Índia
Índia Cigana
Filha do Sol e da Lua
Na noite e no dia da vez
Que toca no chão que alimenta
De encontro de frente com os ventos
No verde e azul que sustenta
Vigora nas trilhas dos tempos..
"E sou o tempo que, avançando, destrói o mundo."
Dialogo do deus Krsna e Arjuna, fragmento extraído do Bhagavad-Gita, XI, 32.
Em suma, Sir, estou convencido de que tudo: astronomia, astrologia, metempsicose, etc. – vêm a nós das margens do Ganges.
Das terras
De Tanquinho
Sica saiu
Inda menina
Do pau-ferro
Fez fazenda
Sinhá moça
Bailarina
Do rio do peixe
O pescado
Da roça
Travessura
Do monte
A vitória
Da emancipação
A aventura
Uma vila
Um vilarinho
Uma benção
Uma sina
Do recôncavo
Santo Antônio
Índia perolada
A capela ilumina
De santana
Feira escola
Dos santos
Magia pura
Da rodagem
Partiu chegada
De São Paulo
Graça e bravura
Dos anos
Fez sua história
Paixão e trabalho
Auto estima
De menina
Fez-se mãe
Do amor
Que se fascina
Encontrei-te na minha estrada,
Caminhamos lado a lado.
Fomos conversando na jornada,
Para chegarmos ao lugar destinado.
Chegamos à montanha Sagrada,
Ela estava olhando para mim.
Era uma cabocla pintada,
Uma índia com um perfume de jasmim.
Ela me disse que o perfume
Era da minha doce amada.
Que na criação tudo se resume,
Na mãe natureza consagrada
Que tudo isso pode ser verdade,
A força interior de um guerreiro.
Poder construir nova realidade,
Ao lado do amor verdadeiro!
Todos seremos destruídos por ti,
Deusa!
Somos todos irmãos. Em ti, afinal, irmãos!
Somos agora tristes, dóceis, filiais,
deixando-nos devorar por tua fome,
ó Deusa! ó Morte!
Mas pairamos com asas inolvidáveis
acima de tuas chamas.
TAJ MAHAL
Em meio ao caos,
só te observo
Nada a fazer
Nenhum lugar pra ir
Minha respiração pulsa com a sua,
talvez o único lugar de pausa agora
Meu espírito nunca será como o seu, por isso és minha inspiração!
Construído por amor e admiração
Quantos agora te amam e te admiram?
Sou mais uma a te observar e imaginar quanto amor coube ou cabe aí dentro?
Quanto amor cabe aqui dentro de mim?
E, nesse quesito, somos uno na infinidade do quanto de amor nos cabe
E, nesse mesmo quesito, me pergunto o que cada um de nós faz com esse amor?
Eu saúdo o Deus em ti e tu saúdas o Deus em mim
Será que é isso que sustenta esse povo em pé meio ao caos e distorções do amor?
A fé, a unidade no amor?
Prece Hindu:
Eis a minha prece a Parvati, que nenhum ser renega:
Oxalá deixemos de perguntar por que tão pouco vemos?
Porque é que, por vermos tão mal, cremos que nada chega?
Oxalá, possamos vir a respeitar tudo o que temos.
Desatendendo ao muito que dentro de nós retemos,
separamos, sem dar por isso, a chávena da sua pega.
Irene , Chamas Gêmeas.
Irene, escrava boa, obediente...
Lá vai Irene, cuja bondade não existe...
Ela tem, sim, um coração partido...
Essa alma calada que um dia gritou,
não só por liberdade, mas por um amor...
Não um amor qualquer, mas o único daquela mulher...
Aquele a quem deu a vida e todos os seus instintos...
E, em troca, abandonada, com o coração vazio...
Lá vai Irene, que de bondade não tem nada, só uma vida amargurada...
Essa é Irene, que um dia sonhou...
Não sabe Irene que escravos não têm direito ao amor?!?!
Um dia, Irene se foi... Do mesmo jeito que viveu... Em total desespero...
E nessa hora a imagem do seu amor se revelou...
Um misto de dor e alegria... Enquanto uma lágrima caía...
Lá vai Irene, cuja bondade não tem nada...
Quem sabe reencontre-o pela eternidade.
Lá vai Irene... Irene não vai para o céu...
Ela volta em outra época... Para conquistar o que por direito é seu...
Irene não é mais Irene... Ela agora tem outra vida...
A sua voz ninguém vai calar...
Ela luta e grita... E de novo o seu amor vai reencontrar...
Outra realidade encarar...
Ela não é mais uma escrava...
Mas ainda uma linda mulher...
Porém, por ironia do destino,
o seu eterno amor também é...
Eita, Irene, como vai brigar e vencer...
Se de novo um amor proibido vai ter?!?
Você tem a sua própria vontade
e o seu próprio querer.
Se lutassem juntas, poderiam prevalecer...
Mas, de novo sozinha...
A vida toda vai viver...
A morte não é o fim...
E outra jornada vai chegar...
Essa é resignada e espera, até se cansar...
Aí, vai à luta... Para vencer ou se arrepender...
Essa não se importa...
Só não consegue ficar esperando
por algo que ela mesma pode fazer...
O seu amor pode fugir e até se esconder...
Mas dessa vez... Seu medo ele vai esquecer...
Um medo muito antigo...
Mas que tudo se explica...
Ele, branco, europeu...
Ela, índia, guerreira...
Lutaram, enfrentaram a todos...
Ele a defendeu...
E, em troca, a vida perdeu...
Alma sentida por tantas eras...
Mas hoje é diferente...
Não devem obediência a tanta gente...
As convenções não podem assustar...
E, finalmente, juntos vão apenas amar!?!?
Claramente vejo os sinais
no chão de que passaram
por aqui e se renderam
ao experiente encantador.
Ouço de longe o som
do Khanjari e do Poongi,
e crer num mundo bom
ainda é um sonho possível.
Saias bordadas giram
como constelações a luzir,
o meu espírito voltou
inexplicavelmente a sorrir.
Testemunhando a Kalbelia
no ritmo profundo do Rajastão
tocando com toda a paixão:
entrego nas tuas mãos o meu coração.