SP (Guaianases)
FLOR DO IPÊ (soneto)
Pra o Ipê florar tal uma poesia, não basta
A poética e encantos dos seus segundos
Sua beleza acesa, são cânticos profundos
Que invadem o olhar na amplidão vasta
Do cerrado. Flor igual em todo mundo
Não há; tua delicadeza tão bela e casta
Declama graça que pelo pasmo arrasta
Ornando o sertão, no seu chão sitibundo
Mais terna, e pura, frágil, fina e à mercê
Do matiz: rosa, amarelo e branco, airoso
São essências vibrantes das pétalas do ipê
Hei de exaltar está flor além da sedução
Porque o meu fascínio, ao vê-la, é ditoso
Onde o poeta inspira a emotiva emoção.
© Luciano Spagnol -poeta do cerrado
20/07/2020, 18’48” - Triângulo Mineiro
Ipê
Profunda e lentamente
Quero ser raiz certo dia
Embaraçar-me e enraizar na sua indecisão
Sufocar-te
Esmagar sua covardia
E você vai gritar encarniçado
Arrastar tempos
Consoantes e vogais
Vai verbar seu timbre
Asfixiado
Em noite de lua abarrotada
E não te reconhecerei
Serás estranho
Te matarei
Sem remorso
E na estação que interrompi
Para adornar esta conquista
Vou florescer
E de nada me lembrarei
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Uma milha a pé caminhou,
Pelo bosque sacro andou,
Uma árvore de Ipê avistou,
Cruzando a praça e a venda.
Sonho distante!
Menina mimosa
Encanto do céu
Linda Formosa
Dos lábios de mel
O ipê lagrimosa
Na praça Miguel
Suas pétalas choram
No azul do papel
Senhorita ansiosa
Abaixo do véu
Resplandece a beleza
Do Ciano Babel
A temporada passa
O outono pincel
Pinta a marquesa
Do infante fiel
Leva consigo
O formoso papel
Que na frente dizia;
"A realidade é cruel."
O ipê florado no cerrado
Orvalhado, é um aparato
Um alvorecer encantado...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril - Cerrado goiano
Vejo o Sabiá-laranjeira pousado em um Ipê-amarelo.
Num tronco resistente, levemente tortuoso, canta forte e assustada a tênue avezinha.
Mas que raro e singelo ver esse monumental e pátrio dueto!
Aquele que muito reza – é o que designa – o cordial vozear do sabiá.
O pé de ipê explana ideal firmeza – cascuda árvore nomeia que é.
Surrealidade Inapropriada
Magia
Imbatível
Do
Amarelo-Ipê
Sublime
De
Música-Tom
Letra- Buarque
Emissários
Alados
Sons
De almas
Ouvindo
Da juriti
O pio
Gastura
De cão
Vadio
Em
Noite
Fria
Riso-choro
Inexplicável
Coisas
De
Melancolia
Juntando
Histórias
De
Solidão
Alegria
Doce
Encanto
Presente
Passado
Surreal
Que só
Girassol
Tão amarelo quanto o Sol
Apontando para o Sol nascente
Sua cor lembra um ipê em seu ápice
Os sábios dizem que ele simboliza esperança
A esperança de um novo dia, de um novo nascer
A luz do Sol nos traz a vida, o calor, a esperança
Além de nos acordar todos os dias, dizendo que é hora de tentar novamente
São poucas que escutam a sua canção
E despertam com a emoção
Como se estivessem desabrochando após longos meses de frio e solidão
Aguardando o Sol nascer
A Lua descer
E a vontade de viver.
Ipê
Seja marcante e belo como um ipê, seja único, seja o diferencial entre as árvores comuns, seja um ipê!
O tempo firme e incandescente se desenha na atmosfera; as folhas balançam levemente num ipê roxo, forrando o chão de flores, anunciando um novo tempo de amor e fraternidade
EM AGOSTO
Um pé de jacarandá para o outro:
-- Não aguento esse povo me chamando de ipê!
-- Não liga! Faz pose para a foto. O importante é aparecer.
As lindas flores da árvore de Ipê só surgem após a queda de todas as suas folhas.
Se para você florescer for necessário desprender-se das suas folhas, liberte-as.
O importante é manter suas raízes intactas, pois são nelas que estão depositadas sua verdadeira essência.
Chove chuva
chove de mannsinho
levando ao ipê florido
terno gesto de carinho
Ouço pássaros a cantar
prá lá e prá cá a voar
eu de cá olhando
não deixando de admirar
Chove chuva
Chove sem parar...
Editelima60
SETEMBRO
Se o amor chegar agora,
tem uma primavera brotando
em mim.
Se é com a seca que o ipê floresce;
É com a dor que a gente cresce.
Para que chorar se existe amor.
A questão é só de dar.
A questão é só de dor.