Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

Nunca devemos julgar as pessoas que amamos. O amor que nĂŁo Ă© cego, nĂŁo Ă© amor.

Dedução

NĂŁo acabarĂŁo nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distĂąncia.
EstĂĄ provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.

Todas as paixÔes nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos.

No fundo de cada alma hĂĄ tesouros escondidos que somente o amor permite descobrir.

Coisa amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que sĂł hĂĄ no verbo amar.
Contar-te longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que jĂĄ foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doĂ­
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Nos ciĂșmes existe mais amor-prĂłprio do que verdadeiro amor.

Quem começa a entender o amor, a explicå-lo, a qualificå-lo e quantificå-lo, jå não estå amando.

Roberto Freire
Ame e dĂȘ vexame

SĂł hĂĄ um tipo de amor que dura, o nĂŁo correspondido.

É melhor estar triste com amor, do que alegre sem ele.

SĂł existe uma lei no amor: tornar feliz a quem se ama.

Quiseste expor teu coração a nu.
E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como Ă© ridĂ­culo o amor... alheio!

O amor nasce de pequenas coisas, vive delas e por elas Ă s vezes morre.

O amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor. O amor verdadeiro deveria ter perdĂŁo para todas as vidas, menos para as vidas sem amor.

É inĂștil obter por piedade aquilo que desejamos por amor.

Um amor bem verdadeiro, uma vida bem Ă­ntima com uma mulher, a quem se queira como amante, que se estime como irmĂŁ, que se venere com mĂŁe, que se proteja como filha, Ă© evidentemente o destino mais natural ao homem, o complemento da sua missĂŁo na terra.

Os TrĂȘs Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartÔes de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o nĂșmero de meus sapatos, o tamanho de meus chapĂ©us. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citaçÔes em verso. Comeu no dicionårio as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensĂ­lios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensĂ­lios: meus banhos frios, a Ăłpera cantada no banheiro, o aquecedor de ĂĄgua de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a ågua dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lågrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de ågua.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infĂąncia, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lĂĄpis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto Ă  bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automĂłvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a ågua morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde åcido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verĂŁo. Comeu meu silĂȘncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

JoĂŁo Cabral de Melo Neto
JoĂŁo Cabral de Melo Neto - Obra Completa

O amor é quando começamos por nos enganar a nós próprios e acabamos por enganar a outra pessoa.

O amor é como a guerra; fåcil de começar e muito difícil de terminar.

O que deve caracterizar a juventude Ă© a modĂ©stia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligĂȘncia, a justiça, a educação. SĂŁo estas as virtudes que devem formar o seu carĂĄter.